Grandes redes estão investindo em resorts all inclusive

Nos últimos dezenove meses, muitas mudanças ocorreram na indústria da hospitalidade, provocadas pela pandemia. Além das transformações e ajustes que se fizeram necessários de 2020 para cá para que hotéis e pousadas se adequassem aos novos tempos, temos visto também a aceleração de alguns movimentos e tendências que já tinham começado no pré-pandemia. E é nesse contexto que um desses movimentos chama a atenção: grandes redes estão investindo em resorts all inclusive. E de maneira cada vez mais consistente.

Algumas das maiores redes hoteleiras do mundo, incluindo Marriott, Hyatt, Hilton e Wyndham, por exemplo, têm investido bastante nisso ultimamente. Entre 2020 e 2021, diferentes marcas hoteleiras que nunca tinham apostado nesse nicho investiram em portfólios all inclusive – tanto em rebranding de hotéis existentes como no lançamento de propriedades novinhas em folha. Mesmo redes que nunca primaram exatamente pelos padrões de serviço estão entrando nessa onda – e até o mercado de luxo quer uma fatia cada vez maior deste segmento.

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Crédito: Westin Porto de Galinhas / Divulgação

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Grandes redes estão investindo em resorts all inclusive

A Wyndham Hotels & Resorts, por exemplo, criou a marca Wyndham Alltra, a primeira do grupo inteiramente dedicada a resorts tudo incluído. Definida de maneira controversa como “upper midscale”, a nova marca se aliou à Playa Hotels and Resorts e está convertendo duas propriedades em Cancun e Playa del Carmen nas primeiras unidades da nova Wyndham Alltra – uma delas exclusiva para adultos. A rede comunicou recentemente que anúncios de novas unidades da marca all inclusive virão em breve. 

A Hilton Hotels também anunciou recentemente dois novos resorts all inclusive em seu portfólio no México. O grupo Hyatt, dono dos já populares Hyatt Zilara e Hyatt Ziva, comprou o Apple Leisure Group e, assim, adquiriu também os Secrets Resorts and Spas, famosos por seus resorts com tudo incluído em diferentes destinos.

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Foto: Marriott/Divulgação

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A Marriott, que já andava flertando com o nicho dos all inclusive há mais tempo, inaugurou nada menos que vinte novas propriedades all inclusive. E anunciou que deve abrir outras 33 (!) até 2025, incluindo um Westin All Inclusive em Porto de Galinhas (PE). O programa All-Inclusive by Marriott Bonvoy parece estar fazendo sucesso, principalmente entre turistas norte-americanos. 

O grande diferencial da Marriott é que, ao contrário de outras redes que chegam agora aos resorts tudo incluído, ela não está focando apenas nos típicos resorts de categoria turística tão comuns ao nicho. Algumas de suas novas propriedades all inclusive fazem parte do luxuoso portfólio da Autograph Collection, o que tem elevado o conceito de “tudo incluído” a outro patamar.

A longo prazo, a rede planeja incluir também marcas como W e The Ritz-Carlton no nicho all inclusive. A ideia da Marriott é deixar o clássico estereótipo dos resorts all inclusive (comida ruim, quartos caídos, buffets com filas intermináveis, drinks aguados etc) definitivamente para trás.

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Crédito: Marriott/Divulgação

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Mudança de mentalidade dos viajantes  

Depois de tanto tempo em casa durante a pandemia, retomar as viagens após completar o processo vacinal tem sido atividade repleta de desafios e inseguranças para a maioria dos turistas – principalmente se a viagem for internacional (tenho falado um pouco sobre isso também no meu Instagram @maricampos).

A maior procura por propriedades all inclusive pode muito bem estar também associada à ideia de “segurança” que ela muitas vezes traz: mais espaço nos resorts para praticar o distanciamento social, tudo organizado sob o mesmo conjunto de protocolos e regras, senso de familiaridade com os processos cotidianos e nada de surpresas financeiras na hora do check out. 

Vale lembrar que muitos resorts em diferentes destinos estão criando também suas pequenas “bolhas” de segurança ao exigir certificados de vacinação ou testes negativos de Covid-19 como condição fundamental para aceitar a reserva e efetuar o check-in.  

Não à toa, grandes redes estão investindo em resorts all inclusive cada vez mais. Seus executivos defendem que estudos recentes mostram cada vez mais viajantes, de diferentes perfis sócio-econômicos e de diferentes nacionalidades, interessados pela ideia das férias com tudo incluído

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Crédito: Marriott/Divulgação

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Até os mais jovens estão mais abertos aos resorts all inclusive

Um relatório da STR para a Marriott mostrou que mesmo no pré-pandemia a tendência de valorização dos resorts tudo incluído já existia. No primeiro semestre de 2019, hotéis all inclusive teriam gerado $7.9 bilhões em vendas, o que já representava um aumento de 20% em relação aos cinco anos anteriores.

Junto com o relatório, a Marriott também divulgou uma pesquisa online feita com norte-americanos em julho deste ano na qual 54% dos entrevistados afirmaram considerar um resort all inclusive para as próximas férias – número que salta para 70% na faixa de entrevistados entre 18 e 34 anos. No estudo, 75% dos entrevistados disseram ainda que vêm resorts tudo incluído como opções seguras para as primeiras viagens pós lockdown e 84% afirmaram dar preferência a marcas com as quais estejam familiarizados na hora de escolher a hospedagem, independente do destino.

Atingir viajantes mais jovens com propriedades all inclusive pode ser mesmo um diferencial importantíssimo para as grandes redes – inclusive a longo prazo, trabalhando bem a lealdade à marca ao longo da vida do hóspede. Vale lembrar que a Marriott é hoje não apenas a maior rede operadora de hotéis do planeta com também dona de um dos mais bem-sucedidos e utilizados programas de fidelidade da indústria da hospitalidade.

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Foco nas experiências

Mesmo hotéis que não têm planos de se tornar tudo incluído passaram a oferecer gama muito maior de serviços e experiências aos hóspedes durante a pandemia.  Pousadas, hotéis boutique, unidades de grandes redes e resorts, todos tiveram que se adaptar nos últimos dezenove meses. E o chamado “turismo de experiência” ganhou ainda mais força no mundo e no Brasil durante a pandemia. 

O Amplia Mundo e a Braztoa, por exemplo, se uniram para criar cursos destinados a pequenos negócios do turismo para que sejam capazes de criar experiências interessantes e seguras para atrair a demanda reprimida de viajantes – e têm casos hoje de membros da comunidade que aumentaram em impressionantes 1000% seu ticket médio neste ano. 

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No nicho do turismo de luxo, os hotéis Fasano são um bom exemplo do investimento pesado na criação de novas experiências para os hóspedes nestes novos tempos. Até o site do grupo foi agora remodelado para que as reservas já possam ser feitas ali mesmo com as experiências durante a estadia incluídas – reforçando a tendência de “simplificação das férias” apontada pelas pesquisas internacionais. 

O Fasano Angra, por exemplo, aproveitou os atrativos naturais e culturais da Costa Verde para apostar no turismo de experiência. Dentre as novas atividades lançadas pelo resort neste semestre estão caminhada pela Trilha do Ouro com degustação de plantas comestíveis da região, travessia de SUP pela baía de Angra, canoagem pelo manguezal e Rio Grande, piquenique personalizado no bosque e jantar privativo ao luar.

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Piscinas da pousada Estrela d'Água, em Trancoso | Foto: Carla Lencastre

Estrela d’Água: hospedagem pé na areia em Trancoso

Que saudade que eu estava da Bahia! Estou recomeçando a viajar pelo Brasil e priorizando destinos de natureza. Depois de uns dias perfeito no Kilombo Villas, ao lado da Praia da Pipa (RN), sobre o qual escrevi aqui, voltei ao Nordeste. Desta vez, o destino foi o Sul da Bahia. Em Trancoso, me hospedei na Estrela d’Água, uma das pousadas mais charmosas e confortáveis da região, a 1h30m de carro do Aeroporto de Porto Seguro.

Foram dias deliciosos de sal e sol. A Estrela é conhecida em Trancoso por ter sido “a casa da Gal”. No caso, Gal Costa, a cantora. A pousada é um clássico local, que vai completar 23 anos. Fica em um terreno 23 mil m² de frente para o mar, em meio a Mata Atlântica e com acesso direto à Praia dos Nativos. O Quadrado está a dez minutos de carro, e o preço do trajeto de táxi é tabelado: cada trecho de ida e volta da pousada custa sempre R$ 30.

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Como são as acomodações

A Estrela d’Água tem 20 suítes (a partir de 40 m²), com jardim ou varanda, e oito bangalôs, que podem chegar a 200 m², distribuídos pelos jardins da propriedade. Fiquei em um dos bangalôs com piscina, ótimo para quem busca privacidade. O jardim privativo do bangalô, além da piscina com espreguiçadeiras, tem um gazebo daqueles onde dá vontade de passar horas, inclusive à noite, admirando o céu estrelado e ouvindo o silêncio.

O espaçoso quarto, com objetos de artistas locais na decoração, dispõe de cama de casal com mosquiteiro, sofá que pode virar cama extra, escrivaninha, armário e minibar bem abastecido, incluindo cafeteira e cápsulas de café expresso de cortesia, o que é sempre gentil. O amplo banheiro, com duas pias, tem ainda uma banheira de hidromassagem. As amenidades são Trousseau, em embalagens de vidro reutilizáveis. O Wi-Fi funciona bem.

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Gastronomia na Estrela d’Água

A pousada tem o Bar da Costa e o restaurante Aldeia de São João, de cozinha brasileira e contemporânea, além de um sushi bar em parte da semana. As mesas são decoradas com álcool em gel e ficam em varandas abertas. O bar, entre as duas piscinas e a praia, serve petiscos e refeições ao longo do dia e o menu está disponível também por QR code. Há um serviço de praia para atender quem estiver nas espreguiçadeiras em frente.

No restaurante é servido o jantar e o café da manhã, esta sem dúvida a melhor refeição da Estrela e incluída em todas as diárias. O delicioso café é à la carte, com um menu que muda ligeiramente a cada dia, sempre privilegiando o que é feito na própria pousada. Nas outras refeições não tive muita sorte. À noite, o melhor foi um negroni perfeito ao som das ondas quebrando na praia. Tudo em Trancoso custa caro, a gente sabe, e na Estrela d’Água não é diferente.

Toda as garrafas de água da pousada são de plástico, tanto no restaurante quanto nos quartos. Conversei com vários funcionários, a maioria da região, sobre o excesso de plástico de uso único em uma propriedade tão bem integrada à natureza. Ouvi frases como “outras pessoas já falaram sobre isso” ou “os hóspedes agora deram para reclamar de garrafa de plástico”. Os comentários só reforçam a minha convicção de que é fundamental que cada um de nós faça a sua parte.

O bar da piscina tem água filtrada nas torneiras e é um bom lugar para abastecer a sua garrafinha antes de sair para caminhar na praia quase deserta. A minha garrafa era sempre devolvida com um simpático “as tartarugas-marinhas agradecem” ou “os corais agradecem”. O restaurante, se você pedir, serve água filtrada no copo. Para amenizar o excesso de descartáveis, a Estrela começou recentemente a separar as tampinhas das garrafas para a Recicla Sul da Bahia, empresa de eventos sustentáveis que produz objetos com plástico reciclado.

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Serviço

A Estrela d’Água faz parte das associações Roteiros de Charme, Tablet Hotels, Condé Nast Johansens e Brazilian Luxury Travel Association (BLTA). Foi reconhecida com o CN Johansens Awards for Excellence por duas vezes consecutivas, em 2019 e 2020. Diárias para duas pessoas, no final de outubro, custam a partir de R$ 2.015, com café da manhã incluído.

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Fazenda Santa Vitória

Fazenda Santa Vitória: fugindo do estereótipo do “hotel fazenda”

Desde a reabertura do turismo brasileiro no segundo semestre do ano passado, hotéis com grandes espaços ao ar livre têm sido especialmente procurados durante a pandemia. Muitos estão inclusive batendo recordes históricos de ocupação nos últimos meses, tão grande vem sendo a procura. É o caso da Fazenda Santa Vitória, em Queluz, SP, que vem também fugindo do estereótipo do “hotel fazenda” brasileiro.

Localizada no Vale do Paraíba, a propriedade começou a operar como parte da indústria da hospitalidade há cerca de quatro anos e meio, após os proprietários unirem quatro fazendas adjacentes da década de 1920. 

Hoje, apesar de funcionar unicamente de 5a. a domingo e feriados, o sucesso do empreendimento tem sido tão significativo que a ocupação anda beirando os 100% frequentemente – e as reservas disponíveis são para geralmente só daqui três ou quatro meses. E a sustentabilidade de suas operações é sem dúvidas seu principal atrativo.

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Fugindo do estereótipo do “hotel fazenda” brasileiro

A Fazenda Santa Vitória vem fugindo do estereótipo do “hotel fazenda” brasileiro desde sua abertura. Ali não há imensos buffets, programação diária de atividades, monitores nem qualquer tipo de entretenimento infantil. A propriedade é assumidamente muito mais pensada para e focada em adultos do que famílias com crianças e adolescentes. 

Também não se trata de um hotel de luxo. O hóspede não deve esperar excelência em serviço, mimos nem acomodações impecáveis. A proposta ali é oferecer amplos espaços ao ar livre, em um autêntica fazenda do Vale do Paraíba, para que cada um encontre na natureza e na cultura local seu espaço e diversão.

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As 18 acomodações estão espalhadas em diferentes modelos e espaços. Optando por qualquer uma delas, o hóspede tem acesso aos mesmos espaços comuns: gramados e jardins muito bem cuidados, trilhas, riacho e até cachoeira. E também ao mesmo serviço de pensão completa. Há também quadra de tênis, salão de jogos, piscina, sauna, “caldário” – e passeios à cavalo podem ser contratados à parte (mediante pagamento).

Para curtir melhor muitos dos espaços ao ar livre, tão fundamentais hoje em dia, o hóspede muitas vezes vai ter que pegar seu próprio carro e dirigir. Há bicicletas gratuitamente disponíveis para os hóspedes, mas alguns trajetos podem ficar mais “puxados” sobre apenas duas rodas. Mesmo os meros 4km que separam a sede da cachoeira, dada a topografia do terreno (acidentado e montanhoso), são definitivamente mais factíveis de carro. 

O hotel deve ganhar um spa até o final do ano e oferece ainda a possibilidade de visita à Casa do Arado, uma casinha isolada na fazenda que, em parceria com o Instituto Arado, tenta divulgar e preservar a história e a cultura regional caipira da região. 

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fazenda santa vitória: Diferentes tipos de acomodação

As 18 acomodações disponíveis na fazenda estão divididas, da mais simples à mais luxuosa, em suítes-sede, suítes-quintal, casas do pomar e casas na montanha. As linhas gerais propõem simplicidade com arquitetura de época integrada à natureza. Todas as acomodações são operadas em diárias com pensão completa, wifi e uso de todos os espaços comuns; mas as facilidades de cada tipo de acomodação mudam bastante. 

Fiquei hospedada em uma das quatro suítes da casa sede no último feriado de Independência do Brasil; mas vale o alerta de que são de longe as menos interessantes da propriedade toda. São mais simples, antigas e pequenas, sem qualquer balcão, varanda ou contato com a natureza. Na casa sede, há constante “entra e sai” de hóspedes e funcionários o dia todo, tirando qualquer resquício de privacidade dos quartos. O som vaza com facilidade de um quarto para outro e os quartos absorvem também todo o barulho e “falação”, tanto da piscina quanto da cozinha principal (logo cedo pela manhã nesse caso, inclusive). 

A minha recomendação é escolher acomodações das suítes-quintal (que têm diferença de valor ínfima em relação às suítes-sede) em diante. Todas essas são não apenas esteticamente muito mais interessantes como também mais aconchegantes e muito mais silenciosas e privadas. As suítes quintal e as casas do pomar (estas últimas inauguradas neste 2021) ficam quase anexas à sede, ao centro lazer e ao restaurante. Já as casas na montanha ficam isoladas, com vista panorâmica para a fazenda e os arredores (mas o hóspede precisa pegar o carro na hora de ir fazer as refeições ou utilizar a infraestrutura da sede).  

Dá pra conferir detalhes de toda a minha estadia por lá em várias imagens e vídeos tanto no feed quanto nos Stories do meu instagram @maricampos, sempre atualizadinho.

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Hospitalidade sustentável

O grande atrativo da Fazenda Santa Vitória é ser um hotel verdadeiramente sustentável, com iniciativas realmente interessantes que raramente são vistas em “hotéis fazenda” brasileiros. Há práticas regenerativas importantes tanto do ponto de vista ambiental quanto cultural, social e econômico.

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A propriedade, antes voltada para exploração de madeira e pecuária extensiva, hoje promove reflorestamento e manejo sustentável da terra. A pequena criação de gado é voltada para a produção local de leite e queijo para hotel e moradores. 

A equipe do hotel é quase toda composta por membros das famílias dos empregados originais da fazenda, que ainda moram ali mesmo e tiram dali o seu sustento. E em diversos aspectos tentam resgatar/preservar as referências histórico-culturais da região (da decoração à Casa do Arado, em parceria com o Instituto Arado).

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Há também painéis solares instaladas em diferentes pontos da propriedade, o hotel já é autossuficiente energeticamente e planeja construir em breve uma pequena termoelétrica para que seja capaz de gerar energia positiva – ou seja, gerar mais energia do que consome. 

Nos quartos, as amenidades Trousseau são colocadas em grandes dispensers nas paredes. Plásticos são evitados e há água filtrada cortesia generosamente abastecendo tanto um filtro à entrada da casa da sede o dia todo quanto charmosas moringas à cabeceira da cama em todos os quartos. 

A alimentação não fica de fora: boa parte do que chega à mesa do hóspede é preparado com a produção da própria fazenda, seja da queijaria, da horta ou do pomar.

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FOCO ainda maior na gastronomia

As refeições são parte importante da experiência na Fazenda Santa Vitória e os quitutes da cozinha conduzida pelo chef Vitor Rabelo estão sempre incluídos nas diárias. A propriedade deve passar a focar ainda mais no aspecto gastronômico do hotel: até o ano que vem, deve ganhar novos espaços dedicados à gastronomia, inclusive um restaurante totalmente dedicado a carnes, instalado no haras, com vista panorâmica para o vale. 

A maioria das refeições, ainda que com menu bastante enxuto (entrada e sobremesa sempre únicas, três opções para o prato principal), é à la carte. As mesas são fixas para cada quarto/hóspede/família. Mas como os slots de horário para as refeições não são muito amplos, convém chegar cedo para pegar o restaurante mais vazio.

Os pratos são muito bem apresentados e há sempre alguma opção vegetariana no cardápio. Mas vale saber que a feijoada de todo final de semana é obrigatoriamente servida em um buffet assistido.

Eventualmente, oferece-se aos hóspedes algum tipo de degustação cortesia de produtos da região durante a estadia. Nos meus dias por lá, houve degustação de cerveja artesanal em um dos almoços e de cachaça antes de um dos jantares.

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O café da manhã merece destaque: a melhor refeição da casa é todinha preparada ali mesmo, item por item, e chega com capricho à mesa. O iogurte da casa é excelente e tem também uma das melhores granolas que já provei na vida! 

É pena que a propriedade não utilize regularmente seus muitos gramados e espaços abertos para também à hora das refeições, ainda mais durante a pandemia. Apenas dois almoços são feitos ao ar livre (um nos arredores da cachoeira e outro nos jardins da casa sede); todas as demais refeições são sempre feitas dentro do restaurante e/ou em sua varanda coberta anexa.

A Fazenda Santa Vitória vai ganhar em breve também uma queijaria completa, em parceria com o queijeiro João Laura, que vai contar inclusive com espaço dedicado para degustações e um terraço aberto.

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Serviço

A Fazenda Santa Vitória fica na cidade de Queluz, SP, quase na divisa entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Viajei para lá no meu próprio carro e achei o acesso a partir da Via Dutra muito fácil e bem sinalizado, com apenas um pequeno trecho em estrada de terra. As diárias com pensão completa valem desde R$2.200,00 para duas pessoas, incluindo café da manhã, almoço, bolo com café à tarde e jantar – sempre com água filtrada cortesia à mesa. Demais bebidas são todas cobradas à parte.

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Hotel do Café, fazenda Guaritá

Novo Hotel do Café aposta em história no interior do Rio de Janeiro

Quase ao mesmo tempo em que os proprietários da Fazenda Marambaia se inspiravam em tempos de outrora para inaugurar um hotel boutique de luxo em Petrópolis, em um ponto mais no interior do Rio de Janeiro, perto de Vassouras, antigo domínio de outro ramo da família imperial brasileira, os donos da Fazenda Guaritá abriram o Hotel do Café. Os dois novos tranquilos hotéis fluminenses inaugurados durante a pandemia possuem uma imensa área verde, mas nada têm a ver com “hotel fazenda”. São voltados para adultos, ainda que aceitem crianças. No hotel Casa Marambaia, instalado em um casarão de meados do século 20, a gastronomia de inspiração francesa é um ponto fortíssimo. Já no Hotel do Café, em uma fazenda de 1875, é o acervo histórico que torna a viagem à região do Vale do Café especial e imperdível.

O Hotel do Café é um endereço para quem quer passar uns dias imerso em natureza e história e desconectado da vida urbana. Sem sinal de telefone e com Wi-Fi fraco e intermitente, que os proprietários estão tentando melhorar, por enquanto não é endereço para instalar um anywhere office. A internet irregular me proporcionou um check-out idílico: paguei a conta embaixo de uma figueira no jardim, o único ponto onde a máquina de cartão funcionou.

Inspiração & informação: Veja fotos do Hotel do Café no Instagram Hotel Inspectors

O empresário Omar “Catito” Peres, dono de dois restaurantes tradicionais do Rio, do Bar Lagoa e da Fiorentina (este fechado no momento), comprou e restaurou a Fazenda Guaritá há cerca de 20 anos. O acervo histórico espetacular foi garimpado em leilões e antiquários no Brasil e na Europa por Catito e sua mulher, a jornalista Lenise Figueiredo, que guia um imperdível tour pela coleção da propriedade. O casal vivia entre a fazenda do Vale do Café, onde recebiam amigos com frequência, e Roma. Mas, desde o início da pandemia os dois estão na fazenda, e daí veio a ideia de transformar a propriedade em um hotel. A estreia do casal na hotelaria foi em dose dupla: além do Hotel do Café, a dupla arrendou o Mara Palace, o mais tradicional hotel de Vassouras, que tem um público fiel e está sendo renovado.

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Hotel do Café, na Fazenda Guaritá, de 1875: à esquerda estão os quartos; à direita, o restaurante; ao fundo, o Rio Paraíba do Sul. O gramado fica na antiga área de secagem do café | Foto de Carla Lencastre

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Como é se hospedar no Hotel do Café

O Hotel do Café se apresenta como um hotel de luxo. O projeto ainda está na fase inicial, e há ajustes a serem efeitos, principalmente na área de alimentos e bebidas. Por enquanto, o hotel funciona apenas de quinta a segunda-feira. A seguir, alguns detalhes da minha hospedagem de três dias, no início de julho.

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Localização

O Hotel do Café fica no pequeno município de Rio das Flores, a cerca de três horas de carro do Rio e a seis de São Paulo. As estradas estão boas condições, com exceção do curto do trecho final, de terra. O hotel está a 30km de Vassouras, que tem um agradável centro histórico. Banhada pelo Paraíba do Sul, a Fazenda Guaritá é de 1875, a fase final do ciclo. Na outra margem do rio passam os trilhos da Ferrovia do Aço.

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Área verde

O Hotel do Café tem dezenas de palmeiras imperiais, características das fazendas da região, jabuticabeiras e mangueiras. Atualmente há pouquíssimo café no Vale do Café, mas a Guaritá começou a cultivar uma pequena aérea. O hotel tem trilhas para caminhadas, piscina e quadra de tênis ao ar livre, cadeiras espalhadas à beira-rio para ver o trem passar ou estrelas. Em frente à casa principal, onde antes era a secagem dos grãos, há um gramado ladeado por duas construções originais hoje com quartos e salões que abrigam restaurante, bar com piano, cozinha, sala de jogos com sinuca, sala de estar, alambique, e uma locomotiva a vapor do início do século passado. A Maria Fumaça inglesa, com um vagão de passageiros, às vezes faz um percurso de cerca de 1km da entrada da fazenda até a área do hotel. Perto da piscina há sauna seca e outra piscina pequena e coberta. No inverno, os dias no Vale do Café são quentes e ensolarados. À noite, a temperatura cai abaixo de 20 graus Celsius.

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Quartos

Por enquanto são 12 suítes com nomes de personagens do período imperial, com duas entradas cada, uma voltada para o gramado principal, outra para o rio. O casarão da fazenda tem outros cinco quartos, menores, que ainda estão sendo preparados para receber hóspedes. As suítes, assim como toda a propriedade, são decoradas com um incrível acervo de objetos da época do Brasil Império, garimpados pelos proprietários em leilões e antiquários. É como passar a noite em um museu histórico, e este é o maior luxo do Hotel do Café. Outros confortos nos quartos são a roupa de cama de muitos fios e as toalhas de banho de algodão egípcio (o enxoval tem monograma da fazenda), e amenidades de banheiro da grife italiana Acqua di Parma.

A suíte na qual me hospedei, a D. Pedro I, era aconchegante e confortável, com piso em taco de madeira, saleta com sofá e mesa de centro, quarto com escrivaninha e uma televisão pequena, e dois banheiros. Cada acomodação tem uma decoração única, e algumas têm armário e espelhos. O que não era o caso, com exceção de um espelho acima de uma das pias. Não há roupão de banho, secador de cabelo nem minibar. A arrumação diurna sob demanda é apenas da cama, e não inclui o banheiro.

Gastronomia

O restaurante do Hotel do Café é amplo, com pé direito alto, seis janelas e três portas duplas, boa ventilação cruzada e álcool gel. O ambiente é de alta gastronomia, com mesas com toalhas brancas arrumadas com porcelanas, sousplats, talheres de prata, flores frescas. Café da manhã, almoço e jantar, com bebidas não alcoólicas, estão incluídos na diária. Os pratos são saborosos, ainda que o menu seja bem restrito. Não há carta de bebidas.

O café foi servido de duas maneiras diferentes. No primeiro dia, vieram direto da cozinha para a mesa, como os tempos pandêmicos recomendam, fruta, iogurte, queijos, geleias, pães, e suco e ovos feitos na hora. No segundo dia, o café estava montado em um bufê tradicional, com todos os itens do dia anterior, além de bolos da casa.

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A maior parte dos alimentos, em todas as três refeições do Hotel do Café, vem de um atacadista no Rio de Janeiro. O que significa, no caso do café da manhã, geleias e pães de forma industrializados. Na fazenda são feitos queijo minas, ricota, iogurte, bolo aos domingos e uma cachaça envelhecida 18 anos em barril de carvalho. Tudo uma delícia.

O hotel está sem chef de cozinha, e o almoço e o jantar têm apenas um menu do dia. No almoço, sem entrada, havia duas opções de prato principal (carne ou peixe) e goiabada com queijo para sobremesa. À noite, duas sopas (batata-baroa ou canja), um prato principal que escolhi mais cedo e nenhuma sobremesa. No dia seguinte, o almoço foi feijoada, sem alternativa de feijão ou farofa sem carne. Para o jantar, duas opções de sopa (aipim com carne-seca ou canja), três de prato principal (carne, arroz de pato e o mesmo filé de tilápia do dia anterior) e três de sobremesa. Para beber, água em garrafas de plástico, refrigerante, caipirinha de limão e um rótulo de vinho tinto português, que pode ser servido em taça (R$ 23). Quem levar o próprio vinho (recomendo), paga taxa de rolha de R$ 40.

O Hotel do Café tem um interessante “menu imperial”, apresentado aos hóspedes ao final da refeição. Trata-se de uma pesquisa histórica bacana sobre o que os nobres da época gostavam de comer, com detalhes divertidos sobre os personagens e os ingredientes. Pedi para experimentar um dos pratos no jantar. Apostei em almofadinhas de surubim com espuma de capim santo e alcaparras, receita inspirada pela Imperatriz Leopoldina, que, informava o menu, trouxe as alcaparras para o Brasil. À noite, a massa recheada veio à mesa coberta por denso molho branco, sem alcaparras. A dica é folhear o menu como curiosidade, e escolher entre os pratos sugeridos pela casa.

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Nomad Place

Cresce o mercado para hospitalidade não convencional

Faz tempo que o segmento “não-tradicional” da indústria da hospitalidade – como chalés, cabanas, casas-barco etc – vem se desenvolvendo de maneira consistente. Mas é inegável o quanto cresce o mercado para hospitalidade não convencional durante a pandemia.  

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Desde 2018, a indústria da hospitalidade já tinha identificado a busca por esse tipo de acomodação como uma das principais tendências do setor. Nos últimos anos, a busca por chalés, casas-barco, yurts e até ryokans japoneses chegou a aumentar impressionantes 700% em alguns destinos internacionais. 

Durante a pandemia, esse movimento cresceu mais ainda, sobretudo pelo fato desse tipo de acomodação estar geralmente rodeada por natureza e, mais importante ainda, isolada (ou suficientemente distanciada) de outros viajantes. Sem dúvidas, a crescente busca pelo turismo de isolamento (acomodações remotas, mínimo contato com outras pessoas, deslocamentos mais seguros e controlados etc) tem contribuído de maneira importante para esse boom no crescimento dos modelos de hospitalidade não convencional.

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Um dos casulos do Parador da Montanha. Foto: Divulgação

O que é uma acomodação não convencional?

Em termos gerais, o mercado geralmente usa essa terminologia para se referir a acomodações que não sejam pousadas, hotéis, lodges, resorts ou outras formas convencionais da indústria formal da hospitalidade. Sob o chamado “guarda-chuva” dos aluguéis de temporada, viajantes têm cada vez mais – e mais diferentes – opções , seja no mercado nacional ou internacional. E, enquanto boa parte da hotelaria tem sofrido no período, as taxas de ocupação para esse tipo de acomodação têm sido, em geral, extremamente satisfatórias durante a pandemia. 

Assim como muitos hotéis, várias dessas acomodações não-convencionais da indústria da hospitalidade também precisaram passar por adaptações durante a pandemia. Mas transformações geralmente mais simples e práticas que todos os protocolos aos quais a hospitalidade tradicional se viu obrigada a se adaptar desde março de 2020.

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Detalhe do deck da cabana Vin da Nomad Place. Foto: Mari Campos

Acomodações que se adaptam a diferentes perfis de hóspedes

Além dos novos procedimentos para limpeza e higienização dos imóveis, a principal mudança enfrentada por este tipo de acomodação não convencional foi a necessidade de instalação de provedores potentes de internet e espaços confortáveis para trabalho. Afinal, seguindo a tendência do turismo em geral em tempos de pandemia, hóspedes deste tipo de acomodação muitas vezes, graças ao home office, também costumam misturar trabalho e lazer. 

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No Brasil, a maior busca nesse nicho não convencional tem sido por chalés e cabanas isolados, nas montanhas ou próximos à praia; mas foi notório também o crescimento da procura por casas na árvore e casas-contêiner nas plataformas de aluguel de temporada. 

Em geral, são acomodações que se adaptam facilmente a diferentes perfis de hóspedes (inclusive distintos perfis econômicos e etários), com a maioria delas sendo inclusive pet-friendly. E as redes sociais, com destaque absoluto para o Instagram, contribuíram de maneira fundamental para o rápido crescimento da busca por esse tipo de acomodação. Afinal, diversos influenciadores se dedicaram a explorar acomodações deste nicho no último ano – muitos deles estimulados pelo programa de afiliados do Airbnb, repentinamente encerrado em abril passado. 

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Cresce mecardo para hospitalidade não convencional

Conforme já noticiei aqui no ano passado, durante a pandemia o setor de imóveis para aluguel de temporada em geral cresceu mais e de maneira mais consistente que a hotelaria tradicional. Tal crescimento do mercado de hospitalidade não convencional foi tão intenso no ano passado que, neste 2021, algumas propriedades hoteleiras tradicionais decidiram migrar para o setor de aluguel de temporada.

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É o caso, por exemplo, do Canto do Papagaio, em Aiuruoca, Minas Gerais. A propriedade, composta por sete chalés espalhados por uma imensa reserva natural, sempre operou em sistema pousada. Com as restrições da pandemia, e observando as mudanças de comportamento dos viajantes alvo, a proprietária decidiu transformar os chalés em unidades independentes de aluguel de temporada. As áreas públicas foram mantidas, inclusive o restaurante aberto também a não-hóspedes. Mostrei recentemente da minha estadia em um dos chalés do Canto do Papagaio no meu Instagram @maricampos.

Os casos deste tipo de migração não são, de fato, tão frequentes no Brasil. Mas outras pousadas, inclusive na região da Mantiqueira, também fizeram tal migração neste ano e têm sido surpreendentemente bem sucedidas até agora.

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Ampliação de portfólio de clientes

Em 2019 uma pesquisa da American Express Global Business Travel já revelava a tendência crescente de propriedades hoteleiras investirem em novos formatos de acomodação. Mesmo no pré-pandemia, a ideia de ampliar o portfólio de clientes já estimulava esse movimento.

Caso dos novos “casulos” do Parador da Montanha, no Rio Grande do Sul. São barracas em formato de casulo concebidas pelos proprietários do Parador e inauguradas em março passado. Foram dois longos anos até que o projeto fosse implementado de fato. As barracas foram construídas com estrutura de madeira de reflorestamento tratada e têm diversos elementos naturais na decoração. 

Até agora, são 7 casulos com 24m2 de área e capacidade para até duas pessoas – incluindo deck privativo com banheira de hidromassagem e lareira ecológica com vista dos Campos de Cima da Serra. Hóspedes dos casulos podem desfrutar normalmente dos espaços públicos e infra-estrutura geral do hotel. 

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Cabanas de sucesso na Mantiqueira

Mas talvez o caso mais surpreendente deste nicho sejam as cabanas isoladas do Nomad Place nos arredores de São Bento do Sapucaí, SP. O negócio, extremamente bem sucedido, contraria a maior crise da indústria hoteleira e nasceu justamente durante a pandemia.

Quando a pandemia começou, o paulistano Halmer Marques e sua esposa estavam construindo uma cabana de madeira para uso próprio, em um terreno recentemente comprado. Viajantes inveterados, queriam escapar aos finais de semana e, num futuro distante, talvez construir ali uma pousada como plano de aposentadoria. 

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Com a mudança de prioridades dos viajantes na pandemia, resolveram apostar no aluguel de temporada. Com zero experiência na indústria da hospitalidade, criaram uma conta no Instagram enquanto ainda finalizavam a obra e anunciaram a propriedade no Airbnb. Quando a cabana ficou pronta, em junho do ano passado, Halmer e a esposa conseguiram se hospedar ali somente por um par de dias – e nunca mais tiveram uma noite livre no imóvel.

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Hospitalidade não convencional deve continuar crescendo

Com o case de sucesso no Instagram, Halmer inaugurou esse ano no mesmo terreno uma segunda cabana (também em modelo A-frame), uma casa cubo e um novíssimo domo na parte mais alta do terreno. Tudo com vista panorâmica para a Mantiqueira, check in e check out sem contato, cozinha equipada e roupas de cama e banho caprichadas incluídas nas diárias. Também mostrei detalhes de minha recente estadia em uma das cabanas da Nomad Place no meu Instagram @maricampos

O projeto deu tão certo que planejam agora chegar a um total de dez unidades no terreno de 50 mil metros quadrados nos próximos anos (entre hortas, oliveiras e vinhedos que estão cultivando). E o nome Nomad Place já virou franquia, com a primeira unidade franqueada inaugurada em Embu das Artes, SP.  Eis aí um mercado que realmente tem tudo para continuar crescendo. 

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