Receitas Extras, a ‘mina de ouro’ do faturamento hoteleiro

Se você ainda vê seu hotel como um negócio de aluguel de quartos apenas, está na hora de ampliar a visão.
Exemplo disso são as muitas receitas extras que ainda não são totalmente exploradas e os inúmeros espaços que seguem subutilizados no seu hotel.

Os hoteleiros podem aprender muito com as cias aéreas. Em 2019, o 'ancillary revenue' global das companhias aéreas chegou à USD 840 Bi (Fonte: CarTrawler).  Muitas delas, contam com times exclusivos de Revenue Managers dedicados exclusivamente às receitas adicionais. E faz todo o sentido, pois em algumas cias áereas mais econômicas, a receita extra ultrapassa 50% do total do faturamento. 
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Um hotel tem oportunidades de receita auxiliares e não relacionadas a quartos significativamente maiores do que as companhias aéreas, mas poucos hotéis aproveitam ao máximo essas oportunidades. 

De acordo com o especialista hoteleiro, Max Starkov, os hotéis não investem tanto em receitas extras por 4 motivos: 

1) Necessidade de criar processos e sistemas internos para vender com sucesso serviços auxiliares e não relacionados a quartos (ex.: transfers, tickets de cinema e teatro, etc)  
2) 'Dá muito trabalho' 
3) Funcionários desestimulados 
4) Falta de estratégia de marketing adequada 

O que é preciso?
a) Implementação de estratégia e cultura de marketing do hotel 
b) Incentivo e treinamento da equipe  
c) Adoção de soluções tecnológicas para automatizar o máximo possível de processos internos. 

3 oportunidades para diversificar a receita dos hotéis: 

1) Produtos/Serviços Hoteleiros 
1.a) Upselling - atualização e venda cruzada das principais comodidades da propriedade: melhores quartos, suítes, serviços de spa, A&B ('Gostaria de experimentar nosso cardápio de frutos do mar hoje no restaurante?), early check-ins, late check-outs, etc.   Um bom benefício do uso da tecnologia é que o hóspede pode fazer upsell durante o processo de reserva em seu site ou call center, por meio de confirmações de reserva ou durante o check-in antecipado. O que não elimina a opcão offline do upseling seguir sendo ofrecido no checkin pela rcepção.
 
1.b) Auto seleção de quarto: Há décadas você pode selecionar seus assentos de avião, cinema ou teatro por meio de plantas baixas digitais. Por que não escolher um quarto de hotel com antecedência? A Hilton foi a primeira grande rede hoteleira a introduzir o recurso de seleção de quartos em suas propriedades nos USA. Oferecido exclusivamente para o programa Hilton Honors, os membros podem fazer check-in um dia antes da chegada e selecionar seus quartos em uma planta baixa digital. Os membros podem personalizar sua estadia comprando um upgrade de quarto (se disponível) e solicitando comodidades específicas para serem entregues em seu quarto antes da chegada.  Se você é hoteleiro, aposto que está pensando agora nos processos entre Recepção e Governança. Pois sim, já existe tecnologia para isso. 'Um quarto em um andar superior? Claro, são R$ 90 a mais. Upgrade para uma suíte por R$ 290?' A seleção de apartamentos poderá se tornar regra no futuro próximo, e além de gerar mais receita, ainda diminui a carga de trabalho da recepção. 

2. Produtos/Serviços auxiliares não hoteleiros  
Aqui o céu é o limite!  
Produtos para melhorar a estadia dos hóspedes: 
* Champanhe para ocasiões especiais 
* Decorações românticas   
* Café da manhã na cama ou na bandeja flutuante na piscina.
* Massagem
* Babá
* Venda de city tours e ingressos para museus, parques temáticos, eventos esportivos, shows, exposições de arte e outras atrações, bem como passeios turísticos a atrativos locais diversos.  
* Por que não pacotes de hotéis incluindo essas atrações e atividades locais? Além e 'ocultar' o preço do quarto, também permite que o hotel venda valor e não preço.  

3. Maximizar a utilização dos espaços do hotel  
A regra aqui é não deixar locais subutilizados: 
* Crie espaços de coworking para pessoas de fora da cidade, nômades digitais e empreendedores locais que não desejam ficar presos a aluguéis de escritórios.  
* Crie pacotes e promoções diárias, semanais e mensais de quarto e escritório, incluindo WiFi, café, água engarrafada, lanches e almoço servido.      
* Para hotéis econômicos, crie oportunidades de receita de A&B em espaços vazios e subutilizados instalando máquinas de venda automática com hambuguers, pizzas e comidas congeladas em geral. Inclua um microondas ao lado, claro. Se os pedidos de iFood incomodam, além de oferecer uma opção, ainda proporciona um ambiente para as pessoas comerem fora dos apartamentos, evitando sujeira e aumento do custo com limpeza depois. 
Vending Machines: Elas estão cada vez melhores! Me surpreendeu muito positivamente o espaco no lobby do Hotel Contemporâneo em Campinas (da Rede Royal Palm Hotels & Resorts) com uma ve
nding machine incrível, com diversas opções de lanches e bebidas para a viagem de volta.  
* Utilize o espaço não utilizado para eventos: Com o segmento corporativo crescendo em um ritmo mais lento do que as viagens de lazer, é possível utilizar espaços para funções únicas: oferecer aulas de ioga, programas de bem-estar, aulas de culinária, leituras de livros, eventos de autógrafos, artesanato da comunidade local, exposições, etc. Os Hotéis Pullman de SP são craques nisso, e já presenciei inúmeras ações incríveis para utilização criativa de seus espaços, agregado muito valor à experiência do hóspede e cone≈ão com a comunidade local. 
Hotels make strides measuring ancillary revenue
Dicas finais do consultor Starkov: 

* Envolver os Revenue Managers em toda jornada digita ldo clientes e não só na fase da reserva.  proativamente em todas as cinco fases para engajar, conquistar e reter o cliente. As 5 fases são: Sonho + Planejamento + Rserva + Expência + Compartilhamento/Retenção. 

* Contrate e treine funcionários QUE NÃO ACHAM que diversificar a receita de sua propriedade dá muito trabalho, e você começa a partir daí... 
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O ‘novo normal’ dos processos de seleção. Qual sua posição?

Faz tempo que não temos um assunto polêmico por aqui, então vamos a ele:

Faço parte de alguns grupos de hoteleiros tanto no Brasil quanto no exterior, além de realizar muitos processos de hunting, especialmente para executivos. Recentemente, tenho notado em vários desses grupos muitos potenciais empregadores reclamando do 'famoso' apagão de mão de obra (nem se fala mais em apagão de talentos), e do quanto o processo seletivo tem mudado. 
O debate é bom, as visões são diferentes, e vai muito além de um simples choque de gerações. 
Segue abaixo um breve compilado que reuni nas últimas semanas. Ao final, deixe sua experiência em processos seletivos e sua opinião sobre o tema.
Como alguns candidatos se apresentam nas entrevistas (segundo GGs de hotéis):
• Com bonés virados para trás.
• Sem pesquisar a empresa.
• 'O candidato escondeu o baseado do lado de fora do escritório administrativo antes de entrar no prédio. Tudo gravado pela segurança do prédio.'
• Com 30 ou mais minutos de atraso.
• Com seus animais de estimação.
• Com celulares ligados. 'Uma candidata se recusou a desligar o telefone porque estava esperando uma mensagem do namorado'.
• Usando um top de biquíni (em hotel de praia)
• Esperando que o almoço seja servido.
• Atender o telefone no meio da entrevista, e falar com o recrutador de outra empresa.
• Aceitar o trabalho, e simplesmente não comparecer no primeiro dia, pois não gostou da cidade
• Com currículos com muitos erros de digitação e/ou...emojis.
• Com seu pai. Ps.: o candidato não tinha problemas de saúde que exigisse acompanhante.

Argumentos de quem entende e apoia o 'Novo Normal' do processo de Seleção:
* A forma como gerenciamos e contratamos/mantemos uma equipe precisa mudar. Vivemos com gerações entrando no mercado de trabalho recebendo troféus de participação. É claro que o candidato acha que não há problema em ser recompensado por apenas aparecer. Isto é o que eles estão acostumados a toda a sua vida. Isso não os torna errados. Eles simplesmente, às vezes, não sabem melhor. 
* Eu entrevistaria uma pessoa atrasada, com boné virado ou biquini. Eu entendo essa coisa chamada 'vida' que todos estamos passando.
* Nós precisamos ensinar tudo. Se o candidato tem uma boa personalidade, jogue todo eu julgamento fora e transforme-os rapidamente em um 'ser corporativo'.
* Estamos no século XXI, parem de julgar pela aparência!

Argumentos de quem acha esse 'Novo Normal' absurdo e não aceita comportamentos assim:
* Não recompense o mau comportamento. Minha linha de frente é ocupada por nove pessoas que agem profissionalmente. Eles ganham porque entregam serviços.  Faça-os trabalhar para isso. Você vê o que aconteceu por causa da geração de troféus de participação. Eu não os mimo, e ainda tenho candidatos toda semana. Se queremos uma força de trabalho melhor, temos que criar uma força de trabalho melhor. Eles vão descobrir quando estiverem desempregados por muito tempo. 
* Quem acha essa atitudes normais e justifica dizendo que existem recrutadores e empresas ruins também, admite um comportamento ruim, com outro comportamento ruim. Seja Profissional! Amadureça!  
* Profissionais que demonstrem desleixo consigo mesmo, falta de compromisso, insegurança (não nervosismo comum das entrevistas) e mentira, não terão espaço no meu hotel. Ponto!
* Eu pago em dia, ofereço benefícios não obrigatórios por lei como seguro saúde, e mantenho um ambiente profissional e de respeito. Pago a média do setor, e se a empresa dá prejuízo, mantenho os salários em dia.  Portanto, comprometimento é o mínimo que exijo.
* Por que devemos diminuir os padrões que foram estabelecidos? Eles não são capazes? Talvez seja hora de reforçar o que é certo.

Entrevista no Domingo, A Saga:
Abaixo, descrevo a 'saga' de um empreendedor conhecido meu. Embora Domingo não seja um 'tabu' na nossa indústria, vai ilustrar bem as 2 visões sobre processos seletivos que estamos falando:

'Abri alguns horários no Domingo para entrevistas. Vagas em home office, e salário acima do mercado. Eles não precisam trabalhar aos domingos, mas só queria entender a real vontade dos 4 candidatos. Nenhum apareceu, e só um ligou para avisar que não vinha. Eu mesmo preferiria estar no shopping, um restaurante, ou mesmo entrar nas redes sociais e ver tudo funcionando direitinho. Adivinha? Tem gente trabalhando por trás para que nada dê errado durante meu período de lazer, inclusive equipes 24 horas. 

A história é longa, e após um looongo debate do Linkedin com mais de 1.200 comentários, houve uma divisão nas opiniões. Veja algumas:

De um lado, muita gente falando que isso é exploração, maldade:
* Isso mostra seu desrespeito com a classe trabalhadora.
* Se a entrevista é no domingo, imagina o resto. Justo em tempo de humanização das empresas...aff!
* É a era de prezar pela qualidade de vida, então não foi a melhor estratégia.
* Oferecer salário acima do mercado não é nada mais do que a sua obrigação. Bom saber que as pessoas recusaram.
* Estamos lutando por 4 dias úteis para melhorar a produtividade e reter talentos. Você esta quebrando convenções sociais/religiosas/legais, pois domingo o trabalhador precisa se dedicar a si mesmo, sua família, saúde mental, etc. 

Do outro, pessoas apoiando e entendendo a atitude: 
* Onde está a maldade? Se estamos comprometidos com algo, tudo bem abrir mão de algumas coisas para conseguir outras. Faz parte da vida!
* Fui contratada em um processo seletivo que aconteceu no sábado. Para quem quer trabalhar, o dia não importa, mas a entrega.
* Abri um processo para 23 vagas em plena Terça de Carnaval. A mobilização foi um sucesso! 35 pessoas foram e preenchemos todas as vagas. Todos que foram realmente queriam trabalhar. 
* Trabalho, assim como tudo que queremos fazer bem na vida, é dedicação.
* Combinado não sai caro.  Se confirmaram a presença, no mínimo, deveriam cumprir o acordo. Nem isso...

Final da história:
...o empresário foi uma das pessoas mais xingadas em um só post dos últimos tempos, e também recebeu mais de 300 CVs de pessoas dizendo que estão disponíveis para entrevista quando ele quiser. 
Atualização.: Uma semana após o post, ele já preencheu todas as vagas, ninguém está trabalhando aos Domingos, e todos ganhando realmente acima do mercado.

E você, qual sua opinião sobre o assunto? Lembrando que, entre as respostas, houveram comentários de pessoas de todas as idades, posições, níveis sociais e educacionais, tanto pró quanto contra o novo processo seletivo que está acontecendo. É mesmo uma questão comportamental, de visão de mundo.
Agora é com você. Vale o papo!

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