Hora de trocar o V do turismo

11 janeiro de 2022

Há muito insistimos no fato de que não podemos medir os resultados de um destino turístico pelo número de turistas que ele recebe, pelo Volume. Não adianta, mesmo sabendo (antes da pandemia) que alguns lugares do mundo estão impossíveis de serem visitados, lideranças e formadores de opinião, e também a imprensa, fazem comparações absurdas sobre quantos turistas tal lugar recebe a mais do que o Brasil (e claro que podemos receber mais turistas, mas como?)

Com todos os temas relacionados ao distanciamento social, depois de 2020 fala-se muito dos lugares isolados, do ecoturismo e das tendências de busca de lugares mais calmos e com menos multidão. Como evitar o overtourism? Mas não é sobre isso que quero falar.

A reflexão hoje tem a ver não somente com as tendências do turismo no período pós pandemia, e sim com a definitiva troca do “V” na atividade turística. O cenário de viagens em massa vai sendo substituído por experiências personalizadas e por um cuidado especial com as comunidades locais, o respeito à cultura e a autenticidade e ao meio ambiente. 

O VOLUME já foi SUBSTITUÍDO PELO VALOR

Isso significa que desde o ponto de vista do visitante até o protagonismo do destino os objetivos mudam. Viajantes querem experiências únicas, personalizadas, não querem uma “vida de turista”, e sim viver como um local aonde o autêntico é mais importante e o respeito à cultura local e ao meio ambiente são premissas para decidir sua viagem, e depois, recomendar ou não aquele destino. Já os lugares, cada vez mais usam a economia criativa, a originalidade e os interesses dos moradores como motivo para apoiar e incentivar o turismo. Não vale mais usar os ativos naturais sem preservá-los de forma a garantir que existam no futuro; não interessa o visitante que não respeita os locais e não interage de forma harmoniosa e colaborativa.

Quais são os valores do turismo para seus hóspedes? Como combinar interesses de forma a tornar o turismo cada vez mais relevante para os lugares e tornar a experiência dos visitantes em memórias sensacionais ? Esse é o grande desafio do turismo no mundo e no Brasil.

TIK TOK destrona Google

O avanço do tráfego na internet foi bastante intenso em 2021, e contou com o avanço da pandemia para colocar o pé no acelerador. As escolhas feitas pelas pessoas para acesso a websites, usar a IoT (internet das coisas) e os Apps (aplicativos) acabam ditando tendências.

Mas será que o turismo está de olho nesse cenário?

A empresa Cloudfare faz um acompanhamento em tempo real das tendências do tráfego da internet, e faz uma classificação baseada em parâmetros próprios. Os domínios com maior tendência são calculados com base numa combinação de popularidade e mudança percentual nos padrões de tráfego num determinado período.

No Top Domains Ranking o Google.com (que inclui Maps, Translate, Photos, Flights, Books, and News, entre outros) terminou 2020 como líder invicto do ranking. Nesse período o TikTok.com estava apenas classificado em #7 ou #8. E 2021 chegou ao final com a subida do TIKTok como domínio mais popular do ranking.

Top 10 – Domínios mais populares (final de 2021)
1 TikTok.com
2 Google.com
3 Facebook.com
4 Microsoft.com
5 Apple.com
6 Amazon.com
7 Netflix.com
8 YouTube.com
9 Twitter.com
10 WhatsApp.com

Você, que é profissional de turismo, está usando o TikTok para suas ações de promoção e vendas ? Vamos falar mais sobre isso em breve. Ah! E tem ainda o Pinterest, tenho algumas análises muito interessantes para compartilharmos. Em breve.

Leia também: Pesquisa mostra o que querem os brasileiros em viagens

Quais 2 palavras (imagens) definem 2021 para você?

Sempre temos aquele desejo de fazer um balanço do ano, ou de estabelecer metas para o ano seguinte. Seja na vida pessoal ou profissional, especialmente nos períodos mais difíceis, sempre é importante buscar otimismo e renovar energias. Quero ouvir suas palavras aqui, seja do ponto de vista pessoal, ou do turismo, ou de qualquer aspecto que nos ajude a ver 2021 como uma lição para os desafios de 2022. Ah, pode ser uma imagem também. Aí vão as minhas palavras para 2021.

DESAFIO

Esse ano parece ter sido mais desafiador do que o ano passado; 2020 foi mais triste. A fonte do desafio veio pelo cenário de incertezas, que mostrava a chegada das vacinas e um início de controle da pandemia. Na verdade, a reconstrução de nossas vidas tornou-se a vitória da própria sobrevivência, para muitos muito mais difícil do que para a maioria de nós. Especialmente na indústria de viagens e turismo, a palavra DESAFIO descreve a garra e a vontade de trazer a liberdade de viajar e a confiança nos profissionais que trabalham todos os dias para que as pessoas aproveitem seu tempo de lazer para recuperar relações pessoais, matar a saudade e serem felizes.

OTIMISMO

Como o otimismo é uma forma de encarar as dificuldades e a vida, sempre busco olhar as pessoas e as circunstâncias pelo lado positivo. Acredito muito que somos nós que construímos o que vem pela frente; cada um com seu papel na sociedade pode acreditar e fazer melhor. Ser otimista é acreditar, e acreditar é ter pensamento e ações construtivas. É a forma de olhar para o mundo acreditando que ele pode ser sempre um lugar melhor para todos. E o turismo traz sua parcela de colaboração. Viajar é preservar, valorizar, gerar renda. Viajar é transformador. Quem conhece o diferente aprende a respeitar a cultura do outro.

E pra você? Que palavras ou imagens definem seu 2021?

Vila Galé, por que investir e acreditar no BRasil? Podcast – 7 min

Pioneiro em investimento hoteleiro internacional no Brasil, o Grupo português Vila Galé completa 20 anos de Brasil. Ouça no podcast HUB TURISMO nosso bate-papo com Jorge Rebelo. Ele nos comenta:

1. Quais as maiores conquistas durante esses 20 anos de operação do VG no Brasil?
2. Quais são as características ou aspectos da cultura brasileira ao fazer negócios que você mais destaca?
3. Continua a investir no Brasil, o que lhe motiva tanto a acreditar no turismo brasileiro?

internacional: quem vem pro Brasil

Os dados atualizados da ForwardKeys indicam uma progressiva recuperação do mercado internacional de viagens aéreas para o Brasil entre 1 de novembro e 12 de dezembro de 2021. No total de chegadas aéreas internacionais o Brasil entra no final do ano com -65,5% em relação ao mesmo período de 2019. Uma pequena recuperação depois de termos ficado quase 2 anos no patamar de -90% em relação a 2019.

Esse reflexo da abertura das fronteiras, do avanço da vacinação e do entusiamo do mercado global de viagens e turismo vão, aos poucos, mostrando melhoras. Sem esquecermos que alguns países europeus vivem o aumento do número de mortes e até fazem novas restrições de fronteiras.

Maiores emissores

A melhor recuperação do Brasil vem de mercados europeus, que iniciaram a abertura de fronteiras antes da Américas do Sul e do Norte. Os países que estão recuperando mais rápido os níveis de 2019 são: Portugal (-37%), Espanha (-48%), Chile (-57%), Itália (-66%) e Alemanha (-69%). Um dos mercados emissores importantes para o Brasil, a Argentina, que reabriu suas fronteiras há cerca de 1 mês, encontra-se no patamar de -81,5% em relação a novembro e dezembro de 2019; o país que representava quase 30% das chegadas internacionais ao Brasil tem hoje somente 10% de market share.

De acordo com Juan Gómez, Head de Pesquisa de Mercado da ForwardKeys, “o relaxamento das restrições para viagens de e para os Estados Unidos da América, também para os viajantes de e para o Brasil, impulsionou fortemente o número de reservas. Assim, a previsão para as chegadas internacionais ao Brasil em novembro melhora consideravelmente, com valores para as chegadas dos EUA próximos aos números de 2019, enquanto se espera que as chegadas de Portugal superem os níveis pré-pandêmicos”.

Os dados da ANAC, coletados hoje (03/11/2021) mostram a comparação do número de passageiros pagos no período de janeiro a setembro dos últimos 3 anos, conforme figura abaixo. Nos primeiros nove meses de 2021, o Brasil recebeu cerca de -62% de passageiros vindos do exterior. Seguimos acompanhando também para ver os impactos do dólar no crescimento das viagens internacionais dos brasileiros e a recuperação do turismo mundial.

Fonte: ANAC https://www.gov.br/anac/pt-br/assuntos/dados-e-estatisticas/mercado-de-transporte-aereo/consulta-interativa/demanda-e-oferta-origem-destino. Acesso em 03 nov 2021.

digitalização no turismo: questão de sobrevivência

A disseminação e os avanços no uso de tecnologias de comunicação online e de comércio eletrônico com o advento da pandemia da Covid-19 trazem grandes desafios ao turismo global. A prioridade, no momento atual, é garantir a segurança e a confiança em viajar e melhorar a experiência dos viajantes em suas interações em cada etapa de sua jornada. 

De acordo com o estudo Digital Transformation Report, realizado pela SKIFT e a Amazon Web Services (2021), os desafios da pandemia destacaram uma necessidade para a implementação urgente de práticas digitais, o uso de ferramentas de negócios e maneiras de enfrentar o atual momento como de grande transformação digital no setor turístico. Essa transformação torna-se vital para o setor, seja na gestão das empresas, ou na jornada do viajante. E ainda mais é o uso de tecnologias que vai nos ajudar a entender o comportamento de consumo e o cenário sempre mutante e em rápida transformação.

O estudo mencionado acima, pesquisou quais serão as diretrizes dessa transformação imediata. Destacam-se os investimentos em softwares e tecnologia; a elaboração de estratégias digitais para o novo momento; a entrega de grandes experiências aos clientes em todas as etapas da viagem; a melhoria dos talentos dos colaboradores do setor e o uso de dados de forma mais efetiva e inteligente nas organizações turísticas.

Nesse episódio do HUB TURISMO converso com Mariana Aldrigui sobre dados e seus usos no turismo

O uso de dados deve indicar de que maneira as organizações da indústria de viagens irão aproveitar as informações coletadas de seus clientes para orientar seus processos de decisão de forma inteligente e rápida. Deve ainda, ajudar a entender qual o impacto das ferramentas de machine learning e de inteligência artificial em suas análises de dados e cenários futuros. É nessa realidade que profissionais de turismo e empresas devem estar alertas para entender e enfrentar os desafios dessa transformação digital com uso de dados e informações para a inteligência competitiva do turismo brasileiro.

big data mostra para onde os turistas irão no brasil

Esse bate-papo com Juan Gómez, especialista de insights da ForwardKeys traz informações e análises sobre o turismo doméstico brasileiro e o internacional nos próximos meses e início de 2022. Veja a importância de dados para programar ações de marketing e vendas, saiba quais os destinos brasileiros estão mais perto da recuperação e quais países já fazem buscas e reservas aéreas para o Brasil no futuro.

Sustentabilidade é discurso ou prática para sobreviver no mercado de viagens?

A European Travel Commission – ETC, entidade que congrega dos destinos turístico da Europa está sempre trazendo análises interessantes sobre inovação, competitividade e tendências no turismo. Nessa linha, divulgou hoje (15/09/2021) o documento “RECOMENDAÇÕES-CHAVE PARA INCENTIVAR PRÁTICAS DE TURISMO SUSTENTÁVEL“. O organismo destaca que os órgãos nacionais de turismo e também os locais devem pensar seriamente em criar condições para que os destinos, empresas e visitantes adotem mais práticas sustentáveis no turismo, atuando nas seguintes áreas:

  • Visão, planejamento estratégico e gerenciamento: Identificar as formas com as quais o turismo pode contribuir
    para um destino bem-sucedido, direcionando o desenvolvimento e a gestão do turismo no caminho adequado
  • Dados, pesquisa e inteligência: Geração e compartilhamento de dados sobre o comportamento do mercado, fluxos de visitantes, a pegada de carbono do turismo no destino, o ambiente de operação dos negócios, o sentimento dos residentes e o valor da contribuição do turismo para a conservação do patrimônio natural e cultural patrimônio
  • Defesa do setor e parcerias: Uso de influência e representação para encorajar as partes interessadas em todos os níveis a reconhecer o valor do turismo e a importância de uma abordagem sustentável
  • Apoio empresarial e desenvolvimento de habilidades: Desenvolver estruturas nacionais em conexão com as regionais e locais para apoiar e incentivar o desenvolvimento de habilidades, melhorar os padrões de sustentabilidade e incentivar boas práticas comerciais
  • Comunicação e marketing: Influenciar o comportamento das partes interessadas (por exemplo, fornecendo informações claras, informações e ferramentas acessíveis para orientar os consumidores a fazer escolhas sustentáveis ou ajudando
    os visitantes a entendem como reduzir os impactos de suas próprias viagens)
  • Finanças e investimento de capital: Trabalhar com governos locais e nacionais para pressionar e facilitar o acesso a financiamentos e investimentos que apóiem a implementação de um turismo sustentável.

Veja também: Motivos para viajar e se tornar uma pessoa melhor

Todas essas sugestões podem parecer longe de nossa realidade, ou ainda, parecer que não são nossa prioridade nesse momento, mas me pergunto:

  • o destino depende de recursos naturais para atrair os visitantes?
  • queremos que os turistas conheçam nossa história e cultura?
  • a experiência autêntica é um diferencial para que nosso destino ou nosso hotel não seja mais um dentre milhares?
  • nosso destino conhece os 17 objetivos do desenvolvimento sustentável?
  • estamos orientando nossos clientes a colaborar com nossas ações de práticas sustentáveis?

Vou adorar se você compartilhar aqui as práticas de sua empresa ou destino na área de sustentabilidade.