TURISMO: PARAMOS E JÁ VOLTAMOS TOTAL?

O turismo é uma das mais significativas atividades econômicas para o Brasil, mas como em outras partes do mundo, o país tem tido um longo processo de recuperação para atingir os volumes pré pandemia. Um dos principais fatores que impactam a recuperação do turismo no Brasil é a capacidade aérea limitada.

Falei mais sobre o retorno global do turismo nesse post.

A falta de oferta de assentos aéreos nacionais e internacionais é um dos grandes desafios para o turismo brasileiro. A oferta limitada de voos internacionais e o preço das viagens dentro do Brasil são fatores que podem desencorajar os turistas estrangeiros a nos visitar. Além de restringir o acesso dos próprios brasileiros as viagens dentro do seu país.

Hoje recebi uma boa notícia da ForwardKeys, empresa espanhola que monitora a oferta aérea global. Os últimos dados de capacidade aérea da empresa mostram uma melhoria acentuada tanto para a capacidade de assentos internacionais quanto domésticos no Brasil no terceiro trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado. O Brasil é, atrás apenas do Chile, o destino latino-americano que mostra o maior aumento na capacidade de assentos de voos internacionais no terceiro trimestre de 2023: um surpreendente aumento de 25%. 

Por outro lado, os assentos domésticos também devem aumentar cerca de 13%. A malha aérea doméstica do terceiro trimestre de 2023 (meses de julho, agosto e setembro) segue um ritmo de expansão, com 14% mais voos do que no ano de 2022, segundo a ABEAR Associação Brasileira das Empresas Aéreas. A entidade afirma que o índice mostra uma superação total do período pré-crise.

O QUE É NECESSÁRIO?

“Para mitigar o impacto da capacidade aérea limitada na recuperação do turismo, os destinos brasileiros precisam trabalhar com as companhias aéreas e investir em estratégias para expandir a conectividade aérea. Isso pode incluir atrair novas companhias aéreas, negociar com as transportadoras existentes para mais voos e melhorar a infraestrutura aeroportuária. Além disso, campanhas de marketing direcionadas e incentivos para companhias aéreas e turistas podem ajudar a promover o Brasil como um destino desejável, apesar de quaisquer desafios iniciais com a capacidade de viagem aérea”, aconselha A. Gómez García, Chefe de Market Intelligence da ForwardKeys.

A maioria dos destinos turísticos brasileiros, junto com as empresas aéreas tem feito esse esforço recomendado por Gómez: expandir a conectividade aérea brasileira. Na nossa opinião o que ainda falta para estimular o turismo doméstico brasileiro é o esforça de marketing para que os brasileiros viajem dentro do Brasil. Não necessariamente pela via aérea. 

O caminho para a recuperação plena da indústria turística brasileira passa, inequivocamente, pela expansão da capacidade aérea e por campanhas de marketing direcionadas. No entanto, é imprescindível um esforço coordenado entre o governo e o setor privado para estimular o turismo interno, promovendo a riqueza de experiências que o Brasil tem a oferecer, independente do meio de transporte. Um esforço continuado, permanente.

O futuro do turismo no Brasil depende da implementação de estratégias efetivas que ajudem a superar esses desafios e a mostrar para o mundo, e para os brasileiros, o quanto o nosso país tem a oferecer. O potencial é imenso, e com estratégias adequadas e continuadas, será possível alcançar uma recuperação sustentável e duradoura na indústria do turismo.

Verão hemisfério norte: MUDANÇA DE DESTINOS para VIAGENS

À medida que o mundo se ajusta ao “novo normal” pós-COVID-19, as tendências de viagem estão mudando. O relatório “As Cidades Mais Populares para Visitar no Verão de 2023” da ForwardKeys destaca essas mudanças e revela algumas surpresas. O estudo foi feito baseando-se nas buscas por passagens aéreas para os destinos globais. Os destinos foram classificados por volume de pesquisas para viagens aéreas internacionais em julho e agosto de 2023. As pesquisas de voos realizadas até 23 de maio de 2023.

Novos comportamentos de viagem

A pandemia de COVID-19 alterou significativamente as preferências de viagem. O nomadismo digital e o trabalho remoto ganharam força, e a consciência do impacto ambiental das viagens aéreas mudou o comportamento de consumidores e operadores.

Destinos da Ásia-Pacífico em alta

No verão de 2023, os destinos na Ásia-Pacífico estão ganhando destaque. Bangkok agora lidera a lista de destinos mais populares para viagens no verão de 2023, superando Paris e Londres. Além disso, Denpasar Bali entrou no top cinco, superando alguns dos destinos europeus mais populares, incluindo Barcelona, Lisboa, Istambul, Madrid e Atenas.

Aumento da demanda por destinos urbanos

A demanda por destinos urbanos mais populares cresceu quase o dobro em comparação com os destinos tradicionais de “sol e praia”. Isso foi influenciado pelo retorno das megacidades asiáticas como possíveis destinos, bem como um aumento na demanda por pontos de compras globais, como Dubai, Singapura, Paris e Nova York.

Recuperação das viagens por país de origem

A recuperação das viagens por origem é mista, com diferentes ritmos de recuperação evidentes nas diferentes sub-regiões globais. Canadá e Estados Unidos mostram as taxas de recuperação mais impressionantes, com bilhetes para o verão já superando os volumes de 2019. Na América Latina, a recuperação do turismo internacional está ocorrendo de forma constante, principalmente por meio de viagens intrarregionais entre seus países constituintes.

Brasil fora da lista

O estudo da ForwardKeys mostra que a indústria de viagens está se recuperando e se adaptando às mudanças trazidas pela pandemia. As cidades da Ásia-Pacífico estão se tornando cada vez mais populares, enquanto os destinos urbanos estão vendo um aumento na demanda. Mas entre as 106 cidades mostradas no estudo, nenhuma brasileira aparece. Vale destacar o que mencionamos no início desse texto, são buscas para viagens entre julho e agosto de 2023, quando ocorre o verão no hemisfério norte. Mesmo assim, aparecem no estudo algumas cidades da América do Sul como Cidade do México, Bogotá, Lima e Buenos Aires. Vou atrás para entender melhor….

Para acessar o relatório completo em inglês você pode acessar esse link.

SEM VOOS, SEM TURISTAS INTERNACIONAIS

Recuperar e crescer o volume e o gasto de estrangeiros no Brasil é uma tarefa complexa e que exige atuar em diversas frentes. Quando sabemos que mais de 67% das chegadas de visitantes de outros países é por via aérea (2019, MTUR), esse pode ser um bom tema para iniciar essa conversa, correto? Com base num documento produzido pela ForwardKeys trago alguns comentários e dados para nosso bate-papo.

O mundo ainda enfrenta desafios na recuperação do setor de turismo devido à pandemia de Covid-19, assim como o Brasil. Somos o maior pais da América do Sul, e ainda temos dificuldade para atrair viajantes desde a reabertura das viagens internacionais. A falta de conectividade aérea é um tema relevante nesse contexto, que tem a capacidade de assentos para voos internacionais no primeiro semestre de 2023 ainda 18% abaixo dos níveis de 2019 (ForwardKeys, abril 2023).

Apesar da capacidade limitada e tarifas mais altas, a demanda pelo destino ainda é alta, com mercados europeus buscando ativamente o Brasil nos dois primeiros meses do ano. No primeiro semestre de 2023, o mercado que mais cresce em chegadas internacionais ao Brasil é Portugal, com aumento de 90% em relação aos níveis de 2019. Além disso, as chegadas ao Brasil da América do Norte e Europa durante o Carnaval deste ano aumentaram 6% e 13% em comparação com a edição de 2019.

Como será 2023 então?

Para 2023, hoteleiros, operadores turísticos e a EMBRATUR poderiam focar na criação de ofertas atraentes e para viajantes dos EUA e Europa. Segundo dados coletados pela EMBRATUR, em abril de 2023, 45% dos voos internacionais nos conectam com a América do Sul, 29% com a Europa e 19% com a América do Norte. A EMBRATUR também já relata que em janeiro desse ano já recebemos mais visitantes (868.587) do que em janeiro de 2019 (756.883). Os dados do relatório de tendências da ForwardKeys também sugerem otimismo cauteloso, pois os resultados gerais para a América do Sul são promissores. Vejamos as oportunidades abaixo:

De acordo com Juan A. Gomez, Chefe de Inteligência de Mercado da ForwardKeys. “A falta de conectividade com o Brasil não está apenas limitando as chances de o país atrair mais visitantes internacionais, mas também elevando as tarifas aéreas. Por exemplo, as tarifas da Europa para a Colômbia estão subindo no mesmo nível que a inflação, com oferta aérea acima dos níveis de 2019 no primeiro semestre do ano. Já, as tarifas da Europa em janeiro e fevereiro para os principais destinos do Brasil foram 34% acima para o mesmo período em 2019 devido, em parte, à falta de oferta aérea. Apesar da capacidade limitada e das tarifas mais altas, a intenção de viagem, medida em buscas de voos para o Brasil, mostra que a demanda pelo destino ainda é alta. Os mercados europeus estão no topo dos mercados mais ativos em busca do Brasil nos primeiros dois meses do ano.”

Como observado globalmente pela ForwardKeys, a recuperação também é um processo bastante desigual na América do Sul. Por exemplo, a Colômbia pode receber mais chegadas internacionais durante o primeiro semestre de 2023 do que no mesmo momento pré-pandemia. Com 1% a mais de passagens confirmadas para chegadas internacionais em comparação com o primeiro semestre de 2019, o país está prestes a ser o primeiro destino sul-americano a alcançar a recuperação total. Já o Equador (-14%), Argentina (-18%) e o Brasil (-24%) continuarão abaixo dos níveis de 2019 pelo menos no primeiro semestre do ano, embora estejam mostrando uma melhora acentuada ao longo do ano. Veja abaixo a comparação de oferta de assentos entre 2023 e 2019 entre Rio, São Paulo e Bogotá (janeiro a agosto).

Dados recentes da EMBRATUR, também com base em relatório da ForwardKeys mostram que entre abril e dezembro deste ano estão programados 9,7 milhões de assentos em voos internacionais com destino ao Brasil, um aumento de 26% ou 2 milhões de novos assentos quando comparado com o mesmo período do ano passado.  Ótima notícia para seguirmos com os esforços de promoção internacional.

Recuperação do turismo: o que os números dizem?

Nada como alguns números para avaliarmos se realmente os voos domésticos e internacionais estão, de fato, construindo uma recuperação das viagens e do turismo. Muitos desafios no cenário global e nacional trazem um panorama flutuante. Ora o dólar e o euro estão super altos dificultando viagens aos exterior; ora baixam um pouco e, pronto! Sobem as buscas e as compras.

Fomos buscar algumas informações com a Forwardkeys, empresa espanhola que monitora demanda passada e futura nas viagens pelo planeta, ajudando empresas e destinos a atuar com bases em dados para planejar sejas vendas e seu marketing. As buscas internacionais para passagens aéreas com destino ao Brasil entre 3 de janeiro e 27 de março de 2022 mostram maior procura de norte-americanos e europeus do que sul-americanos. Os EUA, Portugal, Espanha, Alemanha e França lideram as procuras no período.

As chegadas de sulamericanos ao Brasil entre abril e junho de 2022 estão em 36% do montante que tínhamos em 2019. Argentina, Chile e Colômbia são os principais mercados de origem dessas reservas. Se olharmos para toda a demanda internacional de voos com base em abril desse ano, estamos a 67% do nível de 2019.

Cidades brasileiras que mais se recuperaram no internacional

As chegadas internacionais no Brasil entre abril e junho de 2022 mostram quais as cidades brasileiras são mais resilientes diante da crise, ou seja, em relação às chegadas que tinham no mesmo período em 2019, mostram a recuperação acima dos 65% médios do período no Brasil. Nos próximos 3 meses, Belo Horizonte e Brasília terão superado as chegadas em relação a 2019, respectivamente 127% e 110%. Curitiba e Porto Alegre, Fortaleza e São Paulo, estarão acima de média de recuperação nacional, respectivamente com ….%, 95%, 88% e 74% em relação aos níveis de 2019.

E as viagens dos brasileiros ao exterior ?

Para os próximos três meses, as partidas dos brasileiros ao exterior em viagens aéreas estão 65% quando comparadas a 2019 no mesmo período. Viagens com destino aos Emirados Árabes estão iguais e 2019. E partidas para o México estão a 93% e para a Colômbia estão a 80% dos níveis pré crise

Feriado de 21 de abril

Viagens entre 20 a 24 de abril de 2022 se comparadas aos níveis de 2021 estão bombando! Para as viagens internacionais é registrado um aumento de 335% e dentro do Brasil de +86% segundo os dados da Forwardkeys.

Para Juan Gómez, analista sênior da Forwardkeys, “O que os últimos dados demonstram e destacam é que o desejo de viajar é forte e se traduz em reservas confirmadas em todo o Brasil. O Brasil tinha uma base sólida de turismo doméstico para começar, mas agora podemos ver o retorno dos viajantes internacionais, especialmente ao Norte do Brasil, pois as restrições de viagem são aliviadas e a conectividade de vôo é melhorada para destinos como Espanha, Portugal e EUA”.


internacional: quem vem pro Brasil

Os dados atualizados da ForwardKeys indicam uma progressiva recuperação do mercado internacional de viagens aéreas para o Brasil entre 1 de novembro e 12 de dezembro de 2021. No total de chegadas aéreas internacionais o Brasil entra no final do ano com -65,5% em relação ao mesmo período de 2019. Uma pequena recuperação depois de termos ficado quase 2 anos no patamar de -90% em relação a 2019.

Esse reflexo da abertura das fronteiras, do avanço da vacinação e do entusiamo do mercado global de viagens e turismo vão, aos poucos, mostrando melhoras. Sem esquecermos que alguns países europeus vivem o aumento do número de mortes e até fazem novas restrições de fronteiras.

Maiores emissores

A melhor recuperação do Brasil vem de mercados europeus, que iniciaram a abertura de fronteiras antes da Américas do Sul e do Norte. Os países que estão recuperando mais rápido os níveis de 2019 são: Portugal (-37%), Espanha (-48%), Chile (-57%), Itália (-66%) e Alemanha (-69%). Um dos mercados emissores importantes para o Brasil, a Argentina, que reabriu suas fronteiras há cerca de 1 mês, encontra-se no patamar de -81,5% em relação a novembro e dezembro de 2019; o país que representava quase 30% das chegadas internacionais ao Brasil tem hoje somente 10% de market share.

De acordo com Juan Gómez, Head de Pesquisa de Mercado da ForwardKeys, “o relaxamento das restrições para viagens de e para os Estados Unidos da América, também para os viajantes de e para o Brasil, impulsionou fortemente o número de reservas. Assim, a previsão para as chegadas internacionais ao Brasil em novembro melhora consideravelmente, com valores para as chegadas dos EUA próximos aos números de 2019, enquanto se espera que as chegadas de Portugal superem os níveis pré-pandêmicos”.

Os dados da ANAC, coletados hoje (03/11/2021) mostram a comparação do número de passageiros pagos no período de janeiro a setembro dos últimos 3 anos, conforme figura abaixo. Nos primeiros nove meses de 2021, o Brasil recebeu cerca de -62% de passageiros vindos do exterior. Seguimos acompanhando também para ver os impactos do dólar no crescimento das viagens internacionais dos brasileiros e a recuperação do turismo mundial.

Fonte: ANAC https://www.gov.br/anac/pt-br/assuntos/dados-e-estatisticas/mercado-de-transporte-aereo/consulta-interativa/demanda-e-oferta-origem-destino. Acesso em 03 nov 2021.

Internacional instável e flutuante

Todos nós sabemos que, lentamente, o avanço da vacinação, os passaportes sanitários e outras ações podem começar ajudar a volta do mercado internacional. Mesmo com perspectivas ainda de médio e longo prazos ou novas variantes é importante monitorar e entender os movimentos domésticos, intra-regionais e de longo curso dos mercados emissores para o Brasil. Trago hoje os dados da ForwardKeys sobre a demanda internacional futura de viagens aéreas para o Brasil entre 16 de agosto e 26 de setembro desse ano de 2021 em comparação com 2020 e 2019 (bilhetes aéreos com reservas feitas).

A comparação correta que devemos fazer de 2021 é como 2019, basicamente por que é um ano em que não havia ainda a crise da pandemia e nos permite fazer comparações reais. O período de 16 de agosto a 26 de setembro de 2021 na comparação com o mesmo período pré-crise (2019) mostra uma queda de 83,4% no total de chegadas aéreas internacionais para o Brasil. Todas as semanas recebemos dados da ForwardKeys que nos permitem avaliar esses cenários.

Alguns mercados chamam a atenção. O primeiro deles é a Argentina, que tem hoje um share de 6% do total das chegadas aéreas internacionais ao Brasil (2021). Historicamente é o principal emissor para o Brasil, com cerca de 29% das chegadas totais de estrangeiros (cerca da metade chega por via aérea); já apresentou uma diminuição acentuada em 2019 (-22%) e ainda maior em 2020 e 2021. Estamos com fronteiras fechadas, pouquíssimos voos e restrições de viagens ainda severas; sem considerar a crise econômica que aquele país vive há alguns anos. Uma situação similar ocorre com o Uruguai, que além de ser nosso vizinho e ter uma série histórica de chegadas (cerca de 364 mil turistas por ano) também tem fronteiras fechadas e muitas restrições. O terceiro mercado também com grande queda é o Reino Unido, que temos acompanho as restrições severas até mesmo dentro da Europa. Esses três países registram uma variação negativa de 95,5% nas chegadas passadas e futuras ao Brasil na comparação com 2019 e também com 2020.

Quando olhamos para os mercados emissores para o Brasil que podemos considerar mais resilientes, ou menos piores nas chegadas aéreas, destaca-se o mercado português, aonde estamos na metade do patamar de 2019; a Espanha, que aumentou seu share de mercado em 2021 (4,5%), mas ainda com chegadas futuras até setembro no patamar de -73,4% em relação a 2019. Destaco ainda a Itália, que está a -78% de chegadas em 2021 na comparação com o período pré-crise com 4,7% de share internacional esse ano.

Esses movimentos de cada país, relacionados com diversos fatores, são essenciais para entender como o futuro do turismo receptivo internacional para o Brasil pode ser novos mercados prioritários. Também ajuda a entender o comportamento de viagens no médio e longo prazos, buscando orientar ações de marketing e vendas a um cenário bastante instável e flutuante. Acertar em políticas de atração de estrangeiros ao Brasil é hoje um desafio ainda mais complexo, que exige decisões com base em dados, fatos e evidências profissionais.

Ouça abaixo o HUB 37: episódio do podcast que fiz com Mariana Aldrigui sobre para que servem dados e informações na análise de cenários e na tomada de decisão nos negócios em turismo.

5 motivos que ainda restrigem a abertura das viagens aos brasileiros (jun 2021)

Os desafios ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus no mundo e, especialmente, no Brasil, ainda são imensos. Quando analisamos a indústria de viagens e turismo vemos alguns movimentos de viagens domésticas e intra-regionais em alguns lugares do mundo, e grande parte dos estudos de demanda futura indicam um grande desejo reprimido para viajar. E que que falta no cenário atual para trazer confiança para viajar aqui no Brasil ?

O desejo dos brasileiros de viajar dentro do país e, também, ao exterior é citado por diversos estudos. Buscamos aqui uma análise de quais são os fatores podem impactar a ida de brasileiros ao exterior, e a chegada de estrangeiros ao Brasil. Selecionamos aqui os principais países emissores de turistas ao Brasil e aqueles para os quais os brasileiros mais viajam.

1. CASOS POR MILHÃO DE PESSOAS

Ainda temos muitos casos de pessoas sendo contaminadas. Abaixo verificamos nos dados de 1o. de maio até 20 de junho de 2021 o número de casos confirmados a cada duas semanas por milhão de pessoas. O Brasil e os principais emissores de turistas ao nosso país ou destinos que os brasileiros viajam estão em patamares de contaminação bastante diferentes, e a situação da América do Sul é bastante negativa em relação à Europa e América do Norte. Vamos lembrar que além do Brasil, todo o continente precisa apresentar números melhores.

2. VACINAÇÃO

Dados do Our World in Data mostram que o Brasil tem hoje somente 11% da população totalmente vacinada. Com as informações que temos hoje sabemos que a vacinação, seu ritmo e o percentual da população vacinada por milhão de habitantes é um dos critérios para que os países decidam ou não abrir as fronteiras para receber viajantes. Alguns de nossos vizinhos, como o Chile e o Uruguai já apresentam um percentual maior da população com 2 doses de vacina.

3. VARIANTES DA COVID-19

O alto número de contágios e o pouco percentual da população vacinada ainda trazem o surgimento de novas variantes no Brasil. As incertezas sobre a imunização e o nível de contágio das novas variantes fazem com que os países olhem com cautela para o surgimento de novas cepas do vírus. Um dos motivos para que a União Européia não tenha autorizado até agora a viagem de brasileiros já vacinados é a variante chamada de gamma pela OMS. Esta circula em todo o Brasil, é mais contagiante e pode reinfectar quem já teve a doença.

4. FRONTEIRAS

O mundo ainda olha para o Brasil como fonte de contágios e muitas mortes. Os temas ligados às variantes, vacinação, novos números de casos e a forma como o país “administra” a pandemia resultam em medidas de proibição de entrada de brasileiros em outros países por via terrestre, aérea e marítima. O mapa abaixo, ilustrado pelo KAYAK, mostra fronteiras abertas para 6 países, com restrições para outros 99 e 115 com fronteiras totalmente fechadas.

5. VOOS INTERNACIONAIS

A oferta de voos internacionais ainda é pequena, tornando as viagens mais longas e mais difíceis para o Brasil. A recuperação da oferta de voos internacionais ao patamar de 2019 ainda está longe no Brasil, e, dificilmente, ocorrerá antes de 2024. Todas as restrições mencionadas acima apontam a diminuição de voos internacionais de/para o Brasil, que, segundo os dados da Forwardkeys, encontram-se no patamar de -94,5% entre 1 de janeiro a 13 de junho de 2021 em relação ao mesmo período de 2019. As chegadas futuras, baseadas em bilhetes aéreos já comprados entre 13 de junho e 25 de julho encontram-se negativos em 90,5% em relação ao mesmo período de 2019.

O QUE PRECISAMOS URGENTE?

Além do controle da pandemia, da realização de testagens, do avanço mais rápido da vacinação, algumas medidas se tornam essenciais para que, quando o cenário atual melhorar, as pessoas tenham acesso às viagens internacionais. Dentre elas destaco a CERTIFICAÇÃO DE VACINAÇÃO. Os acordos multilaterais estabelecidos entre vários países como por exemplo na União Europeia ou o IATA TRAVEL PASS, são exemplos de procedimentos que serão aceitos de forma coordenada e universal em diversos países. Até agora a iniciativa que temos no Brasil é o Passaporte Sanitário que nasceu no Congresso já cheio de dúvidas. Mas destaco, para viajar ao exterior é preciso que a ANVISA e as autoridades diplomáticas brasileiras integrem acordos multilaterais para aceitar o certificado de vacinação do Brasil.

Estamos completamente DESAPARECIDOS do mercado mundial de turismo. Não tivemos nenhuma ação de viagens virtuais ou ações para mostrar o que as pessoas podem fazer aqui depois que as viagens se normalizarem. Desde agosto de 2019 que o número de passageiros pagos em viagens internacionais de/para o Brasil só diminuem. Entramos na pandemia em desvantagem ao resto do mundo no turismo quando a média mundial de chegadas internacionais de turistas foi de +3,4% e o Brasil teve queda de 4,7%. PRECISAMOS CUIDAR DA IMAGEM DE NOSSO PAÍS NUM CENÁRIO DE DEMANDA ESCASSA E MUITA COMPETITIVIDADE.

O internacional para o Brasil até abril

Seguimos acompanhando o cenário de viagens internacionais com os dados da Forwardkeys, empresa espanhola que trabalha com big data para viagens aéreas passadas e buscas/ reservas futuras. Nesse cenário ainda incerto em muitos países e, especialmente, com o lento ritmo de vacinação no Brasil é essencial sentirmos o comportamento de buscas e compras nos principais mercados emissores para o Brasil.

Vamos primeiro comparar janeiro e fevereiro desse ano com 2020. Os dados da Forwardkeys mostram que existe uma diminuição de 87% nas reservas aéreas internacionais para o Brasil no período mencionado. Os países que registraram as maiores quedas de reservas foram o Uruguai (-98,5%), a Argentina (-93,2%) e a Itália (-92,1%). Por outro lado, “menos piores” foram as reservas da Espanha (-79,8%) e de Portugal (-80,5%).

Quanto às reservas futuras, as mais importantes de monitorarmos para orientar nosso planejamento e as devidas ações de comunicação, os dados da Forwardkeys, com base nos GDS e outras fontes mostram que entre 1 de março a 11 de abril de 2021, se comparado às reservas realizadas no mesmo período, estamos com -87,4% de reservas aéreas internacionais. Os mercados que mostram até agora o pior índice são o Uruguai (-96,1%), a França (-94,5%) e o Reino Unido (-93,1%); nesses mercados as reservas futuras para o Brasil praticamente inexistem. Já os mercados em que há um número um pouco maior de reservas, embora ainda muito pequeno, são: Chile (-72,9%), Portugal (-79,6%) e Espanha (-84,3%). A Argentina, o principal mercado internacional para o Brasil, dá sinais de pouca demanda e reservas, além de diminuição de share de mercado.

Por que esses dados são importantes? Eles nos dão uma ideia de como as pessoas buscam ou já pensam em vir ao Brasil; de como nossa imagem está em cada mercado e, também, nos permite planejar com base em informações as ações necessárias para reconstruir a demanda internacional ao nosso país.

o que os dados nos dizem sobre internacional até novembro 2020

Estamos no último mês de 2020 e trago um resumo dos dados de chegadas internacionais aéreas no Brasil com base os dados exclusivos fornecidos para a Pires Inteligência em Destinos e Eventos pela empresa espanhola de big data Forwardkeys.

Vale destacar que a OMT desenhou 3 cenários possíveis para o turismo internacional, e o caminho vinha sendo trilhado pelo cenário menos otimista até julho (queda de 58% nas viagens internacionais em 2020, linha cinza). A realidade acabou trazendo uma curva irregular de recuperação, conforme pode-se ver abaixo (linha azul). Esse contexto mostra que existe um panorama não uniforme no mundo em relação às viagens internacionais, que dependerá da vacina, da evolução da pandemia e da volta da confiança nas viagens.

Fonte, OMT 2020.

Quando nos voltamos aqui para a realidade do Brasil os dados coletados pela Forwardkeys mostram que entre janeiro e novembro desse ano o Brasil teve uma queda de 72% nas chegadas aéreas internacionais.

Para as seis próximas semanas, até meados de janeiro, as reservas já realizadas indicam ainda uma variação de -72,6% em relação ao mesmo período de 2019 (07 dez 2020 a 17 jan 2021). O detalhamento dessas informações mostra que, percentualmente, as maiores quedas de mercados emissores no período futuro assinalado devem ser do Uruguai (-96,8%),  Argentina (-87,5%), Itália (84,6%), Alemanha (77,9%), Chile (-75,3%) e França (74,2%). As quedas “menores” podem vir da Inglaterra (-49,5%) e Portugal (-53,9%).

A partir de 2021 temos um novo cenário com o advento progressivo da vacina nos diversos países, a evolução da pandemia e o trabalho que cada país está fazendo para mostrar a segurança nas viagens. É certo que o Brasil tem um grande mercado doméstico que vem mostrando sinais de recuperação, e a reconstrução do mercado Internacional ainda traz muitas indagações; a forma como o país é visto no enfrentamento da pandemia, os temas relacionados ao meio ambiente e ausência de um posicionamento Internacional de que é seguro viajar para o Brasil são alguns dos fatores que teremos que enfrentar de forma determinada.