Dados do Ministério do Turismo e de entidades como o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb) são promissores quanto ao futuro da hotelaria no país. Desde meados de 2013, visando a Copa do Mundo, e até as Olimpíadas de 2016, mais de 400 empreendimentos já abriram ou estão para abrir suas portas, o que deve gerar um incremento superior a 70 mil quartos no mercado hoteleiro nacional.
Esse panorama positivo oxigena o segmento e estimula a concorrência entre os meios de hospedagem. Mas deixa todos com uma pulga atrás da orelha: será que a entrada de novos hotéis em operação, atrelada à redução das taxas de crescimento de demanda, vão impactar negativamente o desempenho da hotelaria?
Apesar do ritmo de investimentos no país hoje ser menor do que o observado em anos anteriores, graças à desaceleração da economia brasileira, acreditamos que alguns mercados devem conseguir manter bons níveis de crescimento, mesmo com a iminente redução das tarifas que verificaremos no médio prazo. Já outros, não terão a mesma sorte.
As viagens corporativas tem papel preponderante nesta performance. O setor de negócios representa cerca de 67% das diárias de hotéis urbanos em nosso país. Aqueles que priorizarem seus investimentos na busca pelo viajante corporativo certamente conseguirão sobreviver com maior tranquilidade a esta nova realidade que está se desenhando.
Por isso, além da abertura de novos empreendimentos, agrada-me o envolvimento das empresas hoteleiras na busca pela excelência operacional e pela qualidade, não só dos produtos, mas também dos serviços. Por isso, a Abracorp tem participado de debates com as entidades do setor e o Governo Federal para colaborar com o desenvolvimento da hotelaria no País. Temos buscado estimular, cada vez mais, o uso da tecnologia e o investimento na capacitação e qualificação dos trabalhadores de todos os segmentos do turismo.
A utilização de sistemas de gestão de reservas cada vez mais modernos e adaptados aos diferentes perfis de hotéis, como o B2B Reservas, por exemplo, ferramenta exclusiva das agências associadas Abracorp, oferece otimização de processos e redução de custos e contribui para o bom desempenho dos meios de hospedagem no segmento corporativo. Por isso, investir em plataformas seguras e consistentes é o que enxergamos como preponderante para manter os números da hotelaria nacional no azul.
Edmar Bull
Mais assentos, menos entraves
A equação para que a aviação seja viável no Brasil não é das mais fáceis. Depende de uma série de fatores que envolvem ações das empresas aéreas e políticas de governo. Nos últimos anos, observamos um crescimento setorial bastante significativo e a expectativa é de melhoria para o futuro. Dentro das viagens corporativas, por exemplo, houve um aumento de 16,3% no número de bilhetes emitidos para dentro do país.
A privatização de importantes aeroportos, como Galeão (RJ), Brasília (DF) e Guarulhos (SP), foi um importante passo para o desenvolvimento do transporte aéreo nacional. Porém, os altos custos operacionais e a falta de investimento em aeroportos menores ainda são problemas a serem enfrentados.
Temos o terceiro maior mercado doméstico do mundo, com 95,1 milhões de passageiros transportados em 2014, segundo dados da Abear, atrás apenas dos EUA e da China, e capacidade para aumentar ainda mais. De 2002 a 2013, nosso mercado aéreo cresceu 208% e a expectativa é de que aumente mais 109% até 2020. Isso dentro de um universo perfeito, em que empresas aéreas e Governo, cada um no seu lugar, invistam na infraestrutura dos aeroportos, diminuam impostos, melhorem a eficiência dos voos, ampliem a malha aérea, entre outros itens.
As quatro empresas que dominam o setor – Avianca, Azul, Gol e TAM – tem reagido positivamente, ampliando a oferta, diversificando os seus serviços e melhorando a eficiência operacional. Mas, com a demanda em alta, voltamos à complicada equação da aviação brasileira. É possível aumentar o número de assentos no mercado aéreo nacional para acompanhar a crescente procura por este tipo de transporte? As melhorias na infraestrutura aeroportuária são suficientes para absorver a elevação vertiginosa de passageiros? E a intervenção governamental no preço do QAV (querosene de aviação) assim como os elevados impostos e taxas aeroportuárias e aeronáuticas, vão continuar atrapalhando o desenvolvimento do setor no país?
Mesmo com tantos percalços, até hoje nosso setor aéreo conseguiu se desenvolver e é bem possível que a resposta para todas estas questões seja “sim”. Mas fico imaginando: como seria tudo muito melhor se não existissem tantos entraves.
Edmar Bull
A ver navios
Em recente participação no programa “Gente que Fala”, exibido pela All TV e Rádio Trianon, nos questionaram sobre um segmento que já foi a menina dos olhos do turismo nacional e que, nos últimos anos, vem sofrendo uma intensa decadência: os cruzeiros marítimos.
A Abracorp acredita que a diversificação é o caminho mais acertado para as agências de viagens corporativas conquistarem mercado e melhorar suas performances. Por isso, um setor de cruzeiros forte é o que vislumbramos como ideal para a nossa área e, mais ainda, para o turismo em geral.
Embora não represente nem 0,1% do segmento corporativo, que ano passado movimentou R$ 14,9 bilhões, os cruzeiros merecem a nossa atenção. Em 2011, por exemplo, foram vendidos pouco mais de 5 mil viagens pelas associadas Abracorp, segundo dados de nossa Pesquisa de Vendas. Já na pesquisa de 2014, o segmento foi o que apresentou a maior queda nos indicadores, com uma diminuição de 37,1% nas vendas nacionais e de 15,9% nas internacionais, em relação ao ano anterior.
Fato é que a falta de infraestrutura de nossos portos tem afastado os navios de nossa costa. Na temporada 2010/2011 eram 20 navios. Na 2013/2014, apenas 12. Na atual temporada, que ainda não terminou, menos ainda: 10. Mesmo assim, segundo dados da FGV, apresentados pela Clia Abremar Brasil, a movimentação econômica total dos cruzeiros marítimos no Brasil na temporada 2013/2014 foi de R$ 1,15 bilhão. Os poucos navios estão fazendo mais roteiros e os minicruzeiros tem sido a forma que o segmento encontrou para não perder ainda mais.
Um dos fatores dessa queda no mercado de cruzeiros no Brasil, em especial nas agências de viagens corporativas, é a qualidade de nossos portos. O novo ministro da Secretaria de Portos, Edinho Araújo, tem a árdua tarefa de buscar apoio para modernizar os portos de nosso país. Não apenas para uso do turismo, mas para melhorar nossas exportações e ajudar nosso país a se desenvolver com qualidade e sustentabilidade.
Para que isso seja possível, além de investimentos diretos da União, é preciso fortalecer parcerias estratégicas e criar sinergia entre os modais de transportes rodoviário, ferroviário, hidroviário, portuário e aeroportuário para a expansão e modernização da infraestrutura dos portos brasileiros.
Pelo lado do turismo, é essencial melhorar o acesso aos principais portos brasileiros e criar uma infraestrutura mais adequada para receber os turistas em áreas portuárias.
No que depender da Abracorp, estaremos de olho nas ações da Secretaria de Portos e abertos para apresentar soluções em conjunto que ajudem a trazer cada vez mais navios para o nosso país.
Edmar Bull