Pessoas e Tecnologia:  a relação que pode salvar sua empresa

No último sábado, participei do Fórum Mestre GP, do Instituto Mestre GP, que é uma das, se não a única, instituição voltada para a gestão de projetos do universo das empresas de Marketing, Publicidade e Comunicação. Estive lá, afinal, como vocês já sabem, meu business, com a INSANE Marketing e Comunicação e o Portal Mochilaí, é totalmente voltado para esse segmento.

Porém, mesmo não sendo um evento voltado para o turismo, foi possível tirar diversos insights que são determinantes para o sucesso de qualquer empresa. Lá, tive a oportunidade de participar de diversos painéis de discussão, com vários profissionais de grandes agências: Publicis, Ogilvy, Artplan, Y&R e DPZ&T; além de instituições e empresa renomadas: Fundação Getúlio Vargas, Whirlpool e Itaú Unibanco, além do suprassumo do evento, que foi a palestra do José Salibi Neto, coautor do livro Gestão do Amanhã e um dos fundadores da HSM.

E dois pontos me chamaram muito a atenção: 1- Como a gestão de pessoas tem sido determinante no sucesso de uma empresa / 2- Como devemos acompanhar a evolução da tecnologia para não sermos engolidos por ela – esse último tem muito a ver com o segmento do turismo. E vou tentar falar um pouco sobre os agora, no decorrer do texto.

Gerir pessoas é chave do sucesso

Falar de pessoas e como extrair o melhor de cada um no dia-a-dia, é abrir um alçapão de complexidades. Afinal, eu teria que discorrer sobre gerações, estrutura emocional, entre outras coisas. Porém, vou me apegar há alguns insights que foram passados.

Em praticamente todos os painéis, foi falado da importância em manter o colaborador no centro da decisão da empresa. Hoje, é essencial manter o profissional como parte determinante da construção de uma companhia sólida. Para isso, temas como diversidade, liderança compartilhada, seleção às cegas e resiliência devem ser discutidos e aplicados nas organizações.

Tecnologia: saiba como usá-la ou seja engolido

O painel com José Salibi Neto foi um espetáculo à parte, pois só uma pessoa que vive há tempos no mainstream da inovação, sabe o quanto é importante estar atendo ao futuro. E isso é exatamente o que eu vejo que falta em parte do mercado de turismo.

Enquanto de um lado temos plataformas que estão revolucionando o setor, como: Airbnb, Decolar, Trip Advisor, entre outras. Do outro, temos uma enorme parcela que não está sabendo lidar com o avanço desses players  e estão sendo engolidos, gradativamente, por não encararem de frente essas mudanças e buscarem formas de adequar e ressignificar o business.

Então, deixo vocês com uma frase que me fez refletir muito sobre como eu estou me preparando para o que está por vir. “Não adianta saber das coisas quando todo mundo já sabe. Você já está atrasado”, José Salibi Neto.

 

Caso Thomas Cook: mais uma da série “posicionamento é renúncia”

Toda vez que me aprofundo no universo das marcas fico fascinado pela forma que os valores das empresas se representam na prática, porém, quando falamos de causas socioambientais, fico sempre com um pé atrás. E isso não é pelo fato de eu ser desconfiado, mas sim, porque temos diversos exemplos de empresas que levantam bandeiras aleatórias e não vivem o que defendem. O que é muito prejudicial, afinal, o público sabe realmente quem vive o que diz.

Porém, essa semana todos nós fomos impactados com a atitude de uma marca que realmente está aplicando os valores que defende, gerando um embate de gigantes. No finalzinho do último mês, a inglesa Thomas Cook,  considerada a primeira agência de viagens do mundo, fundada em 1841, e um dos maiores operadores turísticos atualmente, anunciou que não vai mais vender ingressos atrações de animais que mantenham orcas em cativeiro. 

Essa é uma evolução de outra determinação, passada há tempos, que informava que a instituição não venderia mais viagens a parques de animais que não fossem 100% compatíveis com os padrões de bem-estar animal da ABTA (Associação Britânica de Agentes de Viagens). Com isso, cerca de 40 parques ou destinos foram auditados, 29 foram removidos da lista dentre eles, o gigante Sea World, que ano após ano vem sofrendo pressão externa sobre sua atuação com os animais em cativeiro.

Até onde uma marca deve ir para cumprir seus valores?

Não existe limite no cumprimento dos valores de uma instituição. Desde que suas causas sejam honestas e realmente condizentes com os valores da empresa, elas devem ser cumrpridas. Mesmo que isso acabe por eliminar um público que pode ser um consumidor ativo, como é o caso da Thomas Cook, que abriu mão de fãs de shows com orcas. Porém, é o que o título do artigo diz , “posicionamento é renúncia”. E é muitas vezes a renúncia do dinheiro, afinal, essa parcela de fãs do Sea World não vai deixar de visitar o parque quando for a Orlando, na Flórida.

Como uma pequena empresa deve trabalhar seu posicionamento 

Trazendo para a realidade brasileira, é claro que, para quem se identifica com os valores expostos acima, não é fácil abrir mão de parte do seu faturamento. A TC é uma gigante mundial, e seu posicionamento foi construído e fortalecido ao longo de mais de 100 anos. Neste caso, minha sugestão é que a marca não levante essa bandeira, pois não seria condizente com sua realidade.Tente ajudar de outra maneira. Pelo menos até ter autonomia para viver o que diz.

Não é fácil construir e entender o universo de uma marca, a relação entre quanto custa defender um ideal é sempre muito delicada. Aqui em minha coluna já falei tanto sobre a importância do valor de marca, quanto da importância de ter um propósito.

Conheça algumas diretrizes socioambientais da ABTA e da Thomas Cook:

Thomas Cook: What is Sustainable Tourism?

Thomas Cook Sustainability

ABTA: animals in tourism

ABTA: Global Welfare Guidance for Animals in Tourism

 

Qual é mesmo o seu propósito?

Em meu texto sobre Branding, aqui na coluna Mindset, eu falei que um dos pontos importantes de uma marca era ter um propósito. Ao longo das semanas, algumas pessoas me perguntaram qual a relevância de definir um para uma empresa. Que isso seria algo secundário ou até irrelevante, já que existem os conceito de missão, visão e valores, tão difundidos no meio corporativo.

Antes de me aprofundar no propósito, gostaria de esclarecer alguns pontos:

O que é Missão?
O caminho que a empresa vai seguir. Ela deve estar presente em ciclo estratégico.

O que é Visão?
É a definição de qual é o futuro da empresa. Sua projeção para os anos seguintes.

O que é o Valor?
São atributos, princípios e crenças que formam a instituição.

E o Propósito?
É aquilo que se busca alcançar. O que guia e inspira quem faz a marca acontecer.

Após as devidas apresentações, vamos lá. É importante entender que nada se substitui, todas as definições são válidas e importantes para nortear o seu negócio, mas hoje o assunto é o propósito.

O propósito tem que ser o motivo mais honesto e “romântico” da sua existência. A partir dele, as decisões devem ser tomadas, baseando-se na essência da instituição e com um resultado que vai além da simples definição da sua atuação. Por exemplo: uma agência de viagem tem como resultado final de sua atuação, vender pacotes e atender o cliente que deseja viajar. Mas, seu propósito pode ser oferecer as melhores oportunidade de experiências para as pessoas que desejam viajar. A partir disso, se o propósito estiver realmente intrínseco no cotidiano dos colaboradores, o atendimento ao cliente será cada vez personalizado e humanizado, fidelizando seu público.

Buscando mais referências, a sua definição deve ser inspiradora e instigante como o propósito da Disney, que é “criar felicidade para seus guests”(os guests são os clientes, carinhosamente chamados de convidados). E também deve servir para posicionar a empresa. A Latam, por exemplo, colocar a diversidade como raiz do seu propósito, isso faz com que, na prática, suas contratações busquem pessoas de diversas etnias, gêneros, religiões, etc.

E agora eu refaço a pergunta do título. Qual é mesmo seu propósito? No vídeo abaixo eu dou algumas dicas de como definir o propósito de sua empresa.