Qual é mesmo o seu propósito?

Em meu texto sobre Branding, aqui na coluna Mindset, eu falei que um dos pontos importantes de uma marca era ter um propósito. Ao longo das semanas, algumas pessoas me perguntaram qual a relevância de definir um para uma empresa. Que isso seria algo secundário ou até irrelevante, já que existem os conceito de missão, visão e valores, tão difundidos no meio corporativo.

Antes de me aprofundar no propósito, gostaria de esclarecer alguns pontos:

O que é Missão?
O caminho que a empresa vai seguir. Ela deve estar presente em ciclo estratégico.

O que é Visão?
É a definição de qual é o futuro da empresa. Sua projeção para os anos seguintes.

O que é o Valor?
São atributos, princípios e crenças que formam a instituição.

E o Propósito?
É aquilo que se busca alcançar. O que guia e inspira quem faz a marca acontecer.

Após as devidas apresentações, vamos lá. É importante entender que nada se substitui, todas as definições são válidas e importantes para nortear o seu negócio, mas hoje o assunto é o propósito.

O propósito tem que ser o motivo mais honesto e “romântico” da sua existência. A partir dele, as decisões devem ser tomadas, baseando-se na essência da instituição e com um resultado que vai além da simples definição da sua atuação. Por exemplo: uma agência de viagem tem como resultado final de sua atuação, vender pacotes e atender o cliente que deseja viajar. Mas, seu propósito pode ser oferecer as melhores oportunidade de experiências para as pessoas que desejam viajar. A partir disso, se o propósito estiver realmente intrínseco no cotidiano dos colaboradores, o atendimento ao cliente será cada vez personalizado e humanizado, fidelizando seu público.

Buscando mais referências, a sua definição deve ser inspiradora e instigante como o propósito da Disney, que é “criar felicidade para seus guests”(os guests são os clientes, carinhosamente chamados de convidados). E também deve servir para posicionar a empresa. A Latam, por exemplo, colocar a diversidade como raiz do seu propósito, isso faz com que, na prática, suas contratações busquem pessoas de diversas etnias, gêneros, religiões, etc.

E agora eu refaço a pergunta do título. Qual é mesmo seu propósito? No vídeo abaixo eu dou algumas dicas de como definir o propósito de sua empresa.

Esqueça promoção… O que vale mesmo é engajamento!

Calm down Kotler! A ideia desse artigo não é apagar de vez a promoção, ou muito menos, jogar a publicidade para escanteio no mundo das marcas do turismo. A proposta é ir mais a fundo e conversar com você sobre a nova dinâmica das relações com o consumidor e sobre a necessidade de troca de um conteúdo relevante entre a sua empresa e o seu público.

É nítido que o comportamento do consumidor mudou e se você ainda não percebeu isso quero te ajudar enxergar como sua empresa, ou melhor sua marca (sim vamos trabalhar com a nomenclatura certa, mesmo que isso seja assunto para mais centenas de artigos) precisa estar pronta para oferecer o que o consumidor, que deixou de ser passivo e apenas receber a sua mensagem (olha aqui a promoção ), realmente quer: interagir.

Vamos lá. Para começar quero que você responda para si mesmo a seguinte pergunta: QUAL É O SEU DIFERENCIAL? Anote agora sua resposta em um pedacinho de papel ou post-it perdido aí na sua mesa ou no seu bolso. Anotou? Ok. Se você escreveu qualidade de atendimento, preço competitivo, variedade, tradição… Pode rasgar esse papel e jogar fora! Mas, se você escreveu conhecimento do público – tô torcendo para que muita gente tenha escrito isso – parabéns, você está realmente um grande passo à frente.

“Clientes empoderados estão causando uma disrupção em todas as indústrias”. Essa frase de David M. Cooperstein, da Forrester Research, no relatório “Competitive Strategy in the Age of the Customer”, de 2013, resume a revolução com que as marcas estão tendo que se adaptar para conseguir engajar o consumidor. Todas as marcas, inclusive a sua. Não adianta, por exemplo, reclamar que as pessoas deixaram de visitar sua agência para fazer uma compra online do pacote anual de férias que elas sempre compravam com você. O que sua empresa oferece ao seu público? Tradição? Bom atendimento? Aquela revista com sugestões de destino enlatados? Só!? Então, nem que o seu cliente seja seu amigo ele vai comprar com você. Ele quer mais. Quer saber que existe um viela florida que ninguém conhece em Lisboa. Quer saber que aquele restaurante pequenininho no Camininito vende a melhor empanada da Argentina. Quer se sentir realmente parte de um filme infantil retirando a espada da pedra na Disney.

É isso! Isso engaja e transforma o consumidor em fã. São esses conteúdos compartilhados por sua marca que vão fazer o seu bom atendimento e a tradição de anos de sua empresa concretizar vendas e indicações. “Nesta era do cliente, a única vantagem competitiva sustentável é o conhecimento e o engajamento com os clientes”, decreta David M. Cooperstein, para provar que o que vale mesmo é engajar.

Seja obcecado pelo seu cliente, estude seus hábitos, seus desejos e suas experiência. Pergunte o que ele acha, pesquise! Não espere mais que ele te procure. E, o mais importante, dê a ele conteúdo relevante e esteja disponível para escutá-lo. Por que ele vai falar e quer seu ouvido.

Branding é balela! O que eu preciso é vender mais

Sim, em minha pequena trajetória de 10 anos, já ouvi de certos tomadores de decisão que “esse negócio de branding é mais uma invenção dos marketeiros. O que faz acontecer mesmo é a venda”. De certa forma, a concretização de muitos business é sim a venda de um produto ou serviço, mas uma coisa que poucos lembram é que antes disso o consumidor precisa decidir comprar de você. E, por isso, em um mundo tão competitivo como o nosso, que a empresa precisa ser lembrada, desejada e diferenciada em meio aos concorrentes. E é aí que entra o branding.

Brand…o quê? \o/

Vou tentar ser sucinto, primeiramente, branding não é marketing e um não vai matar o outro (podemos falar sobre isso no futuro). O branding é uma estratégia que visa fazer a construção e gestão de uma marca, em todos os sentidos: sua identidade visual, a forma que você se posiciona no mercado, a maneira que você atende seus clientes, entre outros. Vai muito além do logotipo. Apesar de inconscientemente, algumas empresas fazerem isso a vida toda (ou você vai me dizer que não sabe qual rede de fast food tem um M dourado,com fundo vermelho?), o conceito só foi difundido nos anos 90 e agora, desde o final da última década, virou uma grande febre entre os estudiosos de brand.

Como o branding se manifesta?

Não é algo que se nota de cara, mas uma empresa que faz bem a gestão de sua marca é lembrada por sensações. Costumo dizer que o grande monitor para saber se uma instituição está caminhando para virar uma brandlove é quando ela não precisa expor seu nome para que o público a reconheça. Basta ver um elemento visual, uma referência positiva no atendimento, o layout do seu estabelecimento, e por aí vai.

Por exemplo: o véu utilizado pelas comissárias de bordo Emirates Airlines é uma característica da marca que reflete a cultura árabe da empresa em seus colaboradores dos aviões de carreira. Já as mesmas comissárias, mas da unidade de voos executivos da empresa, utilizam um outro uniforme – como pode ser visto nessa matéria aqui na Panrotas. Isso acontece, pois a própria empresa deseja imprimir sensações diferentes, para públicos distintos.

Enfim, para construir uma marca, antes de qualquer coisa, é preciso definir realmente quem é a sua empresa, quais seus produtos ou serviços, qual é seu propósito (Calma, vou falar sobre tudo isso em textos futuros). E mais, essa construção pode ser feita por empresas de todos os tamanhos. No vídeo abaixo eu falo mais sobre como fazer isso e dou mais exemplos de cases de turismo.