H de Humano – sobre as coisas que apenas as pessoas são capazes de fazer

Falta pouco mais de um mês para o fim de 2020 e vejo que o H2H (Humano para Humano) de que tanto falo nunca esteve tão em evidência como agora. Nunca fez tanto sentido como neste exato momento.

O distanciamento social e o isolamento necessário em vários momentos trouxeram certa urgência para o olho no olho, para o olhar além das aparências. Em resumo, ele exige um aprofundamento nas relações, inclusive nas comerciais que, no fim, acabam sendo muito mais que uma simples venda.

Sentir a humanização nas relações nos traz muito mais confiança e tranquilidade do que lidar apenas com máquinas, robôs ou inteligências artificias.

Precisamos entender os anseios, medos, receios e incertezas dos clientes, para transmitirmos a segurança necessária, a certeza de que ele será atendido desde a realização da compra até seu retorno seguro para casa.

Precisamos exercitar esse olho no olho para chegarmos à excelência no que oferecemos ou para, simplesmente, confortá-los e indicar os melhores caminhos. Confesso que, para mim, essa é a melhor parte do processo de aproximação, construção de relacionamento e fidelização.

Dados da mais recente pesquisa BRAZTOA mostram que novos destinos, principalmente internacionais, apresentam-se como alternativas à fronteiras fechadas e, com isso, ganharam espaço frente a destinos mais tradicionais. Isso tem grande ligação com a relação humana e próxima que mencionei acima. Identificar as reais vontades das pessoas e encontrar alternativas que as surpreendam é algo que realmente dominamos.

NÃO SEI SOBRE O FUTURO, mas isso apenas humanos podem fazer.

Existem vários tipos de humanos. Com alguns, vamos ter afinidades e com outros, não. Mas acredito que a verdade, a transparência, a dedicação e o trabalho de ter todas essas preciosas informações nas mãos, é o DNA e o trabalho do novo agente de viagens.

Os clientes já estão percebendo isso e, cada vez mais, irão reconhecer a importância dessa consultoria e valorizar o trabalho do agente de viagens.

Esse é o pontapé inicial e, a partir daí, podemos partir para outras letras:

H2H (Humano para Humano)+ Harmonia

+ Honestidade

+ H (alegrias)

+ H (esperanças)

+ H (paz)

+ H (viagens memoráveis)

+ H (boas vendas)

+ H (clientes mais felizes e reconhecendo o trabalho do agente)

E mais quantos “H” acharmos necessários. O importante é humanizar.

Opiniões e posições

Algo que aprendemos quando assumimos o compromisso de liderar uma associação, um setor, é a força e a responsabilidade da nossa palavra. Perdemos o direito de dar opiniões pessoais – tudo o que falamos passa a ser considerado uma tomada de posição. Nos tornamos pessoas públicas, com tudo de bom – como a possibilidade de realmente levar ao Governo a importância do turismo para a economia – e tudo de ruim que isso traz – como a própria frustração de não ver as coisas acontecerem com a velocidade que gostaríamos.

Seria muito fácil escrever textos, manifestos e cartas abertas sem essa preocupação, sem esses limites. Mas eles estão impostos e temos que respeitar e tratar representantes em Brasília, parceiros comerciais, operadoras, agências e clientes com o devido respeito e cuidado que cada um merece. Não adianta atacar, dizer que nada está sendo feito ou se fazer de vítima – até porque, hoje, nos bastidores, vejo o quanto acontece na indústria turística que não aparece na imprensa, nos comunicados oficiais e nos grupos de WhatsApp. Desde discussões que duram anos (como a Lei Geral do Turismo e a regulamentação da nossa profissão) até ações emergenciais, como o Imposto de Renda sobre remessas ao exterior.

O fato é que, mesmo trabalhando pro bono, os dirigentes e as próprias entidades são cobrados diariamente por soluções para inúmeras questões, inclusive por decisões que não são nossas – seja aprovar uma lei, revogar impostos ou fechar uma empresa de turismo.

Podemos escrever manifestos, fazer perguntas, dizer que faremos um “novo trade”, mas pouca coisa vai mudar, ao menos de forma permanente, se não houver diálogo e representatividade – e não apenas dentro do mercado, mas principalmente em nível governamental. Temos que estabelecer limites e saber do que falamos: não são as associações que podem impor limites, existem restrições legais para isso. E, na prática, ninguém sabe o que acontece dentro de cada pessoa jurídica – a não ser que sua empresa tenha um capital aberto, enviando balanços mensais das suas contas para todo mundo.

Hoje, o papel das associações é orientar seus associados, prestar informações e agir como um canal de inteligência. Quem não faz parte do nosso grupo, podemos nos solidarizar e tentar ajudar com parcimônia, limites jurídicos e sem tirar o foco do nosso real trabalho: apoiar nossos associados. Empresas que estão investindo, fomentando, apoiando uma real reconstrução do mercado, com responsabilidade e segurança nas informações.

São empresas que estão avançadas (mas não imunes) a algo em nosso mercado que pouco é falado: o risco do negócio. Todos nós estamos sob esta sombra, que virou um eclipse nos últimos meses. Isso se chama gestão – algo que todo empresário sério deve fazer em sua empresa, identificando o que ela pode fazer, o que pode vender e onde pode chegar sem colocar seus negócios em risco.

Por isso, a palavra-chave neste momento é foco. As associações estão focadas em soluções macro, que vão impactar a indústria de forma integral e coletiva: leis, regulamentação, impostos, reforma tributária, crédito, campanhas de retomada, entre outras. Estamos cuidando disso para todos, até para quem não é associado e pode se beneficiar de algumas conquistas – também pro bono.

É fato que não conseguimos resolver todos os problemas existentes. Nossos associados já estão cientes e orientados disso. Mas para quem precisa de uma opinião em seu negócio: tenha foco, analise seus fornecedores, parceiros e clientes com responsabilidade. Não venda cegamente um produto ou para um cliente. Seja gestor e tome sua posição.

Ninguém jamais vai saber o que é melhor para o seu negócio do que você mesmo.

Turismo: sinais positivos, cautelosos e essenciais para seguir em frente

Às vezes tenho a impressão de que o primeiro semestre de 2020 passou muito rápido. Outras vezes, ele parece, na verdade, ter nos anestesiado em um turbilhão de corridas contra o tempo para que pudéssemos nos manter saudáveis nos âmbitos financeiro e pessoal.

O setor de turismo começa a dar sinais positivos, porém cautelosos. Depois de abril ter sido o pior período de vendas para as operadoras, maio e junho seguem com leves, mas importantes avanços. Quase 70% das associadas BRAZTOA (reforço que essas empresas representam 90% das viagens de lazer comercializadas no país) realizaram vendas em junho, fazendo com que o semestre tivesse um desfecho esperançoso e, de certa forma, animador.

Apesar de as vendas ainda ocorrerem em um volume abaixo do que esperávamos (elas representam somente até 10% do que foi vendido em 2019), o fato de ver sua empresa reaquecer os motores, voltar a negociar com clientes e apresentar seguras oportunidades e experiências para seu público fiel, que está com saudade de viajar, de relaxar e se livrar do estresse causado por tantas notícias pesadas que chegam, a todo momento, é estimulante. Para o brasileiro, viajar passou a ser uma necessidade básica e essencial para que o fator humano, aquele que é indispensável e insubstituível na cadeia, se mantenha firme e disposto a avançar cada vez mais.

Se levarmos em conta o faturamento dessas empresas em 2019 (R$ 15,1 bilhões) estima-se que as operadoras de turismo deixaram de faturar R$ 1,1 bilhões ao mês, nos quatro meses da pandemia. Mas agora é hora de olhar para a frente.

Apesar de ainda estarmos consolidando os dados de julho, posso antecipar que o mês que abre o segundo semestre do ano foi ainda mais positivo que junho, para boa parte das associadas. Claro, guardadas as devidas proporções, pois ainda estamos em meio a uma pandemia, mas pudemos comprovar, na prática que nosso papel de consultoria especializada, pronta para reunir informações e dados para que as viagens de todos ocorram na hora e da maneira mais segura, está sendo requisitado e valorizado.

O encerramento do primeiro semestre também trouxe esperança em outros números. Finalizamos o período com a diminuição dos pedidos de cancelamento, que foi apontada por quase metade das empresas (44%), e com a abertura gradual das operadoras.

Apesar das dificuldades enfrentadas, 18% das empresas pesquisadas não realizaram demissões. 56% das operadoras tiveram redução de até 50% das suas equipes, uma ação condizente com o cenário atual de queda de vendas e de fluxo de trabalho, mas com a esperança de reiniciarem as contratações a partir de janeiro.

A retomada das vendas, das viagens e das atividades depende de diversos fatores e passará por muitos desafios. Sabemos que os consumidores começarão a programar suas viagens, à medida que se sentirem mais seguros, principalmente por conta dos sucessivos protocolos de biossegurança lançados. Mas a pesquisa que realizamos mostra outros pontos de preocupação e atenção, cujos destaques estão no fechamento das fronteiras (88%), condições sanitárias (75%), posicionamento de marca (74%), câmbio (67%), fluxo de caixa (65%), segurança sanitária e medo por parte do consumidor (65%). Lembrando que tudo isso pode mudar, assim que liberarem uma das diversas vacinas que estão sendo pesquisadas.

Como estamos lidando com esse momento sem precedentes? Aprendendo, agindo, nos comunicando! Nesse contexto de muitos desafios e necessidades, a BRAZTOA tem estimulado a geração de negócios entre seus associados e diferentes players do mercado, com ações de aproximação das redes de relacionamento e distribuição e com uma comunicação constante e transparente com o setor e o consumidor.

Exemplo disso é o Movimento Supera Turismo (#MovimentoSuperTurismo), que busca a apoiar a retomada do turismo com segurança, divulgando as viagens de forma compartilhada com o maior número de pessoas engajadas, além da série de webinars realizada desde abril, e a atual articulação para a realização de uma série de eventos que conectem os destinos aos operadores, agentes e consumidores, que está prestes a ser anunciada.

Temos tido resiliência para entender, reagir e buscar soluções para o setor, a associação e seus membros que se tornaram cada vez mais colaborativos entre si.

Fico muito feliz em dizer que, apesar do cenário turbulento e desafiador, aprendemos muito nesse período e realizamos ações que demorariam muito para serem realizadas nos tempos anteriores, como o atendimento home office, reuniões e apresentações virtuais. Vivemos uma união nunca antes vista em todo o trade, sem contar as ações governamentais inéditas para o setor (que poderiam ser melhores, mas foram inéditas).

Acredito que estamos voltando ao “normal” e o aquecimento gradual das vendas trouxe uma perspectiva positiva. Avante, que 2020 ainda não acabou!

**

Para acessar o balanço do primeiro semestre das Operadoras Braztoa na íntegra, clique aqui: