3 temas sobre Paris 2024 e o turismo

Mais uma vez o mundo se volta aos Jogos Olímpicos. Depois de vivenciar de perto o que foram os Jogos Rio 2016, além de ter acompanhado de perto Pequim 2008 e Londres 2012, busquei um resumo de 3 aspectos relevantes para observar sobre Paris 2024. Segue o resultado de minhas buscas.

1. Impactos para o Turismo

  • Expectativas de Turismo: Os Jogos Olímpicos de Verão de 2024 em Paris devem atrair entre 2,3 e 3,1 milhões de visitantes, com um aumento significativo nos gastos turísticos estimado em até €4 bilhões. A Euromonitor International prevê que o evento possa impulsionar os gastos turísticos, com uma parte significativa dos visitantes sendo franceses (64%).
  • Setor Hoteleiro: Os preços dos hotéis aumentaram substancialmente, com uma elevação de 41-64% nos preços médios de hotéis três a cinco estrelas durante o evento. A ocupação dos hotéis, embora lenta no início, começou a aumentar no final de junho, sugerindo uma distribuição mais ampla da receita do turismo.
  • Receita Econômica: O Centro de Direito e Economia do Esporte (CDES) da Universidade de Limoges estimou que os Jogos poderiam gerar entre €6,7 e €11,1 bilhões em benefícios econômicos líquidos para a região de Paris. Esses benefícios se distribuem entre turismo, construção e organização dos Jogos.

2. Desafios do Turismo Francês

  • Desafios no Setor Aéreo: As companhias aéreas enfrentaram declínios significativos no lucro operacional. A Air France-KLM relatou uma queda de 30% no lucro operacional devido à redução do tráfego internacional, resultando em perdas estimadas de €40 milhões em receita. A Delta Airlines também previu perdas de $100 milhões devido à diminuição da demanda por voos para Paris.
  • Acessibilidade e Preços: O aumento adicional no imposto turístico fez com que os turistas pagassem até 200% mais por noite, dependendo do tipo de acomodação. Além disso, preocupações de acessibilidade entre os potenciais visitantes resultaram em uma ocupação inicial mais lenta dos quartos de hotel, levando a alguns descontos.
  • Mobilidade e Logística: Medidas de segurança aumentadas e o fechamento de ruas podem dificultar a mobilidade e o acesso a atrações turísticas, impactando negativamente os negócios locais.

3. O que paris fez de diferente?

  • Infraestrutura Sustentável: Paris 2024 colocou um forte foco na sustentabilidade, com 95% dos locais usando estruturas existentes ou temporárias para minimizar a construção e reduzir o impacto ambiental. A cidade se comprometeu a reduzir as emissões de carbono em 50% em comparação com Jogos anteriores, alinhando-se à Agenda Olímpica 2020 do COI.
  • Legado de Longo Prazo: Investimentos significativos foram feitos em infraestrutura, como a Vila Olímpica em Seine-Saint-Denis, que proporcionará moradias e instalações comunitárias após os Jogos. Esses desenvolvimentos visam criar oportunidades econômicas duradouras, aumentar o emprego local e promover a inclusão social.
  • Inovação Tecnológica: Os Jogos de 2024 aproveitarão tecnologias avançadas para logística, segurança e experiência do visitante, incluindo infraestrutura inteligente e bilhetagem digital, para melhorar a eficiência e reduzir a pegada ambiental do evento.
  • Promoção Cultural: Além dos eventos esportivos, os Jogos Olímpicos de Paris 2024 destacarão a cultura francesa com inúmeros eventos culturais e exposições, promovendo a herança, as artes e as inovações da França para uma audiência global.

Qual sua opinião?

369 milhões de turistas pelo mundo

A UNWTO (Organização Mundial do Turismo) divulgou recentemente o World Tourism Barometer com algumas informações e dados do turismo no mundo referentes ao primeiro quadrimestre de 2017.

De acordo com o boletim, de janeiro a abril deste ano, 369 milhões de turistas internacionais desembarcaram em destinos do mundo inteiro, 6% a mais se comparado o mesmo período em 2016. Na América do Sul, a porcentagem de comparação do período está um pouco acima da média mundial, em 7%. No entanto, neste ano, sobe para 16% de alta no número de desembarques internacionais se compararmos apenas o mês e abril.

É importante lembrar que o período de janeiro a abril geralmente representa cerca de 28% do total anual e abrange a temporada de inverno do Hemisfério Norte e a temporada de verão do Hemisfério Sul, bem como o Ano Novo chinês e feriados de Páscoa.

Para a própria UNWTO os resultados dos números de desembarques de turistas internacionais no mundo são reflexo de um turismo ‘’forte” nos principais destinos e de uma ”recuperação constante” em destinos que passaram por eventos negativos em 2016.

O aumento de 21 milhões de turistas nos primeiros 4 meses de 2017 podem ser fruto de um Turismo que se consolida cada vez mais e cresce em confiabilidade. Aqui ou lá fora, continuamos acompanhando o Turismo de perto.

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No visa? Less tourists

brinBrasil, Rússia, Índia e Nigéria: o que os quatro países têm em comum? Acredito que se realmente quisermos pontuar semelhanças de cultura, geografia, identidade social etc., encontraríamos várias. Mas o que me refiro aqui, já respondendo à pergunta, é ao título de serial underperformers, atribuído ao quarteto recentemente.

O termo pode ser explicado como uma definição daquilo que tem ou teve uma performance aquém do esperado, apresentando mau desempenho de forma sequencial, ou seja, nas diversas atividades e/ou análises a que foi submetido.

Durante esta semana, Brasil, Rússia, Índia e Nigéria foram pauta de economistas mundo afora por serem países emergentes que estão falhando na capitalizar seu potencial de turismo, de acordo com pesquisa feita pelo banco de investimento Renaissance Capital.

De acordo com dados do FMI, os números das receitas turísticas de 2015 são: o equivalente a 0,3% do PIB para o Brasil; 0,6% para Rússia; 1% para a Índia e apenas 0,1% para a Nigéria. O WTTC – World Travel & Tourism Council por meio de estudo da Oxford Economics diz que o PIB direto do turismo no Brasil é 3,1%.

É indiscutível que o turismo é uma das atividades econômicas mais importantes do Brasil e independente do seu tamanho atual existe consenso de que pode ser muito maior do que é. Parece brincadeira, mas, sobre o Brasil, para o economista-chefe do Renaissance, Charles Robertson, o fraco desempenho do Brasil é “difícil de explicar”. Enquanto nós, por aqui, dizemos que é “difícil de entender”. E o assunto é sério: basta ter acesso às projeções do setor no país e fazer uma breve análise do tipo de estratégias de mudança que estão sendo aplicadas para desenvolver o turismo.

De uma forma geral e quase unânime, a questão da burocracia e custo dos vistos é um dos principais fatores para a fraca contribuição do turismo no PIB desses países; seja pelo orgulho por conta da não reciprocidade até pela falta de atualização das políticas e termos que regem a administração de vistos.

Segundo projeções da WTTC, a receita do Brasil para o turismo ainda vai declinar 1,6% em 2016 e retrair mais 0,5% em 2017. A boa notícia é que a projeção para 2020 é de crescimento de 2,4% na contribuição do PIB nacional.

Brasil, Rússia, Índia e Nigéria. Poderíamos intitular este post (e não é por falta de vontade) de “Quarteto Fantástico”, porém, o que temos de extraordinário mesmo, por enquanto, é o quase inexplicável baixo desempenho de quatro países onde sobram o potencial de turismo, riqueza de cultura e belezas naturais.

Por ora, ainda não dá pra levantar um brinde à receita do turismo no PIB desses países e o quadro só vai se transformar quando concordarmos que a maneira com a qual conduzimos o turismo no Brasil precisa mesmo ser revista. Sim! E quando aprimorarmos nosso sistema de estudos e pesquisas para medir exatamente quantos turistas temos.

Google X agentes de viagens ?

James Shillinglaw escreveu um artigo interessante sobre a relação do Google com os agentes de viagens, baseado nas declarações de Dave Pavelko no evento da Virtuoso que ocorreu em Cape Town, África do Sul.

A grande questão é: a especulação da mídia sobre o que o Google está fazendo no setor de viagens e turismo, assim como sobre o possível fato de estar tomando o lugar dos agentes de viagens. O Google diz que vê os agentes de viagens como clientes para seus serviços e não como competidores.

A empresa que domina o mercado de buscas no mundo quer estar ao lado do consumidor no que chama de “new travel consumer journey,” (jornada de viagens do novo consumidor), que passa pelos estágios de planejar, comprar e experimentar, sobretudo por meio da interação digital. Já o agente de viagens, usa o Google como uma ferramenta de trabalho para turbinar seus negócios.

Pelo que argumentou o diretor Pavelko, a empresa valoriza o que ele chama de micro momentos da viagem, em cada instante é possível buscar um endereço, uma atração turística, comprar um ingresso ou saber o horário de um restaurante ou loja, por exemplo. Como se o Google fosse, hoje, a única ferramenta disponível para prover informações aos viajantes em qualquer e todo momento de sua viagem por meio de diversos mecanismos e num só lugar.

Na medida em que o mundo digital, as necessidades instantâneas de informações e as experiências específicas e cada viajante vão mudando radicalmente a forma de viajar, é verdade que o Google se torna um parceiro gratuito para o turista em qualquer momento, lugar ou formato. Não é somente a informação turística final, mas é tudo que pode ser feito durante a viagem, como alterar uma reserva de um voo, tradução, conversão de moedas, o que fazer, aonde ir, e infinitas possibilidades.

E eu diria que ele também está substituindo as organizações públicas de turismo, National Tourist Organisations, como a EMBRATUR, o Destinations on Google (veja o vídeo explicativo) é uma ferramenta de planejamento de viagens que traz tudo sobre os destinos. Será que estamos assim tão eficientes nos destinos com conteúdo e opções? Basta comparar nossos sites e informações com aqui que está disponível na ferramenta. Interessante pesquisar mais sobre esse tema, ao que me consta hoje todos os governos que investem em mídia digital compram posicionamento e usam o adwords do Google.

Mas voltando ao mercado, aonde entraria do agente de viagens ? De acordo com Pavelko, esses consultores ou conselheiros podem oferecer produtos e preços que dificilmente podem ser encontrados no ambiente digital, ou ainda, customisar viagens de acordo com os desejos do cliente, juntando o mundo digital com o real, aonde o agente de viagens pode mostrar seu diferencial. O relacionamento e a credibilidade ainda são fatores que influenciam muitas pessoas no longo processo de viagens.

Qual seria o ponto de separação entre esses atores? Será que ele existe ? O que você pensa ?

Fonte: Will Google Replace Travel Agents?