Praia de Copacabana vista da piscina do hotel Miramar

Quais são as mudanças nos hotéis na pandemia

Muitas previsões foram feitas sobre as mudanças nos hotéis ao longo da pandemia. Agora já podemos começar a analisar quais as transformações que vieram ou não para ficar. Lembrando que para aumentar as chances de uma viagem segura é fundamental o respeito às novas regras e ao próximo. De nada adianta hoteleiros manterem os ambientes ventilados, criarem elaborados protocolos de biossegurança e investirem em treinamento se os hóspedes se aglomerarem e não usarem máscaras nas áreas comuns.

Leia também: Hotéis investem em bem-estar durante a pandemia

A pandemia ainda não acabou. Mas é possível pensar em escapadas sem aglomeração. Pesquisa do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) realizada entre o final de setembro e o início de outubro de 2020 mostra que 90% dos quartos de 876 hotéis de rede em mais de 200 municípios do país estão disponíveis para receber hóspedes. Em São Paulo, 90% dos quartos de 127 hotéis estão abertos, com um total de 23.843 acomodações em hotéis de rede. No Rio de Janeiro, são 70% dos quartos de 10.205 em 50 hotéis.

Leia também: De predador a construtor, é a vez do turismo regenerativo

Informação & inspiração: acompanhe @HotelInspectors no Instagram

.

O que mudou

Reforço na limpeza

A principal de todas as mudanças nos hotéis na pandemia. De grandes redes a pequenas pousadas há muita gente se esforçando para pesquisar, implementar e fiscalizar novos procedimentos de higienização e sanitização.

Marriott, Hilton, Accor… Os maiores grupos hoteleiros anunciaram mudanças nos procedimentos de limpeza logo nas primeiras semanas da pandemia. Novos cargos ou mesmo departamentos inteiros foram criados para profissionais de biossegurança. Associações de propriedades independentes, inclusive as brasileiras Circuito Elegante (com o selo Safe&Clean) e Roteiros de Charme, também investiram em treinamento, inspeções, certificações. Álcool gel 70 por toda a parte é apenas o detalhe mais aparente de todas estas transformações. Atualmente há mais evidências de transmissão do vírus pelo ar do que pelo contágio de superfícies. Então usar máscara é fundamental para que as medidas de higiene sejam efetivas.

Leia também: O que muda na limpeza dos hotéis com a covid-19

Mudanças nos hotéis na pandemia: balcão de check-in/check-out protegido por acrílico no Miramar by Windsor, em Copacabana
Balcão protegido por acrílico no lobby do Miramar by Windsor, em Copacabana | Foto de Carla Lencastre
Experiências de baixo contato

Check-in e check-out virtual existiam antes da covid-19 em hotéis de diferentes categorias. O serviço cresceu durante a pandemia. Mesmo em hotéis que optaram por manter check-in e check-out no lobby, há procedimentos sendo feitos com contato mínimo. Aplicativos de hotéis também são outro exemplo do que já existia e aumentou durante a pandemia. Hotéis de luxo usam os apps para que os hóspedes tenham um canal de comunicação em tempo real sem perda de qualidade do serviço; hotéis midscale de grandes redes têm chaves virtuais nos telefones; resorts fazem agendamento de atividades de lazer… Cardápios de restaurantes e minibares sob demanda e menus de tratamentos do spa por QR code também foram adotados por muitas propriedades.

Leia também: Cinco inovações que vão transformar a hotelaria

Mudanças nos hotéis na pandemia: menu com QR code do restaurante Alloro, no Miramar by Windsor
Menu com QR code do restaurante Alloro, no Miramar by Windsor | Foto de Carla Lencastre
adaptação do espaço físico

Room office, hotel schooling, estadia prolongada e buyout (a opção de reservar uma propriedade inteira para o turismo de isolamento de uma bolha de hóspedes) são alternativas encontradas por hotéis urbanos, resorts e pousadas para aproveitarem estruturas ociosas de eventos ou simplesmente aumentarem as taxas de ocupação. Principalmente durante a semana, porque nos fins de semanas e feriados muitos alcançam os 100% de lotação máxima permitida pelas regras estaduais e municipais. Nos Estados Unidos, há hotéis de rede fazendo parcerias com empresas especializadas em co-working, que garantem a qualidade dos serviços necessários para o trabalho.

Tarifas promocionais para stacycation ou workcation e políticas de cancelamento e remarcação mais flexíveis acompanham estas novas iniciativas. Nos EUA, as extended stays têm uma nova marca de hotel: SureStay Studio, da rede americana Best Western. A primeira unidade foi aberta em setembro em Charlotte, na Carolina do Norte, e outras 27 estão a caminho.

Leia também: Plástico é a obsessão dos resorts brasileiros na era covid-19

O que não mudou (pelo menos não até agora)

Bufês self-service

No início da pandemia, pouca gente tinha dúvida que bufês self-service saíriam dos hotéis para entrar na história. Afinal, fazer refeição em bufê é considerada atividade de alto risco como mostra a tabela da Associação Médica do Texas reproduzida por diversos órgãos de mídia. A associação Resorts Brasil não recomenda. Mas os bufês seguem inabaláveis.

Leia também: O bufê de hotel na pandemia

comunicação digital

Outro item sobre o qual havia poucas dúvidas. Comunicação digital clara seria o novo normal na hotelaria. Sete meses depois há numerosos hotéis que sequer mencionam os novos protocolos em seus sites ou com informações diferentes, às vezes conflitantes, no site e nas redes sociais. Talvez estes mesmos lugares ofereçam informações detalhadas aos agentes de viagem, mas não para o consumidor. Fica a ressalva de que há também o extremo oposto: hotéis com ótimos exemplos de comunicação digital.

Leia também: O que fazem os hotéis nas redes sociais na pandemia

.

sustentabilidade

A pandemia fez com o planeta desse um passo atrás na redução do plástico de uso único. O aumento de plástico descartável na hotelaria até pode fazer sentido em um primeiro momento, por conta da sensação de segurança que passa. Mas, até agora, ainda não vi nenhum hotel explicando claramente como descarta os resíduos, que aumentaram muito. Nem mesmo propriedades com várias boas práticas realmente sustentáveis. Fracassamos.

Leia também: Plástico é a nova obsessão de hotéis brasileiros

Clique aqui para ler tudo que publicamos sobre hotelaria na pandemia

Hotel Inspectors está no Instagram @HotelInspectors, no facebook @HotelInspectors, no Twitter @HotelInspectors e no LinkedIn @Hotel Inspectors

Uso de plástico nos resosrts do Brasil na era covid-19: garrafas PET recolhidas no mar

Plástico é a nova obsessão dos resorts no Brasil na era covid-19

O turismo nacional está recomeçando lentamente e já dá para perceber que plástico descartável por toda a parte é a nova obsessão dos resorts no Brasil na era covid-19. Nas últimas semanas assisti a vídeos mostrando toalhas, tapetes de banheiro e papel higiênico envelopados um a um e até amenidades e garrafas de plástico embrulhadas em… plástico. É como se o material tivesse um poder sobrenatural de garantir que um objeto não está contaminado pelo novo coronavírus.

O apego desmedido ao plástico não faz sentido do ponto de vista da ciência. Nem do bom senso. Como garantir que o filme de PVC que embala a garrafa não está contaminado? Plástico tem um grande impacto na poluição marinha e o setor de hospitalidade precisa reduzir o uso e cuidar do descarte adequado. É fundamental que hóspedes e agentes de viagem cobrem novos protocolos não apenas de biossegurança mas também de sustentabilidade. Afinal, turismo sustentável começa pelas escolhas que cada um faz.

Algumas pessoas que já voltaram a viajar me disseram que se sentem mais seguras em um mundo embalado a plástico. Entendo a sensação, afinal é um material fácil de limpar. Porém, de um modo geral, contágio por superfície é evitado mantendo mãos limpas, seja com água e sabão ou com álcool 70%. O hóspede assintomático na piscina ou no restaurante pode ser vetor de transmissão do novo coronavírus. Já embalagens de amenidades ou de bebidas em alumínio, plástico e vidro são facilmente laváveis com água e sabão caso o cliente desconfie da higiene do quarto.

Clique aqui para acompanhar @HotelInspectors no Instagram

Leia mais: É seguro usar de piscina de hotel durante uma pandemia?

Plástico é a nova obsessão dos resosrts do Brasil em tempos de covid-19: piscina de hotel brasileiro pré-pandemia
Piscina de hotel brasileiro pré-pandemia | Foto de Carla Lencastre

As insustentáveis luvinhas Do bufê self-service

Há excesso de plástico também no bufê de refeições de self-service dos resorts, atividade classificada como de alto risco na pandemia e que muitos hotéis insistem em manter. Além de ser cada vez menos justificável a exaltação ao desperdício de comida, os bufês agora fazem uma elegia ao plástico de uso único. Os talheres são embalados, às vezes um a um, e os hóspedes recebem luvas descartáveis cada vez que vão se servir.

Quando o bufê é assistido, com funcionários servindo, o uso de plástico diminui. Vale ressaltar que talheres envelopados em plástico chegaram a hotéis que oferecem apenas serviço à la carte. É um problema ambiental gigantesco criado pela hotelaria, e ainda não encontrei um empreendimento brasileiro que deixe claro como pretende descartar a novidade.

Leia mais: Como ficam os bufês de hotel em tempos de covid-19

.

O que diz a Resorts Brasil

Passei algumas semanas observando nas redes sociais fotos e vídeos de hóspedes de resorts que fazem parte da Associação Brasileira de Resorts. Dos 52 hotéis associados, 51 estão funcionando (o 52º é o Ocean Palace, em Natal, com reabertura marcada para o próximo dia 30). A Resorts Brasil tem em seu site um Guia para o Viajante Responsável, feito em parceria com 27 (!) entidades, e detalhados protocolos para os hoteleiros.

Leia mais: Os desafios da retomada do turismo no Estado do Rio

Na cartilha com procedimentos de higiene e segurança, validados pela Anvisa e por sete associações, não há nenhuma orientação sobre plástico descartável. No caso dos bufês, a recomendação é que o serviço seja assistido, com estações de alimento protegidas por acrílico e funcionários servindo os hóspedes. Para os frigobares, a orientação é abastecer sob demanda ou higienizar cada item individualmente entre um hóspede e outro. Um dos itens do manual destaca o uso de canais de comunicação digitais para informar sobre protocolos de segurança, o que a maioria dos hotéis brasileiros ainda não faz mesmo depois de seis meses de pandemia.

Já no guia do viajante o texto até chama a atenção para o uso excessivo de plástico, lembrando da importância de se evitar consumir produtos em embalagens plásticas, e orienta sobre o descarte de máscaras, que não podem ser misturadas com lixo reciclável. Sustentabilidade aparece como uma prioridade em um dos três eixos de atuação da associação e há um grupo de trabalho dedicado ao tema. Mas nenhuma informação sobre como lidar com a overdose de plástico de uso único gerada pela pandemia.

Mesmo resorts que têm em seus sites páginas dedicadas a promover medidas sustentáveis de verdade, como o uso de energia 100% limpa e ações de impacto voltadas para as comunidades locais, não fazem menção às medidas de redução do plástico ou ao descarte.

Leia mais: O que realmente mudou nos hotéis em sete meses de pandemia

‘Plástico é medida cosmética’

Conversei sobre o uso indiscriminado do plástico na hotelaria nacional com a jornalista Ana Lucia Azevedo, há mais de três décadas especializada em ciência e saúde. Com vários prêmios na área, ela está cobrindo a pandemia para o jornal O Globo. Ao longo de seis meses entrevistou muitos especialistas sobre o novo coronavírus. “Embalar produtos em plástico é medida de efeito cosmético no que diz respeito à covid-19 e potencialmente poluente. Ao abrir o plástico, o cliente se exporá da mesma forma ao novo coronavírus. O importante é garantir a higienização. O aumento do consumo de plástico impacta os oceanos, que já sofrem com uma poluição sem precedente, comprometendo a qualidade da água e mata animais”.

.

Plástico pode, e deve, ser substituído

Semana passada, saí pela primeira vez para ir almoçar fora na pandemia. Escolhi o Arp, agora com mesas ao ar livre no calçadão do Arpoador. É um dos meus restaurantes de hotel preferidos no Rio de Janeiro, onde moro. O cliente recebe em embalagens de papel álcool em gel 70% e um envelope para guardar a máscara. Talheres e guardanapos chegam em embalagens de papel. É possível trilhar bons caminhos em meio a pandemia.

Clique aqui para ler tudo que publicamos sobre hotelaria na pandemia

Hotel Inspectors está no Instagram @HotelInspectors, no facebook @HotelInspectorsBlog, no Twitter @InspectorsHotel e no LinkedIn @Hotel Inspectors

Bufê de café da manhã de hotel na pandemia | Foto de divulgação

O que mudou no bufê de café da manhã de hotel na pandemia

Comida exposta por horas. Talheres de servir compartilhados. Comensais andando e parando em frente a todos os pratos, ou quase todos, e conversando. Fila. Aquele que muda de ideia e volta algumas travessas, passando por quem está se servindo. Réchauds abertos e fechados quantas vezes a dúvida impulsionar. O bufê de café da manhã de hotel morreu na pandemia. Vida longa ao bufê de café da manhã de hotel na pandemia.

Leia também: A transformação do luxuoso Fairmont Rio durante a pandemia

Nem a covid-19 foi capaz de deter este impávido clássico na hotelaria nacional. Uma tabela elaborada por epidemiologistas, infectologistas e especialistas em saúde pública da Associação Médica do Texas (TMA, na sigla em inglês) listou os riscos de contágio de diversas atividades em níveis vão de 1 (baixo risco) a 9. Comer em bufê está no nível 8, de alto risco. É uma atividade apenas menos arriscada do que ir a um show, evento esportivo ou culto religioso com mais de 500 pessoas. A classificação levou em conta que todos estariam usando máscaras, lavando as mãos com frequência e mantendo distanciamento social.

Leia também: Como funcionam os spas de hotel do Rio na pandemia

Clique aqui para acompanhar o Instagram @HotelInspectors

.

Higiene X sustentabilidade

Como no caso da piscina de hotel, em que nada indica que a água clorada seja transmissora do novo coronavírus, nos bufês self-service o problema não é a comida. São as pessoas e o entorno.

Com a flexibilização das medidas restritivas em todo o país surgiram vídeos de hotéis com piscinas e bufês self-service repletos de destemidos aglomerados. Em imagens de outros resorts nota-se o uso surreal de plástico descartável em nome de higienizar o bufê, com talheres embalados, luvas para os hóspedes e até frutas com cascas embrulhadas em filme PVC. Com um agravante: os hotéis não deixam claro como descartam o material. O plástico de uso único é um dos maiores vilões da poluição dos oceanos e o setor de hospitalidade tem responsabilidade nisso.

Leia também: Plástico é obsessão dos resorts brasileiros na era covid-19

Pequenas porções à mesa na pousada Solar da Ponte, em Tiradentes | Foto de Carla Lencastre
Minibufê à mesa na pousada Solar da Ponte, em Tiradentes | Foto de Carla Lencastre

alternativas ao serviço de bufê

A área de alimentos e bebidas é responsável por parte significativa do custo operacional de um hotel. Hoje protocolos devem ser ainda mais rigorosos, incluindo os seguidos pelos fornecedores. Afinal, de nada adianta ter todas as precauções na manipulação de alimentos se o fornecedor não fizer o mesmo. O custo final de uma refeição à la carte é mais caro do que em um bufê, e isto também tem que ser levado em conta nesta complicada fase da hotelaria.

Há caminhos do meio que estão sendo seguidos por alguns resorts, como o dos bufês híbridos. No Club Med, com suas três unidades no Brasil reabertas, o bufê é assistido. Ou seja, funcionários com equipamento de proteção individual montam os pratos dos hóspedes, que não encostam nos utensílios nem nas máquinas de café, por exemplo. Com a equipe a postos também é mais simples garantir que nenhum hóspede será servido se não estiver usando máscara e que o distanciamento social será respeitado. Em outros hotéis, como já acontecia antes, o bufê tem itens em porções individuais, enquanto outros são pedidos à la carte. Há ainda uma espécie de minibufê servido à mesa, com pequenas porções de diferentes pratos.

Leia também: Como é se hospedar em um resort urbano no Rio de Janeiro

Minibufê no ecolodge Mirante do Gavião | Foto de Carla Lencastre
Minibufê no ecolodge Mirante do Gavião, na Amazônia | Foto de Carla Lencastre
O Papel de cada um

Faço a ressalva de que nunca fui fã de bufês, por razões de gosto pessoal e, principalmente, por conta do imenso desperdício de alimentos. Mas reconheço que um bom bufê de hotel tem o seu apelo e pode ser uma experiência em si. Como em tudo nesta delicada fase pela qual a hotelaria está passando, fica mais fácil se cada um fizer a sua parte.

Ao hoteleiro que optar por manter o bufê à moda pré-pandemia cabe detalhar as medidas de biossegurança e de sustentabilidade. Não apenas em relação ao descarte de plástico, mas também ao desperdício de comida. Ao hóspede e ao agente de viagens que oferece o hotel ao cliente cabem cobrar informações claras sobre higienização, controle de ocupação de espaço, distanciamento social e cuidados com o meio ambiente. E sempre seguir as regras. A revista Panrotas fez uma reportagem com 15 perguntas que se deve fazer antes do check-in no hotel. Conferir as adaptações no setor de alimentação é uma delas.

Leia também: Você sabe o que é turismo regenerativo?

Bufê de café da manhã de hotel brasileiro à moda pré-pandemia | Foto de Carla Lencastre
Bufê de café da manhã de hotel brasileiro pré-pandemia | Foto de Carla Lencastre

Enquanto isso em las vegas…

Bufê de café da manhã de hotel é tradição brasileira, mas não é exclusividade. Há bufês de diferentes estilos em todos os continentes, e a origem histórica deste tipo de serviço está na Europa. Mas foi em Las Vegas, na década de 1940 que nasceu o conceito de bufê americano moderno, o all-you-can-eat. Ou coma o quanto aguentar. No café, no almoço e no jantar.

Leia também: O que realmente mudou nos hotéis na pandemia

O Buffet at Wynn foi um dos primeiros da Strip (o Las Vegas Boulevard, onde estão os principais cassinos da cidade) a retomar as atividades, em meados de junho. O cliente fazia o pedido a um garçom, e o prato era trazido à mesa. O bufê-que-não-era-bufê fechou de novo menos de três meses depois, sem previsão de reabertura. Já o Caesars Palace pretendia reabrir o Bacchanal Buffet, com 600 lugares, em agosto. Pequenos pratos previamente montados seriam entregues por funcionários e vários itens seriam servidos diretamente nas mesas. A reabertura foi adiada para o fim do ano.

Atualização: Em meados de setembro de 2020 o Wynn Las Vegas anunciou que 548 funcionários testaram positivo para covid-19. Todos eram assintomáticos. Desde junho o Wynn já recebeu mais de 500 mil hóspedes.

E no Brasil, onde você aposta as suas fichas? Encontraremos alternativas mais seguras? Ou o bufê self-service de hotel e de restaurantes de comida a quilo seguirão como na era pré-Covid-19?

Clique aqui para ler tudo que publicamos sobre hotelaria e Covid-19

Hotel Inspectors está no Instagram @HotelInspectors, no facebook @HotelInspectors, no Twitter @HotelInspectors e no LinkedIn @Hotel Inspectors

Chalés do Parador Lumiar, no Estado do Rio

Hotéis para respirar ar puro na serra do Rio de Janeiro

Ar puro é uma das commodities cada vez mais importantes para a hotelaria em tempos de pandemia. Afinal, é mais difícil o vírus se propagar ao ar livre do que em ambientes fechados. Há vários hotéis para respirar ar puro na serra do Rio de Janeiro e praticar turismo de isolamento. Nas montanhas fluminenses, as cidades de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo oferecem boas opções, fora do Centro, para uma escapada sem aglomeração.

Leia também: Como é a Casa Marambaia, hotel de luxo aberto em 2021 na região serrana fluminense

Leia também: Conheça o novo Hotel do Café, perto de Vassouras, no interior do Rio de Janeiro

Inspiração & informação: acompanhe @Hotel Inspectors no Instagram

Hotéis na serra do Rio de Janeiro: Parador Lumiar
Um dos 13 chalés do Parador Lumiar, na serra fluminense | Foto de Carla Lencastre

Parador Lumiar, opção imbatível nos arredores de Friburgo

A cerca de 40km de Nova Friburgo, o Parador Lumiar é uma gostosa opção. Fica em Lumiar, distrito de Nova Friburgo, na serra fluminense, a 850 metros de altitude e a 160 km do Rio. Membro da associação Roteiros de Charme, a pousada reabriu no mês de agosto. São 13 chalés de 37m² (três deles com ofurô em uma varanda envidraçada) em torno de um lago e em diferentes níveis de terreno, o que garante privacidade, além de distanciamento. Cada chalé fica a cerca de dez metros de distância um do outro e o hóspede decide se quer que o quarto seja arrumado ou não. A piscina está liberada.

Leia também: É seguro usar piscina de hotel durante a pandemia?

O Parador foi construído seguindo padrões sustentáveis, como o uso de madeira de demolição, e empregando mão de obra local. Dá para passar dias sem sair de lá, apreciando flores coloridas em meio ao verde exuberante da Mata Atlântica, contemplando o vale, observando os pássaros, ouvindo o coaxar dos sapos quando a noite cai. O hotel oferece passeios de jipe e de cavalo que levam a rios e cachoeiras da região. O Wi-Fi funciona bem.

Leia também: De predador a construtor, é a vez do turismo regenerativo

.

cozinha do parador

Com um cardápio contemporâneo que valoriza os produtos locais, o chef baiano Isaías Neries revolucionou o Cozinha do Parador e sua espaçosa varanda debruçada sobre o verde. Pioneiro do farm to table, o chef usa ingredientes que ele mesmo planta na horta orgânica da pousada ou encomenda de produtores da região, como queijos e trutas.

Para beber, a água mineral vem da fonte do hotel. As frutas usadas na caipirinha também. O Parador tem ainda uma adega com paredes em pedra e 450 garrafas. O restaurante é famoso na região pela feijoada de sábado e pelas massas frescas (os nhoques são divinos).

Atualização: O Cozinha do Parador é aberto ao público em geral, mas está funcionando com capacidade reduzida. Reservar é fundamental.

Leia também: Como fica o bufê de café da manhã de hotel na pandemia

.

Para famílias com crianças nos arredores de Petrópolis

O Parador Lumiar é um hotel pet friendly e recebe bem crianças. Mas para quem procura um lugar mais voltado para famílias na serra fluminense há o Solar Fazenda do Cedro certificado pelo Circuito Elegante com o selo Safe & Clean, criado em parceria com o Bureau Veritas. Entre outras medidas, os itens do minibar são escolhidos na hora da reserva.

Leia também: Como é se hospedar em um resort urbano de praia no Rio

Como no Parador Lumiar, a temperatura é aferida no check-in e a bagagem, desinfetada. Os apartamentos são para três ou quatro pessoas e os chalés abrigam até cinco hóspedes. O hotel fica entre Pedro do Rio e Areal, a 40km de Petrópolis.

No Centro da cidade histórica, o Museu Imperial continua fechado. Também no Centro, o restaurante e o bar da Cervejaria Bohemia funcionam com capacidade reduzida e sob reserva.

Atualização: A visita à fábrica da Bohemia foi retomada e os ingressos para três diferentes tipo de tour podem ser comprados no site da cervejaria.

Leia também: Hotelaria investe em bem-estar na pandemia

.

Para uma experiência mais exclusiva na serra

Uma opção confortável para viagens multigeracionais ou de um grupo de amigos são os roteiros personalizados oferecidos pela Passion Brazil. Especializada em atender visitantes estrangeiros, com a pandemia a operadora criou um segmento para brasileiros. Neste primeiro momento, os roteiros são para lugares remotos ou sem aglomeração para passar alguns dias cercado apenas de familiares ou amigos e aproveitar a infraestrutura de lazer e a gastronomia da região.

Leia também: Como estão funcionando os restaurantes de hotéis no Rio

.

Na serra fluminense, a hospedagem pode ser na deliciosa Pousada Tankamana, com chalés de 25 ou 40 m², estes com ofurô ou hidromassagem. Reaberta no mês passado, a pousada fica no Vale do Cuiabá, em Itaipava, entre Petrópolis (40km) e Teresópolis (30km).

Clique aqui para ver tudo que publicamos sobre hotelaria e pandemia

Hotel Inspectors está no Instagram @HotelInspectors, no facebook @HotelInspectors, no Twitter @HotelInspectors e no LinkedIn @HotelInspectors

Vista aérea do Soneva Jani, nas Maldivas

Hotel carbono neutro: quando a hospedagem não deixa pegadas

Um hotel deve ter como meta ser carbono neutro. Até porque depois de declarada a pandemia, e passada a surpresa inicial com algumas imagens de recuperação do meio ambiente, está claro o efeito arrasador do novo coronavírus na sustentabilidade. E a preservação do meio ambiente terá cada vez mais importância na retomada da economia.

Resolver como a energia é gerada pode estar além das ações cotidianas. Mas valorizar uma propriedade que se preocupa em reduzir o impacto das emissões de carbono nas mudanças climáticas é algo que todos os viajantes podemos fazer quando for seguro viajar novamente.

Atualização: No início de 2021 escrevi para o #Colabora, site de jornalismo independente voltado para o desenvolvimento sustentável, sobre como podemos tornar mais leves as pegadas de carbono das nossa viagens. Também escrevi para o jornal O Globo sobre o que cada um de nós pode fazer para compensar as emissões de carbono nas viagens.

Inspiração & informação: clique para seguir @HotelInspectors no Instagram

As emissões de carbono durante a pandemia

Estudo publicado em maio de 2020 na revista Nature Climate Change mostra que a pandemia diminuiu em 17% no mundo as emissões de carbono, que voltaram ao patamar de 2006. O dado é de abril de 2020 em relação a 2019. O número sem precedentes foi alcançado por conta das restrições à mobilidade e da redução do uso de energia elétrica. Como não reflete alterações estruturais, o efeito nas mudanças climáticas é mínimo. Mas diz muito sobre o quanto ainda precisamos reduzir nossas pegadas de carbono e tentar fazer viagens mais sustentáveis.

Leia também: Você sabe o que turismo regenerativo?

Já escrevi aqui sobre como estamos vendo um retrocesso na eliminação do plástico de uso único. Continuar investindo em redução e neutralização de carbono será mais um desafio. Economistas de diferentes escolas de pensamento apontam que a descarbonização do planeta é pilar fundamental para a retomada da economia em geral, viagens incluídas. E, provavelmente, nos próximos anos novas certificações globais serão criadas.

Leia também: Como é dormir no Vale da Morte, o lugar mais quente da Terra

O que é um hotel carbono neutro

Ser carbono neutro não significa que o hotel não tem emissões de carbono. Uma propriedade carbono neutro se preocupa em reduzir pegadas e compensar as restantes. A neutralização pode ser feita com o plantio de árvores ou investindo em fazendas de energia eólica, por exemplo.

Hotéis que levam a sério a diminuição de pegadas de carbono também podem exigir baixas emissões de seus fornecedores. Como já acontece no caso de alguns programas da hotelaria para eliminação do plástico de uso único. O que não quer dizer que seja tarefa fácil: a cadeia de fornecedores é um dos maiores obstáculos para um hotel ser plastic free.

Leia também: O difícil adeus ao plástico nos hotéis

Bons exemplos de grandes redes

Piscina do Sofitel Dubai The Palm,  hotel da Accor
Sofitel Dubai The Palm: hotel da Accor com energia renovável e baixas emissões de carbono Foto @SofitelDubaiPalm

Entre as grandes redes, a AccorHotels se destaca na neutralização de carbono. O grupo francês pretende que todos os prédios dos quais é proprietária (cerca de 30% de 4.800 hotéis) sejam carbono neutro até o final deste ano. Já todos os novos hotéis e os renovados, inclusive os que são apenas administrados pela rede, serão em construções com baixas emissões de carbono, privilegiando o uso de energia renovável como a solar ou a eólica. Um exemplo de hotel da Accor sustentável e que usa energia renovável atualmente é o Sofitel Dubai The Palm Resort & Spa.

NH Hotels, parte da tailandesa Minor Hotels, é outra rede a se destacar com metas de redução de carbono. No final do ano passado, o grupo NH anunciou que vai diminuir em 20% as pegadas até 2030. O objetivo pode parecer pouco ambicioso, mas a rede espanhola reduz emissões desde 2007. Em 2018, 70% da energia usada em seus 380 hotéis já era renovável.

Leia também: Novos hotéis de luxo previstos para abrir em 2021

Nos eventos
Salão de destas no Radisson Cartagena
Casamento no Radisson Cartagena: evento carbono neutro | Foto de divulgação

Desde 2019, o Radisson compensa as pegadas de carbono de todos os eventos em seus mais de 1.100 hotéis pelo mundo. Neutralizar as emissões de carbono de eventos também é o que faz o Aria Resort & Casino, como no Forbes Travel Guide Luxury Summit. Contei neste texto como foi a compensação de carbono da conferência do FTG, que levou em conta o transporte dos participantes até Las Vegas, em fevereiro de 2020.

Entrada do Aria Resort & Casino em Las Vegas
Aria: reunião do FTG com emissões de carbono compensadas | Foto de Carla Lencastre

Pequenos grupos e hotéis independentes

O comprometimento de grandes empresas com baixas emissões e neutralização é fundamental para a descarbonização do planeta, mas todos os exemplos são importantes. O Soneva, com dois hotéis (a foto em destaque no início do texto é do Jani) e um iate nas Maldivas e um hotel na Tailândia, tem sólida história de mais de duas décadas de sustentabilidade. Atualmente o Soneva é 100% carbono neutro. O grupo de luxo descarboniza toda a operação, incluindo emissões indiretas como as dos voos dos hóspedes.

Outro modelo vindo das Maldivas é o Kudadoo, inaugurado em 2018 e reconhecido ano passado pela revista HD com o Hospitality Design Award na categoria Resort Sustentável. Com apenas 15 villas em uma ilha privativa, o Kudadoo Maldives usa somente energia solar e se preocupa em eliminar outras pegadas de carbono. A água é dessalinizada em uma ilha próxima, reduzindo as emissões do transporte. E é engarrafada em vidro, eliminando a garrafa de plástico de uso único.

Painéis de energia solar no Kudadoo Maldives
Alguns dos 984 painéis de energia solar no Kudadoo Maldives | Foto de divulgação

Um exemplo bem recente chega do México. Foi inaugurado este mês em Playa del Carmen o Palmaïa, The House of Aïa, que nasce com o objetivo de ser carbono neutro em 2021. Para isso, o Palmaïa, membro da Preferred Hotels, anunciou que está instalando painéis de energia solar no resort e em diferentes áreas do país para compensar suas pegadas.

Varanda com vista para o Caribe no Palmaïa, na Riviera Maya
Palmaïa: investimento em energia solar para neutralizar emissões | Foto de divulgação

No Brasil

Afinal, se no mundo ainda não há muitos hotéis independentes ou de pequenos grupos preocupados em compartilhar o que fazem para mitigar as emissões de carbono, nem certificações amplamente reconhecidas, no Brasil a quantidade é ainda menor. Mas há alguns bons exemplos.

Um deles fica no Estado do Rio. É a Pousada Águas de Paratii, que participou do Programa de Carbono Compensado do Lepac, Laboratório de Extensão da Unicamp em Paraty. Assim como o Go Inn, hotel econômico bem localizado no Centro de Manaus, reconhecido pelo Projeto Neutro de Carbono do Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza (IBDN), organização sem fins lucrativos. Ambos investiram na redução das pegadas (usando energia solar e separando e reciclando o lixo, por exemplo) e compensaram as baixas emissões com o plantio de árvores. Como resultado, são carbono neutro.

Clique para ler tudo que publicamos sobre o impacto da covid-19 na hotelaria

Hotel Inspectors está no Instagram @HotelInspectors, no facebook @HotelInspectors, no Twitter @HotelInspectors e no LinkedIn @HotelInspectors