‘a recuperação é inevitável’ – oxford economics

Todas as nossas previsões e cenários estão ancorados no pressuposto não negociável de que as viagens irão se recuperar totalmente. A pandemia vai acabar. Os impulsionadores das viagens – crescimento da renda, mudanças demográficas, importância das reuniões e o valor intrínseco das férias – ainda estarão intactos do outro lado. A história apoia a premissa. A recuperação é inevitável.

Assim foi a conclusão de Adam Sacks, presidente da Tourism Economics, uma área da Oxford Economics Company, em uma recente apresentação muito lúcida da nossa indústria. Estudo foi postado no blog da instituição dia 14/12/2020.

ECONOMIA

A economia global está em recessão, com queda de 4,2% do PIB neste ano. A recuperação em 2021 será a mais rápida em 40 anos, conforme a demanda reprimida retorna. Mas a recuperação será desigual devido à distribuição de vacinas, estrutura setorial e apoio à políticas governamentais.

Partindo disso, foram 5 temas principais apresentados, sempre considerando o aumento do ritmo de confiança do consumidor conforme a vacinação se amplia.

1.Novas vacinas irão motivar o retorno ao crescimento das viagens 2021.

80% dos viajantes indicam retorno em até seis meses da contenção do vírus. Quanto tempo você voltará a viajar após a pandemia diminuir ?

  • 15% Não vou esperar (viagem imediata)
  • 34% 1 à 2 meses
  • 32% em torno de 6 meses
  • 15% em torno de 1 ano
  • 5% sem previsão de viagem

2. Os desafios na distribuição de vacinas definirão o perfil de recuperação…e, definitivamente, será desigual.

Conforme gráfico abaixo, a recuperação global através de chegadas de turistas, retoma ao nível de 2019:

  • Cenário Otimista – 2023
  • Cenário Realista – 2024
  • Cenário Conservador – 2025

As viagens retornarão rapidamente, mas recuperação do setor não. As Américas, inclusive, terão um retorno mais lento para chegar ao patamar de 2019.

3. Os impactos da recessão reduzirão a demanda, especialmente para viagens de longa distância – preços, incluindo impostos, aumenta a incerteza.

Como será o ano de 2021?

  • Jan à Março – Início de ano difícil. Esforços combinados para manter a doença sob controle. A distribuição de vacinas acelera a sério.
  • Abril à Setembro – Aumento dos programas de vacinação, conformidade com as orientações de saúde pública e testes aprimorados, diminuição da prevalência da doença, aumento da imunidade e redução dos casos. Taxas de infecção são baixas no final do segundo trimestre, e viagens de lazer aumentam, com boas previsões para férias de Julho.
  • Outubro à Dezembro – Contexto para viagens de negócios e eventos em grupo se normaliza. As restrições a viagens corporativas são atenuadas. Eventos de grupo são permitidos na maioria das áreas, embora certas restrições continuem. Retorno de viagens de grupo e negócios (recuperação da demanda do grupo para cerca de 20% à 30% abaixo dos níveis de 2019) com ventos contrários contínuos.

Os riscos de erros na política permanecem e o suporte financeiro de emergência para a população é retirado. Abaixo a projeção do PIB mundial, economias avançadas e mercado emergentes.

Longo prazo é suportado pelo aumento da classe média, que representa 59% do gasto de lazer com hospedagem, e também por viagens em mercados emergentes. A expectativa de crescimento da classe média por país até 2035 fica clara abaixo.

4. Os viajantes irão optar por destinos mais próximos de casa, incluindo mercado doméstico e maior foco em viagens mais sustentáveis.

Grandes mercados externos têm oportunidade de se converterem em mercados domésticos. E o Brasil está entre os maiores potenciais para essa adaptação, juntamente com Estados Unidos, China e Indonésia.

5. As viagens de lazer irão liderar o caminho, uma vez que as viagens de negócios serão moderadas. No gráfico de previsão abaixo, viagens de lazer domésticas ultrapassam a ‘linha’ de 2019 já em 2022.

Para acesso ao estudo completo, se cadastre e baixe AQUI.

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um novo Revenue manageR ressurgirá pós covid

Em 2014 escrevi uma matéria para o Panrotas intitulado ‘Revenue Management é coisa do passado’, e desde lá o Brasil avançou muito. Há uns dois anos já falamos de Revenue Strategy, já pensamos mais em lucro e não somente em receita, já posicionamos o profissional de RM como estratégico, mas ainda temos um caminho importante a trilhar….

Pensando justamente nesses próximos passos, e considerando o impacto de 2020 nos negócios, a última Executive Roundtable dos Hotel Chief Revenue Officers (CROs) da HSMAI Intl. em Outubro/20 se transformou em white paper super interessante sobre o novo papel do Revenue Strategist e o futuro da gestão de receitas/lucro. Traduzi e separei as melhores conclusões dessa reunião para compartilhar com vocês.

Da maximização da eficiência à eliminação de silos e priorização da automação, a pandemia acelerou a evolução da otimização da receita do hotel.

A mudança implementada em cada empresa em resposta à crise pandêmica será instrumental para sua recuperação.

Como todos os que trabalham no setor de hospitalidade durante o COVID-19, os Revenue Managers tiveram que fazer mais com menos. Cada vez mais enxutos, eles foram forçados a se adaptar, improvisar, inovar e se tornar mais estratégicos. E isso não vai mudar tão cedo.

A pandemia chacoalhou o modelo tradicional de RM, e algumas decisões precisaram ser tomadas:

  1. Gerir Receita de forma Conjunta – com a necessidade de reduzir equipes, e trocaram RMs dedicados por RMs ‘de praça’, que atuam em clusters por bairros ou cidades, atendendo 2, 3 ou mais hotéis.
  2. Romper Silos – equipe mais enxuta levou a uma maior colaboração com outras equipes (vendas, marketing, distribuição, operações e financeiro), algo que não era parte da rotina em ‘tempos normais’.
  3. Fazer mais com menos – se concentrar mais na jornada do cliente do início ao fim e, em seguida, descobrir onde temos oportunidades de tornar a experiência melhor a curto prazo.
  4. Aproximar / Incentivar o Digital – com grupos parados, e hotéis corporativos com 90% dos seus negócios altamente transitórios e de lazer, o site da marca e o online indireto aproximou a equipe digital, pois a necessidade de aumentar visibilidade dobrou.

Não importa se você é o hotel de menor preço se estiver na página sete de uma OTA.

5. Priorizar Dados – responsivos e confiáveis, com capacidade de interpretá-los de forma rápida e eficiente. Dados sempre foram cruciais para RM, especialmente no que se refere à segmentação, mas a pandemia ampliou essa necessidade.

2019 está perdido para sempre em termos de relevância dos dados. Em algum momento, talvez em 2022, os dados de 2021 serão relevantes novamente. Ainda assim, as tendências recentes serão mais importantes do que esse histórico.

6. Aumentar o Foco – a pergunta mudou de ‘Como maximizo minha Diária Média em alta ocupação?‘ para ‘Como aumento RevPAR para compensar o consumo do caixa utilizado para manter o hotel aberto e pagar as contas?’

E a Equipe de RM Pós Covid?

Os especialistas afirmam que ela não retornará ao seu modelo pré-COVID. Ao invés de aumentar novamente, a equipe de RM se manterá enxuta, flexível e eficiente. Será escrita uma nova história, que usará as inovações da pandemia como um ponto de partida, e continuar a evoluir.

Quel o Perfil do RM (na verdade, Revenue Strategist) Pós Covid:

  1. Mais colaborativo – típico no novo RM Rev-Gen. “Os líderes do futuro serão muito bem versados em várias disciplinas”, disse Dave Roberts, professor da Escola de Administração Hoteleira da Universidade Cornell e ex-sênior VP de estratégia e soluções de Receita da Marriott International. E não apenas vendas, marketing e receita, mas “também em outras áreas do negócio, incluindo finanças e gestão de ativos ou imóveis, porque essas decisões estão completamente relacionadas“.
  2. Mais estratégico. Ele estará mais envolvidos nas decisões estratégicas em torno do sucesso de seus ativos.
  3. Mais analítico – os RMs continuarão a usar forecast e análise diversas para elaborar preços com base nos atributos do produto e padrões de demanda. Entretanto, a captação de informações serão ampliadas para outras fontes, e a personalização, inclusive em marketing, será a nova regra.
  4. Mais automatizado – mais dados não significa automaticamente melhores dados. Aproveitar o big data e a automação, o ‘machine learning‘ e IA é o futuro para todos profissionais que trabalham com estratégia. É preciso investir em recursos e tecnologias para ter certeza de que estamos fazendo parceria com a empresa certa, por exemplo.

Mas NUNCA nos esqueçamos que tecnologia é suporte à decisão. Ainda precisamos de pessoas inteligentes para tomar decisões. Preço e inventário podem ser automatizados, mas a criatividade e a apresentação de novas estratégias que não foram vistas antes, somente pessoas podem fazer.

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Sobre a Hospitality Sales & Marketing Association International (HSMAI) é o principal defensor da indústria da hospitalidade para o crescimento inteligente e sustentável da receita do hotel. A HSMAI fornece aos profissionais de hotelaria e seus parceiros ferramentas, insights e experiência para impulsionar as vendas, inspirar o marketing e otimizar a receita por meio de eventos, cursos, certificações, etc. No Brasil, visite HSMAI BRASIL.


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