‘A Hotelaria está dormindo há 15 anos’

A frase é de Sébastien Bazin, CEO e Chairman da Accor Hotels desde 2013, que complementa: “Perdemos 3 ondas da Revolução Digital. E a primeira onda aconteceu 12 anos atrás com as OTAs. Achamos que elas seriam inconsequentes. Não foram. 3 ou 4 anos mais tarde, foi o Metasearch. E nós não fizemos NADA. Mais recentemente, foi a Economia Compartilhada. Agora começamos a pensar que é melhor se mexer. E é bom mesmo, pois a 4ª e a 5ª onda vão chegar.”

Chamou sua atenção? Ótimo!

Admiro quem assume riscos, e debate ‘assuntos difíceis’ de forma aberta e sem medo. Portanto, selecionei algumas das ideias desse hoteleiro ousado, e que não mede palavras.

Vale a leitura!

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  • Para ter sucesso nesse negócio você tem que ser flexível, rápido, e capaz de responder exatamente às necessidades dos clientes.
  • A indústria hoteleira é suscetível à consolidação. O movimento da Marriott ao comprar a Starwood foi muito bom.
  • Não há mais amadores nesse jogo. Os independentes estão se profissionalizando e tornando a concorrência mais difícil nas cidades.
  • O que leva à retenção de clientes é a experiência, não preço.
  • Acredito quando as OTAs dizem que querem ser amigas dos hoteleiros. Eu também quero ser amigo delas. A única limitação é o custo dessa amizade.
  • As OTAs oferecem um serviço incrível, e taxa aceitável. Mas somente para o cliente que nos compra pela primeira vez. Na segunda vez, ele não tem que comprar pelo Expedia ou Booking, mas direto comigo. Isso chama-se Retenção!
  • 95% dos hotéis na Itália são independentes, na França, 70%. E sei que eles estão sofrendo com os novos players, OTAs, TripAdvisor, pois não tem a tecnologia necessária, nem programas de retenção, ou acesso aos clientes como antigamente.
  • Tudo deve ser transparente. Sou a favor de colocar o banner do TripAdvisor no site do hotel.
  • Sobre vendas diretasVamos encarar a verdade sobre vendas diretas: 80% do tráfego online estão nas mãos das OTAs, e 80% das recomendações está nas mãos do TripAdvisor. Muitos outros podem chegar, mas 20% vão sobreviver. Os outros 80% serão comprados pelos grandes, como aconteceu com Kayak e Trivago.
  • Sobre abrir sua plataforma de distribuição para hotéis independentesVou investir no meu portal, e não quero ser uma OTA. Eles não deixarão de usar as OTAs, somente irão agregar outra opção.
  • Sobre as OTAsElas fazem coisas, e nós fazemos coisas. Nós batalhamos pelo mesmo cliente. E está tudo bem! Todos somos profissionais. A Accor não será uma espectadora da sua própria vida.
  • O Airbnb está tirando alguns dos nossos clientes, aqueles sensíveis a preço. Para mim, alguém inteligente criou algo que está funcionando. Não é uma batalha. O Airbnb continuará a crescer, e nós também.
  • Sobre o Google entrar na venda de viagens – O Google ganha USD 2 bilhões do Expedia e Booking. Para entrar em viagens, eles tem que fazer valer. Se não render 4 à 5 bilhões, não valerá a pena. Tenho certeza que eles tem tudo para fazer bem feito, mas sabem que vão destruir outros negócios, e terão imenso impacto nos seus 2 maiores clientes.
  • O hoteleiro precisa ter uma boa leitura do que está acontecendo ao seu redor, que os clientes terão mais e melhor informação.
  • Se você continuar nos padrões normais, ser dogmático, vai perder clientes. É por isso que você tem a obrigação de ser ousado!
  • Todos que se continuarem cegos e surdos viverão momentos difíceis pela frente.
  • Por tudo isso, eu venho dizendo o tempo todo para os meu colegas hoteleiros: ‘ACORDEM!’
  • ‘Todos nós. Estamos dormindo nos últimos 15 anos. Eu venho dizendo isso publicamente, e gritado aos meus pares.’

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Esse é o outro lado do executivo, que não hesitou em pular de terno na reinauguração daPiscina Molitor, em 2014 em Paris.

Mensagem final de Bazin:

Sou um crente que tudo o que está acontecendo no mundo nos últimos cinco anos é uma grande oportunidade e não uma ameaça, se você jogar direito. Alguns de nós vão jogar direito, e outros vão falhar miseravelmente. É preciso se manter em movimento.

Eu não falei que valeria a pena a leitura?

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A Hotelaria em 2017 e o Futuro das OTAs

A hotelaria mundial vem evoluindo constantemente, e muitas mudanças ainda estão por vir. Recentes pesquisas revelaram características da nossa indústria em 2017, com uma visão abrangente dos mercados americano e europeu. Analisar mercado mais maduros é vital para aprendermos com seus erros e acertos.

Veja algumas previsões:

  • O mercado americano deve crescer 6x mais rápido que o europeu, com taxa de crescimento de 6,8%, contra apenas 1,1% da Europa.
  • Em compensação, as redes hoteleiras crescerão 3x mais rápido que os independentes no período de 4 anos na Europa. A hotelaria independente passará de 58% para 56% do mercado até 2017. Já nos USA, a divisão do mercado é 28% independentes, e 72% redes.
    Motivo: mudança de comportamento do consumidor.
  • Clientes gastam média de 53 dias para reservar sua viagem, visitando 28 sites. 50% dos viajantes pesquisam nas redes sociais procurando dicas de viagens.
  • 39% das reservas serão online na Europa (aumento de 5%), e 44% nos USA (aumento de 2%).
  • 8% das reservas estão sendo feitas por smartphones, com perspectiva de chegar à 35% até 2018.
  • Mesmo com o maior esclarecimento dos hotéis e investimento em seus próprios sites, as OTAs ainda vão desfrutar 52% do mercado americano em 2017.

Dica: a variedade na escolha se conecta com a natureza do novo viajante, e os hotéis devem encontrar a combinação ideal e eficaz entre canais diretos e indiretos para atender essa expectativa.

  • As viagens internacionais chegarão à 1,6 bilhões até 2020. Conhecimento profundo do mercado para abertura de hotéis será fator crítico.
  • Com as reservas globais crescendo, grande parte do segmento internacional dos hotéis dependem cada vez mais de OTAs e wholesalers.

O Futuro das OTAs em alguns mercados específicos até 2017:

  • Alemanha – queda de 4% nas OTAs, e aumento de 3% nas reservas diretas.
  • França – queda de 2% nas OTAs e aumento de 2% nas reservas diretas.
  • Europa – queda de 2% nas OTAs e aumento de 3% nas reservas diretas.
  • Reino Unido – queda de 4% nas OTAs e aumento de 3% nas reservas diretas.
  • Espanha e USA tem seus percentuais quase estáticos.

Dicas finais:

  • O mercado de hotelaria está crescendo, e as reservas online também. Tenha uma estratégia sólida.
  • Hotéis devem manter seus pontos fortes reforçados: Valor da Marca e Serviço ao Cliente.
  • Oferecer serviços personalizados será ainda mais importante para se diferenciar. Invista e treine!

MA314-SM_MINI_INFOGRAPHIC_2017BLOG-01Fontes:

  • Phocurswright com co patrocínio Siteminder
  • Nielsen – pesquisa para Google
  • OMT Tourism 2020 (Organização Mundial de Turismo)

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