RedNote: a plataforma que influencia os viajantes chineses e pode transformar o turismo global

Com a retomada das viagens internacionais, os turistas chineses estão cada vez mais buscando recomendações autênticas e personalizadas para suas experiências. Nesse cenário, o RedNote – conhecido na China como Xiaohongshu – se destaca como uma das principais plataformas para inspiração e planejamento de viagens. Para marcas do setor turístico que desejam atrair esse público, entender como essa rede funciona pode ser um diferencial estratégico.

O impacto do RedNote no turismo chinês

O RedNote começou como um marketplace focado em produtos de luxo, mas rapidamente evoluiu para uma comunidade digital onde os usuários compartilham experiências sobre gastronomia, hospedagem e atividades locais. Atualmente, a plataforma conta com mais de 300 milhões de usuários registrados e tem sido fundamental na forma como os chineses planejam suas viagens. Especialistas locais dizem que o RedNote já é o primeiro lugar onde os chineses buscam inspiração para viagens. Em 2021, a cena gastronômica asiática de Düsseldorf, na Alemanha, viralizou na plataforma, impulsionada pela hashtag #weekendtriptoDusseldorf. Isso beneficiou diversos negócios locais, como a padaria chinesa Boaobao, que usa o RedNote como seu principal canal de divulgação.

A retomada do turismo chinês e o Brasil

Até recentemente, muitos destinos internacionais ainda aguardavam a recuperação do turismo chinês. No entanto, eventos como a FITUR 2024 confirmaram que o mercado está de volta e atingindo níveis próximos ao período pré-pandemia. No Brasil, esse movimento também está sendo sentido. De acordo com a Embratur, há uma iniciativa governamental de alto nível para atrair mais visitantes chineses. Para isso, o Brasil está retomando suas campanhas no mercado chinês, incluindo o relançamento de canais digitais, participação na ITB Shanghai e a realização de FAM trips para influenciadores e mídias chinesas em destinos icônicos, como Rio de Janeiro, Cataratas do Iguaçu e Pantanal, o maior pântano tropical do mundo.

Oportunidade para marcas turísticas

O potencial de engajamento do RedNote para marcas internacionais é enorme. Um estudo da Dragon Trail, realizado em janeiro de 2025, revelou que quase 50% das agências de viagens chinesas utilizam a plataforma para impulsionar suas vendas. Além disso, as taxas de conversão são superiores às de outros canais digitais. Um dos grandes diferenciais do RedNote é seu conteúdo altamente autêntico e gerado pelos próprios usuários. De acordo com a Dragon Trail, 90% do conteúdo da plataforma é original, o que fortalece sua credibilidade. Além disso, para manter essa autenticidade, o RedNote limita a quantidade de publicações patrocinadas.

Diferente de redes como Instagram e Pinterest, o RedNote valoriza detalhamento. Os criadores de conteúdo compartilham itinerários completos, avaliações detalhadas e dicas práticas sobre os destinos, tornando-se uma fonte confiável para os viajantes chineses.

O novo perfil do viajante chinês

O comportamento dos turistas chineses está em transformação. A geração nascida após 2000 já representa quase metade do mercado e busca experiências exclusivas, sustentáveis e imersivas.

Entre as buscas mais populares no RedNote em 2024, destacaram-se hashtags como #visa-free, #independente e #experiência. O turismo ligado à natureza, bem-estar e patrimônio cultural também cresceu, com maior interesse por spas, retiros de saúde e turismo ecológico.

Outro fenômeno em ascensão é o nomadismo digital, com jovens viajantes optando por estadias mais longas e imersivas.

Como o Brasil pode se beneficiar do RedNote?

O Brasil tem destinos icônicos e experiências autênticas que podem ser altamente atraentes para o público chinês. Ecoturismo, experiências de imersão cultural e turismo de aventura estão entre as preferências dos viajantes chineses, e destinos como Amazônia, Pantanal e Lençóis Maranhenses têm grande potencial de atração. Mas atenção, tudo no mercado chinês é enorme e complexo, e somente empresas especializadas podem ajudar na entrada no mercado de milhões de viajantes.

Apesar do imenso potencial da plataforma, é essencial que marcas brasileiras tenham uma abordagem estratégica. Os usuários do RedNote são céticos em relação a conteúdo patrocinado e preferem recomendações de microinfluenciadores e criadores de nicho. Para atrair turistas chineses, empresas devem considerar parcerias com influenciadores locais e adotar métodos de pagamento populares na China, como WeChat Pay e AliPay.

O RedNote se consolidou como um canal essencial para o turismo chinês, moldando a forma como viajantes escolhem seus destinos. O Brasil está retomando suas ações para atrair esse público e, para isso, marcas e destinos devem entender as dinâmicas da plataforma e investir em conteúdo autêntico e estratégias focadas na credibilidade.

Embora ainda não tenha uma presença global consolidada, o modelo do RedNote – baseado em recomendações genuínas e conteúdo de usuários – pode ser uma ferramenta poderosa para o Brasil ampliar sua presença no mercado chinês. Se bem explorado, o país pode se posicionar como um destino prioritário para os turistas chineses, aproveitando o crescimento acelerado desse segmento.

Fonte: SKIFT

Recuperação ou Reinvenção? Os Dados Explosivos do Turismo em 2024 e as Apostas do Brasil

O ano de 2024 consolidou uma retomada contundente do turismo global, com 1,4 bilhão de chegadas internacionais, equivalendo a 99% dos níveis anteriores à pandemia. De acordo com as análises e estatísticas da Organização das Nações Unidas para o Turismo (ONU Turismo), esse avanço foi impulsionado pela forte demanda reprimida ao longo de 2020-2022, pela recuperação de mercados-chave e pela melhoria expressiva do desempenho em regiões como Ásia e Pacífico. Enquanto Oriente Médio, Europa e África já ultrapassaram os números de 2019, as Américas atingiram 97% de recuperação, destacando-se o Caribe e a América Central, que superaram os resultados pré-pandêmicos.

PANORAMA GLOBAL

O turismo internacional gerou US$ 1,6 trilhão em 2024, um aumento de 4% em relação a 2019. Esse montante reforça a importância do setor na economia global e aponta para uma retomada acima do esperado, considerando os desafios logísticos e sanitários enfrentados no início da década.

Oriente Médio: Aumento de 32% em relação a 2019, com 95 milhões de chegadas. A região se firmou não apenas como polo de negócios, mas também como destino cultural e de eventos, ampliando sua competitividade internacional.

África: Crescimento de 7% comparado a 2019, totalizando 74 milhões de chegadas. O continente tem fortalecido sua imagem baseada em biodiversidade, cultura e projetos de ecoturismo.

Europa: Com 747 milhões de chegadas, superou ligeiramente os níveis pré-pandemia. Ainda é o maior mercado mundial, beneficiado por diversificação de produtos turísticos e alta integração regional.

Américas: 213 milhões de chegadas (97% de 2019), sobretudo impulsionadas pelo bom desempenho do Caribe e América Central.

A recuperação global reflete a combinação de grande demanda reprimida e políticas pró-turismo, incluindo a flexibilização de restrições de viagem. Contudo, custos de transporte crescentes e a volatilidade geopolítica podem afetar a curva de crescimento em 2025 e além. Nesse cenário, a busca por práticas sustentáveis, compensação de carbono e redução de impactos ambientais ganha espaço, indicando que destinos com projetos sólidos de turismo responsável poderão se destacar cada vez mais.

Mostra, também, que as relações geopolíticas e o novo governo americano trazem maiores desafios para a economia global, as diferenças de blocos e, consequentemente, para as viagens pelo planeta. É ficar de olho.

AMÉRICAS

Com 213 milhões de chegadas (97% dos níveis de 2019), as Américas mantiveram um crescimento robusto de 7% em relação a 2023. O Caribe e a América Central foram os principais motores, reforçando a preferência por destinos “pé na areia” e de turismo de experiência. Em termos de receitas, Colômbia (+37%) e Canadá (+70% em receitas) lideraram os ganhos, demonstrando a força de mercados que investiram em promoção internacional e diferenciação de produtos turísticos.

Na América Latina, destinos emergentes como República Dominicana e Guatemala lideraram a recuperação, capitalizando tendências de ecoturismo e consolidando a região como polo de experiências autênticas. O Brasil, embora não detalhado diretamente nos dados da ONU Turismo, desponta com sua vasta oferta de ecoturismo e crescente interesse em práticas sustentáveis. A combinação de biodiversidade única, cultura diversificada e demanda reprimida por turismo de natureza posiciona o país como protagonista regional — mas também traz à tona a responsabilidade de garantir um equilíbrio entre desenvolvimento e preservação ambiental.

BRASIL: RECORDE HISTÓRICO E NOVAS PERSPECTIVAS

O Brasil encerrou 2024 com 6,65 milhões de turistas estrangeiros, um crescimento de 12,6% em relação a 2023 — um recorde, superando até mesmo os valores gerados durante a Copa de 2014 (US$ 6,62 bilhões nos primeiros 11 meses de 2024).

Dois terços dos turistas chegaram por via aérea, evidenciando a importância de melhorar a conectividade e ampliar rotas, ao mesmo tempo em que se discute a descarbonização do transporte aéreo ou alternativas de compensação de carbono.

Insight Climático:

O Brasil carrega o desafio de equilibrar a expansão turística com a conservação de seus biomas — Amazônia, Pantanal, Mata Atlântica, Cerrado, entre outros. A crescente pressão de turistas em áreas naturais pode acarretar riscos ambientais, demandando fiscalização, limites de visitação e a adoção de protocolos de turismo responsável. Ao mesmo tempo, a proteção de ecossistemas é um ativo estratégico: uma floresta em pé ou um manguezal preservado podem gerar renda para comunidades locais e atrair turistas interessados em experiências genuinamente sustentáveis.

DESAFIOS GLOBAIS DO TURISMO: CONECTIVIDADE, POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS E VISTOS

1. Conectividade Aérea: A decisão de companhias aéreas de encerrar rotas afeta a atratividade de destinos. O caso da Ryanair em Jerez (Espanha) ilustra como tarifas excessivas ou falta de incentivos podem comprometer economias locais. No Brasil, a discutida fusão da GOL e Azul ainda vão trazer muito debate, sempre mostrando a sensibilidade do setor e a possibilidade de retirada de rotas (que já vem ocorrendo), assim como preços ainda altos.

2. Políticas dos EUA

A reeleição de Donald Trump e eventuais políticas protecionistas podem dificultar viagens e reduzir o fluxo de turistas internacionais para os EUA. Vamos acompanhar as medidas e restrições a vistos; além das barreiras de imigração e comerciais mais rigorosas, que podem afetar a demanda global, diminuindo a capacidade de gastos de viajantes e impactando destinos que dependem de conexões via Estados Unidos.

3. Exigência de Visto pela Europa para Brasileiros

A criação de vistos adiciona burocracia e custos, desencorajando potenciais viajantes, como é o caso também da Europa. Nesse caso, para destinos europeus, a redução do fluxo brasileiro implica perdas econômicas, particularmente em países onde o turismo sul-americano representa fatia relevante do mercado.

Reflexões Finais sobre o Brasil e a Agenda Climática

O turismo global avança em meio a incertezas e transformações, mas o Brasil tem a oportunidade de se destacar ao alinhar seu planejamento de longo prazo com a agenda climática. Projetos de conservação, iniciativas de turismo responsável e colaboração com comunidades locais podem servir de vitrine de inovação sustentável. O país reúne biodiversidade única e potencial de hospitalidade reconhecido mundialmente — recursos poderosos para se diferenciar num mercado competitivo e cada vez mais atento às credenciais ambientais.

Contudo, a superação dos desafios passa por políticas públicas consistentes, investimento em infraestrutura verde, formação de mão de obra especializada e parcerias entre governos, setor privado e sociedade civil. A adoção de métricas de impacto (carbono emitido, conservação de habitats, benefícios econômicos para comunidades) permitirá mensurar com precisão o sucesso de iniciativas e corrigir rotas quando necessário.

A transformação do modelo de turismo brasileiro — pautada pela responsabilidade socioambiental e pela inovação — pode ser um legado duradouro, capaz de gerar divisas e preservar os recursos naturais que fazem do país um destino tão singular. À medida que 2025 se aproxima, a urgência de colocar a sustentabilidade no centro das decisões turísticas não é apenas uma exigência de mercado, mas uma responsabilidade global.

TikTok se aproxima mais do turismo com nova ferramenta de anúncios: Travel Ads

Se você acha que o TikTok é somente para jovens e sobre daninhas tente rever sua opinião. A forma como viajantes escolhem destinos e planejam suas viagens está mudando, e o TikTok quer ser um dos novos protagonistas dessa transformação. Durante o evento Skift Megatrends em Londres, Hannah Bennett, chefe de viagens da plataforma, revelou o lançamento de uma nova ferramenta publicitária voltada exclusivamente para marcas do setor turístico: o Travel Ads (ou Catalogue Ads for Travel).  

 O que são os Travel Ads?  

Essa funcionalidade, ainda em fase de testes, promete conectar marcas diretamente a usuários que estão com a intenção de viagem no momento da busca. Imagine uma pessoa navegando no TikTok em busca de inspiração para sua próxima viagem: com o Travel Ads, as marcas poderão exibir anúncios personalizados e altamente relevantes, aumentando as chances de conversão. 

Essa é a primeira ferramenta da plataforma baseada na intenção de viagem, e buscará colocar as ofertas certas na frente das pessoas certas, no momento exato em que estão prontas para reservar uma viagem. Pelo que vivenciamos no TikTok seus algoritmos devem fazer o trabalho de personalizar e achar o cliente certo para as ofertas das marcas.

O interessante é o foco exclusivo em empresas do setor turístico, desde agências de viagens até hotéis e companhias aéreas. Com o aumento do conteúdo de turismo no TikTok — posts com hashtags relacionadas a “viagens” cresceram 250% em 2023 —, essa é uma oportunidade única para as marcas se destacarem.  

O TikTok quer se tornar essencial para o turismo? 

A plataforma já provou ser uma aliada poderosa para o setor. Um estudo recente mostrou que 83% dos usuários do TikTok afirmam que o conteúdo da plataforma os inspira a visitar destinos que nunca haviam considerado antes. Além disso, o gasto médio por viagem dos usuários que convertem via TikTok é significativamente maior do que o daqueles que usam outras plataformas.  

Outro ponto de destaque é o potencial para promover destinos alternativos e combater o overtourism. Cidades menos exploradas, como Bósnia em vez da Croácia ou Bruges no lugar de Paris, estão ganhando popularidade graças ao TikTok.  

 Como as marcas podem aproveitar essa oportunidade?  

Colaborações com influenciadores e estratégias personalizadas têm mostrado resultados impressionantes, reforçando o TikTok como um canal indispensável para a comunicação de marcas turísticas.  

Com o lançamento do Travel Ads, o TikTok solidifica sua posição como uma ferramenta estratégica para as marcas que desejam se destacar em um mercado cada vez mais competitivo. Não é apenas sobre exibir anúncios, mas sobre criar conexões genuínas com potenciais viajantes e oferecer experiências inspiradoras.  

Como você usa o TikTok em suas vendas? Sua empresa nem tem uma conta? E agora? Já entendeu que não é sobre dancinhas?

10 Perguntas Essenciais para Secretários de Turismo que Estão Começando a Jornada em 2025

Assumir o cargo de Secretário Municipal de Turismo é um desafio que pode parecer intimidador, especialmente para quem não tem experiência prévia no setor. No entanto, com um pouco de direcionamento, é possível transformar o turismo em um motor de desenvolvimento econômico e social para o município. Aqui estão as 10 dúvidas e dicas práticas para superá-las.

1. O que exatamente faz uma Secretaria Municipal de Turismo?

O papel da secretaria é fomentar o turismo local, promovendo os atrativos da cidade, planejando ações estratégicas e criando condições para que o setor se desenvolva de forma sustentável.

Suas responsabilidades como secretário incluem liderar a equipe, articular parcerias, buscar recursos e garantir que o turismo beneficie a economia e a comunidade local.

2. Por onde eu começo?

O primeiro passo é realizar um diagnóstico rápido do potencial turístico da cidade. Junte todo material e experiência existente sobre os atrativos, infraestrutura e identifique os principais desafios. Com isso em mãos, defina prioridades claras para os primeiros 100 dias: ações de impacto rápido, como melhorar a sinalização ou promover campanhas regionais.

3. Quem deve compor minha equipe?

Uma equipe eficiente precisa de profissionais com perfis complementares, como:

   •       Gestores administrativos para cuidar do orçamento e da parte burocrática.

   •       Profissionais de marketing e comunicação para promover os atrativos.

   •       Técnicos em turismo ou cultura para planejar roteiros e eventos.

Capacitação contínua é essencial; busque parcerias para qualificar sua equipe.

4. De onde vem o orçamento e como posso usá-lo?

O orçamento da secretaria pode vir de recursos municipais, convênios estaduais e federais, ou parcerias público-privadas (PPPs). É importante conhecer a Lei de Responsabilidade Fiscal para utilizar esses recursos de forma legal e estratégica. Programas como o Plano Nacional de Turismo oferecem linhas de financiamento que podem ser acessadas.

5. Como atrair turistas para o meu município?

Para aumentar o fluxo de visitantes, aposte em ações de marketing digital, como redes sociais, e campanhas direcionadas para cidades vizinhas. Revitalize os atrativos mais populares e invista em eventos culturais que coloquem sua cidade no mapa turístico regional.

6. O que já foi feito até agora?

Antes de implementar novas ações, avalie as iniciativas da gestão anterior. Identifique projetos que tiveram impacto positivo e merecem continuidade, mas também fique atento a falhas que precisam ser corrigidas. Essa análise economiza tempo e recursos. Ouça bastante, depois trace seu plano.

7. Com quem eu devo me conectar?

O turismo é uma área que exige articulação. Conecte-se com as secretarias de seu município que têm relação próxima com o turismo, tais como cultura, limpeza urbana, infra-estrutura, comunicação. Além disso:

   •       Empresários locais do setor de hotelaria, gastronomia e transporte.

   •       Entidades como SEBRAE, Embratur e Anseditur.

   •       Líderes comunitários e associações culturais que possam colaborar na promoção do turismo.

A construção de um Conselho Municipal de Turismo (COMTUR) fortalece essa rede.

8. Como promover o município com poucos recursos?

Mesmo com um orçamento limitado, é possível adotar estratégias eficazes:

   •       Utilize redes sociais para divulgar atrativos e eventos.

   •       Promova parcerias com influenciadores locais.

   •       Invista em material visual de baixo custo, como vídeos curtos e fotos que destaquem as belezas do município. Faça um levantamento de vídeos, fotos e conteúdos existentes, eles são sua ferramenta de trabalho.

9. Quais eventos posso criar ou fortalecer?

Eventos são uma excelente forma de atrair turistas. Revitalize festas tradicionais já existentes e promova novos eventos temáticos, como feiras gastronômicas ou festivais culturais. O segredo é envolver a comunidade e garantir que os eventos ofereçam experiências autênticas.

10. O que diferencia meu município como destino turístico?

Para destacar seu município, é preciso identificar seus principais atrativos e trabalhá-los de forma estratégica. Pergunte-se: O que só minha cidade tem? Quais os nossos diferenciais? Por que uma pessoa viria nos visitar?  Pode ser um atrativo natural, um evento único, uma tradição cultural ou até a gastronomia local. Invista em branding turístico, criando uma identidade única para promover seu destino.

Encarar as dúvidas iniciais é normal, mas, com planejamento, parcerias e ações bem direcionadas, você pode transformar o turismo do seu município em um exemplo de sucesso. Use os primeiros 100 dias para estruturar suas ações e ganhar a confiança da comunidade e dos turistas. O turismo não é apenas lazer; é uma ferramenta poderosa para desenvolvimento sustentável e transformação social.

3 Oportunidades para Alavancar o Turismo em 2025

6 de janeiro de 2025

Jeanine Pires, palestrante e especialista em turismo

Comportamento do Turista Brasileiro

A pesquisa Nexus para o Ministério do Turismo revelou que 35% dos brasileiros planejam viajar a lazer entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, uma queda de 2 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Destinos nacionais continuam predominando, com 97% dos viajantes preferindo explorar o Brasil. As regiões Nordeste (53%) e Sudeste (37%) lideram as preferências, enquanto sol e praia são os principais atrativos (54%), seguidos por ecoturismo (10%) e saúde e bem-estar (5%).

Perfil do Consumo e Planejamento

A duração média das viagens aumentou para 12 dias, e o gasto médio subiu 34%, chegando a R$ 2.514,00 em 2024. Carro próprio é o meio de transporte preferido (40%), enquanto 47% dos viajantes se hospedam em casas de amigos ou parentes. No entanto, o planejamento ainda é limitado, com muitas decisões tomadas pouco antes das viagens.

Barreiras para Viajar e Potencial de Crescimento

A falta de condições financeiras é o principal obstáculo para 44% dos brasileiros que não viajarão neste verão. Além disso, apenas 15% desses têm planos de lazer para os próximos 12 meses, evidenciando a necessidade de estratégias que promovam viagens em períodos alternativos e acessíveis.

Oportunidades para Quem Vende Viagens no Brasil

1. Experiências Personalizadas e Ecoturismo

Tendências globais indicam que os turistas buscam experiências únicas e sustentáveis. No Brasil, destinos de ecoturismo, como Bonito e Chapada Diamantina, têm grande potencial. Empresas podem destacar práticas de sustentabilidade e criar pacotes personalizados que combinem aventura e cultura local, alinhados aos valores do público-alvo.

2. Viagens de Curtas Durações e Turismo de Proximidade

A preferência global por escapadas rápidas e “staycations” também está presente no Brasil. Destinos próximos e de fácil acesso, como cidades históricas e regiões serranas, podem ser promovidos como opções ideais para viagens de fim de semana ou feriados de 2025. Oferecer experiências exclusivas, como roteiros gastronômicos ou visitas a vinícolas, agrega valor a essas viagens.

Veja o calendário de FERIADOS 2025

3. Digitalização e Experiências Híbridas

A digitalização é essencial no turismo atual. Consumidores esperam experiências online personalizadas e interativas. Investir em tours virtuais, lives promocionais e campanhas em redes sociais, como TikTok e Instagram, atrai novos clientes. Tecnologias de inteligência artificial para atendimento e personalização de pacotes também são ferramentas indispensáveis para conquistar e fidelizar turistas.

No caso do Brasil, vamos lembrar o papel do WhatsApp nas promoções e vendas.

O Verão 2025, já bombando em janeiro, apresenta desafios e oportunidades. Para capturar o potencial do mercado, é fundamental que os profissionais de turismo adaptem suas estratégias, valorizando experiências únicas e sustentáveis, promovendo o turismo de proximidade e explorando o poder das ferramentas digitais. 

Quem vai dominar o mercado de viagens nos próximos anos?

Voltando ao relatório “Travel 2040”, desenvolvido em parceria com Google e Deloitte, vamos compartilhar mais alguns insights que complementam o meu post anterior sobre o Brasil como um dos maiores emissores de turistas até 2040. Nos próximos 15 anos, o número de viajantes internacionais deve atingir 2,4 bilhões, um aumento de 60%. Países como China, Índia e Estados Unidos vão liderar esse crescimento, moldando novos comportamentos e preferências no mercado global de viagens.

Índia e EUA: Protagonistas em Transformação

A Índia, com um crescimento projetado de cinco vezes no número de viajantes, será impulsionada por uma geração jovem e digitalmente engajada, que prefere reservas de última hora e destinos próximos inicialmente, expandindo gradualmente para locais mais distantes. Enquanto isso, os Estados Unidos manterão sua liderança, representando até 40% dos viajantes globais em destinos fora da Europa. Com um perfil de consumidor mais experiente, os americanos valorizam marcas confiáveis, estando dispostos a pagar mais por serviços de alta qualidade.

Mudança no Cenário de Destinos

O cenário global de destinos populares também passará por mudanças significativas. Espanha deverá superar a França como o país mais visitado, enquanto México e Oriente Médio despontam como fortes concorrentes. Emirados Árabes Unidos continuarão a expandir seu turismo, enquanto a Arábia Saudita investe em infraestrutura de alta qualidade e grandes eventos, como a Expo 2030.

Veja o meu post sobre o Brasil como mercado emissor até 2040 aqui.

Brasil entre os 15 Principais Mercados Emissores de Turistas para 2040: Projeções da Deloitte e Google

Um estudo colaborativo entre Deloitte e Google, chamado NextGen Travellers and Destination, traz interessantes dados e análises sobre a transformação da indústria de turismo com foco nos perfis de viajantes e grupos de destinos. O material revelou uma série de previsões para o setor até 2040, destacando que o Brasil está em um caminho sólido para figurar entre os 15 maiores mercados emissores de turistas até lá. Esse crescimento pode ser o futuro reflexo de mudanças profundas na economia brasileira e a expansão da classe média, além de um conjunto de fatores globais e locais analisados minuciosamente pelos especialistas da Deloitte e do Google.

O interessante do estudo foi a utilização de modelos preditivos, baseando-se em milhões de buscas de dados do Google, juntamente com análises de dados de organizações como a ONU TURISMO e GapMinder. A abordagem preditiva busca mapear fluxos turísticos globais com variáveis como a renda per capita e o Índice de Preços ao Consumidor, focando em um horizonte temporal até 2040.

Sobre o Brasil como destino de visitantes internacionais, o estudo não revela dados. Mostra que, em termos de crescimento nas Américas, o México é destacado entre os destinos que continuarão a atrair turistas, devido às suas praias e paisagens naturais, enquanto o Brasil não é mencionado entre os destinos prioritários. Contudo, o relatório enfatiza que a América do Sul, como região, apresenta um crescimento acima da média no número de chegadas de turistas internacionais.

A Metodologia do Estudo: Como a Deloitte e o Google Chegaram a Essas Conclusões?

O estudo, intitulado NextGen Travellers and Destinations, combina a expertise em dados e comportamento do Google com as capacidades analíticas e de previsão de mercado da Deloitte. A metodologia é baseada em modelos preditivos e na análise de diversas variáveis que influenciam diretamente o comportamento de turistas e os fluxos de viagens.

O Brasil Hoje como Mercado Emissor

Atualmente, o Brasil já é um importante mercado emissor de turistas na América Latina, mas ainda não ocupa uma posição de destaque global como outros mercados maiores e mais maduros, como Estados Unidos, Reino Unido e China. No entanto, o aumento do poder aquisitivo da população e o crescimento da classe média têm impulsionado um desejo crescente por experiências internacionais.

Embora o turismo brasileiro ainda enfrente desafios, como a volatilidade cambial, a infraestrutura, a conectividade e a recuperação econômica de longo prazo; a projeção de crescimento até 2040 reflete o potencial de aumento no número de brasileiros viajando ao exterior. Em 2019, por exemplo, o número de brasileiros que viajaram para fora do país chegou a aproximadamente 10,5 milhões, e a expectativa é que esse número cresça substancialmente nas próximas duas décadas.

Historicamente, alguns mercados mundiais são responsáveis por uma grande quantidade de viagens, se configurando em mercados-fonte de viajantes internacionais. Em 2019, conforme mostra a imagem, China, EUA, Alemanha, Reino Unido e Rússia, já respondiam por 34% das viagens pelo planeta. 

Fonte: Our vision on the tourism industry transformation NextGen travellers and destinations, [s.l.: s.n.], 2024.

Em 2040, esses mesmos países, junto com a Índia, serão responsáveis por 42% das viagens que virão a ocorrer no mundo. E o Brasil entra para o ranking dos 15 países que mais viajarão, de acordo com as projeções do estudo.

Fatores Analisados no Estudo e Projeções para o Brasil

A projeção de que o Brasil se tornará um dos 15 principais mercados emissores de turistas é baseada em diversos fatores identificados no estudo:

            1.         Expansão da Classe Média e Aumento da Renda Disponível: A previsão considera que a expansão da classe média brasileira aumentará a base de consumidores com renda disponível para gastar em viagens internacionais. Segundo o estudo, turistas da classe média+ compõem o perfil predominante de novos viajantes, e a inclusão desse público é essencial para as projeções de crescimento.

            2.         Facilidade de Acesso a Vistos e Infraestrutura Aérea: Outro fator relevante é o desenvolvimento da infraestrutura aérea, tanto interna quanto externa. A facilidade de obtenção de vistos para países estrangeiros e o aumento das rotas aéreas para destinos internacionais também são cruciais para que o turismo brasileiro possa se expandir.

            3.         Uso de Tecnologia e Acesso à Informação: Com o avanço do acesso digital, mais brasileiros estão planejando viagens internacionais online, sendo o Google uma ferramenta essencial para busca de informações sobre destinos e logística de viagens. O estudo aponta que cerca de 60% das buscas de viagens em mercados emergentes, como o Brasil, são realizadas online, o que facilita o planejamento e a decisão de compra de passagens e pacotes de viagens.

            4.         Mudança no Perfil de Consumo e Preferências de Viagem: O estudo ressalta que os brasileiros estão cada vez mais interessados em experiências culturais e de ecoturismo, alinhando-se à demanda global por turismo sustentável e responsável. A conscientização ambiental, impulsionada por iniciativas de ESG (Ambiental, Social e Governança), também influencia as escolhas de destinos e experiências.

Projeções Numéricas para 2040

Os dados indicam que o Brasil está em uma trajetória sólida para se tornar um dos maiores mercados emissores de turistas do mundo nas próximas duas décadas. Com um aumento da classe média, infraestrutura em expansão e o apoio de tecnologias digitais, o país tem todas as condições para consolidar sua posição como um ator global relevante no setor de turismo.

As Tendências do Turismo Global para 2025 Segundo o Relatório Horizons da Skyscanner

Com 2025 se aproximando, a Skyscanner lançou seu relatório Horizons, que traz insights sobre as tendências que moldam o futuro do turismo global. Utilizando dados de busca e reservas próprios, além de uma pesquisa com 19.000 viajantes, o relatório destaca as mudanças nos comportamentos de viagem, preferências regionais e influências tecnológicas, revelando como a indústria de viagens está se adaptando a novas demandas.

Uma das principais tendências destacadas, que já é conhecida, é a influência crescente da tecnologia e da inteligência artificial (IA) nos serviços de viagem. De acordo com a Skyscanner, essas tecnologias estão revolucionando a maneira como fornecedores e consumidores se conectam e interagem, impulsionando experiências mais personalizadas e eficientes. Soluções de IA estão sendo adotadas para gestão de receitas e ofertas personalizadas, com companhias aéreas utilizando essas ferramentas para criar propostas mais dinâmicas e adaptadas às expectativas dos consumidores, em especial das gerações Millennials e Gen Z. Estes grupos agora representam metade dos gastos com viagens aéreas e exigem experiências que ressoem com seus valores de personalização e conexão digital.

Mesmo diante de desafios econômicos globais, a força da demanda por viagens é evidente. Segundo a pesquisa, 80% dos viajantes planejam manter ou aumentar o número de viagens em 2025 em relação a 2024. Regiões como Índia, Emirados Árabes Unidos e Brasil lideram a intenção de aumentar a frequência de viagens, enquanto a Europa e a América do Norte mostram um comportamento mais conservador. A busca por um senso de comunidade e experiências compartilhadas é uma tendência emergente, onde eventos esportivos, instalações artísticas e viagens temáticas são formas de conectar os viajantes com interesses comuns.

O relatório também revela as preferências regionais de destinos: na Europa, destinos próximos como Espanha e Itália continuam no topo, refletindo a busca por conveniência e economia. Nas Américas, grandes cidades como São Paulo, Nova York e Londres dominam as pesquisas, enquanto, na Ásia-Pacífico, o destaque é para cidades como Seul e Tóquio. O planejamento antecipado de viagens de longa distância é uma tendência notável, com tempos de reserva que ultrapassam 100 dias para destinos intercontinentais.

Para 2025, a Skyscanner prevê que a competição no mercado será acirrada, com companhias aéreas oferecendo promoções e experiências personalizadas para atrair os consumidores. A busca por flexibilidade, acessibilidade e inovação será essencial para que os fornecedores de viagens continuem relevantes em um mercado cada vez mais dinâmico e tecnologicamente orientado. O relatório destaca um futuro promissor para a indústria de turismo, onde tecnologia, personalização e um desejo renovado por experiências significativas irão moldar as preferências e comportamentos de uma nova era de viajantes.

Na imagem abaixo, alguns dados sobre as fontes de inspiração para as viagens. Para o Brasil, as mídias sociais e as recomendações de outras pessoas são os principais fatores que influenciam. Essas também são tendências médias globais, conforme demonstrado abaixo:

Fonte: Horizons 2025: Planning Trends, Skyscanner.net, disponível em: https://www.partners.skyscanner.net/news-case-studies/horizons-2025-planning-trends . acesso em: 3 nov. 2024.

Já os principais as aspectos a considerar em termos de custos das viagens, os brasileiros olham para os custos de vôos e hotéis, assim como a média global. O câmbio favorável também é um dos custos considerados pelos brasileiros, já acima da média global.

Fonte: Horizons 2025: Planning Trends, Skyscanner.net, disponível em: https://www.partners.skyscanner.net/news-case-studies/horizons-2025-planning-trends . acesso em: 3 nov. 2024.

Fiz um novo episódio do meu podcast HUB TURISMO com Rodrigo Possatto, Diretor da Smiles Viagens. Te convido a nos assistir no YouTube. Os temas que realmente interessam aos profissionais de turismo e que tratamos nesse papo são:

– qual o modelo de negócios da Smiles Viagens

– como a empresa complementa o portfolio do Grupo GOL 

– os primeiros passos da Smiles Viagens no mercado e os desafios enfrentados

– os diferenciais que ela oferece para agências de turismo interessadas em ampliar suas opções de produtos e serviços.

Rodrigo também compartilha as vantagens que as agências podem obter ao se associarem à Smiles Viagens, destacando o potencial de crescimento, aumento de clientela e expansão internacional. 

Se preferir pode nos ouvir no HUB TURISMO AQUI.