Gol ou Gool? Como uma mudança de logotipo pode influenciar a percepção da marca

Sem muito alarde, por meio de um comunicado interno e algumas inserções na imprensa. Foi assim que ficamos sabendo, no fim do mês passado, sobre essa singela mudança no logotipo da Gol Linhas Aéreas, a aproximação dos dois arcos que formam a letra “O”. Sinceramente, como um estudioso e gestor de marca que sou, se fosse um cliente meu também não faria alarde algum. Não tem necessidade, ainda mais sabendo dos reais motivos da modificação.

Porém, esse tema é um prato cheio para eu falar com vocês sobre branding e como um ponto específico de uma marca, o logotipo, pode influenciar no entendimento do público, seja em relação ao nome ou na visão do que a empresa faz.

Voltando para a mudança da Gol, segundo apurei pela própria imprensa, aconteceu, pois em países em que não se fala português, e para pessoas que não têm tanta relação com a marca, a pronúncia do nome ficava algo parecido com “Gool”. O que foge da real entonação do nome da empresa. Nome esse que foi criado justamente para parecer mais simples no entendimento de seus stakeholders.

Precisa disso?

Você deve se perguntar se vale a pena fazer tal mudança, tão pequena por causa da forma que as pessoas pronunciam? Afinal, ela se reflete em mudança em toda a comunicação da empresa, desde assinaturas de e-mail, até a pintura das aeronaves. E estamos falando de uma empresa que já alterou drasticamente sua marca em 2015. E eu lhe digo que vale.

Para compreender, é preciso entender o estado atual da marca e as movimentações comerciais da companhia. Segundo pesquisa DataFolha, divulgada no “28ª edição do prêmio Top of Mind”, a Gol é a companhia aérea mais lembrada do Brasil e a segunda marca mais fixada na mente dos brasileiros, quando o assunto é agência de viagens.  Fora isso, a empresa tem expandido sua atuação internacional, como o aumento de rotas para os EUA, através da parceria com a Delta, e os voos para o Equador, que começam em dezembro deste ano.

Esses dois pontos, para mim, são determinantes para validar a mudança no logotipo da empresa, mesmo sendo só uma parte da marca. Afinal, trabalhar o branding é tangibilizar os reais atributos da empresa, é colocar em prática a verdade da instituição, e isso está totalmente ligado ao business e sua evolução.

 

POR QUE SEMPRE TEMOS A IMPRESSÃO QUE O TURISMO BRASILEIRO PODE MAIS?

O Brasil é um país que tem um dos patrimônios naturais e biodiversidade mais ricos do planeta. Ao todo, nossa costa passa dos sete mil quilômetros, somos o quinto em extensão territorial, quem nos visita pode buscar praias, florestas, montanhas, megalópoles cosmopolitas, grandes eventos culturais e esportivos, ou seja, uma gama para todos os gostos. Mas, qual o motivo do nosso país ainda não estar nem entre os dez principais destinos dos turistas do mundo, segundo pesquisas da Organização Mundial do Turismo, e, muitas vezes, ser preterido pelos próprios brasileiros na hora da escolha da viagem?

A atividade turística é hoje um dos cinco setores que mais gera renda no Brasil, no ano de 2016 o Governo Federal investiu quase 60 milhões no setor. Com isso,  mais de 70 mil empregos foram gerados, alimentou o comércio regional, contribuiu para a sustentabilidade das regiões visitadas e movimentou a produção, distribuição e consumo de bens e arte locais, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas.

Porém, mesmo sendo comprovadamente uma área lucrativa e com muitas vantagens para a nossa economia, ainda precisamos evoluir muito. Segundo dados de 2017, do Fórum Econômico Mundial, de 136 países, o Brasil ocupa o 27° lugar no ranking de Competitividade Turística no Mundo. Constatar que ganhamos uma posição em relação ao estudo anterior, é um alento, porém, saber que estamos atrás de México e Malásia, além de outros países com menos atrativos turísticos, deve sim ser um sinal de alerta para o nosso segmento.

Ainda segundo a pesquisa, que é liderada pela Espanha, nós recuamos em diversos setores, vale destacar a sempre tão falada segurança, a higiene, a tecnologia e o recuo do Brasil como um ambiente para negócios.  Por mais que tenhamos melhorado em infraestrutura, grande responsável pela evolução brasileira, ainda estamos muito aquém do potencial que temos.

Os dados acima não são novidade para ninguém, a todo o momento, em meetings, eventos e feiras da área, nos deparamos com lamentações de como o Brasil poderia ser o destino mais procurado do mundo, seguido disso vêm reclamações em relação ao poder público. É aí que temos que refletir um pouco mais. Sabemos que grande parte do desenvolvimento do Turismo brasileiro depende da intervenção pública, porém, tenho certeza que a evolução do mercado deve passar pelo engajamento e comprometimento das empresas que compõem o setor.

Sobram lamentações e faltam ações efetivas dos players do setor para fomentar ideias e realizações que visem o cliente. Falta também um trabalho sério de marketing, estratégia e comunicação que atue diretamente com os stakeholders que consomem o nosso mercado, ou seja, os vários tipos de turistas que buscam as mais variadas formas de sair de seu habitat.

Tendo em vista o turista como principal agente de riqueza, pois sem ele não haveria sentido nenhum a criação de produto ou serviço turísticos, acredito que o marketing como ferramenta para o setor tem um peso fundamental, levando em conta que é uma estratégia com um conjunto de atividades que facilitam a realização de trocas entre os diversos agentes que atuam, direta ou indiretamente no mercado.

Devido ao aumento das exigências dos clientes por produtos e serviços de qualidade a preços justos,  a indústria hoteleira e os agentes de viagem precisam se adequar aos novos tempos, desenvolvendo uma gestão de marketing que garanta a satisfação do turista.

Sendo assim, por mais que tenhamos problemas em nosso setor, a relação marketing e turismo tem um vasto campo a ser desbravado, analisado, estudado e praticado. Portanto, uma gestão profissional, estratégica e eficiente é extremamente necessária para que os profissionais que fazem o turismo do Brasil não fiquem reféns do poder público, mas sejam os responsáveis pela mudança que queremos em nossos país.