Julho 2024 com -4% de chegadas globais


Em julho de 2024, o turismo internacional recuperou 96% dos níveis registrados antes da pandemia, com forte demanda na Europa e a reabertura dos mercados na Ásia e no Pacífico.

Segundo a última edição do Barômetro da ONU Turismo do Turismo Mundial, cerca de 790 milhões de turistas viajaram internacionalmente nos primeiros sete meses de 2024, aproximadamente 11% a mais do que em 2023 e apenas 4% a menos do que em 2019. Os dados mostram um bom começo neste ano, seguido de um segundo trimestre mais modesto. Os resultados estão alinhados com as projeções da ONU Turismo de plena recuperação das chegadas internacionais em 2024, apesar dos riscos econômicos e geopolíticos atuais.

O Oriente Médio continua liderando a recuperação. A recuperação atual ocorre apesar de diversos desafios econômicos e geopolíticos, o que destaca a forte demanda por viagens internacionais, assim como a eficácia de impulsionar as conexões aéreas e relaxar as restrições de visto. O aumento da conectividade aérea e a facilitação de vistos têm promovido a recuperação das viagens internacionais, e os dados mostram que, até agora, todas as regiões do mundo registraram resultados positivos neste ano.

O Oriente Médio continua sendo a região que mostrou o maior crescimento em termos relativos, já que, durante os sete primeiros meses de 2024, as chegadas internacionais aumentaram 26% em comparação com os níveis registrados em 2019. A África recebeu 7% mais turistas do que nos mesmos meses de 2019. A Europa e as Américas recuperaram 99% e 97% de suas chegadas registradas antes da pandemia, respectivamente, durante esses sete meses. A Ásia e o Pacífico registraram 82% de suas chegadas turísticas alcançadas antes da pandemia (-18% em comparação com 2019), atingindo 85% em junho e 86% em julho.

De acordo com dados mensais ou trimestrais fornecidos pelos países, no primeiro semestre de 2024, um total de 67 de 120 destinos em todo o mundo havia recuperado o nível de chegadas registrado em 2019. Entre os países que apresentaram melhores resultados no período de janeiro a julho de 2024 estão Qatar (+147% em comparação com 2019), onde as chegadas mais que dobraram, Albânia (+93%), El Salvador (+81%), Arábia Saudita (+73%), República da Moldávia (+50% em junho) e Tanzânia (+49% em junho).

Em relação às receitas do turismo internacional, nos seis primeiros meses de 2024, 47 de 63 países com dados disponíveis haviam recuperado os valores registrados antes da pandemia, e muitos deles mostraram crescimento de dois dígitos em comparação com 2019 (em moedas locais e a preços atuais). Entre os países que apresentaram melhores resultados em junho e julho de 2024 estão Albânia (+128%) e Sérvia (+126%), onde as receitas mais que dobraram (em comparação com o mesmo período de 2019), seguidos por Tajiquistão (+85%), Paquistão (+76%), Montenegro (+70%), Macedônia do Norte (+60%) e Portugal (+57%). Turquia (+55%) e Colômbia (+54%) também apresentaram resultados positivos. Cabe destacar o caso da Arábia Saudita (+207%) e El Salvador (+168%), que experimentaram um crescimento extraordinário em comparação com o primeiro trimestre de 2019.

Os dados sobre os gastos por turismo internacional mostram uma forte demanda de turismo emissor entre janeiro e julho de 2024, especialmente por parte dos mercados emissores mais importantes, como os Estados Unidos (+32%), Alemanha (+38%) e o Reino Unido (+40% em março), em comparação com o mesmo período de 2019. Austrália (+34%), Canadá (+28%) e Itália (+26%) também indicaram gastos por turismo emissor consideráveis registrados em junho de 2024. Os dados limitados para a Índia mostram o notável incremento dos gastos por turismo emissor, que experimentaram um incremento de 86% no primeiro trimestre de 2024 (em comparação com o primeiro trimestre de 2019).

Os dados revisados para 2023 mostram que as receitas de exportação provenientes do turismo internacional totalizaram 1,8 trilhões de dólares dos Estados Unidos (incluindo receitas e transporte de passageiros), alcançando praticamente o mesmo nível que antes da pandemia (-1% em termos reais em comparação com 2019). O PIB proveniente diretamente do turismo também recobrou em 2023 os níveis prévios à pandemia, alcançando aproximadamente 3,4 trilhões de dólares dos Estados Unidos, o que equivale ao 3% do PIB mundial. Em 2019, o turismo contribuiu diretamente ao 4% do PIB mundial.

Tudo aponta que 2024 finalizará com resultados positivos, se bem que persistem desafios. O Índice de Confiança no Turismo de ONU Turismo mostra expectativas positivas para o último trimestre do ano, com 120 pontos para o período setembro-dezembro de 2024, embora abaixo das perspectivas para o período maio-agosto, que obtiveram 130 pontos (em uma escala de 0 a 200, onde 100 reflete que se prevêm os mesmos resultados). Aproximadamente 47% dos especialistas em turismo que participaram da pesquisa sobre a Confiança preveem melhores resultados para o setor nos quatro últimos meses de 2024, enquanto 41% preveem resultados semelhantes e 11% piores resultados. Isso reflete a normalização gradual dos resultados do turismo após um ano positivo em 2023.

Os especialistas assinalaram que a inflação em viagens e turismo, a saber, o aumento dos preços do transporte e do alojamento, é o principal desafio que enfrenta atualmente o setor turístico, assim como a situação econômica mundial, a escassez de pessoal e os fenômenos meteorológicos extremos.

FONTE: ONU Turismo:

saiba como os Mercados Emergentes Redefinem o Turismo Global

O turismo global é um dos principais motores da economia mundial, influenciando o crescimento econômico, a criação de empregos e a interculturalidade. Recentemente, o setor tem mostrado uma impressionante capacidade de resiliência e inovação, após enfrentar desafios sem precedentes durante a pandemia. O retorno às viagens em massa nos últimos anos revela uma série de tendências que moldarão o futuro dos fluxos turísticos globais e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável. Essas são as conclusões do WTTC – World Travel & Tourism Council em seu último relatório que passamos a mencionar a seguir.

A hegemonia americana e a ascensão dos mercados emergentes

Os Estados Unidos permanecem como o mercado mais poderoso no setor de viagens e turismo, com uma contribuição histórica para sua economia. No entanto, por mais que o mercado americano ainda esteja no topo, é impossível ignorar o crescimento vertiginoso de outras potências, especialmente nos mercados emergentes. A China, que antes de 2020 era vista como uma força em ascensão, reafirmou sua posição como uma das maiores potências do turismo mundial, mesmo com o impacto das restrições prolongadas de viagens durante a pandemia. Hoje, a China ocupa a segunda posição global, e projeções apontam que, nos próximos dez anos, deve ultrapassar os EUA, tornando-se o maior mercado de turismo do planeta.

Mas não é apenas a China que está mudando o cenário global. A Índia também se destaca cada vez mais no turismo, ocupando agora uma posição de destaque no top 10 mundial. Seu crescimento constante no setor reflete não apenas o aumento das viagens domésticas, mas também o crescente apelo do país como destino para visitantes internacionais. O papel desses mercados emergentes evidencia uma mudança estrutural nos fluxos turísticos, com uma redistribuição do poder econômico global.

Esses dois países, China e Índia, representam uma transformação significativa no turismo global, não apenas em termos de números, mas também na forma como moldam o futuro das viagens. O turismo, que por décadas foi dominado por destinos ocidentais, está se tornando cada vez mais multipolar, com destinos na Ásia, África e América Latina ganhando terreno.

Redescoberta de destinos tradicionais e o apelo de novos locais

Embora os destinos tradicionais como França, Itália e Espanha continuem a ser pontos de destaque no turismo global, estamos observando uma diversificação dos interesses dos turistas. Muitos viajantes estão buscando destinos menos conhecidos, impulsionados pela busca por experiências autênticas, culturais e naturais. Países como o Quênia, Egito e Colômbia, por exemplo, têm visto um aumento expressivo nos fluxos de visitantes, à medida que se posicionam como destinos únicos e autênticos, longe do turismo de massa.

A ascensão desses destinos reflete uma mudança no comportamento dos viajantes, que agora buscam não apenas conforto e conveniência, mas também conexão com culturas locais, biodiversidade e experiências que vão além do comum. Essa tendência está diretamente associada ao fortalecimento de políticas de sustentabilidade, que promovem o ecoturismo, o turismo de aventura e as viagens voltadas à preservação do meio ambiente.

Sustentabilidade como eixo central do futuro do turismo

A sustentabilidade já não é apenas uma palavra da moda no setor de viagens; ela se tornou um eixo central nas estratégias das principais economias turísticas. Com o aumento do turismo em destinos naturais e culturais, há uma preocupação crescente em proteger esses ativos, assegurando que as gerações futuras também possam desfrutar dessas experiências.

A dissociação entre o crescimento do turismo e o aumento das emissões de gases de efeito estufa é um dos objetivos mais ambiciosos do setor. Países ao redor do mundo estão investindo em infraestrutura mais verde, incluindo transportes menos poluentes, eficiência energética em hotéis e atrações turísticas, além de incentivar o turismo responsável por meio de políticas de conscientização.

Além disso, o setor também está se tornando mais inclusivo. Destinos estão cada vez mais promovendo a inclusão de comunidades locais na cadeia de valor do turismo, gerando empregos e oportunidades para grupos historicamente marginalizados, como mulheres, jovens e minorias étnicas. Essa abordagem não só ajuda a desenvolver a economia local, mas também proporciona aos viajantes uma experiência mais autêntica e significativa.

O papel da tecnologia na transformação da experiência de viagem

A tecnologia desempenha um papel fundamental na redefinição do turismo moderno. A inteligência artificial (IA), por exemplo, está transformando a forma como os viajantes planejam, reservam e experimentam suas viagens. Aplicações de IA permitem recomendações personalizadas de destinos, facilitam a logística de viagens e melhoram a experiência do cliente por meio de assistentes virtuais e serviços de concierge.

Além disso, a digitalização de passaportes e vistos, a adoção de tecnologias de pagamento sem contato e a expansão do turismo virtual (com o uso de realidade aumentada e virtual) também estão alterando profundamente a maneira como as pessoas viajam. Essas inovações não apenas melhoram a eficiência e a conveniência das viagens, mas também criam oportunidades para novas formas de interação e imersão nos destinos.

A recuperação dos gastos dos viajantes internacionais

Mesmo com a retomada dos fluxos turísticos globais, os gastos dos turistas internacionais ainda estão em processo de recuperação em muitas regiões. Países como Arábia Saudita, Turquia e Quênia lideram a recuperação, com aumentos significativos nos gastos em relação aos níveis pré-pandemia. Esses números, embora impactantes, refletem uma nova era de investimentos em infraestruturas turísticas e promoção internacional, o que tem atraído visitantes de mercados diversificados.

Esse retorno é alimentado por um aumento na confiança dos viajantes e pela flexibilidade proporcionada pelos destinos, que têm trabalhado para remover barreiras às viagens, seja através da flexibilização de restrições sanitárias ou pela introdução de políticas de incentivo ao turismo.

Fique de olho

O turismo global está entrando em uma nova fase, marcada pela resiliência, inovação e mudanças nos padrões de fluxo de visitantes. A hegemonia de destinos tradicionais está sendo desafiada pela ascensão de novos mercados, e o foco em sustentabilidade e inclusão promete moldar o setor nas próximas décadas. O futuro do turismo está cada vez mais conectado com a tecnologia e o desenvolvimento sustentável, com potencial para transformar as viagens em uma força ainda mais poderosa para a economia global.

3 temas sobre Paris 2024 e o turismo

Mais uma vez o mundo se volta aos Jogos Olímpicos. Depois de vivenciar de perto o que foram os Jogos Rio 2016, além de ter acompanhado de perto Pequim 2008 e Londres 2012, busquei um resumo de 3 aspectos relevantes para observar sobre Paris 2024. Segue o resultado de minhas buscas.

1. Impactos para o Turismo

  • Expectativas de Turismo: Os Jogos Olímpicos de Verão de 2024 em Paris devem atrair entre 2,3 e 3,1 milhões de visitantes, com um aumento significativo nos gastos turísticos estimado em até €4 bilhões. A Euromonitor International prevê que o evento possa impulsionar os gastos turísticos, com uma parte significativa dos visitantes sendo franceses (64%).
  • Setor Hoteleiro: Os preços dos hotéis aumentaram substancialmente, com uma elevação de 41-64% nos preços médios de hotéis três a cinco estrelas durante o evento. A ocupação dos hotéis, embora lenta no início, começou a aumentar no final de junho, sugerindo uma distribuição mais ampla da receita do turismo.
  • Receita Econômica: O Centro de Direito e Economia do Esporte (CDES) da Universidade de Limoges estimou que os Jogos poderiam gerar entre €6,7 e €11,1 bilhões em benefícios econômicos líquidos para a região de Paris. Esses benefícios se distribuem entre turismo, construção e organização dos Jogos.

2. Desafios do Turismo Francês

  • Desafios no Setor Aéreo: As companhias aéreas enfrentaram declínios significativos no lucro operacional. A Air France-KLM relatou uma queda de 30% no lucro operacional devido à redução do tráfego internacional, resultando em perdas estimadas de €40 milhões em receita. A Delta Airlines também previu perdas de $100 milhões devido à diminuição da demanda por voos para Paris.
  • Acessibilidade e Preços: O aumento adicional no imposto turístico fez com que os turistas pagassem até 200% mais por noite, dependendo do tipo de acomodação. Além disso, preocupações de acessibilidade entre os potenciais visitantes resultaram em uma ocupação inicial mais lenta dos quartos de hotel, levando a alguns descontos.
  • Mobilidade e Logística: Medidas de segurança aumentadas e o fechamento de ruas podem dificultar a mobilidade e o acesso a atrações turísticas, impactando negativamente os negócios locais.

3. O que paris fez de diferente?

  • Infraestrutura Sustentável: Paris 2024 colocou um forte foco na sustentabilidade, com 95% dos locais usando estruturas existentes ou temporárias para minimizar a construção e reduzir o impacto ambiental. A cidade se comprometeu a reduzir as emissões de carbono em 50% em comparação com Jogos anteriores, alinhando-se à Agenda Olímpica 2020 do COI.
  • Legado de Longo Prazo: Investimentos significativos foram feitos em infraestrutura, como a Vila Olímpica em Seine-Saint-Denis, que proporcionará moradias e instalações comunitárias após os Jogos. Esses desenvolvimentos visam criar oportunidades econômicas duradouras, aumentar o emprego local e promover a inclusão social.
  • Inovação Tecnológica: Os Jogos de 2024 aproveitarão tecnologias avançadas para logística, segurança e experiência do visitante, incluindo infraestrutura inteligente e bilhetagem digital, para melhorar a eficiência e reduzir a pegada ambiental do evento.
  • Promoção Cultural: Além dos eventos esportivos, os Jogos Olímpicos de Paris 2024 destacarão a cultura francesa com inúmeros eventos culturais e exposições, promovendo a herança, as artes e as inovações da França para uma audiência global.

Qual sua opinião?

4 temas para considerar no turismo ainda em 2024

Tente colocar numa caixinha fechada tudo que você sabe sobre o comportamento do consumidor de viagens e turismo. Feche os olhos. E agora abra novamente para tentar repensar todas as mudanças que nosso setor está vivendo.

A Mc Kinsey publicou um estudo em maio de 2024 chamado The state of tourism and hospitality 2024, o material mostra que o setor de turismo e hospitalidade estão em uma jornada de transformação. Mercados de origem e destinos vivem mudanças representativas; há uma crescente demanda por viagens de luxo e experiências, e estratégias empresariais inovadoras estão se combinando para alterar dramaticamente o panorama da nossa indústria.

Diante dessa mudança significativa, é importante que as partes interessadas considerem e estruturem estratégias em torno de quatro temas principais que o relatório avalia em profundidade:

A maior parte das viagens segue próxima de casa. Embora as viagens internacionais possam ganhar destaque, as partes interessadas não devem negligenciar as grandes oportunidades em seus próprios quintais. As viagens domésticas ainda representam a maior parte dos gastos com viagens, e o turismo intrarregional está em ascensão.

— Os consumidores cada vez mais priorizam as viagens. O interesse em viajar está crescendo, mas os viajantes não estão mais satisfeitos com uma experiência padronizada. A personalização individual pode nem sempre ser prática, mas os players do setor podem usar a segmentação e testes baseados em hipóteses para melhorar suas propostas de valor. Aqueles que não conseguirem articular os segmentos de clientes-alvo e adaptar suas ofertas de acordo correm o risco de ficar para trás.

— A face do turismo de luxo está mudando. A demanda por turismo e hospitalidade de luxo deve crescer mais rapidamente do que qualquer outro segmento de viagens hoje—particularmente na Ásia. É crucial entender que os viajantes de luxo não formam um grupo homogêneo. A segmentação por idade, nacionalidade e patrimônio pode revelar preferências e comportamentos variados e em evolução.

— À medida que o turismo cresce, os destinos precisarão se preparar para mitigar a superlotação. Os destinos precisam estar prontos para lidar com os grandes fluxos turísticos do futuro. Agora é o momento para as partes interessadas planejarem, desenvolverem e investirem em estratégias de mitigação. Com avaliações precisas das capacidades de carga e habilidades aprimoradas para coletar e analisar dados, os destinos podem melhorar seu transporte e infraestrutura, construir forças de trabalho preparadas para o turismo e preservar seus patrimônios naturais e culturais.

Você quer turistas em sua cidade? Por que?

Neste episódio, vamos explorar um dos temas mais debatidos na vibrante cidade de Barcelona: o impacto do turismo na economia local e na vida dos residentes. Esse é um problema dos destinos turísticos do Brasil? Como enfrentá-los desde já?

Sabemos que o turismo continua a ser visto como a principal fonte de riqueza para a cidade. No entanto, a percepção sobre seus benefícios e desvantagens tem mudado ao longo dos anos. Analisamos as diferenças de opinião entre moradores, empresários e lideranças destacando como esses grupos percebem a importância do turismo e os desafios enfrentados. Exploraremos os benefícios econômicos que o turismo traz e as críticas crescentes sobre os aspectos negativos, como o aumento dos preços e a ocupação de espaços públicos.

Quero muito ouvir sua opinião, como sua cidade tem vivido questões similares?

TURISMO SUSTENTÁVEL: UMA CONVERSA URGENTE COM A BRAZTOA


Olá, hoje trago um tema fascinante e crucial para o futuro do turismo: a sustentabilidade. Em um episódio recente do HUB Turismo, eu (Jeanine Pires) conversei com Marina Figueiredo, Presidente Executiva da BRAZTOA, sobre as iniciativas sustentáveis no setor de turismo. Vamos explorar os pontos-chave dessa conversa inspiradora e entender como a sustentabilidade está moldando o futuro das viagens.

A Importância da Sustentabilidade no Turismo

Marina destaca que a sustentabilidade é um tema fundamental e urgente. A Associação Brasileira dos Operadores de Turismo (Braztoa) incorporou a sustentabilidade como uma diretriz transversal em todas as suas decisões, buscando promover práticas sustentáveis entre seus associados e no setor de turismo como um todo. Esta abordagem visa não apenas reduzir impactos ambientais, mas também fomentar a justiça social e a viabilidade econômica.

Braztoa: Pioneirismo e Compromisso

A Braztoa, ao longo de quase duas décadas, tem liderado iniciativas que promovem a sustentabilidade. Em 2023, a entidade tornou-se 100% carbono neutro, um marco significativo que envolve não apenas seus eventos, mas todas as suas atividades. Este é um exemplo claro de como uma organização pode liderar pelo exemplo, incentivando outras empresas a seguirem o mesmo caminho.

O Prêmio Braztoa de Sustentabilidade

Uma das principais ferramentas da Braztoa para incentivar práticas sustentáveis é o Prêmio Braztoa de Sustentabilidade. Com 12 anos de existência, este prêmio é reconhecido pela Organização Mundial do Turismo (OMT) e serve como um estímulo para a cadeia do turismo adotar práticas mais sustentáveis. O prêmio visa incentivar a responsabilidade ambiental, a justiça social e a viabilidade econômica, promovendo produtos e serviços sustentáveis que podem servir de exemplo para outros.

Impacto do Prêmio no Setor de Turismo

Marina ressalta que o prêmio não apenas reconhece as melhores práticas, mas também oferece visibilidade às iniciativas sustentáveis, inspirando outras empresas a adotarem práticas semelhantes. Ao longo dos anos, quase 1000 iniciativas foram inscritas, com 105 sendo reconhecidas e premiadas. Esse reconhecimento é fundamental para manter as empresas motivadas e engajadas na busca por soluções sustentáveis.

Casos de Sucesso e Exemplos Inspiradores

Marina compartilhou alguns exemplos de sucesso, como o de Zé Fernandes, um empresário pioneiro em práticas sustentáveis que ganhou o prêmio três vezes e agora faz parte do corpo de jurados. Outros exemplos incluem empresas como a BWT, HC Tur e a CVC, que são recorrentes em suas práticas inovadoras e sustentáveis.

Iniciativas Recorrentes e Seu Impacto

As práticas mais comuns entre os premiados incluem a neutralização de carbono, inclusão social e experiências turísticas voltadas para a sustentabilidade. Estas práticas não só ajudam a reduzir os impactos negativos, mas também promovem o desenvolvimento econômico das comunidades locais, proporcionando experiências autênticas e responsáveis para os turistas.

Ouça também o Episódio sobre a PEC DAS PRAIAS

Desafios e Oportunidades

Apesar dos avanços, Marina reconhece que o setor de turismo ainda enfrenta desafios significativos. A crise climática, por exemplo, impacta diretamente destinos turísticos e, consequentemente, a economia local. Um exemplo recente é a situação no Rio Grande do Sul, onde a crise climática afetou gravemente o turismo em Gramado, uma cidade que depende majoritariamente desse setor.

O Papel do Turismo na Agenda Climática

O turismo tem um papel duplo como vilão e herói na agenda climática, de acordo com Marina. Enquanto gera impactos inevitáveis, também possui um potencial enorme para promover práticas sustentáveis e regenerativas. A COP 30, que será realizada no Brasil, é uma oportunidade única para o país mostrar seu compromisso com a sustentabilidade e o papel do turismo nesse contexto.

Conclusão: Um Chamado à Ação

Marina conclui a conversa destacando que a sustentabilidade no turismo não é mais uma opção, mas uma necessidade. Através de iniciativas como o Prêmio Braztoa de Sustentabilidade, o setor pode continuar a avançar em direção a um futuro mais justo, viável e ambientalmente responsável.

O convite para inscrição no prêmio permanece aberto, incentivando todos os envolvidos no setor de turismo a participar e contribuir para um futuro mais sustentável. Para mais detalhes sobre o prêmio e como se inscrever, visite o site da Braztoa e acompanhe as próximas edições do HUB TURISMO PODCAST para mais discussões inspiradoras sobre sustentabilidade.


Espero que este artigo ajude a entender a importância da sustentabilidade no turismo e inspire ações concretas em direção a um futuro melhor. A sustentabilidade é uma jornada contínua, e cada passo conta!

Até a próxima! Ouça o Episódio completo abaixo:


3 perguntas para o turismo de amanhã

Você já se perguntou como o turismo sustentável pode transformar nossas cidades turísticas em pioneiras do conceito Lixo Zero? No Brasil, essa transformação é mais do que uma necessidade ambiental; é uma oportunidade de ouro para unir turistas, empresários, agentes públicos, operadores e agentes de viagens em um esforço colaborativo sem precedentes. Vamos explorar três perguntas fundamentais que podem nos guiar nesse caminho.

1. Destinos Turísticos estão incorporando práticas Lixo Zero em suas operações?

A implementação do conceito Lixo Zero em destinos turísticos exige uma abordagem holística que vai além da simples gestão de resíduos. Estão sendo instaladas lixeiras para reciclagem e compostagem em pontos estratégicos? Existem campanhas de educação ambiental direcionadas tanto para turistas quanto para moradores locais? Exemplos como Gramado, que adotou uma política rigorosa de separação de resíduos, e Fernando de Noronha, que baniu plásticos descartáveis, mostram que é possível combinar beleza natural com sustentabilidade. Mas como esses modelos podem ser replicados e adaptados em outros destinos pelo Brasil?

Além disso, como as cidades turísticas estão promovendo a participação ativa das comunidades locais? Programas de coleta seletiva, compostagem e oficinas sobre práticas sustentáveis podem ser ferramentas eficazes. Que outros métodos criativos podem ser implementados para garantir que todos, desde moradores até visitantes, estejam engajados nessa missão?

2. Empresas de Turismo, quais inovações estão sendo adotadas para promover o turismo Lixo Zero?

Empresas de turismo têm um papel crucial na promoção de práticas sustentáveis. Estão investindo em tecnologias que minimizam a geração de resíduos? Estão incentivando o uso de produtos reutilizáveis e oferecendo alternativas ecológicas aos seus clientes? Em Bonito, por exemplo, alguns meios de hospedagem têm programas muito eficientes de redução do desperdício de alimentos e a geração de adubo. Essas iniciativas não apenas reduzem o impacto ambiental, mas também agregam valor às experiências turísticas.

Quais outras inovações podem ser exploradas para tornar o turismo Lixo Zero uma realidade? As empresas podem promover programas de reciclagem em parceria com comunidades locais, ou desenvolver opções que ajudem turistas a encontrar opções de turismo sustentável. Como vocês estão inspirando e educando seus clientes para que adotem práticas Lixo Zero durante suas viagens?

3. Agentes Públicos e Privados, como estão colaborando para apoiar o turismo sustentável e o Lixo Zero?

A criação de políticas eficazes é fundamental para o sucesso de qualquer iniciativa sustentável. Quais leis e regulamentos estão sendo implementados para promover práticas de Lixo Zero em destinos turísticos? Existem incentivos fiscais para empresas que adotam práticas sustentáveis? O Hotel Sonata em Fortaleza tem um programa de reuso, reciclagem e redução de resíduos bastante completo. A Pousada Rancho do Peixe também tem várias práticas relacionadas à energia, água educando turistas e envolvendo a comunidade local.

Como outras regiões podem se beneficiar de políticas semelhantes? Além disso, como os agentes de viagem e operadores turísticos estão educando os turistas sobre a importância do turismo Lixo Zero? Estão sendo oferecidos workshops, tours educativos e materiais informativos sobre a importância da sustentabilidade? A experiência de viajar para um destino comprometido com o Lixo Zero pode ser extremamente enriquecedora e inspiradora.

Prática e Ação: Construindo um Futuro Sustentável

A teoria e as ideias são apenas o começo. O verdadeiro impacto vem da prática e da ação. Destinos turísticos podem começar implementando sistemas de gestão de resíduos e educando os visitantes sobre a importância do Lixo Zero. Empresas de turismo de qualquer setor podem inovar e adotar práticas que minimizem o impacto ambiental, incentivando seus clientes a fazerem o mesmo. Agentes públicos e privados podem colaborar mais para criar políticas que suportem e incentivem essas iniciativas.

Vamos transformar desafios em oportunidades e construir um legado de sustentabilidade para as futuras gerações. O turismo sustentável e Lixo Zero é mais do que uma meta; é um movimento que começa com cada um de nós. Quais passos você está pronto para dar em direção a um futuro mais verde e sustentável? Vamos trabalhar juntos para fazer do Brasil um líder mundial em turismo Lixo Zero.

Desafios do Marketing Digital: PODCAST com Thiago Akira

No episódio do HUB TURISMO que gravamos com Thiago Akira, discutimos um tema crucial: os desafios que destinos turísticos e empresas enfrentam ao fazer marketing na era digital. O Hub Turismo traz semanalmente conteúdos sobre tendências no turismo, carreira e comunicação para profissionais da área. 

Os desafios no marketing digital começaram com a transição do físico para o digital e se intensificaram com as mudanças no comportamento do consumidor. Hoje, o marketing não pode ser apenas a oferta de produtos e serviços de maneira tradicional; é essencial entender o comportamento do consumidor. As plataformas digitais e os algoritmos das redes sociais refletem essas mudanças. Por exemplo, a geração Z agora usa mais o TikTok do que o Google para buscar informações de viagens, o que obriga destinos e empresas a se adaptarem continuamente a essas novas dinâmicas.

Essa adaptação envolve compreender onde está a atenção dos consumidores e como se conectar com eles. A jornada do consumidor não é mais linear e previsível, o que torna a segmentação um desafio. A oferta de voos, por exemplo, que antes era planejada com anos de antecedência, agora pode mudar em questão de semanas. Isso se reflete também nas estratégias de marketing que precisam ser flexíveis e adaptáveis às rápidas mudanças.

A presença nas redes sociais, especialmente no TikTok, tem se mostrado crucial. No entanto, manter uma constância e relevância nas plataformas digitais é um desafio, pois exige inovação contínua e um entendimento profundo das nuances do comportamento do consumidor. Estratégias eficazes no TikTok, por exemplo, não dependem apenas do número de seguidores, mas da capacidade de engajamento e retenção da atenção através de conteúdo relevante e inovador.

Além disso, a sustentabilidade tornou-se um tema central nas estratégias de marketing. Não se trata apenas de práticas ambientais, mas de uma abordagem holística que inclui responsabilidade cultural, social e econômica. A sustentabilidade deve estar enraizada na cultura da empresa e ser comunicada de maneira autêntica. Isso pode envolver a obtenção de certificações genuínas e a demonstração prática de compromissos sustentáveis, evitando o greenwashing.

A inteligência artificial (IA) também desempenha um papel importante no marketing digital. A IA pode ajudar na produtividade, atendimento ao cliente e criação de conteúdo, mas deve ser utilizada com cautela para evitar a perda de autenticidade. A IA pode otimizar processos, mas é importante manter um equilíbrio, garantindo que a comunicação permaneça humanizada e autêntica.

Por fim, é fundamental que as empresas e destinos tenham uma estratégia clara e objetivos bem definidos. As métricas de sucesso devem estar alinhadas aos objetivos específicos de cada canal e campanha. Não se trata apenas de obter likes ou comentários, mas de gerar resultados tangíveis e alinhados aos objetivos de negócio.O episódio de hoje do Hub Turismo destacou a importância de adaptação contínua, inovação estratégica e autenticidade na era do marketing digital. A jornada é desafiadora, mas com uma abordagem bem fundamentada, destinos turísticos e empresas podem navegar com sucesso nesse cenário dinâmico.

Acesse o link para ouvir o episódio completo: HUB 116

WEF: BRASIL É 110 NO RANKING DE SEGURANÇA GLOBAL DO TURISMO

O Fórum Econômico Mundial (WEF) apresenta desde 22007 o Índice de Desenvolvimento de Viagens e Turismo (TTDI). O TTDI mede e avalia uma série de fatores e políticas que promovem o desenvolvimento sustentável e resiliente do setor de Viagens e Turismo (T&T), essencial para o crescimento econômico dos países.

Recentemente foi lançado o Relatório de 2024 com muitos dados e análises essenciais para nosso setor de turismo. A importância desse documento está em sua utilização e nos impactos que pode ter em decisões de investimentos públicos e privados, e, essencialmente, no futuro do setor. 

O TTDI tem como objetivos facilitar a comparação entre países, destacando o progresso em áreas-chave do desenvolvimento do turismo; orientar políticas e decisões de investimento; fornecer insights sobre as forças e áreas que necessitam de melhorias em cada país; oferecer uma visão abrangente da economia do turismo, incluindo facilitadores internos e externos e suas interdependências; e, servir como uma plataforma para o diálogo entre diversas partes interessadas, facilitando a formulação de políticas e ações em diferentes níveis.

PRINCIPAIS CONCLUSÕES PARA O BRASIL

Estamos em 26º. lugar no ranking global de 119 países, que resume a média de todos os pilares analisados, veja a lista abaixo:

Índice de Desenvolvimento do Setor de Viagens e Turismo 2024 – ranking geral

Nossas principais fortalezas e fraquezas

Existem muitos indicadores que são analisados, vamos destacar aqui os 5 principais fatores positivos e negativos (pontos a melhorar) analisados no relatório.

Performance do Brasil em 2024

Vamos ver nossa posição em cada Pilar no ranking global. Nesse item o que se destaca do Brasil são os recursos da atividade turística. São 4 eixos que podemos destacar como muito positivos no cenário mundial. Os recursos naturais (5ª. posição), os impactos socioeconômicos do turismo (9ª. posição), os recursos culturais (11ª. posição), e as atividades que não são de lazer.

Já os aspectos negativos são em maior número e mais impactantes. Nossa pior posição é no item segurança (110ª.), seguido da estrutura terrestre e portuária (98ª.) junto com o ambiente de negócios(98ª). Seguem depois os seguintes aspectos: priorização do turismo nas políticas públicas (79ª.), saúde e higiene (75ª), recursos humanos e força de trabalho (72ª.) junto com serviços e infraestrutura turística (72ª.); por fim o tema de preparação do ambiente de tecnologia da informação, que estamos em 63. posição.

Seguiremos nas análises em post adiante. O que você pode ajudar a analisar?

APÊNDICE:

A captura as condições gerais necessárias para operar e investir em um país e consiste em cinco pilares:

– Ambiente de Negócios: Este pilar capta a extensão em que o ambiente político de um país é propício para as empresas realizarem negócios e investirem.

– Segurança: Este pilar mede a extensão em que um país expõe locais, turistas e empresas a riscos de segurança.

– Saúde e Higiene: Este pilar mede a infraestrutura de saúde, acessibilidade e segurança sanitária.

– Recursos Humanos e Mercado de Trabalho: Este pilar mede a disponibilidade de funcionários qualificados e o dinamismo, resiliência e igualdade do mercado de trabalho, bem como o nível de proteção dos trabalhadores. Ele consiste nos subpilares Qualificação da Força de Trabalho, Dinâmica do Mercado de Trabalho e Resiliência e Igualdade do Mercado de Trabalho.

– Situação da Tecnologia: Este pilar mede a disponibilidade e uso da infraestrutura de tecnologia da informação e comunicação e serviços digitais.

PEC DAS PRAIAS: O QUE ACHAM OS LÍDERES DO TURISMO?

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/2022, conhecida como PEC das Praias, propõe a transferência da propriedade dos terrenos de marinha da União para estados, municípios e particulares. Este movimento legislativo pode transformar profundamente o setor turístico brasileiro, desafios significativos. 

Trago aqui algumas informações, porque considero fundamental que as lideranças do turismo falem e conversem sobre o tema. O que você acha? Pode ajudar a complementar a conversa?

Argumentações a Favor da PEC

1. Regularização Fundiária e Segurança Jurídica:

   – A PEC visa regularizar propriedades localizadas em terrenos de marinha, proporcionando segurança jurídica para os proprietários. Isso pode incentivar investimentos em infraestrutura turística, como hotéis e resorts, promovendo o desenvolvimento do setor.

2. Descentralização e Gestão Local:

   – Defensores da PEC argumentam que a transferência da gestão desses terrenos para estados e municípios pode resultar em uma administração mais eficiente e adaptada às necessidades locais. Prefeitos e gestores locais estariam mais aptos a implementar projetos específicos para suas regiões, potencialmente impulsionando o turismo.

3. Geração de Empregos e Receita:

   – A possibilidade de desenvolver novas áreas e atrair investimentos pode gerar empregos e aumentar a arrecadação municipal e estadual. A regularização fundiária pode desbloquear áreas para desenvolvimento turístico e comercial, beneficiando a economia local.

 Argumentações Contra a PEC

1. Risco de Privatização e Restrição de Acesso:

   – Críticos alertam que a PEC pode levar à privatização das praias, restringindo o acesso público. Isso pode comprometer um dos principais atrativos turísticos do Brasil, afetando negativamente a experiência dos turistas e a economia local que depende do turismo de praia.

2. Impactos Ambientais:

   – Ambientalistas e especialistas destacam que a PEC pode flexibilizar a legislação ambiental, resultando na degradação de ecossistemas costeiros sensíveis, como manguezais e dunas. Essas áreas são cruciais para a biodiversidade e para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

3. Especulação Imobiliária:

   – Há preocupações de que a transferência de terrenos para particulares possa favorecer a especulação imobiliária, beneficiando grandes incorporadoras em detrimento das comunidades locais e dos pequenos empreendedores turísticos. Isso pode aumentar os custos de operação e reduzir a competitividade de negócios menores.

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