Os melhores cruzeiros de Paris

Navegar é preciso, especialmente para aqueles que desejam conhecer Paris.

Se Paris tivesse um coração, seguramente seria o Rio Sena. Pelo Rio Sena e seus afluentes, as águas passam testemunhando a história e desenvolvimento da cidade, trazendo mercadorias e bens de consumo aos residentes e levando simultaneamente turistas ao êxtase de alegria.

Por essa razão, fazer um cruzeiro é quase uma obrigação para quem vem a Paris. Fazer um cruzeiro em Paris é como ir a Roma e ver o Papa, enfim, fazer um cruzeiro em Paris é a melhor maneira de descobrir a cidade, seus monumentos e suas maravilhosas pontes.

Tendo isso dito, subsiste uma dúvida cruel: Qual cruzeiro escolher? Afinal entre quase noventa empresas e mais de duzentos barcos não é fácil saber qual é a melhor opção.

Nestes anos vividos em Paris tive a oportunidade de provar vários deles e por essa razão compartilho com vocês minhas predileções. Pois, se pontes e monumentos são imutáveis, cada companhia de cruzeiro tem uma proposta distinta e que se adequa à diferentes gostos, ocasiões e orçamentos.

CRUZEIRO PELO SENA COM JANTAR

Na categoria cruzeiros pelo Sena com jantar, meu preferido é de longe o Bateaux Mouches, não por ter sido o primeiro a existir, mas por ter se mantido na liderança desde sua criação no século XIX, se destacando, entre outras coisas, pelo serviço impecável, pela qualidade da comida, da música ao vivo e sobretudo do posicionamento das mesas.

Vale a pena sublinhar que pouco importa o valor pago pelo jantar, sua mesa terá vista panorâmica. Não há mesas no centro do barco, como é feito na concorrência. No Bateaux Mouches, a diferença entre os valores do passeio dentro do mesmo barco se explica pela qualidade premium do vinho, champanhe e carnes dos cardápios mais caros. Sendo que os produtos servidos no “primeiro preço” não deixam nada a desejar, tudo de primeira categoria!

O passeio é de um romantismo e conforto inigualáveis. Tudo nota dez, desde a recepção calorosa em português, o jantar, a música e um serviço sem falhas durante duas horas de navegação. Recomendo! Embarque ao lado da ponte Alma.

Torta Gianduja Caramelo
Petit Gâteau no Brasil ou Moelleux au Chocolat para os franceses .
Petit Gâteau no Brasil ou Moelleux au Chocolat para os franceses .
A comida é feita pela companhia de maneira artesanal, não vem de uma central de distribuição alimentar como na concorrência

O Bateaux Mouches realiza também cruzeiros sem refeições com comentários em português. Uma opção bem mais barata e também incrível.

CRUZEIRO PELO RIO SENA SEM REFEIÇÃO

Porém, na categoria cruzeiros pelo Rio Sena sem refeições, quero dar destaque ao simpático Vedettes de Paris. As embarcações da empresa acolhem em torno de duzentas e cinquenta pessoas, enquanto as concorrentes recebem muitas centenas a cada passeio.

O ambiente intimista e a possibilidade de mexer as cadeiras para melhor curtir o momento com a família, amigos ou entre namorados é uma grande vantagem. Nada de ficar empoleirado ou disputando um bom lugar.

Outra grande vantagem do Vedettes de Paris é a possibilidade de consumir, durante o percurso de uma hora, uma taça de champanhe ou ainda um crepe ou um hot dog parisiense. Ideal para casais e famílias que querem curtir e fazer economias.

Somente um pequeno detalhe , os comentários são em espanhol, porém para paliar a questão é entregue aos clientes um “folder” com as informações em português. Embarque ao pé da Torre Eiffel!

Saindo do pé da Torre Eiffel
Saindo do pé da Torre Eiffel

NOVIDADE! DESCOBERTA DE PARIS DOS PARISIENSES NO CANAL SAINT-MARTIN

E para terminar, fica uma dica super legal para quem já veio a Paris e realizou os cruzeiros acima ou ainda para qualquer pessoa ávida de uma excelente e inusitada descoberta: Paris Canal! Os cruzeiros da Paris Canal partem do interessantíssimo Parque de La Villette, descem o Canal Saint-Martin , passando por nove eclusas e atravessando os distritos dez e onze da cidade antes de desembocar no Rio Sena. Fui conhecer sem muita expectativa e fiquei agradavelmente surpresa, desembarquei encantada!

Assim, a saída do passeio acontece na hora do pôr do sol, com a visão das margens do Bassin de La Villette apinhadas de jovens e famílias curtindo o local, até que o barco entre no Canal Saint-Martin para desbravar suas eclusas e 27 metros de desnivelamento em direção ao coração de Paris. Neste cruzeiro não somente os monumentos que beiram o Sena e seu canal afluente encantam, mas sobretudo o contraste do prazeroso passeio e da vida urbana na qual está inserido.

O passeio de três horas proporciona a descoberta de uma Paris até então desconhecida pelos turistas, a Paris de verdade, aonde vivem, trabalham e descansam parisienses.

É possível fazer o passeio que tem duração de três horas com ou sem jantar. Eu testei a fórmula com jantar e adorei. A música não é ao vivo, mas a trilha sonora escolhida a dedo é verdadeiramente francesa e nos insere no contexto local de maneira muito envolvente.

O percurso vai de La Villette até o Museu de Orsay, a passagem na frente da Torre Eiffel pode ou não acontecer dependendo da logística fluvial. Com ou sem a Torre Eiffel,  a descoberta de Paris dos parisienses é um programa imperdível!

Air France e SNCF, greve em dose dupla

Os sindicatos da Air France, em conflito salarial com a direção desde fevereiro, anunciaram uma nova greve dias 10 e 11 de abril.  Os funcionários da empresa já pararam três vezes este ano, dias 22 e 23 de fevereiro e dia 30 de março. Porém, desta vez os sindicatos Air France darão continuidade a dois dias de greve dos trabalhadores ferroviários, programados estes para os dias 8 de abril e 9.

Em um comunicado divulgado domingo,  três sindicatos de pilotos (SNPL, Spaf, Alter) denunciaram a recusa da direção em considerar qualquer uma de suas exigências . Eles se juntaram a outros sindicatos da classe – pessoal de bordo (SNPNC Unsa-PNC, Unac, CFTC, SNGAF) e trabalhadores de solo (CGT, FO e Sul) criando assim um movimento coeso.

 

Os funcionários da companhia aérea exigem 6% de aumento e combatem uma política salarial que consideram insuficiente por parte da empresa, alegando que Air France não está levando em conta os esforços passados de seus funcionários e os bons resultados que teve em 2017.

 

Já o sindicato dos trabalhadores ferroviários (CGT-Unsa-Sul-CFDT) inaugurou esta semana um novo tipo meio de pressão: três meses de greve em dias intercalados, parando a cada dois sobre cinco dias. Cortes de boas condições de trabalho e os planos de uma possível privatização são as alavancas do movimento.

 

Para os franceses, que gozam de 15 dias de férias escolares em abril e quatro feriados em maio*, a situação corre o risco de ficar bem complicada.

 

*feriados em maio:

1° de maio, Dia do Trabalho

8 de maio, fim da Segunda Guerra Mundial

10 de maio Ascensão do Cristo

21 de maio Pentecostes

fotos @Léonard de Serres

Castelos do Vale do Loire – Le Clos Lucé

Castelos do Vale do Loire- Le Clos Lucé- Quero dar boas-vindas à Patricia Mattos, assim como a todos os novos blogueiros e aproveitar do post da Patricia sobre o passeios de bicicleta através do Vale do Loire para finalmente escrever sobre algumas outras atrações da região.  Digo finalmente, pois há tempos penso em escrever sobre o assunto, porém há tanto para contar que hesitei em entrar na questão, sabendo que um só post não seria suficiente.

Para exemplificar quanto o destino La Loire tem a oferecer, além dos vinhedos e paisagens ideais para passeios de bicicleta às margens do Rio Loire e seus afluentes, o vale do Rio Loire abriga quase 3000 castelos. Número que explica a classificação do lugar pela Unesco como Patrimônio Histórico da Humanidade e minha indecisão sobre à quais monumentos dar destaque neste post.

De fato, este imenso patrimônio é constituído mais precisamente por 2450 castelos, os quais recebem diferentes classificações, tais como: Castelos Reais, Castelos Pertencentes a Nobres,  Castelos de Grande Importância Arquitetônica ou Castelos de Grande Importância Histórica e demais Castelos Menos Importantes.

Vamos começar o assunto com um castelinho aparentemente menos importante, visto que foi construído em 1471 como um “fief” ou “reduto” do então Castelo Senhorial de Amboise.

Localizado no coração do Vale do Loire, o Castelo de Amboise impera desde o século XV até os dias de hoje sobre a paisagem  ribeirinha da cidade do mesmo nome. Logo ao lado se encontra o Clos Lucé.

Castelo Real de Amboise , Vale do Loire
Castelo Real de Amboise , Vale do Loire

fief ou reduto era concebido como parte de um domínio a ser conferido a um vassalo capaz de prover renda ou serviços ao senhor durante a Idade Média. Algo entre a nossa casa de caseiro e casa secundária de aluguel . Este fief  construído em 1471 ao lado do importante Castelo de Amboise foi inicialmente chamado de Mansão des Cloux e mais tarde de Clos Lucé. A  propriedade passou por várias mãos antes de ser comprada pelo Rei Charles VIII em 1490 e tornar-se uma residência de verão dos reis da França.

Le Clos Lucé , casa de Leonardo da Vinci
Le Clos Lucé , casa de Leonardo da Vinci

Porém, o que fez do Clos Lucé um castelo de Grande Importância Histórica e um espaço extremamente especial não foi sua inusitada origem ou ainda sua charmosa arquitetura, mas sim o ilustre habitante que acolheu a partir do ano de 1516.

Durante uma estadia na Itália, o Rei François 1º se apaixonou pelo Renascimento e decidiu convidar um dos mais renomados artistas da época para viver na França. Assim, em 1516, com 64 anos de idade, Leonardo da Vinci deixou Roma, atravessou a Itália trazendo  seus cadernos de desenhos e três pinturas : a Mona Lisa, A Virgem, o menino Jesus e Santa Ana e João, para se instalar no CLos Lucé. François 1º, encantado pelo o talento de Leonardo da Vinci nomeou-o primeiro pintor, engenheiro e arquiteto do rei, cargos que exerceu até sua morte em maio de 1519.

Leonardo gozou do mecenato de François 1º e viveu durante seus últimos anos de vida como vizinho, servidor e fiel amigo  do rei , então residente do Castelo Real de Amboise.  Um subterrâneo ligando o Castelo do Clos Lucé e o Castelo Real de Amboise permitia que François 1º e Leonardo se encontrarem diariamente.

Hoje, o Castelo do Clos Lucé tem como missão oferecer ao público um resumo da obra de mestre renascentista. Através da reconstituição de sua morada, seus desenhos, apresentação de frases famosas, animações 3D, amostras e maquetes de suas invenções, é possível descobrir Leonardo da Vinci e seu universo de maneira intimista e poética.

Salão de Da Vinci no Clos Lucé em dia comum
Salão de Da Vinci no Clos Lucé em dia comum
Salão de Da Vinci no CLos Lucé época natalina
Salão de Da Vinci no CLos Lucé época natalina

Dois anos de pesquisa e trabalho, trinta pessoas e mais de quinze profissões  foram envolvidos no recente processo de restauração do ateliê, da biblioteca e do escritório de Leonardo da Vinci.

No Clos Lucé, Leonardo da Vinci, o espírito do homem que sonhava em voar, que imaginava o futuro, o pintor, inventor, engenheiro, cientista, filósofo e humanista permanece vivo.
No Clos Lucé o espírito do homem que sonhava em voar, que imaginava o futuro, do pintor, do inventor, engenheiro, cientista, filósofo e humanista permanece vivo.
Projeto de Segurança Nacional - Tanque de Guerra, maquete realizada a partir de esboço
Projeto de Segurança Nacional – Tanque de Guerra, maquete realizada a partir de esboço
Durante toda sua vida Leonardo de Vinci tentou desvendar os segredos da natureza e da física em seus trabalhos. Quinhentos anos depois, Leonardo da Vinci está presente em nossas vidas e cotidiano através de sua herança.

Os restos mortais de Leonardo reposam no castelo vizinho ao Clos Lucé, a antiga casa de François 1º, o Castelo  de Amboise, mas isso é assunto para outro post.