O pesadelo das empresas de hospitalidade e viagens em Nasdaq!

Quero iniciar este post pedindo desculpas, quando me propus a escrever aqui, a meta era um artigo relevante todo mês.

Consegui manter a meta por 12 meses desde abril do ano passado, mas aí em fevereiro deste ano veio o Lucas, meu segundo filho, e desde então graças a Deus, minhas noites tem sido mais difíceis, e na minha lista de prioridades, escrever foi lá pra baixo.

Espero de coração que entendam 😉

Voltando ao título do post, o gato subiu no telhado para algumas startups de travel e hospitalidade, e veja, não estou falando do Hurb e da 123milhas, a Globo já tem se ocupado demais com este tema.

Nos últimos 2 anos, algumas startups de travel e hospitalidade surfaram a onda dos SPACs, e foram pra bolsa sem passar pelo escrútinio de um complexo roadshow com os investidores.

Eu vou me permitir a copiar um trecho de um post antigo aqui, onde eu falei sobre SPAC.

“SPAC é a sigla para “Special Purpose Acquisition Company”, ou em bom português, Companhias com Propósito Específico de Aquisição, um veículo de investimento que ganhou muita relevância nos últimos meses, sobretudo nos EUA, e funciona como um “cheque em branco”, os acionistas confiam que os gestores do fundo irão adquirir uma empresa grande e rentável, e para empresa adquirida, ela consegue trilhar o caminho da bolsa, abrindo capital sem passar pelo forte escrutínio e exposição de um processo de IPO.

A propósito, aqui no Brasil este modelo foi pro vinagre, três SPACs já devolveram dinheiro para os seus investidores.

Veja algumas empresas de turismo e hospitalidade que foram pra Bolsa através deste veículo:

E observe a variação do valor de mercado destas empresas ao longo do tempo:

EmpresaAberturaValor de mercado abertura (U$)Valor de mercado Atual (25/08/23)Variação (%)
Vacasa09/04/214.45B243M-94.54%
Sonder19/03/212.3B110M-95%
AmexGBT27/11/204.8B3B-34%
Mondee25/03/21835M532M-36%
Selina09/04/211.1B$48M-95%
GetAround30/04/21920M$46M-95%
fonte: Yahoo Finance

A Mondee Holdings ( já escrevi sobre ela aqui) que inclusive comprou as operações da Orinter e da Interep no Brasil oscilou bem menos, é uma empresa que teve uma queda de 36%, tem ainda bastante caixa e é bem provável que as ações subam em um horizonte próximo.

O cenário da AmexGBT é bem parecido, contei um pouco sobre ela aqui, entre caixa e recebíveis de curto prazo, no último trimestre ela possui aproximadamente U$ 1.2B, a empresa está crescendo YoY (ano sob ano, no último trimestre o crescimento foi de 22%) e eu especulo que é questão de tempo para as ações voltarem a se valorizar.

O problema maior está nas startups de hospitalidade, sobretudo na Vacasa, Sonder e Selina.

Aliás, sendo bem honesto, eu nem chamaria a Selina de startup, WeWork e OYO mostraram o quão equivocado é chamar negócios intensivo de “real state” de startup.

As ações destas empresas viraram “penny stocks”, valem menos de U$ 1,00 e já foram notificadas que serão “deslistadas” da bolsa de Nasdaq, por regra, ações negociadas abaixo de $1,00 por 30 dias consecutivos recebem esta “punição” e agora entram em um período de 180 dias de “repescagem” para se adequarem, caso contrário, suas ações serão proibidas de negociar e o ativo perde muito sua liquidez .

Agora, o caso da Selina é ainda mais grave, a rede que conta com mais ou menos 120 hotéis do tipo “hostel”, mistura coworking, hospedagem privada, coletiva e uma série de atividades “lifestyle”, inclusive tem até uma unidade em Copacabana no Rio de Janeiro.

O problema ali é que a empresa só tem mais U$23M no caixa, reportado no final do primeiro trimestre deste ano, e a empresa continua queimando muito caixa.

Recebeu um “socorro” de $10M da Global University Systems e planeja desligar até 350 pessoas até outubro.

Se não equilibrar as contas, a Selina corre um risco sério de desaparecer.

Já a Sonder e Vacasa provavelmente irão fechar o seu capital.

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos!

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