Como lidar com a crise neste momento?

Em tempos de incerteza, estagnação ou até retração, causados pela crise do COVID-19, as empresas estão tendo que se reinventar para conseguir, de alguma forma, minimizar as perdas. No turismo a situação é ainda pior, pois, assim como em eventos, as alternativas são praticamente zero.

Infelizmente, grande parte dos micro e pequenos empreendedores não vão conseguir sobreviver até o fim da crise, porém, para àqueles que ainda conseguem se organizar ou têm um fôlego eu faço uma reflexão, que postei no Instagram da minha empresa, a INSANE Estratégia e Comunicação, onde proponho a análise do momento atual em duas vertentes:

1 – Empresas que ainda conseguem comercializar seus produtos e serviços: e aqui eu insiro quem consegue projetar vendas à médio prazo, por exemplo, o que pode ser o caso de algumas agências de viagens ou hotéis.

2 – Empresas que não têm nenhuma possibilidade de comercializar seus produtos e serviços: que é a grande maioria dos players do universo de turismo.

Enquanto no primeiro caso eu defendo que devemos estressar ao máximo nossas possibilidades comerciais, estudando muito nosso público para entender as mudanças dos hábitos de consumo e entender suas novas necessidades, no segundo eu sugiro que sejam trabalhadas ações de marca, que fortaleçam o posicionamento e os atributos da empresa, com o intuído de gerar proximidade com o público, visando uma retomada comercial quanto esse momento passar.

Vejam o vídeo:

Estamos em um momento onde todos precisam se ajudar. Por isso, me coloco à disposição de sua empresa para gratuitamente auxiliar no direcionamento estratégico e tirar todas as suas dúvidas.

Me mande os principais desafios do seu negócio pelas minhas redes sociais @gustavoellero (facebook e instagram) ou pelo e-mail gustavo@sejainsane.com.br .

O que vi na ABAV EXPO 2019

Entre os dias 25 e 27 de setembro, aconteceu a ABAV EXPO 2019, no Expo Center Norte, em São Paulo. Este ano, foi realizada a 47ª edição do evento, organizado pela (Associação Brasileira de Agências de Viagens),  e que é sempre muito esperado pelo trade, afinal, reúne toda a cadeia de viagens da América Latina. E quero compartilhar com vocês o que me chamou a atenção, nesses três dias de evento. 

Evento em crescimento:

“Até às 17h desta sexta-feira (27), faltando ainda três horas para o encerramento da 47ª ABAV Expo Internacional de Turismo e 52º Encontro Comercial Braztoa, o evento recebeu o número de 29.416 participantes, ultrapassando a estimativa de crescimento de público para a edição 2019 (que era de 10% em cima dos 23,3 mil visitantes de 2018). A maior feira de negócios do setor de viagens e turismo da América Latina recebeu 2 mil marcas expositoras e gerou 1.700 empregos diretos e indiretos”, informava a organização no último dia do feira.

Black Friday de Viagens para o público final

Uma iniciativa inédita trouxe para o público-final mais de 500 ofertas que iam de 5% a 50% de desconto em pacotes e serviços turísticos nacionais e internacionais. Com certeza essa foi uma grande maneira de pegar o gancho entre a “Semana do Brasil” e a tradicional “Black Friday”.

Acre: uma grata surpresa

Dentre diversos destinos, alguns com stand enormes, outros mais acanhados, estava o Acre, com apenas o espaço de um simples balcão na área do Ministério do Turismo. Mas, lá tive o prazer de conversar com a Secretária de Turismo e Empreendedorismo do Estado, Eliane Sinhasique, que com seu entusiasmo me fez ter vontade de conhecer e desbravar o turismo etnológico, ter experiências ecoturísticas e viver a cultura do estado que, como ela mesma ressaltou bem, lutou para ser brasileiro. Para mim, este foi um grande exemplo de que não basta ter um stand enorme, mas sim, pessoas dedicadas e focadas no objetivo que as levaram na ABAV Expo.  

Ainda falando de destinos, quero ressaltar também a receptividade do Turismólogo Esnandes da Silva, que representava a cidade de Paraupebas e de Abdellatif Achachi, diretor geral do escritório nacional de Turismo do Reino de Marrocos. Ambos também cativaram e estavam dispostos a divulgar seus locais e concretizar negócios. 

Vivalá: volunturismo na veia 

Também de maneira muito acanhada, me chamou atenção um stand quase sem comunicação visual, mas o que tinha me segurou. Um logo minimalista e atrativo destoava da  “breguice” das outras marcas, fora isso, uma palavra: volunturismo. Era a Vivalá, que se coloca como maior operadora que alia voluntariado e turismo no Brasil.  Lá encontrei o assessor de imprensa, Luís Siciliano, que apresentou muito bem o propósito da empresa, bem como seus serviços. 

Depois da feira, mais uma surpresa, fui compartilhar a Vivalá com meus amigos e descobri que um dos meus sócios na INSANE, Cadu Capella Reis, já havia feito cotações com a empresa e a seguia nas redes sociais.

Panrotas marca presença em grande estilo

Por último, mas não menos importante, está o maior veículo do trade de Turismo, a Panrotas. Com certeza, um dos melhores stands, envolvendo experiência e conteúdo, marcou presença, teve grande sucesso e representou a liderança do veículo, perante os concorrentes.  

Thomas Cook: erro de estratégia ou vítima do mercado?

Quem me acompanha por aqui deve achar estranho eu cogitar a possibilidade de uma empresa ser vítima das movimentações do mercado, afinal, se uma instituição não sabe lidar com as variações de seu setor, é a comprovação de que não houve, em nenhum momento, visão estratégica do negócio. Porém, no caso Thomas Cook, acho que vale a reflexão, mas sem eximir a culpa de ninguém.

Essa semana começou com um anúncio que há tempos sabíamos que poderia acontecer, mas nunca acreditávamos nele realmente, afinal, com quase 200 anos, a Thomas Cook sempre foi reconhecida pelo seu pioneirismo, uma instituição referência também por seu posicionamento de marca, como já falei aqui na coluna, mas, o mercado é implacável até mesmo para quem o desbravou (Kodak que o diga).

Já sabíamos que a empresa britânica passava por dificuldade há muito tempo, e isso, hora ou outra, era atribuído ao fato da TC não ter acompanhado a evolução digital do mercado, fora os problemas econômicos enfrentados pela Europa, além do Brexit, que ainda afeta bastante a Grã Bretanha. E baseado nisso eu promovo duas reflexões?

1 – Um mundo caótico 

Crise das nuvens de cinza, em 2010, onda de calor, 2018, aumento dos combustíveis, primavera árabe e o famigerado Brexit, são colocados como uma série de problemas que assolaram o mundo, mas principalmente a Europa, na última década, com isso, acredita-se que o houve uma mudança no consumo do viajante europeu. O que teria sido, juntamente com erros na tomada de decisão, os responsáveis pela falência da gigante britânica.

Porém,  vale ressaltar que, segundo o Holiday Habits Report 2018 da  ABTA, que é a associação dos agentes de viagens da Grã Bretanha, 60% dos britânicos tiraram férias no exterior em 2018, contra 57% no ano anterior, ou seja, pelo menos no último ano, tivemos um crescimento. Talvez tenha sido tarde demais.

2 – Um elefante em uma loja de cristais

Este é um termo que tenho usado muito em minhas consultorias. Falo quando me deparo com uma empresa com uma estrutura gigantesca, o que mostra robustez, mas que também tem dificuldades para realizar seus movimentos de maneira ágil, sem quebrar o que tem em volta. E a Thomas Cook, em minha opinião, se tornou mais um exemplo de uma instituição refém do seu próprio tamanho e da sua tomada de decisão errada. 

Em meados de 2010, enquanto acompanhávamos com expectativa a chegada de startups como Airbnb (fundada em 2008) e víamos a expansão dos serviços online,  a TC fazia uma fusão para expandir suas lojas físicas. Hoje temos a certeza e clareza de que essa não era a melhor coisa a se fazer. 

Quem está no mercado sabe que um movimento errado para uma grande corporação, muitas vezes é infinitamente pior do que para uma pequena empresa. Afinal, com o perdão da analogia, quem consegue fazer uma curva, mudança de rota, de maneira mais rápida, um jet sky ou um transatlântico? 

Difícil de acreditar

De qualquer forma, ainda não me acostumei com  o fato de não ter mais a Thomas Cook como referência, mas como já disse aqui, o mercado é implacável e não tem dó nem de que quem o criou e desbravou.

Agora, resta saber qual será a próxima, a se reinventar ou morrer, afinal, uma coisa é certa, vivemos em um mundo dinâmico, onde as mudanças, que há 200 anos demoravam cerca de 30 anos para acontecer, hoje são realizadas a cada 5 e a tendência é que daqui a pouco reduza para 3 anos.