Os hotéis mais esperados de 2018

Detalhe da piscina aquecida do novo Hyatt de Santiago. Foto Divulgação.

A ILTM Latin America, que aconteceu na semana passada em São Paulo, reuniu alguns dos maiores nomes do turismo de luxo internacional. Destinos, hotéis, serviços e operadores de mais de 65 países se reuniram com travel specialists, agentes de viagem, jornalistas e blogueiros do setor de 8 a 11 deste mês para discutir o mercado e as principais novidades do setor. 

A América Latina continua aumentando o número de viajantes de alto padrão provenientes de países como Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru e Uruguai – e, conforme levantamentos do setor, o montante que eles irão gastar em suas viagens também deverá ser cada vez maior. 

A hotelaria internacional foi destaque absoluto na feira, com muitos balanços e novidades para este ano e o próximo sendo anunciados em appointments, painéis e press conferences. O grupo Hyatt Hotels, por exemplo, anunciou suas seis aberturas deste ano (incluindo Bogotá, Lima, Santiago e Macaé), além de oito outros hotéis já em desenvolvimento nas Américas. 

Detalhe dos quartos 100% renovados do Mandarin Oriental London at Hyde Park. Foto Divulgação.

O grupo Mandarin Oriental trouxe como grande novidade o detalhamento de seu programa de relacionamento com clientes, Fans of MO, já em operação desde março e com grande potencial de destaque dentre programas do gênero. A conclusão da renovação do Mandarin Oriental Hyde Park após 18 meses de reformas, as 22 estrelas Michelin distribuídas em 15 hotéis do grupo e a aquisição e rebranding de hotéis em Santiago e no Caribe também estiveram na pauta trazida por Suzette Deveau, vice-presidente de vendas e marketing para as Américas. O grupo, que tem como meta inaugurar entre três e quatro hotéis por ano, deve colocar em funcionamento até o final do ano propriedades em Dubai, Beijing e Doha. 

A Marriott International Luxury Brands, que tem 8 marcas na hotelaria de luxo internacional (JW Marriott, St Regis, Bulgari, Ritz-Carlton, Ritz-Carlton Reserve, Edition, W e The Luxury Collection), chegou a 380 hotéis em mais de 60 países. Também trouxe o número mais impactante: a rede vai tão, mas tão bem, que abre um novo hotel a cada 14 horas! O ritmo aceleradíssimo faz parte da meta do grupo de acrescentar pelo menos 285 mil quartos ao seu portfólio até 2019 – incluindo os programas líderes da indústria de hospitalidade, Marriott Rewards, The Ritz-Carlton Rewards e Starwood Preferred Guest, que agora somam mais de 100 milhões de membros.  Novos hotéis em Paris, Los Cabos, Beijing, Abu Dhabi, Bangkok, Bodrum, Barcelona, Panamá, Brisbane, Dubai, Costa Rica e até em plena Times Square também foram anunciados. Além disso, sua The Ritz-Carlton Yacht Collection, operação única no mercado hoteleiro, em um projeto que vai de vento em popa – e deve chegar a três iates até 2020.

Detalhe do novo Four Seasons Seychelles, aberto neste ano. Foto Divulgação.

O grupo Four Seasons Hotels and Resorts, líder mundial na hotelaria de luxo, confirmou durante a feira a esperada inauguração do seu primeiro hotel no Brasil, passo fundamental para a expansão da rede na América Latina. O Four Seasons Hotel São Paulo at Nações Unidas abrirá suas portas em outubro próximo (com direito a um bar aberto para o lobby que promete ser o novo hot spot para encontros de turistas e paulistanos).  O projeto ainda conta com 84 Four Seasons Private Residences, as primeiras do grupo na América do Sul.

A rede divulgou também quais são seus dez hotéis mais procurados por hóspedes brasileiros no exterior (Lisboa, Orlando, Nova York, Paris, SurfClub, Miami, Milão, Vail, Florença e Beverly Hills) e anunciou novas aberturas em 2018 (Atenas, Philadelphia, Kuala Lumpur e Bengaluru), além de futuras propriedades a serem inauguradas nos próximos anos em Bangkok, Boston, Belize, Fort Lauderdale, Los Cabos, Madri, Montreal, Napa Valley e Nova Orleans.

 

 

 

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O complicado conceito de Glamping

Glamping na Eyre Peninsula australiana. Foto: Mari Campos

Já sabemos que tudo no universo das viagens hoje em dia tem a ver com “experiências” e é claro que natureza e, sobretudo, ecossistemas diferentes dos quais estamos habituados representam parcela importante destes desejos viajantes. Diversas propriedades em distintos locais do globo souberam unir com maestria a ideia de aventura e extremo contato com a natureza sem abrir mão do conforto, do bom serviço e da boa mesa, como as redes Explora e Tierra Hotels na América do Sul e inúmeros lodges de safári sul africanos (como Tintswalo, Thornybush e tantos outros).

Não faz tanto tempo assim que o conceito de “glamping” tomou conta de parte do mercado de viagens internacional. No princípio, eram poucas empresas investindo nesta ideia de “glamour camping” mas, com o advento das redes sociais, instagrammers, bloggers e youtubers, não demorou muito para a ideia, tão visualmente sedutora, se espalhar por destinos nos cinco continentes.  A proposta de se hospedar em meio à natureza exuberante com a conveniência dos serviços de hotelaria foi desde o início sedutora para boa parte dos viajantes – uma oportunidade de unir o melhor dos mundos em uma viagem cheia de experiências e imersão.

Na onda do glamping, o conceito original das tendas começou com unidades ampliadas, com banheiros privativos, refrigeração ou calefação do ambiente e amenidades de qualidade, e evoluiu para yurts completíssimos que não devem em nada a um bom quarto de hotel, como nos ótimos Eco Camp e Patagonia Camp, no Chile, por exemplo.

O conforto no contato muito próximo com a natureza sempre norteou tais experiências – ao menos em princípio. O ótimo Jawaii Leopard Camp, por exemplo, foi erguido em uma área super remota e selvagem das Aravelli Hills, na Índia. Suas refinadas e completíssimas tendas foram instaladas com todo o conforto em uma região habitada pelos curiosos homens da tribo Rabat e rodeada por uma impressionante população selvagem de leopardos – daquelas experiências intensas das quais jamais me esquecerei.

O peculiar e o inesperado sempre foram bem-vindos neste setor e hoje não são poucas as propriedades em diferentes continentes oferecendo até ofurôs sob as estrelas do lado de fora das tendas. E sustentabilidade é, é claro, essencial para qualquer propriedade do gênero ser bem sucedida no mercado. Mas, assim como o conceito de hotel boutique, parece que cada proprietário entende a ideia de glamping como bem quer.  Tive experiências bastante frustrantes em locais como o Elephant Hills, no sul da Tailândia, de tendas abafadíssimas, serviço pífio, e um menu buffet sofrível que se repetiu, idêntico, pelos dois almoços e dois jantares que fiz ali.

Neste abril, em uma viagem pelo outback da Península Eyre, na Austrália, me hospedei em uma propriedade nas Gawler Ranges que se define em seu website como “glamping experience” e diz que tem “5 star tents”. Cobra 660 dólares por pessoa POR DIA de hospedagem (e não por noite!), não tem sequer ventiladores nas tendas quentíssimas (peguei 41 graus durante o dia, mesmo durante o outono), não oferece nenhum tipo de serviço de limpeza/camareiras (nem troca de toalhas) nem investe em uma gastronomia minimamente caprichada (os jantares até eram ok, mas nos dois almoços que fiz lá, um tinha restos do jantar anterior mal ajeitados em potes plásticos e o outro era um sanduíche de salada na baguete, embalado em papel filme).

Transfers, passeios e refeições estão incluídos, assim como vinhos australianos no jantar. O local utiliza somente água da chuva para chuveiros e descargas e mantém o consumo de energia elétrica ao mínimo possível. A paisagem do outback australiano durante o dia, a vida selvagem nos arredores das tendas e o céu extremamente estrelado no meio do nada compensam, por exemplo, o incômodo irritante das moscas o dia todo; é um fenômeno natural, não há tanto  que possa ser feito. Mas o acampamento cobrar um valor como esse pelo tipo de produto que oferece me parece mesmo injusticável.

É claro que entende-se que propriedades pequenas, remotas e que investem em sustentabilidade têm geralmente custos mais altos que um grande hotel em um centro urbano pela própria logística necessária para abastecê-la – sem nem entrar em outros méritos. E sabemos que até mesmo o conceito de “estrelas” na hotelaria ainda é super discutível, então é mesmo utopia querer algum tipo de “standardização” para propriedades que se definiam como hotéis boutique, eco-lodges ou glamping. Mas uma propriedade que cobre o mesmo valor que um hotel de exploração de primeira linha(como os já citados Explora e Tierra, por exemplo) não oferecer sequer ventiladores para amenizar o calor surreal das tendas ou serviço de camareiras se atrever a cobrar preço de hotel de luxo realmente é algo que ainda me choca.

 

 

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A tecnologia a favor do hóspede

A simpática saudação logo que fiz minha reserva

São muitas as redes da hotelaria de luxo que eu admiro, e por diferentes razões. Mas, sejamos francos, a rede Four Seasons vem redefinindo as noções de luxo contemporâneo no mercado há muito tempo, e acho isso louvável mesmo. Ainda na década de 80, foi a primeira rede de hotéis de luxo a oferecer amenities de higiene e beleza como norma e a ter colchões customizados (e desde 2015 é a única em que o hóspede pode escolher o tipo de colchão que quer na sua cama). Depois, a primeira a ter wifi grátis no mundo inteiro, serviço de lavanderia 24/7, roupas passadas em uma hora, concierge 24 horas, room service 24h e mais um série de outros serviços que hoje o turista espera que seja regra na hotelaria de luxo internacional.

Não foi a primeira rede a investir em mobile – Ritz-Carlton, Marriott, Starwood e outras vieram antes. Chegou com um considerável delay neste campo, na verdade – mas foi a primeira a lançar uma app com todas as funcionalidades acessíveis para todos os hóspedes e não apenas para os que têm status elite em programas de fidelidade, como acontece com algumas outras redes.

Só lembrei de avisar que iria chegar antes quando já estava a caminho do hotel. Mas a resposta veio imediatamente

Pois agora a app deles também oferece um inovador serviço de chat on line que eu acabei de testar por conta da minha hospedagem no Four Seasons George V Paris neste final de março, em uma viagem a lazer. O novo serviço digital permite que o hóspede troque mensagens de fato instantâneas com a equipe do hotel antes, durante e depois da sua estada – e de maneira bastante personalizada, num caso raríssimo neste mercado em que a facilitação digital não excluiu o approach humano.

As primeiras mensagens do chat começaram a chegar assim que fiz minha reserva,  saudando-me pelo nome e dizendo que estavam ansiosos para me receber novamente. Até aí tudo bem, a maioria das apps de hotéis operam em sistema semelhante. Fiz meu check-in online, confirmei dados do cartão de crédito etc. No dia da minha chegada enviei uma mensagem logo cedo, avisando que já estava liberada e iria chegar antes do previsto para fazer o meu check-in. A resposta veio imediatamente, confirmando meu novo horário aproximado de chegada, dizendo que avisariam o front desk imediatamente e que fariam o possível para liberar meu quarto antes. Recebi a notificação de que o quarto estaria livre para early check-in enquanto ainda me dirigia ao hotel. E, de fato, o front desk já sabia de toda a troca de mensagens pelo chat quando cheguei ao hotel e fui rapidamente encaminhada para meu quarto, sem maiores burocracias.

A notificação de que meu quarto havia sido liberado para early check-in chegou durante meu trajeto para o hotel

Depois, já hospedada, nos dias seguintes, o chat continuou servindo para coisas do dia-a-dia de viagem, como pedir informações ao concierge, solicitar reservas ou um balde de gelo para o champagne que tinha comprado. Com respostas sempre imediatas, dia e noite, independentemente do request.

Christian Clerc, o presidente de operações da rede, defende sempre que a conexão humana é o elemento mais importante na experiência de um hóspede Four Seasons – e foi mesmo uma ótima surpresa ver que eles conseguiram de fato aliar esse componente também ao aplicativo, fazendo a tecnologia realmente trabalhar em favor do hóspede de forma customizada, sem que ele se sinta lidando simplesmente com um sistema operacional ou máquina.

A saudação inicial na app mudou logo após o meu check-in

O chat é capaz de traduzir mais de 100 idiomas diferentes (inclusive o português) com resposta em (literalmente) instantes, contra os doze minutos de média da indústria (me disseram que o sistema alerta o staff imediatamente auditiva e visualmente para garantir que nenhuma mensagem seja deixada para trás). Como resultado, diz a rede que o engajamento dos hóspedes tem sido muito mais regular desde o lançamento do chat, com uma média de seis chats por quarto durante a estadia. Well done, Four Seasons. Que sirva de inspiração para o mercado.

 

 

 

 

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Hotel não é apenas para dormir

Preview do novo Four Seasons que abrirá suas portas em breve em São Paulo | Foto de divulgação/Four seasons

Seja bem-vind@! Aqui é a Mari Campos. Sou jornalista especializada em turismo e hotelaria de luxo e é um prazer ter sua companhia aqui nestas páginas, a partir de agora. 

Esta coluna Hotel Inspectors é um projeto idealizado e assinado por alguém apaixonado por turismo, hotelaria e o mercado de hospitalidade em geral, com larga experiência profissional na área. Mas, antes disso, foram também muitos anos de viagens puramente por paixão e por prazer – que seguem tomando boa parte do meu ano até hoje.

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Como freelancer especializada neste nicho, colaborando com diversas publicações diferentes no Brasil e em outros seis países, hoje, percorro o mundo em busca de novidades, experiências e hospedagens interessantes que possam virar boas histórias. Durmo em inúmeras propriedades diferentes ao longo de um ano e sigo acreditando 100% que hotel não é apenas para dormir.

O projeto do Hotel Inspectors começou em 2017 no Instagram @HotelInspectors, com muita coisa acontecendo no mercado hoteleiro. A Marriott comprou a Starwood. A InterContinental adicionou a Kimpton ao seu portfólio e procura nova bandeira de luxo. A Hilton inovou seu padrão clássico com a Curio Collection, de hotéis independentes com ênfase em arte. Surgiram vários hotéis boutique (embora até hoje se faça tanta confusão com este termo). Hotéis de luxo inauguram semanalmente mundo afora. Brasileiros passamos a valorizar associações e selos, como Leading Hotels of the World, Preferred Hotels, Relais&Châteaux, Traveller Made e Virtuoso.

O artsy The Darcy, novo hotel da Curio Collection by Hilton em Washington DC | Foto de Mari Campos

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Todas as semanas falarei por aqui sobre tudo isso e muito mais. Sempre com base em minha própria experiência, no meu olhar, seja durante viagens a trabalho ou de férias (até porque sim, jornalistas de viagem também gostam – e muito! – de viajar nas próprias férias!).

Nas notícias, relatos e avaliações que você encontrar por aqui, honestidade, ética e objetividade serão sempre regra inegociável. Tudo será experimentado antes, com olhos bem treinados para reconhecer o bom serviço, o bom design e a funcionalidade, itens fundamentais em um bom hotel de qualquer faixa de preço – até porque a vida é boa, bonita e hi-lo, e hotel não é só para dormir – mesmo!

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Acredito fielmente que um serviço cuidadoso, atencioso e, de preferência, surpreendente acaba fazendo toda a diferença no saldo final de uma viagem – assim como tomar um bom banho e descansar bem depois de um dia intenso na rua é fundamental para seguir feliz em qualquer viagem. O quarto pode até ser básico e pequeno – mas se tiver uma cama dos sonhos e uma banheira com vista fica melhor ainda, não? 

Vem que a viagem será gostosa, eu garanto. Será mesmo um prazer ter a sua companhia por aqui.

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