Lidando com a crise

Se você pensou que eu iria escrever sobre crise no Brasil, se enganou. Preste atenção: está ai a prova que cada um mede o mundo com sua régua. Você leu crise e pensou logo na Dilma, na corrupção, no Impeachment e a economia nacional parada.

O francês acordou pensando em crise e pela sua cabeça passou: taxas, impostos, dívida nacional, dívida social e desemprego.

Através do planeta, uns pensarão na bolsa de valores, outros nos assalariados e muitos em seu próprio emprego. Todo o  Mundo nunca esteve tão unido, pensando em uma só coisa: todo mundo está preocupado com suas contas a pagar. Desde a invenção de Facebook e das redes sociais, nunca tivemos tão próximos uns aos outros. Então será que era isso que chamavam de mundialização?

Apesar da crise mundial, nesta hora cada indivíduo reage de um jeito. Andando pela cidade e conversando com colegas brasileiros e franceses constatei que há um tanto de desespero eufórico, certa descrença fatalista, alguma resignação instantânea e muitas, muitas dúvidas no ar.

Porém, outros conseguem manter a calma. Há quem não tenha ficado surpreso com a situação. Grosseiramente falando, como poderia o MUNDO continuar crescendo 20% ao ano? Existe um número limitado de televisões e bens de consumo suscetíveis em preencher as necessidades de cada UM. Com exceção do impulso promovido pelo crescimento demográfico, esse modelo não pode mesmo funcionar. Quem quer consumir 20% a mais que o ano passado? No que?

Só tem uma coisa que alguém de bom senso pode querer consumir mais em 2016 do que consumiu em 2015: Viagens, ter férias, diversão, dias de folga.

Minha filha, que hoje tem 23 anos, aos dez anos de idade brincava com um jogo de computador chamado SIMS, o ponto culminante do jogo era descobrir como ganhar dinheiro e poder comprar sem parar. Ela conhecia um “truque” e tinha dinheiro sem limites, se realizou comprando tudo que queria no frente do computador. O meu filho mais jovem, com dez anos hoje, outro dia estava brincando com um jogo onde todos os recursos naturais eram compartilhados entre os habitantes do vilarejo. Seu prazer era fazer essa gestão. Seriam eles representativos de mudanças de mentalidades?

Voltando as diversas reações em relação à crise, aqui, a mais bonita delas foi do meu colega Charles de La Vogue, proprietário do Castelo Vaux Le Vicomte.

Você leu “proprietário do Castelo” e logo pensou em um príncipe rico, mas ele com certeza amanhece pensando no imposto sobre a fortuna que paga por um bem imobiliário que não enche seu prato, nos custos de manutenção astronômicos deste bem tombado pelo patrimônio, nos 80 assalariados que ele deve manter para que seu domínio funcione e nas leis trabalhistas que o impedem de se desvencilhar de alguns, mesmo não precisando mais deles. Enfim, amanhece pensando em suas contas para pagar. E o que ele fez Jean Charles durante essa baixa temporada inesperada? Enviou um convite a todos os receptivos de Paris para que seus colaboradores visitem o castelo gratuitamente. Um convite duplamente especial: o gesto já é tocante e ganha mais ênfase, pois cada peça do  lindo castelo foi especial e ricamente decorada para as festas de Natal e Réveillon. Jean Charles não trocou seu espírito natalino por desespero, descrença ou desânimo, mas por ação, positivismo, senso comunitário e um pouco de senso comercial, é claro.

E assim vamos lidando com a crise.

Vejam as fotos  de Vaux Le Vicomte durante esta temporada. Repare na beleza dos detalhes.

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fotos concedidas por Vaux Le Vicomte

COP21 e as luzes de Natal

COP21 Em Paris não se fala de outra coisa: a Conferência Internacional sobre o Clima ou a COP21, que acontecerá entre os dias 30 de novembro e 11 de dezembro. São esperados 50 000 participantes, incluindo 25 000 delegados oficiais de diferentes governos, representantes de várias agências das Nações Unidas, sociedades civis e inúmeras associações. A empresa de transporte onde atuo já recebeu inclusive um pedido de apoio para a comitiva do Cacique Raoni. Prova que estes milhares de participantes não estão prevendo chegar às reuniões em metrô, velib ou carros elétricos. Bom, mas essa é outra estória.

Os principais objetivos da COP21 são:

  • Que os países cheguem a acordos que nos permitam manter o aumento da temperatura mundial nos próximos anos em, no máximo, 2° Celsius.
  • Frear a alta do nível do mar, que subiu 18 cm desde 1870, sendo que 6 cm desta elevação ocorreu nos últimos 20 anos.
  • Diminuir a emissão de gazes a efeito estufa em pelo menos 40%, incrementando os investimentos em energias renováveis.
  • Fazer com que países ricos se comprometam a contribuir com 100 bilhões de dólares em favor de países subdesenvolvidos, afim que eles invistam igualmente em energias renováveis e não sejam obrigados a frear seus respectivos planos de crescimento econômico.

Luzes de Natal Nem as iluminações de Natal escaparão da “febre” COP21. Este ano, a partir do dia 18 de novembro, será dada a largada pelo ator Jean Dujardin, padrinho do evento e por duas crianças que realizarão seus sonhos graças à associação Les Petits Princes*. Ao lado de Jean Dujardin, as crianças acenderão as luzes de baixo consumo energético e “leds” que farão brilhar a mais bonita avenida do mundo.  Além disso, uma novidade vai animar ainda mais as festividades: os visitantes dos Champs Elysées serão convidados a participar ativamente das iluminações pedalando ou girando uma manivela. Estou bem ansiosa para ver! Assim que começar “postarei” uma foto aqui.

Espetáculo de Som e Luzes no Ano Novo  Ainda sobre o tema da COP 21, Paris Recebe o Mundo é o título do espetáculo de som e luzes sobre o Arco do Triunfo que vai fechar 2015 e abrir 2016 em ritmo ecológico, porém grandioso. Prova que a cidade luz segue brilhando e se renovando para manter suas conhecidas posições de capital histórica e turística, mas também de uma das grandes capitais mundiais da modernidade.

*A Associação Les Petits Princes realiza sonhos de crianças enfermas.

 

Post Scriptum

A semana passada escrevi sobre o Salão do Chocolate.

Abaixo foto do grupo Cacau Show trazido pela Flytour ao evento.

CacaoShow no Salão do Chocolate