Veneza sitiada

Nessa onda de aversão à chegada de turistas em um destino, ocasionada pelo crescimento desenfreado de visitantes e a subsequente falta de controle dos seus efeitos nos destinos “supervisitados”, há uma série de medidas já propostas e outras a serem estudadas na tentativa de minimizar os desconfortos sem que o turismo saia prejudicado.

Veneza está entre as cidades que têm caminhado contra o número de turistas: a romântica cidade italiana, segundo os habitantes locais, tem se tornado um destino puramente de visitação, algo como um “parque temático”. Claro que, a alusão (por enquanto) é uma forma de expressar o quanto a chegada de hordas de turistas tem afetado os habitantes da cidade que eram 170 mil em 1951 e hoje são apenas 50 mil, na região das ilhas.

Tendo 50 mil habitantes, a cidade tem recebido o gigantesco número de 20 milhões de turistas por ano, ou seja, mais de 50 mil visitantes por dia.

Além de adotar e estudar medidas que controlem alguns efeitos, como proibir abertura de novas lojas de fast food e limitar o número de visitantes ao centro da cidade, o destino também precisa ter criatividade para lidar com a má educação e desrespeito aos patrimônios históricos locais por parte alguns visitantes.

Com o objetivo de conter turistas que levaram a cidade aos noticiários enquanto  tiravam as roupas e se lavavam em fontes medievais, urinavam nas ruas, mergulhavam nos canais, saltavam de pontes históricas entre outras imprudências, a A Universidade Ca’Foscari está criando uma campanha de conscientização, um tutorial para turistas com o tema  “Como respeitar Veneza”.

O projeto contará com elaboração de pequenos vídeos com as orientações, que serão apresentados em um festival de curtas audiovisuais em Março de 2018, em Veneza. Após a estreia, os vídeos serão distribuídos a agências de turismo, companhias e divulgados em canais e redes sociais da cidade.

O projeto conta com a liderança de Hiroki Hayashi, nome conhecido na direção e arte de jogos, filmes e desenhos de animação.

Numa época em que é preciso chamar a atenção de alguns visitantes para que estes tenham mais respeito à cidade em que estão de passagem, será que a campanha trará resultados na difícil tarefa de educar os turistas em massa? Teremos que esperar para ver.

Seguimos acompanhando.

Make our planet great again

Num período em que, em tempo, as práticas do setor estão voltadas ao desenvolvimento ecológico associado ao social e econômico, em que a indústria de viagens e turismo se associa à ciência em busca de aperfeiçoamento de métodos e no ano em que a Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu como o ano do Turismo Sustentável, o presidente norte-americano Donald Trump traz o polêmico anúncio da saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris.

E a resposta direta do recém eleito presidente da França Emmanuel Macron se posiciona entre o pedido e a provocação: “make our planet great again”. A frase faz alusão ao slogan de campanha de Trump, “make America great again”.

Sendo um setor altamente suscetível a transformações econômicas, sociais e políticas, o Turismo também sofre influência causadas por alterações climáticas. O acordo, assinado em dezembro de 2015, prevê que os países devem trabalhar para que o aquecimento fique abaixo de 2ºC, buscando limitá-lo a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.

Os EUA são o segundo maior produtor mundial de gás de efeito estufa e sua saída do acordo internacional representa a defesa de mudanças que interferem diretamente no Turismo (sem citar todas as implicações políticas, ambientais, sociais etc. decorrentes da decisão). Dessa forma, é prudente (e sensato) que, tanto autoridades brasileiras quanto as dos demais países do Acordo, manifestem-se ante à decisão do presidente Trump.

O Acordo de Paris foi o primeiro da história em que os 195 países da ONU se comprometeram em reduzir suas emissões, na luta contra o aquecimento global. É importante estar atento. A gente segue acompanhando e fazendo nossa parte.

Turismo dos EUA em defesa de Cuba


Mais um capítulo da trama do Turismo estadunidense no governo Trump se iniciou após o então presidente norte-americano afirmar que está se dedicando a uma “revisão integral” da política com Cuba e que as novas diretrizes terão “importantes diferenças” em relação às medidas adotadas por Obama.

Após o anúncio e temendo um retrocesso na reaproximação, um grupo de mais de 40 empresas e associações de turismo dos Estados Unidos pediram, nesta quarta-feira (24), em carta a Donald Trump, que ele não voltasse atrás no processo de normalização das relações bilaterais entre os EUA e Cuba, iniciado em 2014 por Obama.

Além de tentar impedir um possível retrocesso no relacionamento com Cuba, a carta pede ainda que Trump reduza as exigências burocráticas a fim de facilitar as viagens para o país e contribuir para a expansão do Turismo na ilha.

O processo iniciado por Obama traz reflexos de desenvolvimento no setor na relação entre os dois países: segundo dados oficiais do governo de Havana, 284.937 turistas americanos passaram por Cuba, o que consiste em 74% a mais do que no ano anterior.

Também como parte do processo de reaproximação entre os dois países, em maio do ano passado, partiu dos EUA o primeiro cruzeiro em direção a Cuba em mais de 50 anos. Pouco depois, em agosto de 2016, o primeiro vôo comercial ligando Washington e Havana começou a operar, o que também não ocorria há mais de meio século.
O Turismo é, antes de tudo, um produto de
integração. As conquistas adquiridas através do projeto facilitador da relação entre Estados Unidos e Cuba (relacionamento historicamente conturbado) não são apenas dos países mencionados: são vitórias para o setor como um todo, pois conferem desenvolvimento à indústria, integralmente. O que será feito deste processo no governo Trump e quais as consequências para o Turismo entre os dois países, ainda não podemos prever ao certo. Seguimos acompanhando o setor por aqui e no mundo.

Estudo identifica os 4 tipos de viajantes de negócios

A Descyfra, empresa espanhola especializada em desenvolvimento de estratégias e consultoria de negócios, realizou um estudo interessante em que estão identificados os diferentes tipos de viajantes corporativos. O estudo foi feito através de Neurosegmentação e é um dos primeiros dessa categoria.

Recentemente, comentei em alguns dos meus posts (aqui e aqui), a respeito do Neuromarketing (a ciência que avalia, através da Neurotecnologia, o comportamento dos consumidores) e a sua atuação que pode (e deve!) ser aproveitada pela indústria de viagens e turismo.
Confira abaixo os quatro tipos de comportamento de viajantes corporativos identificados no estudo feito pela Descyfra:

Viajante Marco Polo
Em uma viagem, é um verdadeiro explorador, sempre à procura de novas experiências e emoções. É apaixonado e curioso, e se cansa facilmente da rotina e de repetições. De um modo geral, é otimista, extrovertido, inovador e confiante e possui certa facilidade ao lidar com imprevistos durante a viagem.

Viajante Phileas Fogg
O melhor exemplo de aventura planejada: um tipo de viajante amante de novidades, mas que não deixa muito tudo à imprevisibilidade. É curioso e requer novos estímulos, mas precisa sentir que as coisas estão sob controle. Normalmente, o segundo (depois do viajante Marco Polo) que adota novas tecnologias e tendências, uma vez que precisa de segurança mínima. É sociável com um ponto de desconfiança, e apesar de ser cuidadoso, pode mostrar impulsividade.

Viajante Darwin
Metódico, trabalhador e planejado. É um profissional ordenado e atencioso no local de trabalho e tende a ser meticuloso e perfeccionista em uma viagem. Objetivos e metas de longo prazo estão definidos e ele é persistente nos esforços para alcançá-los. É extrovertido quando tem confiança.

Viajante Sancho
Não gosta muito de novidade, busca de estabilidade e se sente bem com o que já conhece . É sistemático, se sente inseguro em ambientes novos ou desordenados e precisa ter tudo sob controle antes de tomar decisões. Sente-se confortável ao desempenhar tarefas repetitivas no trabalho; tem objetivos claros e são perfeccionistas em uma viagem de negócios.

No estudo, as avaliações principais foram: Alguns dos aspectos considerados: necessidade de explorar ou buscar novidades; a necessidade de segurança; ter todos os aspectos da sua viagem sob controle; relações com os outros e perseverança para resolver imprevistos durante toda a viagem.

As viagens corporativas são de extrema importância tanto para o Turismo, quanto para os negócios em questão. Conhecer os perfis de comportamentos dos viajantes corporativos e pode ajudar a desenvolver ações que otimizem as viagens de negócios, como seleção de destinos para o viajante e objetivos da viagem. Observar estudos e métodos de avaliação para o Turismo contiua sendo essencial. E a gente segue acompanhando de perto as novidades.