9 Insights de Data Science para a hotelaria

Dias atrás realizamos pela HSMAI mais um roundtable do grupo de Revenue Managers Sêniors das principais redes, hotéis de luxo e resorts do país. Abaixo compartilho alguns insights do debate, que foi sobre DATA SCIENCE. Comente abaixo sua opinião sobre a análise de dados da hotelaria brasileira:

1) Ainda hoje, os hotéis levam muito tempo tratando dados manualmente ‘dentro de casa’. Tem muita ‘sujeira’. A parte do tempo que é trabalhada para desenvolver um modelo que agregue ao negócio é pequena. Não deveria ser. Alguns sistemas não entregam, mas existem muitas oportunidades de negócios.

2) Momentos em que cada empresa se encontra:

  • Data Aware – Data Proficient – Data Savvy – Data Driven
    • 2.a) AWARE – A cultura de dados é secundário. Dados não são guardados para posterior decisões. Input manual.
    • 2.b) PROFICIENT – dados inseridos nas mesmas plataformas e da mesma forma em todo o hotel, mas sem estarem integrados com os outros departamentos.
    • 2.c) SAVVY – dados inseridos e validados automaticamente, com uma qualidade alta, e integrados ao longo dos vários departamentos do hotel. Aqui, dados financeiros estão misturados com reservas.
    • 2.d) DRIVEN – O negócio do hotel e os seus dados alimentam-se mutuamente. Os dados são de qualidade, e se extrai muitas informações aqui. Nesse estágio é onde habita o Total Revenue Managment. Colaboradores trabalham com IA no dia a dia. Insights tirados dos dados são bem mais profundos.

3) Desafios para o hotel do futuro:

  • O próprio cliente é dono da informação que é colocada no banco de dados. Hoje, ainda temos uma pessoa entre o dado do cliente e o serviço. Enquanto for assim, o erro de dados inseridos no sistema seguirá acontecendo.
  • É preciso oferecer benefícios aos clientes para ter seus dados de forma consistente. Para isso, é necessário envolver setores que estão mais imaturos em termos de dados como A&B, Governança, etc.

4) A qualidade da distribuição é uma preocupação hoje. O preço que está entrando para o caixa do hotel é muito diferente da tarifa publicada.

5) Houve um descontrole completo da distribuição pós pandemia. Exemplo: 9,6 de 10 hóspedes que procuram hotel no Trivago encontram preços mais baratos em alguns intermediários específicos (que centralizam essa ação), em comparação aos sites dos próprios hotéis. Não existe nenhum outro país no mundo com tanta disparidade como no Brasil. Estamos falando de 96%. E o tamanho dessa disparidade é em torno de 14% no preço.

6) Não existe como falar de dados sem uma grande organização da informação. A arquitetura de dados da Aviva, hoje, é uma área estratégica no negócio.

7) Para resorts, por exemplo, o próximo passo será saber o horário, o tipo e o local que o hóspede toma uma caipirinha. Isso facilitará a ativação de diversas ações, e ter um entendimento maior do comportamento do hóspede, acompanhando toda a experiência dele durante a hospedagem.

8) Principais aplicações de Big Data em Revenue Management e Distribuição.

  • Customização total de experiências
  • Refinamento da precificação com base na curva de demanda por canal de distribuição.
  • Otimização de overbooking inteligente para aumentar ocupação.
  • Tomadas de decisões mais rápidas e redução de erros estratégicos.
  • Criação de visões automatizadas que facilitam elaboração de análises para ganho de tempo em ação.
  • Diversificação da estratégia por nicho de mercado/cliente, maximização de diversos pontos de vendas e maior controle de custos de canais.
  • Tomadas de decisões mais rápidas e redução de erros estratégicos.

9) A grande barreira para implantação de dados é, em primeiro lugar, profissionais qualificados. Em segundo, tecnologias adequadas disponíveis no mercado.

Igor Castelo – Diretor de Vendas e Marketing da Amarante Hotéis

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O ‘novo normal’ dos processos de seleção. Qual sua posição?

Faz tempo que não temos um assunto polêmico por aqui, então vamos a ele:

Faço parte de alguns grupos de hoteleiros tanto no Brasil quanto no exterior, além de realizar muitos processos de hunting, especialmente para executivos. Recentemente, tenho notado em vários desses grupos muitos potenciais empregadores reclamando do 'famoso' apagão de mão de obra (nem se fala mais em apagão de talentos), e do quanto o processo seletivo tem mudado. 
O debate é bom, as visões são diferentes, e vai muito além de um simples choque de gerações. 
Segue abaixo um breve compilado que reuni nas últimas semanas. Ao final, deixe sua experiência em processos seletivos e sua opinião sobre o tema.
Como alguns candidatos se apresentam nas entrevistas (segundo GGs de hotéis):
• Com bonés virados para trás.
• Sem pesquisar a empresa.
• 'O candidato escondeu o baseado do lado de fora do escritório administrativo antes de entrar no prédio. Tudo gravado pela segurança do prédio.'
• Com 30 ou mais minutos de atraso.
• Com seus animais de estimação.
• Com celulares ligados. 'Uma candidata se recusou a desligar o telefone porque estava esperando uma mensagem do namorado'.
• Usando um top de biquíni (em hotel de praia)
• Esperando que o almoço seja servido.
• Atender o telefone no meio da entrevista, e falar com o recrutador de outra empresa.
• Aceitar o trabalho, e simplesmente não comparecer no primeiro dia, pois não gostou da cidade
• Com currículos com muitos erros de digitação e/ou...emojis.
• Com seu pai. Ps.: o candidato não tinha problemas de saúde que exigisse acompanhante.

Argumentos de quem entende e apoia o 'Novo Normal' do processo de Seleção:
* A forma como gerenciamos e contratamos/mantemos uma equipe precisa mudar. Vivemos com gerações entrando no mercado de trabalho recebendo troféus de participação. É claro que o candidato acha que não há problema em ser recompensado por apenas aparecer. Isto é o que eles estão acostumados a toda a sua vida. Isso não os torna errados. Eles simplesmente, às vezes, não sabem melhor. 
* Eu entrevistaria uma pessoa atrasada, com boné virado ou biquini. Eu entendo essa coisa chamada 'vida' que todos estamos passando.
* Nós precisamos ensinar tudo. Se o candidato tem uma boa personalidade, jogue todo eu julgamento fora e transforme-os rapidamente em um 'ser corporativo'.
* Estamos no século XXI, parem de julgar pela aparência!

Argumentos de quem acha esse 'Novo Normal' absurdo e não aceita comportamentos assim:
* Não recompense o mau comportamento. Minha linha de frente é ocupada por nove pessoas que agem profissionalmente. Eles ganham porque entregam serviços.  Faça-os trabalhar para isso. Você vê o que aconteceu por causa da geração de troféus de participação. Eu não os mimo, e ainda tenho candidatos toda semana. Se queremos uma força de trabalho melhor, temos que criar uma força de trabalho melhor. Eles vão descobrir quando estiverem desempregados por muito tempo. 
* Quem acha essa atitudes normais e justifica dizendo que existem recrutadores e empresas ruins também, admite um comportamento ruim, com outro comportamento ruim. Seja Profissional! Amadureça!  
* Profissionais que demonstrem desleixo consigo mesmo, falta de compromisso, insegurança (não nervosismo comum das entrevistas) e mentira, não terão espaço no meu hotel. Ponto!
* Eu pago em dia, ofereço benefícios não obrigatórios por lei como seguro saúde, e mantenho um ambiente profissional e de respeito. Pago a média do setor, e se a empresa dá prejuízo, mantenho os salários em dia.  Portanto, comprometimento é o mínimo que exijo.
* Por que devemos diminuir os padrões que foram estabelecidos? Eles não são capazes? Talvez seja hora de reforçar o que é certo.

Entrevista no Domingo, A Saga:
Abaixo, descrevo a 'saga' de um empreendedor conhecido meu. Embora Domingo não seja um 'tabu' na nossa indústria, vai ilustrar bem as 2 visões sobre processos seletivos que estamos falando:

'Abri alguns horários no Domingo para entrevistas. Vagas em home office, e salário acima do mercado. Eles não precisam trabalhar aos domingos, mas só queria entender a real vontade dos 4 candidatos. Nenhum apareceu, e só um ligou para avisar que não vinha. Eu mesmo preferiria estar no shopping, um restaurante, ou mesmo entrar nas redes sociais e ver tudo funcionando direitinho. Adivinha? Tem gente trabalhando por trás para que nada dê errado durante meu período de lazer, inclusive equipes 24 horas. 

A história é longa, e após um looongo debate do Linkedin com mais de 1.200 comentários, houve uma divisão nas opiniões. Veja algumas:

De um lado, muita gente falando que isso é exploração, maldade:
* Isso mostra seu desrespeito com a classe trabalhadora.
* Se a entrevista é no domingo, imagina o resto. Justo em tempo de humanização das empresas...aff!
* É a era de prezar pela qualidade de vida, então não foi a melhor estratégia.
* Oferecer salário acima do mercado não é nada mais do que a sua obrigação. Bom saber que as pessoas recusaram.
* Estamos lutando por 4 dias úteis para melhorar a produtividade e reter talentos. Você esta quebrando convenções sociais/religiosas/legais, pois domingo o trabalhador precisa se dedicar a si mesmo, sua família, saúde mental, etc. 

Do outro, pessoas apoiando e entendendo a atitude: 
* Onde está a maldade? Se estamos comprometidos com algo, tudo bem abrir mão de algumas coisas para conseguir outras. Faz parte da vida!
* Fui contratada em um processo seletivo que aconteceu no sábado. Para quem quer trabalhar, o dia não importa, mas a entrega.
* Abri um processo para 23 vagas em plena Terça de Carnaval. A mobilização foi um sucesso! 35 pessoas foram e preenchemos todas as vagas. Todos que foram realmente queriam trabalhar. 
* Trabalho, assim como tudo que queremos fazer bem na vida, é dedicação.
* Combinado não sai caro.  Se confirmaram a presença, no mínimo, deveriam cumprir o acordo. Nem isso...

Final da história:
...o empresário foi uma das pessoas mais xingadas em um só post dos últimos tempos, e também recebeu mais de 300 CVs de pessoas dizendo que estão disponíveis para entrevista quando ele quiser. 
Atualização.: Uma semana após o post, ele já preencheu todas as vagas, ninguém está trabalhando aos Domingos, e todos ganhando realmente acima do mercado.

E você, qual sua opinião sobre o assunto? Lembrando que, entre as respostas, houveram comentários de pessoas de todas as idades, posições, níveis sociais e educacionais, tanto pró quanto contra o novo processo seletivo que está acontecendo. É mesmo uma questão comportamental, de visão de mundo.
Agora é com você. Vale o papo!

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