O turismo na Turquia vive um momento crítico: pela primeira vez, em 16 anos, o número anual de turistas estrangeiros em Istambul apresentou queda, caindo de 36,2 milhões de visitantes em 2015 para 9,2 milhões em 2016. O fato, como sabemos, se deve à terrível onda de ataques sangrentos à Turquia no ano passado, que repeliu os turistas, já que um dos fatores primordiais para uma viagem de férias é o quesito ‘segurança’.
No mês em que se encontra o Dia Internacional de Combate à Intolerância Religiosa, é impossível não comentar o tema. O destino mais procurado no país, Istambul, antes agitado e ocupado com visitantes de luxo, foi o maior alvo de ataques de extremistas e sofre com seus bairros e pontos turísticos quase desertos.
Para a Turquia, o turismo é uma peça-chave da economia, sendo fonte substancial de moeda estrangeira e geração de receita. Em 2015, o setor faturou US$ 35,5 bilhões no país. O impacto na indústria de turismo e viagens gerado pelos atentados é devastador para todas as esferas relacionadas e também para as finanças do país. Só Istambul é responsável por 4,5% do PIB turco.
É impossível não lamentar o cenário atual do país após se deparar com as palavras de Cetin Gurcun, secretário-geral da associação de agências de viagens da Turquia, TURSAB, de que “2016 foi um ano perdido para o turismo turco”. E pior: mesmo em 2017, é um ano que parece não acabar para o setor na Turquia.
Com projeções ainda perturbadoras por parte dos profissionais da indústria no país e com a incerteza do desempenho futuro do setor (principalmente após o último atentado em Istambul, em uma festa de Ano Novo, que reforçou ainda mais o recuo dos turistas) as autoridades governamentais sabem, no fim das contas, que é impossível desistir do turismo.
O turismo é a indústria da paz. É sobre receber o que vem de longe, abraçar o desconhecido, aceitar o incomum e se surpreender com o novo. É espantoso que, diante da evolução das relações pessoais, tecnológicas e diplomáticas, ainda precisamos discutir terrorismo e sofremos com as consequências dos ataques. Que em 2017 novidades patrimoniais, naturais e culturais dos destinos ocupem os noticiários e que se inicie um ano transformador, de aceitação da diversidade, respeito às culturas e aos povos, na Turquia ou em qualquer lugar do mundo.
Published by