A pasta do turismo

A manutenção da pasta do turismo é uma boa notícia recebida pelo setor nessa quarta, 28/11.

A anunciada fusão do Ministério com Cidades e Integração traria danos irreversíveis ao segmento que pode gerar empregos, atrair investimentos e aumentar a arrecadação de divisas. Depois desse anúncio, os passos importantes serão a nomeação de pessoas com conhecimento na área e a existência de um orçamento à altura dos desafios que virão pela frente.

Da mesma forma, a continuação das políticas públicas essenciais como o Plano Nacional de Turismo 2018-2022 e o Conselho Nacional de Turismo, podem fazer com que muitos projetos não sejam começados do zero, ou outros abandonados.

Vale aqui lembrar das propostas elaboradas pelas entidades de turismo por meio do Conselho Empresarial da CNC, que é a contribuição dos empresários aos rumos do turismo no país. O documento já foi entregue ao então candidato Jair Bolsonaro, e poderá ser também um instrumento do novo Ministro e sua equipe.

Cada vez mais, a participação efetiva e forte das entidades e empresários se torna uma condição fundamental para os avanços do setor, sem depender de governos, mas interagindo para que cada um possa fazer bem sua parte. Falamos um pouco sobre isso no post da semana passada.

Conheça aqui as propostas do Conselho Empresarial da CNC.

Impacto da receita e despesa cambial nas viagens no Brasil

O ano está chegando ao final, e vale uma análise de como estão se comportando a receita e a despesa das contas de turismo no Brasil.

Essa semana o  Banco Central divulgou os dados desses indicadores, até o mês de outubro deste ano. E a receita cambial referente aos gastos dos turistas estrangeiros sofreu uma queda de 1,58% em comparação com outubro do ano passado. Já no acumulado do ano, de janeiro a outubro de 2018, o percentual é positivo: 3,00% superior ao mesmo período de 2017.

Nos parece um indicador de que o gasto dos estrangeiros não tem aumentado de forma proporcional ao que pensaríamos em relação ao dólar alto. Dólar alto deveria ser mais atrativo aos estrangeiros. Portanto, será que a instabilidade econômica e política influenciaram essa decisão? Ou nossos concorrentes estão mais fortes? Ou nossos produtos ainda precisam de mais competitividade? Precisamos de promoção mais efetiva no exterior? Como vai ficar a imagem do país com o novo governo? Quais outros fatores você acrescentaria?

Com relação à despesa cambial turística, o percentual foi de 2,06% inferior na comparação dos meses de outubro deste ano com outubro de 2017. Um percentual não tão acima do acumulado do ano (de janeiro a outubro de 2018), cuja despesa cambial correspondeu a um percentual de 1,93% inferior ao mesmo período do ano passado. Aqui nos parece que o dólar influenciou nos gastos e viagens ao exterior dos brasileiros. A flutuação da moeda durante o ano, e a chegada ao patamar de R$4,00, somado ao período eleitoral e à situação econômica, nos leva a verificar que as viagens ao exterior foram impactadas negativamente em 2018.

Os brasileiros pretendem gastar mais no verão?

Segundo uma pesquisa realizada pelo Booking.com 34% dos brasileiros pretendem gastar mais nas férias de verão. Uma porcentagem considerável, uma vez que a mesma pesquisa aponta que 60% dos brasileiros acreditam que a crise econômica vai afetar a viagem de alguma maneira.

O aumento dos gastos não deixa de ser um reflexo da predileção de boa parte dos brasileiros por essa época do ano. E, considerando que a maioria dessas viagens será realizada dentro do território nacional, a região mais beneficiada com esses gastos deverá ser a região Nordeste, que detém 60% da preferência dos viajantes como destino. Esses dados também mostram que, optando pelos destinos nacionais, os brasileiros aumentaram a possibilidade de gastos. A não necessidade de conversão da moeda, e uma provável consequente desvalorização, pode permitir mais dias de viagem e mais poder de compra.

Mas para além dos 34% citados, há um número expressivo de turistas que pretende manter o percentual de gastos ou, ainda, diminuí-los. No caso deles, existem algumas alternativas para economizar. Uma das possibilidades é a realização de viagens mais curtas. Hospedagens mais baratas também pode ser outra opção. Assim como, para os que vão viajar de avião, ficar atentos às promoções de passagens aéreas.

O que virá?

Em tempos de mudanças de governos, temos percebido em nossas andanças, já há algum tempo, uma transformação na atuação dos atores públicos e nos empresários de turismo do Brasil. A sensação é de que os governos (federal, estadual ou municipal) estão cada vez menos atuantes no campo do turismo. Por uma lado há a junção da pasta com outros setores como cultura, esportes, e até cidades; por outro, diante dos déficits fiscais, há a diminuição de orçamentos dedicados ao setor. E percebemos, ainda, casos de indicação partidária com perfis totalmente inadequados para o turismo.

Nesse cenário, como fica a atuação do setor privado e das entidades de turismo? Todos em xeque. Com a dependência histórica das verbas, e das atuações descontínuas dos governos, os empresários ainda não encontraram um caminho de atuação independente e forte. Não há ações conjuntas numa indústria já fragmentada por natureza; há, muitas vezes, entidades com pouca representatividade e que não inovam na forma de fazer o associativo.

Queremos ser uma indústria forte? Queremos fazer lobby? Fica a minha reflexão, na torcida para que empresários do turismo brasileiro, dos diversos segmentos, possam liderar mais os processos ligados à promoção e comercialização de produtos e destinos turísticos.

 

Melhores cidades para viajar em 2019

Temos falado bastante sobre o turismo de cidades por aqui. Por esse motivo, resolvemos trazer a lista das dez melhores cidades para viajar em 2019, de acordo com a Lonely Planet. Você pode conferir a lista abaixo:

  1. Copenhague (Dinamarca)
    Capital da Dinamarca, Copenhague é considerada uma cidade bastante agradável. Repleta de arte, tem em sua arquitetura um de seus pontos fortes. Além de contar com uma infraestrutura de transportes moderna e uma gastronomia de excelência.
  1. Shenzhen (China)
    Considerada uma das cidades mais inovadoras da China, Shenzhen é um modelo de cidade planejada e inteligente. Preocupada em investir em um desenvolvimento sustentável, ela também tem uma vasta oferta culinária e de entretenimento. E é palco para diversos festivais de música.
  1. Novi Sad (Sérvia)
    A segunda cidade da Sérvia é uma cidade jovem e de ambiente mediterrâneo. Possuidora de uma zona de cultura alternativa, será Capital Europeia da Juventude em 2019.
  1. Miami (EUA)
    Entre as cidades mais populares do mundo, Miami pode ser a combinação perfeita de descanso com diversão. Local de acontecimento de um dos maiores eventos de arte contemporânea da América, também tem uma gastronomia diversificada e uma vida noturna intensa; além das famosas praias, claro.
  1. Katmandu (Nepal)
    Capital do Nepal, Katmandu se recupera do terrível terremoto de 2015 e hoje volta ao seu ritmo habitual, com uma agitada vida urbana e seus cafés e restaurantes exóticos. Em março de 2019 a cidade acolherá os Jogos Sul-Asiáticos.
  1. Cidade do México (México)
    A cidade é uma das maiores metrópoles do mundo. Possui mais de 150 museus e uma arquitetura diversa, que mistura construções históricas e contemporâneas. Com uma culinária reconhecida como patrimônio mundial pela Unesco, lá é também onde se encontra a famosa Casa Azul de Frida Kahlo.
  1. Dakar (Senegal)
    Considerada como um novo foco turístico da África Ocidental, tem praias de beleza singular e um cenário que esbanja criatividade. É uma das quatro cidades históricas do Senegal.
  1. Seattle (EUA)
    A cidade é um grande centro financeiro, comercial, industrial e turístico. Considerada elegante, ela é uma “cidade global”. É também uma cidade portuária e que possui bons museus e diversas propostas culturais.
  1. Zadar (Croácia)
    Com mais de 3 mil anos de história, é recheada de atrações culturais e belezas naturais. O novo se equilibra com o antigo em um cenário que dá lugar para antigas ruínas e projetos inovadores.
  1. Mequinez (Marrocos)
    Mequinez ainda não está entre as cidades mais conhecidas mundialmente, mas tem vários atrativos turísticos. É uma das maiores cidades do Marrocos e uma das mais importantes historicamente, para além disso ainda é financeiramente acessível.

 

8 megatendências que influenciarão o turismo

O Euromonitor International divulgou um novo relatório, no World Travel Market (WTM) de Londres, sobre as megatendências que moldam o futuro das viagens. A proposta da pesquisa é ajudar na compreensão das mudanças de comportamentos dos consumidores e como elas impactam os países e indústrias, mostrando como o setor turístico está se desenvolvendo globalmente dentro do ambiente econômico e social. No relatório foram divulgadas oito megatendências que abrangem consumidores de todo o mundo, comentadas abaixo:  

  1. Desconstruindo a viagem do cliente: a maior parte dos viajantes ainda está “presa” nos processos tradicionais que abarcam desde o momento de preparação da viagem até à volta para casa, deixando pouco espaço para a personalização. Mas isso tem mudado. Com a finalidade de elevar o grau de fidelização dos clientes, alguns agentes de mercado têm procurado envolver os viajantes fora das fases de engajamento tradicionalmente compreendidas, favorecendo, também, a personalização de experiências.
  2. Resíduos plásticos: Uma maior preocupação com o meio ambiente já é uma realidade em uma parcela dos viajantes globais. E a conscientização sobre os efeitos negativos dos resíduos plásticos aumentou consideravelmente entre eles. Isso tem levado diversas empresas do setor a buscar propostas mais sustentáveis e alternativas viáveis que conversem com esses clientes.
  3. A alegria de perder (The Joy of Missing Out): trata-se de uma tendência recente que veio para contrariar a hiperconectividade. Estimulados por um desejo de aproveitar o momento sem distrações, os turistas buscam “experiências off-line”. E os atores de mercado estão atentos a isso.
  4. Conservation China: nas últimas décadas, o mundo tem estado atento a modernização da China. Ao mesmo tempo em que, por vezes, se observa a imagem da China associada ao desrespeito com o meio ambiente. Por esse motivo o país está mudando, considerando a conservação e vendo o turismo como uma forma de impulsionar as economias rurais.
  5. Blurring Industry Lines: as marcas de varejo estão mais atentas à indústria de viagens para aumentar os pontos de contato com seus clientes. Seguindo a lógica de que as pessoas viajam em um período limitado do ano, mas consomem o ano inteiro, essas empresas começaram a pensar em produtos e serviços para alcançar esse público em qualquer época.
  6. Economia compartilhada ganhando os céus: aqui os consumidores optam por pagar pelo acesso/compartilhamento de bens e serviços dentro de um determinado período de tempo, baseando-se na negociação e não na propriedade. É a chamada “economia de acesso”, facilitada por serviços como reservas de transportes e hospedagens alternativas que contribuem, também, na personalização das viagens.
  7. Experiências “facilitadas”: essa megatendência aponta o uso da tecnologia na facilitação das jornadas de viagens. Como exemplos são citados a biometria e o reconhecimento facial, que estão se tornando cada vez mais comuns nos aeroportos. Os viajantes buscam ter seus processos de viagens facilitados e isso é algo que já pode ser proporcionado pela inovação tecnológica.
  8. Trading Down: agentes de mercado estão procurando ampliar o alcance de seus clientes atingindo aqueles que tem menor poder aquisitivo, através de recursos como, por exemplo, facilidades de pagamento. Essa preocupação se dá pelo perceptível crescimento econômico de algumas camadas sociais em determinadas localidades do globo. E acaba se refletindo no crescimento de voos de baixo custo e numa movimentação para aumentar a segmentação de hotéis.

Muitas dessas tendências também já são realidade do Brasil, é ficar atento para não perder tempo e transformar para se adaptar e inovar.

Valorização do dólar influencia turistas brasileiros

Os gastos dos turistas internacionais no Brasil cresceram 3,4%, de janeiro a setembro deste ano, em comparação com o mesmo período no ano passado. Essa porcentagem é referente às compras realizadas por cartão de crédito e às trocas oficiais de moeda. E, segundo o Banco Central, ela equivale a soma de US$ 4,51 milhões.

Por outro lado, os gastos dos brasileiros no exterior caíram de US$ 1,72 bilhão no ano passado para US$ 1,19 bilhão, em 2018, no mês de setembro. O que pode ser explicado substancialmente pela desvalorização do real neste ano, principalmente no início do segundo semestre.

Atualmente o dólar opera em alta e ronda R$3,70. Já o euro comercial está custando R$ 4,22. E esses valores têm bastante implicação no mercado turístico. Com a alta dessas moedas os gastos dos brasileiros tendem a diminuir porque dentro deste cenário busca-se reduzir o orçamento para as despesas em viagens no exterior, quando não se chega a adiar ou cancelar essas viagens. Mas vale lembrar que, por outro lado, o valor ainda termina por ser bastante atrativo para os estrangeiros virem ao Brasil. É o que expressa esse crescimento de 3,4%.

Mas não se deve esperar um quadro desanimador para os turistas brasileiros. Por exemplo, segundo a operadora de turismo CVC as suas reservas confirmadas somaram 3,48 bilhões de reais no terceiro trimestre. Número expressivo que totaliza um aumento de 30% comparado ao mesmo período em 2017, mostrando que os brasileiros continuam realizando suas viagens. E ainda neste campo, há de se considerar também que a alta do dólar pode contribuir para impulsionar o turismo interno ou por países da América do Sul. O que não pode ser encarado como algo negativo.

 

O crescimento do turismo de experiência

Pacotes de viagens genéricos, que não conversam com as especificidades de cada cliente estão cedendo espaço para a busca por experiências personalizadas. Os novos viajantes estão se desprendendo das tradicionais atrações turísticas e buscando vivências únicas que conversem com seus anseios e possam proporcionar um impacto interior.

Esses turistas querem vivenciar a cultura do destino, se envolver com comunidades locais, ter uma experiência exclusiva. Por isso, também, o aumento na procura por viagens que gerem algum retorno cultural, ou de aprendizados que podem abranger campos diversos, já citados aqui.

Os anseios por descobrir lugares diferentes e interagir com coisas novas, que fogem do cotidiano dos viajantes, têm influenciado consideravelmente nas escolhas dos destinos e na maneira como se organizam as viagens. Esse perfil cada vez mais crescente de clientes deseja personalização.

E como os fornecedores de produtos e serviços que estão há anos atuando no mercado turístico podem acompanhar essa tendência?

Segundo uma pesquisa da U.S. Experiential Travel Trends, realizada com 2.341 entrevistados, a maioria dos viajantes (65%) disse que prioriza o retorno de uma viagem tendo experimentado algo novo nela, e 63% informaram procurar experiências de viagem que lhe tragam uma nova perspectiva sobre o mundo.

Que nós, atores do mercado turístico, estejamos sempre aptos a perceber, e se adequar, a necessidade de cada cliente, o que que eles buscam alcançar e quais são as novas tendências as quais precisamos estar atentos. Conhecer bem o cliente a fim de atender seus anseios e personalizar o atendimento é sempre a opção mais pedida.

 

Como lidar com o overtourism?

Com o crescimento das city trips algumas cidades têm enfrentado diversos problemas como consequência do overtourism. Os problemas enfrentados por esses centros urbanos são ocasionados não só pela quantidade de visitantes como pelo comportamento destes. É o caso, por exemplo, de destinos como Amsterdã, cujo número de visitantes cresceu mais de 60% na última década. Esses viajantes são atraídos pelas facilidades desse tipo de destino, já mencionadas aqui. São fatores como acomodações de baixo custo e voos baratos que contribuem para a maior entrada de turista nesses locais.

Amsterdã lida frequentemente com o grande número de visitantes e com o mau comportamento deles, que chegam a cometer excessos como urinar em locais públicos e obstruir vias públicas. E por causa disso, desde 2016 as autoridades locais começaram a tomar algumas medidas para solucionar o problema. Limitaram o número de ônibus de turismo estacionados no centro, aumentaram o número de fiscais nas ruas, estabeleceram a aplicação de multas para quem for pego descumprindo regras e produziram campanhas publicitárias que buscam conscientizar os turistas sobre a importância de respeitar a cidade e seus moradores.

É bem provável que os problemas desencadeados pelo excesso de viajantes e pela maneira como eles se comportam nos destinos continuem a acontecer em diferentes centros, e, por causa disso, medidas como as que foram tomadas por Amsterdã se fazem extremamente necessárias. São elas que podem, a médio prazo, conscientizar turistas ao redor do mundo e solucionar, ou amenizar, esses problemas. E diante desse cenário, agentes turísticos, e demais profissionais do setor, também podem contribuir com esse papel.

Quais as tendências de viagens para o próximo ano?

 

 

 

Quais são as tendências de viagens para os espanhóis no próximo ano? Um estudo realizado pelo Booking.com, e comentado pelo Hosteltur, buscou revelar as preferências dos viajantes espanhóis, o que eles consideram no momento de escolha do destino e o que pode ser esperado das escolhas deles para o ano que vem.

Segundo a análise feita, mais da metade dos espanhóis consideram os problemas sociais do destino na hora de decidir para qual local viajar. E entre as principais motivações para as viagens está a aprendizagem que pode ser adquirida com a experiência, o que pode levar a um aumento na busca por intercâmbios culturais, viagens de voluntariado e experiência de trabalho em outros países.

Sobre a busca por novas tecnologias o relatório mostrou que os espanhóis seguem a “propensão mundial” de passageiros que buscam as inovações para melhorar a eficiência de suas viagens, fazendo uso de aplicativos que permitem rastrear a bagagem em tempo real ou que planejam detalhes das viagens e fazem reservas. Assunto já comentado por aqui.

Os viajantes também se mostram cada vez mais preocupados com o impacto das suas presenças nos destinos, procurando experiências sustentáveis e com compromisso social. Ao mesmo tempo em que priorizam autenticidade e personalização, valorizando recomendações individualizadas que se integrem às suas consultas diárias.

Pode-se dizer, então, que em 2019 espera-se mais personalização e sustentabilidade. E é importante que os agentes de atuação dentro do mercado turístico estejam atentos a isso. Ao se manterem informados, os autores de mercado aumentam a possibilidade de fidelização de seu cliente e contribuem para a evolução do setor turístico em diversos campos. E embora as considerações mencionadas sobre o estudo personalizado contemplem as tendências dos viajantes espanhóis é possível traçar uma conexão com as tendências de viajantes, de diversos países, que possuem o mesmo perfil. Há uma inclinação mundial que pode ser notada aqui.