5 motivos que ainda restrigem a abertura das viagens aos brasileiros (jun 2021)

Os desafios ao enfrentamento da pandemia do novo coronavírus no mundo e, especialmente, no Brasil, ainda são imensos. Quando analisamos a indústria de viagens e turismo vemos alguns movimentos de viagens domésticas e intra-regionais em alguns lugares do mundo, e grande parte dos estudos de demanda futura indicam um grande desejo reprimido para viajar. E que que falta no cenário atual para trazer confiança para viajar aqui no Brasil ?

O desejo dos brasileiros de viajar dentro do país e, também, ao exterior é citado por diversos estudos. Buscamos aqui uma análise de quais são os fatores podem impactar a ida de brasileiros ao exterior, e a chegada de estrangeiros ao Brasil. Selecionamos aqui os principais países emissores de turistas ao Brasil e aqueles para os quais os brasileiros mais viajam.

1. CASOS POR MILHÃO DE PESSOAS

Ainda temos muitos casos de pessoas sendo contaminadas. Abaixo verificamos nos dados de 1o. de maio até 20 de junho de 2021 o número de casos confirmados a cada duas semanas por milhão de pessoas. O Brasil e os principais emissores de turistas ao nosso país ou destinos que os brasileiros viajam estão em patamares de contaminação bastante diferentes, e a situação da América do Sul é bastante negativa em relação à Europa e América do Norte. Vamos lembrar que além do Brasil, todo o continente precisa apresentar números melhores.

2. VACINAÇÃO

Dados do Our World in Data mostram que o Brasil tem hoje somente 11% da população totalmente vacinada. Com as informações que temos hoje sabemos que a vacinação, seu ritmo e o percentual da população vacinada por milhão de habitantes é um dos critérios para que os países decidam ou não abrir as fronteiras para receber viajantes. Alguns de nossos vizinhos, como o Chile e o Uruguai já apresentam um percentual maior da população com 2 doses de vacina.

3. VARIANTES DA COVID-19

O alto número de contágios e o pouco percentual da população vacinada ainda trazem o surgimento de novas variantes no Brasil. As incertezas sobre a imunização e o nível de contágio das novas variantes fazem com que os países olhem com cautela para o surgimento de novas cepas do vírus. Um dos motivos para que a União Européia não tenha autorizado até agora a viagem de brasileiros já vacinados é a variante chamada de gamma pela OMS. Esta circula em todo o Brasil, é mais contagiante e pode reinfectar quem já teve a doença.

4. FRONTEIRAS

O mundo ainda olha para o Brasil como fonte de contágios e muitas mortes. Os temas ligados às variantes, vacinação, novos números de casos e a forma como o país “administra” a pandemia resultam em medidas de proibição de entrada de brasileiros em outros países por via terrestre, aérea e marítima. O mapa abaixo, ilustrado pelo KAYAK, mostra fronteiras abertas para 6 países, com restrições para outros 99 e 115 com fronteiras totalmente fechadas.

5. VOOS INTERNACIONAIS

A oferta de voos internacionais ainda é pequena, tornando as viagens mais longas e mais difíceis para o Brasil. A recuperação da oferta de voos internacionais ao patamar de 2019 ainda está longe no Brasil, e, dificilmente, ocorrerá antes de 2024. Todas as restrições mencionadas acima apontam a diminuição de voos internacionais de/para o Brasil, que, segundo os dados da Forwardkeys, encontram-se no patamar de -94,5% entre 1 de janeiro a 13 de junho de 2021 em relação ao mesmo período de 2019. As chegadas futuras, baseadas em bilhetes aéreos já comprados entre 13 de junho e 25 de julho encontram-se negativos em 90,5% em relação ao mesmo período de 2019.

O QUE PRECISAMOS URGENTE?

Além do controle da pandemia, da realização de testagens, do avanço mais rápido da vacinação, algumas medidas se tornam essenciais para que, quando o cenário atual melhorar, as pessoas tenham acesso às viagens internacionais. Dentre elas destaco a CERTIFICAÇÃO DE VACINAÇÃO. Os acordos multilaterais estabelecidos entre vários países como por exemplo na União Europeia ou o IATA TRAVEL PASS, são exemplos de procedimentos que serão aceitos de forma coordenada e universal em diversos países. Até agora a iniciativa que temos no Brasil é o Passaporte Sanitário que nasceu no Congresso já cheio de dúvidas. Mas destaco, para viajar ao exterior é preciso que a ANVISA e as autoridades diplomáticas brasileiras integrem acordos multilaterais para aceitar o certificado de vacinação do Brasil.

Estamos completamente DESAPARECIDOS do mercado mundial de turismo. Não tivemos nenhuma ação de viagens virtuais ou ações para mostrar o que as pessoas podem fazer aqui depois que as viagens se normalizarem. Desde agosto de 2019 que o número de passageiros pagos em viagens internacionais de/para o Brasil só diminuem. Entramos na pandemia em desvantagem ao resto do mundo no turismo quando a média mundial de chegadas internacionais de turistas foi de +3,4% e o Brasil teve queda de 4,7%. PRECISAMOS CUIDAR DA IMAGEM DE NOSSO PAÍS NUM CENÁRIO DE DEMANDA ESCASSA E MUITA COMPETITIVIDADE.

Aonde seu passaporte pode te levar?

Na hora de realizar uma viagem internacional, muitos turistas sabem mais ou menos os procedimentos dos vistos de entrada e o obtém como primeira providência, principalmente se a viagem é para os EUA, ou para o Canadá, por exemplo. Mas e se a viagem for para as Ilhas Maldivas, ou para os Emirados Árabes? A falta de informação a respeito da política de entrada no país pode se tornar uma dor de cabeça, se deixada para última hora.

Essa semana falei aqui sobre a minha experiência com a autorização eletrônica (eTA) para viajar ao Canadá e, ainda ponderando a respeito da falta de informações sobre vistos e passaportes, encontrei o Passport Index.

O site possui na sua página de início os passaportes de todos os países e, ao clicar no seu país de origem, ele lista em quais países você precisa obter visto de entrada. Simples assim! É possível ver em quais nações possuímos “entrada livre” e em quais é necessária a solicitação de autorização prévia ou na hora do desembarque.

Além de listar um ranking de passaportes com maior possibilidade de entrada (que possui a Alemanha como primeiro lugar, com acesso livre a 158 países), é possível ainda comparar a “força” de um passaporte para outro, listando-os lado a lado.

De acordo com o site, o Brasil está na 13ª posição, com passe livre para 144 países. Em último lugar, com o maior número de barreiras, está o Afeganistão, com entrada livre em 22 países. Mesmo que seja só por curiosidade, vale a pena dar uma olhada. Acesse o site aqui.