A nova flagship dos W Hotels

Um dos impressionantes murais do W Bellevue. Foto de Mari Campos

Criada a partir da chamada “bold attitude” (ousadia) da cidade de Nova York, a bandeira W Hotels da Marriott International sempre provocou, desde seu surgimento, uma disruptura com o cenário da hospitalidade upscale internacional. Do seu icônico botão de serviço “whatever/whenever” para atender o hóspede em qualquer circunstância (hoje marca registrada na hotelaria) ao design bastante provocativo, ao longo de quase duas décadas (e mais de 80 hotéis depois) a marca continua rompendo regras do luxo tradicional na hotelaria em todos os sentidos.

No comecinho de março estive em Seattle, onde a nova flagship da marca foi lançada: o W Bellevue, inaugurado no segundo semestre de 2017, ficou mesmo um espetáculo – e não poderia ser mais diferente do W Seattle, a meros 20 minutos de distância, perfeitamente localizado no centro de Seattle, mas com alguns quartos precisando urgentemente de um extreme makeover.

Fui convidada a me hospedar no novo hotel e gostei muito do que experimentei. O novo W Bellevue tem 245 quartos e design inspirado em uma lake house do noroeste americano – o que justifica, por exemplo, o repetido uso dos tetos A-frame. Mas o jogo de texturas e formatos nos móveis de design e a combinação de cores nos imensos murais nas paredes em quase todos os cômodos não poderia ser mais iconicamente “W”. Aliás, tudo ali combina muito com a nova bossa de Bellevue, um dos destinos dos arredores de Seattle que mais rápida e charmosamente se desenvolve, virando um novo hub de compras, gastronomia e vida noturna para moradores e turistas que visitam a região.

O design do hotel abraça sem pudores a história regional e as belezas naturais que o rodeiam (inclusive nos imensos murais de artistas renomados como Gaia, Lady Aiko e Zio Ziegler), sem abrir mão das inovações tecnológicas nos quartos e nas áreas comuns (tomadas mil, entradas usb mil, tudo se conecta o tempo todo, uma maravilha). Os murais mesclam backgrounds regionais e internacionais, em ambientes que brincam o tempo todo com a ideia de privado e público, grandes espaços e lounges intimistas.  O staff é super jovem e relax, mas ao mesmo tempo extremamente pontual e profissional (fiz ali um dos mais rápidos check-in e check-outs do últimos tempos).

Da recepção ao chamado Living Room (que é quase um playground para o viajante moderno!), o elemento lúdico está em alguns murais com jeito de cartoon, em uma cabine de DJ e mesas de jogos instaladas em meio aos sofás e pufes do super sexy  lounge bar  (com música animada o tempo todo, é claro). Todo esse lado posh contrasta com a sala chamada de “biblioteca”, de cores claras, poesia nas paredes, sempre silenciosa. E há ainda um imenso terraço externo, com móveis que vão de sofás tradicionais à beira da lareira à adoráveis balanços de vime.

Detalhe do quarto do W Bellevue, vista cidade. Foto de Mari Campos

Os banheiros públicos do primeiro andar, apesar de serem identificados por gênero do lado de fora, se fundem todos no mesmo espaço unissex do lado de dentro.  Os corredores dos quartos são adornados com fotos enquadradas de lake houses da região e o design dos quartos continua misturando o sexy (como nos boxes transparentes em banheiros completamente abertos para os quartos) com o lúdico (como no formato da cômoda, cujas gavetas foram propositalmente construídas como se estivessem sido deixadas abertas) – e vista para o lago ou para o skyline de Bellevue, com direito a sofazinho para contempla-la. A academia é gigante e completíssima, e os hóspedes também recebem fones de ouvido e três mapas de corrida diferentes pelo bairro, com diferentes distâncias a percorrer. Mas não há spa.

Na gastronomia, o The Lakehouse é acessível tanto da recepção do hotel quando do mall adjacente e, sob o comando do chef Jason Wilson (vencedor do James Beard), investe pesado no conceito de “farmhouse” da região Northwest dos EUA. Os pratos vêm sem frescuras, mas bem saborosos, e o ambiente é delicioso. É no Lakehouse também que é servido o café da manhã do hotel (à la carte). O downside fica por conta do serviço de quarto, bastante limitado.

No térreo, e também comandado por Wilson, o interessante e discretíssimo Civility & Unrest é um speakeasy lounge que fica escondido atrás do mural gigante de Gaia à entrada do hotel. Vale entrar sem medo, que a mixologia é assunto seríssimo por lá (e o local ganha ares de balada nos finais de semana).

Sou fã de carteirinha de algumas unidades do W, principalmente as que brincam com essa vibe lúdico+sexy, como Santiago, no Chile, ou Verbier, na Suíça. Mas no W Bellevue mesmo ficou claríssimo, já à primeira vista, porque ele passará a ser o flagship da bandeira – inclusive pelo serviço realmente cinco estrelas que, sejamos bem francos, não é todo W que tem.

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Hotel não é apenas para dormir

Preview do novo Four Seasons que abrirá suas portas em breve em São Paulo | Foto de divulgação/Four seasons

Seja bem-vind@! Aqui é a Mari Campos. Sou jornalista especializada em turismo e hotelaria de luxo e é um prazer ter sua companhia aqui nestas páginas, a partir de agora. 

Esta coluna Hotel Inspectors é um projeto idealizado e assinado por alguém apaixonado por turismo, hotelaria e o mercado de hospitalidade em geral, com larga experiência profissional na área. Mas, antes disso, foram também muitos anos de viagens puramente por paixão e por prazer – que seguem tomando boa parte do meu ano até hoje.

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Como freelancer especializada neste nicho, colaborando com diversas publicações diferentes no Brasil e em outros seis países, hoje, percorro o mundo em busca de novidades, experiências e hospedagens interessantes que possam virar boas histórias. Durmo em inúmeras propriedades diferentes ao longo de um ano e sigo acreditando 100% que hotel não é apenas para dormir.

O projeto do Hotel Inspectors começou em 2017 no Instagram @HotelInspectors, com muita coisa acontecendo no mercado hoteleiro. A Marriott comprou a Starwood. A InterContinental adicionou a Kimpton ao seu portfólio e procura nova bandeira de luxo. A Hilton inovou seu padrão clássico com a Curio Collection, de hotéis independentes com ênfase em arte. Surgiram vários hotéis boutique (embora até hoje se faça tanta confusão com este termo). Hotéis de luxo inauguram semanalmente mundo afora. Brasileiros passamos a valorizar associações e selos, como Leading Hotels of the World, Preferred Hotels, Relais&Châteaux, Traveller Made e Virtuoso.

O artsy The Darcy, novo hotel da Curio Collection by Hilton em Washington DC | Foto de Mari Campos

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Todas as semanas falarei por aqui sobre tudo isso e muito mais. Sempre com base em minha própria experiência, no meu olhar, seja durante viagens a trabalho ou de férias (até porque sim, jornalistas de viagem também gostam – e muito! – de viajar nas próprias férias!).

Nas notícias, relatos e avaliações que você encontrar por aqui, honestidade, ética e objetividade serão sempre regra inegociável. Tudo será experimentado antes, com olhos bem treinados para reconhecer o bom serviço, o bom design e a funcionalidade, itens fundamentais em um bom hotel de qualquer faixa de preço – até porque a vida é boa, bonita e hi-lo, e hotel não é só para dormir – mesmo!

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Acredito fielmente que um serviço cuidadoso, atencioso e, de preferência, surpreendente acaba fazendo toda a diferença no saldo final de uma viagem – assim como tomar um bom banho e descansar bem depois de um dia intenso na rua é fundamental para seguir feliz em qualquer viagem. O quarto pode até ser básico e pequeno – mas se tiver uma cama dos sonhos e uma banheira com vista fica melhor ainda, não? 

Vem que a viagem será gostosa, eu garanto. Será mesmo um prazer ter a sua companhia por aqui.

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