Verão hemisfério norte: MUDANÇA DE DESTINOS para VIAGENS

À medida que o mundo se ajusta ao “novo normal” pós-COVID-19, as tendências de viagem estão mudando. O relatório “As Cidades Mais Populares para Visitar no Verão de 2023” da ForwardKeys destaca essas mudanças e revela algumas surpresas. O estudo foi feito baseando-se nas buscas por passagens aéreas para os destinos globais. Os destinos foram classificados por volume de pesquisas para viagens aéreas internacionais em julho e agosto de 2023. As pesquisas de voos realizadas até 23 de maio de 2023.

Novos comportamentos de viagem

A pandemia de COVID-19 alterou significativamente as preferências de viagem. O nomadismo digital e o trabalho remoto ganharam força, e a consciência do impacto ambiental das viagens aéreas mudou o comportamento de consumidores e operadores.

Destinos da Ásia-Pacífico em alta

No verão de 2023, os destinos na Ásia-Pacífico estão ganhando destaque. Bangkok agora lidera a lista de destinos mais populares para viagens no verão de 2023, superando Paris e Londres. Além disso, Denpasar Bali entrou no top cinco, superando alguns dos destinos europeus mais populares, incluindo Barcelona, Lisboa, Istambul, Madrid e Atenas.

Aumento da demanda por destinos urbanos

A demanda por destinos urbanos mais populares cresceu quase o dobro em comparação com os destinos tradicionais de “sol e praia”. Isso foi influenciado pelo retorno das megacidades asiáticas como possíveis destinos, bem como um aumento na demanda por pontos de compras globais, como Dubai, Singapura, Paris e Nova York.

Recuperação das viagens por país de origem

A recuperação das viagens por origem é mista, com diferentes ritmos de recuperação evidentes nas diferentes sub-regiões globais. Canadá e Estados Unidos mostram as taxas de recuperação mais impressionantes, com bilhetes para o verão já superando os volumes de 2019. Na América Latina, a recuperação do turismo internacional está ocorrendo de forma constante, principalmente por meio de viagens intrarregionais entre seus países constituintes.

Brasil fora da lista

O estudo da ForwardKeys mostra que a indústria de viagens está se recuperando e se adaptando às mudanças trazidas pela pandemia. As cidades da Ásia-Pacífico estão se tornando cada vez mais populares, enquanto os destinos urbanos estão vendo um aumento na demanda. Mas entre as 106 cidades mostradas no estudo, nenhuma brasileira aparece. Vale destacar o que mencionamos no início desse texto, são buscas para viagens entre julho e agosto de 2023, quando ocorre o verão no hemisfério norte. Mesmo assim, aparecem no estudo algumas cidades da América do Sul como Cidade do México, Bogotá, Lima e Buenos Aires. Vou atrás para entender melhor….

Para acessar o relatório completo em inglês você pode acessar esse link.

3 fatores que podem ajudar na reconstrução do turismo

Em todo o planeta, em 2020, o turismo sozinho perdeu 4,5 trilhões de dólares e 62 milhões de empregos. No Brasil dados da CNC dizem que o setor deixou de faturar R$ 473,7 bilhões em receitas desde o início da pandemia até dezembro de 2021[1]. Só em 2020 foram perdidas 476 mil vagas formais segundo o CAGED.

Existem alguns fatores fundamentais para que o setor possa se reconstruir e ser ainda melhor do que no período pré-crise. Em tempos de reconexão das pessoas observamos tipos de comportamento que se destacam; como das viagens com vários propósitos ou mistas. A facilidade de trabalhar de qualquer lugar também faz com que as viagens possam ter uma duração mais longa e gasto maior. E o foco no bem-estar e na segurança ainda são temas presentes na mente dos viajantes.

Alguns fatores nos levam a refletir o que pode ajudar a indústria de viagens e turismo a ser melhor do que no período pré-crise (para além do cenário macro-econômico global que impõe inflação e recessão econômica, invasão da Ucrânia e falta de mão de obra especializada na aviação civil.

O primeiro seria buscar entender a flutuação da demanda para adequar planos de metas e ajustes de custos das empresas. Basear-se em dados do mercado, estudos e nas informações da própria empresa faz a diferença. Precisamos então tomar decisões com base em dados e nas informações disponíveis.

Depois, entendo que precisamos usar mais as tecnologias como facilitadoras das experiências de viagens, especialmente para adequar cada etapa da jornada às necessidades do viajante. As empresas de turismo no Brasil, sobretudo as pequenas e médias, usam tecnologia para gestão, e ainda estão longe ao trazer opções de venda que facilitem a vida do viajante.

Por último, o desafio de desenhar viagens com propósito, onde a autenticidade cultural local deve estar no centro da experiência da viagem. Vejo que ainda nos limitamos aos modelos tradicionais, passeios sem personalização. E o que não faltam são opções locais de atividades que certamente podem ser inesquecíveis (além de trazer mais visitantes).

O que mais você soma a esses temas? Compartilha aqui conosco.


[1] CESARCANTEIRO. Turismo deixou de faturar R$ 473,7 bi com pandemia, diz CNC. Cnnbrasil.com.br. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/business/turismo-deixou-de-faturar-r-4737-bi-com-pandemia-diz-cnc/>. Acesso em: 4 jul. 2022.

Que frase você ouviu quando se encontrou com seu time depois de 2 anos ?

Me recordo quando apareceram as tecnologias de reuniões à distância. Ainda não eram como o Zoom ou o Teams de hoje. Mas íamos para uma sala que tinha projetores e estrutura de transmissão de reuniões por vídeo. Os profissionais da indústria de eventos ficaram bem preocupados. Nossa, isso vai acabar com as reuniões e eventos presenciais. Pelo contrário, esse e outros avanços tecnológicos só aumentaram e melhoraram a possibilidade de conexões, interações e a imensa força do presencial. Nada substitui a interação direta e o chamado olho-no-olho.

Lá vem pandemia e já sabemos o que ocorreu. No caso das viagens a negócios e eventos, somente no começo de 2022 vimos uma volta dessa demanda. Mais lenta e com características bem diferentes. Novamente a tecnologia trazendo mais oportunidades. Trago aqui 3 reflexões sobre viagens a negócios ou a eventos que vejo como ainda mais fortes e como oportunidades para o setor de turismo. As consequências do home office, a combinação de negócios e lazer; e o privilégio de trabalhar em empresas com oportunidades de viajar. Serão 3 posts, lá vai o primeiro.

Home office é o novo presencial

Algumas empresas acabaram como o presencial, outras estão no híbrido, e outras, já nasceram no virtual e os colaboradores estão em casa. Muitas equipe ficaram 2 anos sem se encontrar, outras, nunca tinham se abraçado. Muitos novos profissionais entraram e saíram de empresas sem nem, sequer, encontrar seus times. E pode ser que esse home office seja uma nova oportunidade para diferentes tipos de viagens a trabalho.

Imagina uma equipe que não se encontrava há 2 anos, quando ocorreu o primeiro ou a segundo encontro on-line, a ansiedade e a emoção tomaram conta das relações. Os vínculos, conhecimento sobre a vida pessoal dos colegas, sua altura, seus talentos que não aparecem diante da tela passam a ser incorporados à imagem e afeição que as equipes vão construindo quando trabalham com paixão em seus projetos. As conquistas de time passam a ter outro valor, e a empresa consegue criar laços de compromisso humano que precisam do abraço, do sorriso cara-a-cara e de novas descobertas.

Também o fato das pessoas estarem sempre em trabalho remoto faz com que as empresas criem novas formas de encontros, reuniões e atividades presenciais. As viagens a trabalho e eventos ganham novos contornos e características. Times podem se mudar temporariamente para outras cidades e países, espaços de eventos terão novas configurações e necessidades para reuniões. As empresas estão revendo seus gastos, mas também a forma e valor dos investimentos em atividades presenciais que tragam colaboração e criatividade entre times e parceiros comerciais.

Frases que ouvimos

Frases que ouvimos: “Nossa, como você é alto”!; “A Fulana faz muitos exercícios, olha como é malhada”; “Gente, o Fulano era tão tímido nas reuniões on-line, e agora no jantar da equipe conta ótimas piadas”; “A Fulana estava sempre de câmera fechada mas agora adora fazer as dancinhas do TIKTOK”. “Essas meninas do México são muito simpáticas e alegres”; “Nossa, a gente se fala tanto on-line, estou tão feliz em te encontrar pessoalmente!”.

Quais foram as frases que você ouviu quando encontrou com colegas ou parceiros de trabalho ?

Recuperação do turismo: o que os números dizem?

Nada como alguns números para avaliarmos se realmente os voos domésticos e internacionais estão, de fato, construindo uma recuperação das viagens e do turismo. Muitos desafios no cenário global e nacional trazem um panorama flutuante. Ora o dólar e o euro estão super altos dificultando viagens aos exterior; ora baixam um pouco e, pronto! Sobem as buscas e as compras.

Fomos buscar algumas informações com a Forwardkeys, empresa espanhola que monitora demanda passada e futura nas viagens pelo planeta, ajudando empresas e destinos a atuar com bases em dados para planejar sejas vendas e seu marketing. As buscas internacionais para passagens aéreas com destino ao Brasil entre 3 de janeiro e 27 de março de 2022 mostram maior procura de norte-americanos e europeus do que sul-americanos. Os EUA, Portugal, Espanha, Alemanha e França lideram as procuras no período.

As chegadas de sulamericanos ao Brasil entre abril e junho de 2022 estão em 36% do montante que tínhamos em 2019. Argentina, Chile e Colômbia são os principais mercados de origem dessas reservas. Se olharmos para toda a demanda internacional de voos com base em abril desse ano, estamos a 67% do nível de 2019.

Cidades brasileiras que mais se recuperaram no internacional

As chegadas internacionais no Brasil entre abril e junho de 2022 mostram quais as cidades brasileiras são mais resilientes diante da crise, ou seja, em relação às chegadas que tinham no mesmo período em 2019, mostram a recuperação acima dos 65% médios do período no Brasil. Nos próximos 3 meses, Belo Horizonte e Brasília terão superado as chegadas em relação a 2019, respectivamente 127% e 110%. Curitiba e Porto Alegre, Fortaleza e São Paulo, estarão acima de média de recuperação nacional, respectivamente com ….%, 95%, 88% e 74% em relação aos níveis de 2019.

E as viagens dos brasileiros ao exterior ?

Para os próximos três meses, as partidas dos brasileiros ao exterior em viagens aéreas estão 65% quando comparadas a 2019 no mesmo período. Viagens com destino aos Emirados Árabes estão iguais e 2019. E partidas para o México estão a 93% e para a Colômbia estão a 80% dos níveis pré crise

Feriado de 21 de abril

Viagens entre 20 a 24 de abril de 2022 se comparadas aos níveis de 2021 estão bombando! Para as viagens internacionais é registrado um aumento de 335% e dentro do Brasil de +86% segundo os dados da Forwardkeys.

Para Juan Gómez, analista sênior da Forwardkeys, “O que os últimos dados demonstram e destacam é que o desejo de viajar é forte e se traduz em reservas confirmadas em todo o Brasil. O Brasil tinha uma base sólida de turismo doméstico para começar, mas agora podemos ver o retorno dos viajantes internacionais, especialmente ao Norte do Brasil, pois as restrições de viagem são aliviadas e a conectividade de vôo é melhorada para destinos como Espanha, Portugal e EUA”.


TIK TOK destrona Google

O avanço do tráfego na internet foi bastante intenso em 2021, e contou com o avanço da pandemia para colocar o pé no acelerador. As escolhas feitas pelas pessoas para acesso a websites, usar a IoT (internet das coisas) e os Apps (aplicativos) acabam ditando tendências.

Mas será que o turismo está de olho nesse cenário?

A empresa Cloudfare faz um acompanhamento em tempo real das tendências do tráfego da internet, e faz uma classificação baseada em parâmetros próprios. Os domínios com maior tendência são calculados com base numa combinação de popularidade e mudança percentual nos padrões de tráfego num determinado período.

No Top Domains Ranking o Google.com (que inclui Maps, Translate, Photos, Flights, Books, and News, entre outros) terminou 2020 como líder invicto do ranking. Nesse período o TikTok.com estava apenas classificado em #7 ou #8. E 2021 chegou ao final com a subida do TIKTok como domínio mais popular do ranking.

Top 10 – Domínios mais populares (final de 2021)
1 TikTok.com
2 Google.com
3 Facebook.com
4 Microsoft.com
5 Apple.com
6 Amazon.com
7 Netflix.com
8 YouTube.com
9 Twitter.com
10 WhatsApp.com

Você, que é profissional de turismo, está usando o TikTok para suas ações de promoção e vendas ? Vamos falar mais sobre isso em breve. Ah! E tem ainda o Pinterest, tenho algumas análises muito interessantes para compartilharmos. Em breve.

Leia também: Pesquisa mostra o que querem os brasileiros em viagens

Quais 2 palavras (imagens) definem 2021 para você?

Sempre temos aquele desejo de fazer um balanço do ano, ou de estabelecer metas para o ano seguinte. Seja na vida pessoal ou profissional, especialmente nos períodos mais difíceis, sempre é importante buscar otimismo e renovar energias. Quero ouvir suas palavras aqui, seja do ponto de vista pessoal, ou do turismo, ou de qualquer aspecto que nos ajude a ver 2021 como uma lição para os desafios de 2022. Ah, pode ser uma imagem também. Aí vão as minhas palavras para 2021.

DESAFIO

Esse ano parece ter sido mais desafiador do que o ano passado; 2020 foi mais triste. A fonte do desafio veio pelo cenário de incertezas, que mostrava a chegada das vacinas e um início de controle da pandemia. Na verdade, a reconstrução de nossas vidas tornou-se a vitória da própria sobrevivência, para muitos muito mais difícil do que para a maioria de nós. Especialmente na indústria de viagens e turismo, a palavra DESAFIO descreve a garra e a vontade de trazer a liberdade de viajar e a confiança nos profissionais que trabalham todos os dias para que as pessoas aproveitem seu tempo de lazer para recuperar relações pessoais, matar a saudade e serem felizes.

OTIMISMO

Como o otimismo é uma forma de encarar as dificuldades e a vida, sempre busco olhar as pessoas e as circunstâncias pelo lado positivo. Acredito muito que somos nós que construímos o que vem pela frente; cada um com seu papel na sociedade pode acreditar e fazer melhor. Ser otimista é acreditar, e acreditar é ter pensamento e ações construtivas. É a forma de olhar para o mundo acreditando que ele pode ser sempre um lugar melhor para todos. E o turismo traz sua parcela de colaboração. Viajar é preservar, valorizar, gerar renda. Viajar é transformador. Quem conhece o diferente aprende a respeitar a cultura do outro.

E pra você? Que palavras ou imagens definem seu 2021?

digitalização no turismo: questão de sobrevivência

A disseminação e os avanços no uso de tecnologias de comunicação online e de comércio eletrônico com o advento da pandemia da Covid-19 trazem grandes desafios ao turismo global. A prioridade, no momento atual, é garantir a segurança e a confiança em viajar e melhorar a experiência dos viajantes em suas interações em cada etapa de sua jornada. 

De acordo com o estudo Digital Transformation Report, realizado pela SKIFT e a Amazon Web Services (2021), os desafios da pandemia destacaram uma necessidade para a implementação urgente de práticas digitais, o uso de ferramentas de negócios e maneiras de enfrentar o atual momento como de grande transformação digital no setor turístico. Essa transformação torna-se vital para o setor, seja na gestão das empresas, ou na jornada do viajante. E ainda mais é o uso de tecnologias que vai nos ajudar a entender o comportamento de consumo e o cenário sempre mutante e em rápida transformação.

O estudo mencionado acima, pesquisou quais serão as diretrizes dessa transformação imediata. Destacam-se os investimentos em softwares e tecnologia; a elaboração de estratégias digitais para o novo momento; a entrega de grandes experiências aos clientes em todas as etapas da viagem; a melhoria dos talentos dos colaboradores do setor e o uso de dados de forma mais efetiva e inteligente nas organizações turísticas.

Nesse episódio do HUB TURISMO converso com Mariana Aldrigui sobre dados e seus usos no turismo

O uso de dados deve indicar de que maneira as organizações da indústria de viagens irão aproveitar as informações coletadas de seus clientes para orientar seus processos de decisão de forma inteligente e rápida. Deve ainda, ajudar a entender qual o impacto das ferramentas de machine learning e de inteligência artificial em suas análises de dados e cenários futuros. É nessa realidade que profissionais de turismo e empresas devem estar alertas para entender e enfrentar os desafios dessa transformação digital com uso de dados e informações para a inteligência competitiva do turismo brasileiro.

Internacional instável e flutuante

Todos nós sabemos que, lentamente, o avanço da vacinação, os passaportes sanitários e outras ações podem começar ajudar a volta do mercado internacional. Mesmo com perspectivas ainda de médio e longo prazos ou novas variantes é importante monitorar e entender os movimentos domésticos, intra-regionais e de longo curso dos mercados emissores para o Brasil. Trago hoje os dados da ForwardKeys sobre a demanda internacional futura de viagens aéreas para o Brasil entre 16 de agosto e 26 de setembro desse ano de 2021 em comparação com 2020 e 2019 (bilhetes aéreos com reservas feitas).

A comparação correta que devemos fazer de 2021 é como 2019, basicamente por que é um ano em que não havia ainda a crise da pandemia e nos permite fazer comparações reais. O período de 16 de agosto a 26 de setembro de 2021 na comparação com o mesmo período pré-crise (2019) mostra uma queda de 83,4% no total de chegadas aéreas internacionais para o Brasil. Todas as semanas recebemos dados da ForwardKeys que nos permitem avaliar esses cenários.

Alguns mercados chamam a atenção. O primeiro deles é a Argentina, que tem hoje um share de 6% do total das chegadas aéreas internacionais ao Brasil (2021). Historicamente é o principal emissor para o Brasil, com cerca de 29% das chegadas totais de estrangeiros (cerca da metade chega por via aérea); já apresentou uma diminuição acentuada em 2019 (-22%) e ainda maior em 2020 e 2021. Estamos com fronteiras fechadas, pouquíssimos voos e restrições de viagens ainda severas; sem considerar a crise econômica que aquele país vive há alguns anos. Uma situação similar ocorre com o Uruguai, que além de ser nosso vizinho e ter uma série histórica de chegadas (cerca de 364 mil turistas por ano) também tem fronteiras fechadas e muitas restrições. O terceiro mercado também com grande queda é o Reino Unido, que temos acompanho as restrições severas até mesmo dentro da Europa. Esses três países registram uma variação negativa de 95,5% nas chegadas passadas e futuras ao Brasil na comparação com 2019 e também com 2020.

Quando olhamos para os mercados emissores para o Brasil que podemos considerar mais resilientes, ou menos piores nas chegadas aéreas, destaca-se o mercado português, aonde estamos na metade do patamar de 2019; a Espanha, que aumentou seu share de mercado em 2021 (4,5%), mas ainda com chegadas futuras até setembro no patamar de -73,4% em relação a 2019. Destaco ainda a Itália, que está a -78% de chegadas em 2021 na comparação com o período pré-crise com 4,7% de share internacional esse ano.

Esses movimentos de cada país, relacionados com diversos fatores, são essenciais para entender como o futuro do turismo receptivo internacional para o Brasil pode ser novos mercados prioritários. Também ajuda a entender o comportamento de viagens no médio e longo prazos, buscando orientar ações de marketing e vendas a um cenário bastante instável e flutuante. Acertar em políticas de atração de estrangeiros ao Brasil é hoje um desafio ainda mais complexo, que exige decisões com base em dados, fatos e evidências profissionais.

Ouça abaixo o HUB 37: episódio do podcast que fiz com Mariana Aldrigui sobre para que servem dados e informações na análise de cenários e na tomada de decisão nos negócios em turismo.

3 pistas de como anda a recuperação do turismo

Temos um cenário ainda com inúmeras incertezas, e a análise de dados pode nos dar algumas pistas de como anda a recuperação do turismo global. Naturalmente, o avanço da vacinação a progressiva eliminação de restrições de viagens e o início da reconquista da confiança dos viajantes vai moldando um cenário mais otimista. Algumas tendências podem nos ajudar a planejar e reconstruir as atividades econômicas ligadas ao turismo vamos a elas.

  1. AUMENTO DAS BUSCAS: embora pareça um sinal óbvio, o aumento das buscas por viagens domésticas e uma leve curva ascendente na busca pelas internacionais, são, no mínimo, a indicação de um desejo reprimido e uma necessidade de realizar viagens a lazer e, também, a negócios;
  2. PRAZOS UM POUCO MAIORES: metade das viagens globais são caracterizadas por buscas e deslocamento de até 20 dias da data da viagem (EXPEDIA), mas essa janela vem se ampliando lentamente e  mostra que a confiança do consumidor vem aumentando com a volta ao planejamento também no médio longo prazos;
  3. DOMÉSTICO E INTERNACIONAL: segundo a EXPEDIA, 60% dos viajantes ainda vão viajar dentro do seu próprio país nos próximos 12 meses, mas já existe um percentual de 27% que pretende fazer viagens internacionais no período indicado.

LEIA: 5 motivos que ainda restrigem as viagens dos brasileiros ao exterior.

As pesquisas apresentadas pela TRVL LAB/ELO para o Brasil também coincidem com esses dados pesquisados pela EXPEDIA, apontando a tendência de viagens nesse segundo semestre de 2021 e verão de 2022. O mesmo sinal de recuperação é apontado pela OMNIBEES, em levantamento à pedido da Panrotas. Lazer, nordeste e mês de julho de 2021 são os destaques de vendas em hotéis. O internacional é que permanece longe do radar por restrições de fronteiras, necessidade de ampliação da vacinação e as preocupações com as novas variantes da Covid-19.

Ouça o podcast: Viagens corporativas e eventos

3 fatores críticos de sucesso no turismo de um país

Para entender melhor as mudanças no ambiente do turismo global e apoiar os países em suas políticas nacionais de turismo, a European Travel Commission (ETC) lançou um relatório mostrando quais são os impactos que esse tema tem no trabalho das organizações nacionais de turismo (NTOs). O estudo, que analisou várias organizações da Europa mostra grandes mudanças nos objetivos estratégicos dessas organizações, na maioria das vezes aumentando a ênfase no tema da sustentabilidade, um foco ainda maior nos interesses dos residentes dos destinos e uma atenção maior aos mercados domésticos e regionais.

As conclusões do documento mostram 7 fatores críticos para o sucesso das políticas das organizações nacionais de turismo. Exploramos 3 desses aspectos nessa coluna:

1. Direcionamento estratégico e liderança

Para que um organismo nacional de turismo possa estabelecer um direcionamento estratégico e liderar a política pública do seu país é necessária uma estratégia integrada de longo prazo, que inclua a sustentabilidade, o gerenciamento do destino e a transformação digital em suas prioridades. Essa estratégia nacional de turismo precisa ter propostas efetivas para implementar estratégias de mercados; desenvolver produtos e experiências, incluindo eventos; trabalhar com inovação e empreendedorismo; realizar a gestão dos destinos; conservar os recursos naturais e preservar seu patrimônio; priorizar aspectos locais e regionais de desenvolvimento do turismo; cuidar do acesso para e dentro do destino; lidar com a transformação digital e implementar estruturas e políticas de responsabilidades. 

Para atingir todos esses aspectos é fundamental uma clara e objetiva definição de responsabilidades e papéis para a implementação de uma estratégia nacional envolvendo todos os parceiros públicos e privados. E para que esse processo seja vitorioso é indispensável a participação de todos os envolvidos na preparação e na implementação dessa estratégia, onde todos usam seu conhecimento e ideias, maximizam o seu compromisso e facilitam a coordenação de esforços entre todos.

Leia também: 5 novas ideias do que pode mudar no turismo

2. Construção efetiva de parcerias

Esse tema fundamental aborda a importância do trabalho de cooperação e parceria com outras organizações dentro do país em nível nacional, regional e internacional. Os requisitos básicos para que as organizações nacionais de turismo consigam estabelecer e manter essa cooperação é ter uma equipe e uma liderança com talentos e perfil profissionais adequados esse processo. Essa cooperação passa por parcerias públicas e privadas em todos os níveis de forma a estabelecer e coordenar a transformação e a implementação de políticas únicas, com capacidade de operar a gestão unificada.

Para transformar parcerias em realidade são necessárias ferramentas eficientes que possibilitem o acesso a informações e dados de mercados que tragam os verdadeiros insights para a tomada de decisões; também são necessários provedores de soluções digitais inovadoras; a participação da academia; a realização de campanhas de marketing e a realização de capacitação e treinamento.

3. Transformação digital

Para que a transformação digital tenha sucesso é necessário que ela esteja em todos os aspectos e níveis da organização, já que diz respeito ao trabalho, às pessoas, aos clientes, aos serviços e produtos. Essas ferramentas devem prover sistemas e aplicativos que ajudem a organização a cumprir sua visão e seus objetivos estratégicos da forma mais eficiente possível. Devem ainda considerar todas as implicações que tem na estrutura cultura e no organograma da organização. As soluções digitais têm que ter o potencial de melhorar o custo e a efetividade das operações da entidade, particularmente no marketing e nos serviços aos visitantes.

Para atingir esse nível de excelência trazendo novas expertises e talentos é preciso que exista um desenvolvimento da equipe, que sejam recrutados novos colaboradores e que feitas parcerias com outras organizações e fornecedores. Destacam-se aqui programas de informação, educação, treinamento e suporte necessários para que a estratégia da entidade seja implementada de forma vitoriosa.