Quem é culpado pelo Coronavírus?

Como atuante na área do turismo eu fiquei muito impressionada ao ler nas redes sociais colegas culpando a China por essa epidemia. Cheguei a questionar um colega hoteleiro: Se a China comprar a sua rede de hotéis, você vai recusar seu pagamento? Ou vai ficar grato pelo emprego?

Nestes últimos anos vários mercados buscavam na China seus turistas, acreditando que esse país emergente seria a solução para quaisquer crises locais. E agora isso? Somos realmente aquele povo descrito por Chico Buarque em sua música Geni e o Zepelin?

Será que tantas pessoas ainda não entenderam que SOMOS UM? A gripe pode vir do México e da promiscuidade entre humanos e porcos, pode vir do Brasil e seu desmatamento desenfreado, pode vir de onde for.

Vírus não tem passaporte e não conhece fronteiras. Vírus é democrático e não conhece classes sociais.  

De quem é a culpa pelo Coronavírus?

Os seres humanos podem ser responsáveis pela epidemia de Coronavírus.

É o que sugerem vários estudos, que apontam a responsabilidade da atividade humana e a destruição da biodiversidade no surgimento de novos vírus do mundo animal, como o Covid-19.

Pesquisadores da Escola de Veterinária da Universidade da Califórnia estudaram 142 casos de “zoonoses” virais (doenças transmitidas de animais para humanos), que foram registrados em estudos desde 2013. Eles então cruzaram esses dados com listas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que classifica espécies ameaçadas em particular.

Roedores, primatas e morcegos foram identificados como hospedeiros da maioria dos vírus transmitidos para humanos (75,8%).

Tuberculose, raiva, toxoplasmose, malária… são causadas pela nossa interação com a natureza selvagem. Assim como as doenças “emergentes”: ebola, HIV, gripe aviária, SARS ou Zika e outros …

Humanos criando condições ideais para transferências virais

As espécies ameaçadas de vida selvagem, “aquelas cujas populações estão em declínio devido à exploração e perda de habitat compartilham mais vírus com humanos”, observam os pesquisadores em Proceedings of the Royal Society (organização de estudos em ciências biológicas).

Pangolin – animal selvagem

“Nossos dados ilustram como a exploração da vida selvagem e a destruição natural do habitat estão por trás das transferências de doenças, nos expondo ao risco de doenças infecciosas emergentes”, diz e pesquisadora Christine Johnson, que liderou o estudo conduzido antes do início da atual epidemia. Alguns cientistas acreditam que o Codiv-19 seja oriundo de uma espécie de morcego.

Estamos mudando os territórios através do desmatamento, conversão de terras para agricultura, pecuária ou construção. Isso aumenta a freqüência e intensidade de contato entre humanos e animais selvagens, criando as condições ideais para transferências virais”, disse Christine

Segundo especialistas em biodiversidade da ONU (IPBES), um milhão de espécies animais e vegetais estão em risco de extinção devido à atividade humana.

Em 2016, a agência ambiental da ONU também apontou que cerca de 60% das doenças infecciosas em humanos são de origem animal e 75% das doenças emergentes de maneira geral. A ONU estimou igualmente que estas doenças ocasionaram nas últimas duas décadas perdas e gastos no valor de US$ 100 bilhões. O mesmo estudo afirma que estas perdas seriam multiplicadas se essas doenças evoluíssem para o estágio de pandemia humana, como é o caso do novo coronavírus.

É importante lembrar que inúmeros medicamentos são produzidos com moléculas encontradas na natureza. O que faremos quando esses recursos naturais se extinguirem ?

Coronavírus: como agir?

Mais do nunca será preciso lutar contra o desmatamento e preservar nossas florestas e espaços selvagens.

As causas da pandemia Coronavírus são óbvias: “Nosso desprezo pela natureza e nossa falta de respeito pelos animais com os quais devemos compartilhar o planeta” afirma a etóloga e antropóloga britânica Jane Goodal. Aos 86 anos, Jane Goodall passou a maior parte de sua vida estudando e defendendo animais, incluindo chimpanzés da África, especialmente da Tanzânia.

É nossa responsabilidade e dever encontrar outros métodos, além de postagens em mídias sociais para atuar frente essa questão. Militar ativamente contra o desmatamento da Amazônia e de nossas matas será uma questão de sobrevivência.

A agropecuária, o aumento desenfreado da plantação de soja em terras da Amazônia e a criação de animais em larga escala para fins comerciais devem encontrar outros meios de existência.

Comer menos carne já pode ser uma atitude de âmbito pessoal que colabora em prol da causa sanitária, mas a conscientização de nossa classe política e indústria alimentícia serão fundamentais para o bem estar futuro do mundo.

A população deve entender seu peso como consumidor e optar por comer menos se necessário e com mais qualidade.

No Canadá antes de um churrasco é perguntado a cada participante qual a quantidade de carne pensa consumir durante o evento, evitando assim desperdício ou consumo exagerado. Quando questionado, ninguém responde que vai comer desenfreadamente, é claro!

O Canadá tem também uma das maiores indústrias de celulose do mundo e conta completamente com matéria prima oriunda de reflorestamento para isso. Os empregos na área são abundantes e bem pagos.

Embora a exploração madeireira no país ainda não seja perfeita, existe uma real preocupação governamental quanto ao assunto.

Na França, parte da população boicotou produtos com pesticidas ou pagou inicialmente mais caro por produtos orgânicos, hoje essa indústria floresce e os preços se tornaram muito mais accessíveis.

E no Brasil? No Brasil, segundo matéria publicada pelo Estadão o desmatamento neste exato momento está rolando solto e mais intenso do que nunca.

Enfim, agir como consumidor consciente e votar em políticos também conscienciosos já podem ser um bom começo, mas não será suficiente.

FELIZ PÁSCOA

E para terminar, deixo aqui é meu voto para a Páscoa: que a grandiosidade humana seja humilde e respeitosa das dádivas divinas: amor ao próximo, à natureza e a todos os seres vivos. Que esse confinamento Pascal nos traga reflexão, novas atitudes e soluções para o planeta.

Agentes de Viagens Unidos

Sou uma pessoa otimista, aqueles de seguem este blog talvez já tenham notado.

No entanto, afeiçôo particularmente o senso crítico e capacidade de análise. Duas características quase antagônicas, especialmente nos dias de hoje. De fato, não está sendo fácil encontrar assuntos positivos neste momento.

Afinal, mesmo vivendo um confinamento burguês, onde podemos descansar e voltar a desfrutar a companhia de familiares próximos ou ainda limpar aquelas gavetas que nos assombram em dias de muito trabalho, não é possível ignorar o sofrimento alheio ou ainda não pensar no futuro incerto que nos aguarda.

Por essa razão, manter o contato com familiares longínquos ou colegas de profissão através do WhatsApp  têm se mostrado fundamental para manutenção da minha saúde mental, assim como constatei ser o caso de muitas outras pessoas.

Há mais de um ano mantenho um grupo WhatsApp dedicado aos agentes de viagens com o tema Paris e a França. Ali, trocamos ideias e esclarecemos dúvidas sobre o destino. Os agentes escolhem à seguir sua operadora preferida para aquisição de passeios, quando desejado.

A título de informação, segue o link para os interessados:

Passeios em Paris e na França https://chat.whatsapp.com/BPakcqNomTs69gsrFdUirZ

A união faz a força

Porém, assim que a crise do Codiv-19 iniciou, muitos participantes sentiram necessidade de compartilhar informações com outros temas. Preocupada em manter o alto-astral do grupo dedicado à França e também receosa de perder participantes insatisfeitos com a perda de foco do mesmo criei um novo grupo destinado a nos unir, um grupo onde podemos compartilhar informações ligadas ao mercado, mas não somente.

A ideia da existência deste grupo denominado Agentes de Viagens Unidos é não deixar ninguém só, ter um lugar virtual de união, partilha, amizade, humor e por que não dizer até amor.  Ali, concorrentes se tornaram parceiros e nos apoiamos mutuamente sem distinção, dividindo informações úteis, piadas e também proporcionando descontração.    

Por essa razão deixo aqui o link e meu convite para que você, caro leitor (a) junte-se a nós.     

Agentes de viagens unidos: https://chat.whatsapp.com/Lj9hEpFJgyD1AwCHLg9vax

Afinal (infelizmente) são nas horas difíceis que as boas ideias aparecem. Como diz o dito popular: é quando a água bate na bunda que começamos a correr.

Uma hora o bom medicamento vai aparecer, a vacina será criada, acho fundamental “sairmos dessa” mais fortes e unidos, não é mesmo?

Medo viral

As anulações de eventos e viagens se intensificaram nestes últimos dias através do mundo.

Enquanto médicos e especialistas afirmam que ainda não é tempo de parar com suas atividades e frear planos de viagens, políticos dizem o contrário e todo mundo sai dando palpite “a torto e a direita” em canais de comunicação. 

Como medida preventiva, o governo francês proibiu qualquer evento em lugar fechado que reúna mais de 5000 pessoas.

Mas o que isso quer dizer? Sem compreender exatamente a medida, na região da Oise*, a polícia local proibiu uma feira municipal ao ar livre, mas deixou o supermercado localizado à frente aberto. Ou seja, agiu como barata tonta e ficou esperneando de patas para o ar, sem realmente impedir qualquer possível contaminação e porque não dizer acabou piorando a situação de todos implicados. Afinal, onde há maior chance de contaminação, na feira ao ar livre ou no supermercado fechado? 

Baseado na mesma medida anunciada pelo governo, os funcionários do Louvre, tomados pelo medo fecharam suas portas neste domingo 1° de março. Note que esses funcionários do governo são efetivados.

Ao mesmo tempo, na tela da TV um infectologista e um membro do Ministério da Saúde diziam que a medida era válida para jogos de futebol e atividades esportivas de grande porte, onde pessoas bebem e gritam abundantemente, aumentando o risco de contágio, mas jamais em um museu, onde pessoas não falam e gritam perante aos demais presentes. Os funcionários do Louvre não foram autorizados a fechar e não são capacitados para julgar a situação, dizia o membro do Ministério da Saúde.

Enquanto isso, em Marselha, um evento privado de grande porte, contabilizava minuciosamente seus participantes para que não ultrapassassem o número de 4999, mantendo portas abertas até o fatídico algarismo.  

Ou seja, os funcionários do Louvre, motivados pelo medo da gripe e sem medo de perder seus empregos ou renda julgaram por conta própria a situação perigosa. Enquanto as lojas do Carrossel do Louvre e os participantes do evento marselhês julgaram exatamente a situação de maneira oposta.

Diga-se de passagem, a situação do Louvre deve ser definida nas horas a seguir. Neste momento o museu segue fechado. No entanto, somente uma nota sobre movimentos de greve em seu site indica perturbações nas horas de abertura.

Enfim concluo: cuidado! O medo do codiv-19 é muito mais viral que a doença.   

Nota 1

Oficialmente, na manhã de segunda-feira, o Ministério da Solidariedade e Saúde confirmou 131 casos na França, sendo nove graves e três óbitos. Até o momento 12 pessoas foram curadas, 3 morreram** e 116 estão hospitalizadas. Enquanto escrevia o post os casos subiram para 191. Como uma gripe comum, o Codiv-19 se alastra rapidamente.

Três principais “clusters”, termo usado para a presença de casos agrupados e localizados, foram identificados:

  • *Oise, particularmente nos municípios de Creil, Crépy-en-Valois, Vaumoise, Lamorlaye, Lagny-le-Sec e Lacroix-Saint-Ouen,
  • Haute Savoie, no vilarejo La Balme-de-Sillingy
  • Morbihan, os municípios de Auray, Crac’h e Carnac

O presidente Emmanuel Macron mudou sua agenda para se concentrar na gestão de crises.

Nesta segunda-feira, a França ainda estava na fase 2 de vigilância sanitária, um estágio pré-epidêmico.  

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os sintomas são leves para a maioria dos pacientes, graves (pneumonia) para 14% deles e 5% dos afetados estão em estado crítico. A taxa de mortalidade parece ser de 2 a 5%, segundo a agência da ONU.

Nota 2

Mortes na França: **2 octogenários dos quais um turista chinês e uma pessoa de 60 anos originária do departamento Oise.