A Nova era dos líderes transformacionais do turismo

Mesmo sem estar presente esse ano por compromisso no exterior, foi um prazer participar da publicação oficial do evento aqui do Panrotas, juntamente com outros 13 executivos convidados.

Escolhi o tema ‘Liderança que (realmente) transforma no Turismo’, e deixei algumas perguntas para os gestores atuais, afinal ‘Poder é Competência’:

  • Como está o gerenciamento do seu caos?
  • Como está sua vulnerabilidade?
  • Como estão seus valores?
  • Como anda sua felicidade?

Abaixo deixo o texto na íntegra:

O Turismo é uma força incontestável na transformação mundial e impacto global.

Junto com a descoberta de novos lugares, vem a responsabilidade de fazer escolhas que preservem essas experiências para as gerações futuras.

Estar no negócio já é um desafio em si mesmo. Não é fácil desenvolver uma empresa turística, torná-lo sustentável, lucrativo e ainda operar em alinhamento com práticas de negócios conscientes.

A aventura de uma viagem está no seu propósito e nos efeitos que os viajantes têm sobre o destino, sobre eles mesmos e o coletivo.

A aventura dos negócios segue a mesma regra. Não há nada mais poderoso do que um grupo de líderes conscientes em uma mesma indústria. Uma vez criada, essa conscientização é um componente poderoso que estimula o engajamento muito depois do fim da viagem.

Em um mundo faminto por conexões significativas, viajar em busca de um propósito pode ser uma força de transformação e impacto global positivo.

Com base nisso, seguem três perguntas para você, líder da indústria de turismo e hotelaria, afinal Poder é Competência.

Como está o gerenciamento do seu caos?

O que mais as empresas turísticas temem são flutuações, distúrbios e desequilíbrios. Claro que precisamos de um mínimo de ordem nas nossas vidas e empresas, mas essas são fontes primárias de criatividade. Ordem em excesso acaba com os ideais de grandeza que existem em nós, pois a busca pela conformidade gera, ao longo do tempo, a apatia típica de um burocrata.

E na urgência, tudo o que você não precisa é a formalidade, hierarquia rígida e cerimoniais. O senso de urgência se expande ao valorizarmos a informalidade.

Portanto, treine sua admiração pelo desconforto.

Como está sua Vulnerabilidade?

Todo líder tem vulnerabilidade, mas grandes líderes têm autoconsciência para reconhecer esse fato, se conectar com os outros de forma genuína e se sentir à vontade para expressar suas fraquezas.

“Os maiores líderes que conheço se sentem muito à vontade para falar sobre suas fraquezas, sobre o que precisam trabalhar, melhorar e fazer melhor”, Geoff Ballotti, Presidente e CEO da Whyndam Hotels

Em um negócio turístico, tudo é sobre curadoria de uma experiência customizada para cada pessoa que você interage. Se manter criativo, aberto aos disruptores do setor, principalmente os tecnológicos, e gerenciar os custos associados à mudança fazem cada vez mais diferença.

Como estão seus Valores?

Alguns valores são inegociáveis nos negócios turísticos: melhoria contínua, construir uma equipe apaixonada e comprometida, surpreender o viajante e, por fim, compartilhar e sustentar o sucesso.

Simplifique seus valores. Se são pessoas, dê flexibilidade e autonomia para fazerem seus trabalhos, mas também cuidar de si mesmos. A cultura da capacitação e confiança não é complexa, mas exige seu compromisso. Deixe que eles encontrem as soluções. Você vai se surpreender.

Como anda sua Felicidade?

A vida não é uma lista de conquista e aquisições. Sua empresa, currículo e qualificações profissionais não são sua vida, embora você deva conhecer muitas pessoas que confundem as coisas. A vida não é fácil, se complica e foge do nosso controle o tempo todo. Seja humilde ao reconhecer isso.

‘Sua concepção de fracasso pode não estar tão longe da percepção de alguém comum sobre sucesso. J.K. Rowling.

Leia o artigo na edição da Revista Panrotas, especial do 20º Fórum Panrotas, com o título: ‘O que nos Transforma?’ AQUI.

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O ‘novo normal’ dos processos de seleção. Qual sua posição?

Faz tempo que não temos um assunto polêmico por aqui, então vamos a ele:

Faço parte de alguns grupos de hoteleiros tanto no Brasil quanto no exterior, além de realizar muitos processos de hunting, especialmente para executivos. Recentemente, tenho notado em vários desses grupos muitos potenciais empregadores reclamando do 'famoso' apagão de mão de obra (nem se fala mais em apagão de talentos), e do quanto o processo seletivo tem mudado. 
O debate é bom, as visões são diferentes, e vai muito além de um simples choque de gerações. 
Segue abaixo um breve compilado que reuni nas últimas semanas. Ao final, deixe sua experiência em processos seletivos e sua opinião sobre o tema.
Como alguns candidatos se apresentam nas entrevistas (segundo GGs de hotéis):
• Com bonés virados para trás.
• Sem pesquisar a empresa.
• 'O candidato escondeu o baseado do lado de fora do escritório administrativo antes de entrar no prédio. Tudo gravado pela segurança do prédio.'
• Com 30 ou mais minutos de atraso.
• Com seus animais de estimação.
• Com celulares ligados. 'Uma candidata se recusou a desligar o telefone porque estava esperando uma mensagem do namorado'.
• Usando um top de biquíni (em hotel de praia)
• Esperando que o almoço seja servido.
• Atender o telefone no meio da entrevista, e falar com o recrutador de outra empresa.
• Aceitar o trabalho, e simplesmente não comparecer no primeiro dia, pois não gostou da cidade
• Com currículos com muitos erros de digitação e/ou...emojis.
• Com seu pai. Ps.: o candidato não tinha problemas de saúde que exigisse acompanhante.

Argumentos de quem entende e apoia o 'Novo Normal' do processo de Seleção:
* A forma como gerenciamos e contratamos/mantemos uma equipe precisa mudar. Vivemos com gerações entrando no mercado de trabalho recebendo troféus de participação. É claro que o candidato acha que não há problema em ser recompensado por apenas aparecer. Isto é o que eles estão acostumados a toda a sua vida. Isso não os torna errados. Eles simplesmente, às vezes, não sabem melhor. 
* Eu entrevistaria uma pessoa atrasada, com boné virado ou biquini. Eu entendo essa coisa chamada 'vida' que todos estamos passando.
* Nós precisamos ensinar tudo. Se o candidato tem uma boa personalidade, jogue todo eu julgamento fora e transforme-os rapidamente em um 'ser corporativo'.
* Estamos no século XXI, parem de julgar pela aparência!

Argumentos de quem acha esse 'Novo Normal' absurdo e não aceita comportamentos assim:
* Não recompense o mau comportamento. Minha linha de frente é ocupada por nove pessoas que agem profissionalmente. Eles ganham porque entregam serviços.  Faça-os trabalhar para isso. Você vê o que aconteceu por causa da geração de troféus de participação. Eu não os mimo, e ainda tenho candidatos toda semana. Se queremos uma força de trabalho melhor, temos que criar uma força de trabalho melhor. Eles vão descobrir quando estiverem desempregados por muito tempo. 
* Quem acha essa atitudes normais e justifica dizendo que existem recrutadores e empresas ruins também, admite um comportamento ruim, com outro comportamento ruim. Seja Profissional! Amadureça!  
* Profissionais que demonstrem desleixo consigo mesmo, falta de compromisso, insegurança (não nervosismo comum das entrevistas) e mentira, não terão espaço no meu hotel. Ponto!
* Eu pago em dia, ofereço benefícios não obrigatórios por lei como seguro saúde, e mantenho um ambiente profissional e de respeito. Pago a média do setor, e se a empresa dá prejuízo, mantenho os salários em dia.  Portanto, comprometimento é o mínimo que exijo.
* Por que devemos diminuir os padrões que foram estabelecidos? Eles não são capazes? Talvez seja hora de reforçar o que é certo.

Entrevista no Domingo, A Saga:
Abaixo, descrevo a 'saga' de um empreendedor conhecido meu. Embora Domingo não seja um 'tabu' na nossa indústria, vai ilustrar bem as 2 visões sobre processos seletivos que estamos falando:

'Abri alguns horários no Domingo para entrevistas. Vagas em home office, e salário acima do mercado. Eles não precisam trabalhar aos domingos, mas só queria entender a real vontade dos 4 candidatos. Nenhum apareceu, e só um ligou para avisar que não vinha. Eu mesmo preferiria estar no shopping, um restaurante, ou mesmo entrar nas redes sociais e ver tudo funcionando direitinho. Adivinha? Tem gente trabalhando por trás para que nada dê errado durante meu período de lazer, inclusive equipes 24 horas. 

A história é longa, e após um looongo debate do Linkedin com mais de 1.200 comentários, houve uma divisão nas opiniões. Veja algumas:

De um lado, muita gente falando que isso é exploração, maldade:
* Isso mostra seu desrespeito com a classe trabalhadora.
* Se a entrevista é no domingo, imagina o resto. Justo em tempo de humanização das empresas...aff!
* É a era de prezar pela qualidade de vida, então não foi a melhor estratégia.
* Oferecer salário acima do mercado não é nada mais do que a sua obrigação. Bom saber que as pessoas recusaram.
* Estamos lutando por 4 dias úteis para melhorar a produtividade e reter talentos. Você esta quebrando convenções sociais/religiosas/legais, pois domingo o trabalhador precisa se dedicar a si mesmo, sua família, saúde mental, etc. 

Do outro, pessoas apoiando e entendendo a atitude: 
* Onde está a maldade? Se estamos comprometidos com algo, tudo bem abrir mão de algumas coisas para conseguir outras. Faz parte da vida!
* Fui contratada em um processo seletivo que aconteceu no sábado. Para quem quer trabalhar, o dia não importa, mas a entrega.
* Abri um processo para 23 vagas em plena Terça de Carnaval. A mobilização foi um sucesso! 35 pessoas foram e preenchemos todas as vagas. Todos que foram realmente queriam trabalhar. 
* Trabalho, assim como tudo que queremos fazer bem na vida, é dedicação.
* Combinado não sai caro.  Se confirmaram a presença, no mínimo, deveriam cumprir o acordo. Nem isso...

Final da história:
...o empresário foi uma das pessoas mais xingadas em um só post dos últimos tempos, e também recebeu mais de 300 CVs de pessoas dizendo que estão disponíveis para entrevista quando ele quiser. 
Atualização.: Uma semana após o post, ele já preencheu todas as vagas, ninguém está trabalhando aos Domingos, e todos ganhando realmente acima do mercado.

E você, qual sua opinião sobre o assunto? Lembrando que, entre as respostas, houveram comentários de pessoas de todas as idades, posições, níveis sociais e educacionais, tanto pró quanto contra o novo processo seletivo que está acontecendo. É mesmo uma questão comportamental, de visão de mundo.
Agora é com você. Vale o papo!

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