Algo que aprendemos quando assumimos o compromisso de liderar uma associação, um setor, é a força e a responsabilidade da nossa palavra. Perdemos o direito de dar opiniões pessoais – tudo o que falamos passa a ser considerado uma tomada de posição. Nos tornamos pessoas públicas, com tudo de bom – como a possibilidade de realmente levar ao Governo a importância do turismo para a economia – e tudo de ruim que isso traz – como a própria frustração de não ver as coisas acontecerem com a velocidade que gostaríamos.
Seria muito fácil escrever textos, manifestos e cartas abertas sem essa preocupação, sem esses limites. Mas eles estão impostos e temos que respeitar e tratar representantes em Brasília, parceiros comerciais, operadoras, agências e clientes com o devido respeito e cuidado que cada um merece. Não adianta atacar, dizer que nada está sendo feito ou se fazer de vítima – até porque, hoje, nos bastidores, vejo o quanto acontece na indústria turística que não aparece na imprensa, nos comunicados oficiais e nos grupos de WhatsApp. Desde discussões que duram anos (como a Lei Geral do Turismo e a regulamentação da nossa profissão) até ações emergenciais, como o Imposto de Renda sobre remessas ao exterior.
O fato é que, mesmo trabalhando pro bono, os dirigentes e as próprias entidades são cobrados diariamente por soluções para inúmeras questões, inclusive por decisões que não são nossas – seja aprovar uma lei, revogar impostos ou fechar uma empresa de turismo.
Podemos escrever manifestos, fazer perguntas, dizer que faremos um “novo trade”, mas pouca coisa vai mudar, ao menos de forma permanente, se não houver diálogo e representatividade – e não apenas dentro do mercado, mas principalmente em nível governamental. Temos que estabelecer limites e saber do que falamos: não são as associações que podem impor limites, existem restrições legais para isso. E, na prática, ninguém sabe o que acontece dentro de cada pessoa jurídica – a não ser que sua empresa tenha um capital aberto, enviando balanços mensais das suas contas para todo mundo.
Hoje, o papel das associações é orientar seus associados, prestar informações e agir como um canal de inteligência. Quem não faz parte do nosso grupo, podemos nos solidarizar e tentar ajudar com parcimônia, limites jurídicos e sem tirar o foco do nosso real trabalho: apoiar nossos associados. Empresas que estão investindo, fomentando, apoiando uma real reconstrução do mercado, com responsabilidade e segurança nas informações.
São empresas que estão avançadas (mas não imunes) a algo em nosso mercado que pouco é falado: o risco do negócio. Todos nós estamos sob esta sombra, que virou um eclipse nos últimos meses. Isso se chama gestão – algo que todo empresário sério deve fazer em sua empresa, identificando o que ela pode fazer, o que pode vender e onde pode chegar sem colocar seus negócios em risco.
Por isso, a palavra-chave neste momento é foco. As associações estão focadas em soluções macro, que vão impactar a indústria de forma integral e coletiva: leis, regulamentação, impostos, reforma tributária, crédito, campanhas de retomada, entre outras. Estamos cuidando disso para todos, até para quem não é associado e pode se beneficiar de algumas conquistas – também pro bono.
É fato que não conseguimos resolver todos os problemas existentes. Nossos associados já estão cientes e orientados disso. Mas para quem precisa de uma opinião em seu negócio: tenha foco, analise seus fornecedores, parceiros e clientes com responsabilidade. Não venda cegamente um produto ou para um cliente. Seja gestor e tome sua posição.
Ninguém jamais vai saber o que é melhor para o seu negócio do que você mesmo.