Quem paga a reforma do Louvre?

Macron anuncia grande reforma do Louvre. Após um apelo da direção do estabelecimento, o presidente do país, como não podia deixar de ser, se prontificou ao resgate do edifício quase milenar (construção 1202).

mudança da Joconde

Uma sala e um bilhete específico serão reservados exclusivamente para a Mona Lisa. A mudança é anunciada com o objetivo de oferecer uma melhor apreciação da obra e diminuir o fluxo de turistas apertados em uma mesma sala. Apesar dos anúncios em grande pompa do “Renascimento do Louvre”, acredito que a mudança servirá, sobretudo, para permitir ao museu a cobrança diferenciada para esta parte da visita, aumentando assim os custos de quem deseja ver tanto a integralidade do museu quanto a obra de Leonardo da Vinci. 

A Sala dos Estados, 1° andar Pavilhão Denon abriga a Joconde, sempre cheia. A Mona Lisa (em italiano: La Gioconda) ou Retrato de Mona Lisa, é uma pintura de Leonardo da Vinci, pintada entre 1503 e 1506 ou entre 1513 e 1516 e talvez até 1517 (o artista morreu em 2 de maio de 1519), que retrata meio corpo da florentina Lisa Gherardini, esposa de Francesco del Giocondo. A pintura a óleo mede 77 × 53 cm sobre painel de madeira.
A Joconda pode ser considerada uma das representações mais famosas de um rosto feminino no mundo e no século 21, tornou-se o objeto de arte mais visitado do mundo. Fonte Wikipédia

Reforma do Louvre – o que importa

De fato, o mais importante é impedir que o tempo e a água do Rio Sena deteriorem o edifício, mas esse tipo de notícia não interessa a quase ninguém. 

Pátio chamado Carrossel onde encontra-se a Pirâmide do Louvre
Pirâmide do Louvre é uma pirâmide feita de vidro e metal, localizada no meio do Cour Napoléon do Museu do Louvre, em Paris. Abriga a entrada principal do museu. Foi inaugurada pela primeira vez pelo Presidente da República François Mitterrand em 4 de março de 1988 e projetada pelo arquiteto sino-americano Ieoh Ming Pei.

Sendo assim, como François Mitterrand, Macron também quer deixar seu nome na história e legar à cidade uma nova entrada para o palácio/museu, sob o pretexto de que as entradas atuais entradas “da pirâmide” e no subsolo do “Carrossel” não são suficientes. 

Vista exterior do Louvre e obra em bronze A Noite de Aristide Maillol
A Noite, escultura em bronze de Aristide Maillol 1909, Nu feminino, parte do conjundo de esculturas do artista espalhadas pelo Jardin de Tuilerie, à proximidade de onde será construída uma nova entrada para o Museu do Louvre. ( Projeto submetido a concurso)

Milhões serão investidos em um conjunto de obras e, em princípio, esta é uma boa notícia. 

Pátio Puget, interior do Louvre, esculturas do 17° ao 19° séculos
Esculturas de exterior em bronze e sobretudo mármore datando do XVII ao XIX séculos, expostas no Pátio Interior denominado Cour Puget. Originárias de diversos castelos da realeza e aristocracia, incluindo Versalhes.

No entanto, um fato me chamou a atenção e tirou meu sossego: cidadãos não residentes da comunidade europeia terão uma tarifa diferenciada e, por consequência, mais cara! 

Reforma do Louvre- Quem Paga?

Gente, eu nem imaginava que esse tipo de distinção pudesse ser feita. Em outras épocas, isso seria chamado de discriminação. “Peraí” que eu vou buscar aqui. Um minuto, por favor… 

Fui verificar e segundo o que acabo de ler ainda hoje: “a discriminação oferece tratamento diferenciado a um indivíduo devido a características pessoais.” Neste caso, a origem (e o fato de não ser eleitor europeu ou francês). Detalhe: a distinção poderia ter sido anunciada como uma discriminação positiva, tal qual para crianças e idosos, membros da comunidade europeia terão tarifas preferenciais. Mas nem isso esse cuidado foi tomado.

Talvez a diferença seja tão sutil entre NÃO Membros da Comunidade Europeia pagarão mais caro e Membros da Comunidade Europeia terão tarifas preferencias que ninguém note mesmo. No final, é a mesma coisa.

Assim, concluindo, se você NÃO é cidadão europeu, prepare-se para pagar mais caro para visitar o Louvre em 2026 e ajuda-lo a pagar sua reforma.  

Géricault, Le Radeau de La Méduse,
O “Radeau de la Méduse”, Théodore Géricault,  inspirada em naufrágio ocorrido em 1816, ao largo da atual Mauritânia.  
Quando a fragata Méduse encalhou em um banco de areia, cerca de 150 passageiros foram forçados a embarcar em uma balsa improvisada e frágil.  
Enquanto isso, oficiais e passageiros de alta patente conseguiram escapar em botes salva-vidas.  
Para os mais pobres, passageiros da barca que levava marinheiros e soldados deixados à deriva a situação rapidamente se deteriorou, com escassez de alimentos e água, levando ao desespero e ao canibalismo entre os sobreviventes. 
Após quinze dias de sofrimento, apenas uma pequena fração dos passageiros da balsa sobreviveu para contar a história. Géricault, ao tomar conhecimento do trágico evento, decidiu criar uma pintura monumental que capturasse a angústia e o desespero dos náufragos. A obra provocou controvérsia, por denunciar a discriminação entre oficiais e subalternos, trazendo notoriedade a Géricault e imortalizando o naufrágio da Méduse na memória coletiva. Fonte https://www.geo.fr/histoire 

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Silvia Helena

Após breves passagens pela Faculdade Metodista de São Bernardo e Belas Artes de São Paulo, aos 18 anos fui estudar no Canadá, onde vivi durante 23 anos. Lá me formei em História da Arte pela Universidade de Montréal, estudei turismo no Collège Lasalle de Montréal e no Institut de Tourisme et Hôtellerie du Québec. Comecei minha carreira na área trabalhando em Cuba. Durante os anos vividos no Canadá, entre outras coisas, fui guia de circuitos pela costa leste e abri minha primeira agência de receptivo para brasileiros. Há 18 anos um vento forte bateu nas velas da minha vida me conduzindo até França. Atualmente escrevo de Paris, onde vivo e trabalho dirigindo a empresa de receptivo, LA BELLE VIE.

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