A Rua Saint-Martin começa na beira do Rio Sena, em frente a Ponte Notre-Dame e segue para o norte de Paris, tornando-se Faubourg Saint-Martin após a travessia do Boulevard Saint-Martin. No eixo de encontro entre as três vias que levam o nome de São Martinho, a Porta Saint-Martin designa um dos pontos de entrada do burgo parisiense tal como traçado pela muralha do rei Charles V em 1356.
Impossível passar por aqui e não ficar curioso: Rue Saint-Martin, Boulevard Saint-Martin, Faubourg Saint-Martin, Porta Saint-Martin? Mesmo porque, quanta gente eu já não vi perdida “na rua” buscando “o faubourg”, ou no “boulevard” buscando “a rua” e vice-versa. Parece complicado, mas não é.
A partir do séc. XIII o termo Rue foi reconhecido oficialmente para as “rotas” dentro do burgo enquanto Faubourg designava estas mesmas “rotas” fora do burgo. Já a origem etimológica de Boulevard é bouleverk – muralha em antigo holandês. Hoje nenhuma das sete muralhas que um dia protegeram Paris existe, mas as organizações Antigas e Medievais subsistem, submersas no asfalto e outros marcos históricos, estão ai se prestarmos atenção.
“Cardo-maximus” romana a atual Rue Saint-Martin foi durante toda antiguidade o principal eixo de travessia na margem direita da cidade tendo sua importância suplantada pela rota paralela, a Rue Saint-Denis, a partir da idade média. A rota de Saint-Martin levava aos territórios de Flandres e a rota Saint-Denis à basílica católica onde estão enterrados atualmente todos os reis da França. Mas essa é outra história.
Voltemos a Saint-Martin. Sim claro, por que uma vez o mistério Rue/Faubourg/Bouvelard/Porte resolvido resta uma duvida. Quem foi Saint-Martin? Bispo de Tours e fundador do primeiro mosteiro de França tornou-se conhecido por sua grande bondade.
Será com o relato de um pequeno trecho de sua vida que deixarei a você leitor meus agradecimentos pela sua “presença” durante 2014 e, sobretudo meus sinceros Votos de Feliz Natal e um Ano Novo Cheio de Paz, Amor, Saúde e Prosperidade.
Em um dia frio de Novembro 337 d.c., Martinho, jovem soldado da legião romana, ia a cavalo por territórios franceses quando começou uma grande tempestade. Viu então um homem pobre e quase nu a pedir esmola. Não tendo moedas, com a espada Martinho cortou ao meio a sua capa entregando-a ao mendigo para agasalhá-lo, provocando, com esta atitude de solidariedade, risos aos seus companheiros de armas por ter ficado com a sua capa rasgada.
Foi então que a chuva parou e raios de sol quentes apareceram por entre as nuvens como em um dia de verão.
Na mesma noite Martinho teve uma visão de Jesus coberto com seu manto e ouviu dele as palavras que o levaram a conversão e vida dedicada ao bem do próximo:
“Cada vez que fizeres o bem ao mais desprotegido é a mim que o fazes”.
Notas e Curiosidades:
Cardo-maximus – via principal da cidade cortada em seguida por perpendiculares e paralelas constituíam a base da construção urbana romana.
Metade da capa pertencia a legião romana, a outro a Martinho. O que explica porque ele deu somente uma metade!
O nome Martin tem sua origem no culto politeísta romano e significa devoto a Marte, rei da guerra.
O culto da capa de São Martinho na França dará origem a palavra Capela
fotos Rua Saint-Martin wikipedia
Silvia,
obrigado pelos textos saborosos de natal ,réveillon e de todo o ano.
É muito bom acompanhar a historia e novidades de nossa amada Paris em seu blog.
Desejo um excelente 2015 a você e esperamos mais novidades aqui no Panrotas. ou quem sabe em Paris, quando eu for rever a cidade luz.
grande abraço,
Ps: merde pra todos nós.
Obrigada Flávio
Tudo bem? Eu é que agradeço! É muito bom saber que você aprecia os textos.
Se vier a Paris não deixe de avisar, nada melhor que um bate papo entre colegas, não me prive deste prazer!
Obrigada também pelos votos para 2015.
Abração e até breve.