Conheça os planos do Google para o Turismo

Se você já leu “Os Quatro” do prof. Scott Galloway, deve se lembrar das mentiras que as big techs contam. Depois de flertar muito em capturar a jornada completa do viajante online nas reservas de hotéis e passagens aéreas, o Google finalmente entendeu que vender mídia dá muito mais dinheiro que vender viagens, e optou este ano por descontinuar a opção de reservar hotéis e passagens aéreas direto pela plataforma, uma iniciativa que começou lá em 2015.

Em anúncio, o Google informou que:

“We originally offered this functionality to give people a simpler way to buy their tickets and to help our partner airlines and OTAs receive more bookings. However, we’ve found over time that people actually want to book directly on partner websites, and we always strive to meet user preferences whenever possible”

Em uma tradução livre, seria mais ou menos assim: “Nós originalmente oferecemos esta funcionalidade para dar as pessoas uma simples forma de comprar seus tickets e ajudar nossos parceiros de companhias aéreas e OTAs a receber mais reservas. Entretanto, nós descobrimos com o tempo que as pessoas preferem fazer reservas direto nos nossos parceiros, e a gente sempre nos esforçamos a atender as preferências dos nossos usuários quando possível

A “mentira” desta vez, é que o Google informou que a descontinuidade está atrelada a uma preferência do usuário, quando na verdade, o maior interesse decerto foi econômico, é tipo a Apple que que tirou o carregador do iPhone alegando questões ambientais, ou o Facebook, que por anos pediu para as marcas impulsionarem suas “fan pages” para depois cobrar delas anúncios para impactar seus seguidores.

Entenda…

Em 2020, eu comprei uma passagem aérea dentro dos EUA diretamente pelo Google Flights, toda a jornada de busca, checkout e pagamento aconteceu dentro do Google, e ela foi incrivelmente simples, muito melhor que comprar direto de qualquer site ou OTA, a propósito.

Mas note que nesta jornada o Google intermedia a compra e faz um papel de “agência online”, criando uma concorrência direta com as OTAs ‘parceiras’ que injetam bilhões por ano em anúncios na plataforma, além de assumir todos os riscos inerentes da intermediação.

No caso da passagem aérea, a opção no Google Flights aparece como “Book on Google”, veja a imagem abaixo:

How to book a flight on Google Flights

Depois, Tem a tela de checkout do próprio Google
How to book a flight on Google Flights

Sabe aquela frase, na corrida do ouro, ganha dinheiro quem vende pás e picaretas?

Então, o Google como “agência” iria capturar muito menos dinheiro na intermediação do que vendendo mídia, para se ter ideia do impacto da receita de mídia das OTAs e das companhias aéreas no Google, 2020 foi o único ano da história, que a linha de receita do Google com anúncios teve queda, justamente pelo impacto da redução de investimentos em mídia das OTAs proveniente da pandemia.

Em geral, Booking e Expedia são os maiores anunciantes do Google, veja:

Estima-se que Booking, Expedia, Airbnb e as companhias aéreas gastam em torno de U$ 10B anualmente com o Google em anúncios.

Vamos lembrar, o modelo de negócios de uma OTA é essencialmente um negócio de arbitragem de mídia, de um lado ele captura comissão de hotéis, locadora de carros e cias aéreas e do outro ele paga um caminhão de dinheiro em marketing, majoritariamente para o Google.

O Airbnb conseguiu quebrar este modelo, apenas 18% da sua receita é alocado em marketing e vendas, enquanto Booking e Expedia gastam em torno de 50%. Já a Despegar gastou 31%, mas este número deve aumentar no próximo trimestre, os argentinos estão realmente correndo atrás para recuperar o share perdido para 123Milhas.

Veja abaixo o share de publicidade de cada OTA no segundo trimestre deste ano:

Mídia é muito melhor que intermediação

Ao trabalhar com a intermediação, intermediando todo o checkout da compra da passagem aérea, o Google ficaria apenas com uma comissão da companhia aérea e seria responsável solidariamente por qualquer coisa que eventualmente acontecesse com o vôo.

O vôo foi cancelado? Caberia ao Google informar para o cliente!

O vôo atrasou? Caberia ao Google infromar para o cliente!

Alteração, remarcação ou cancelamento? Caberia ao cliente solicitar para o Google!

O Google seria exatamente uma agência, com o todo ônus e o bônus deste modelo, inclusive com toda a camada de atendimento necessária.

Nesta linha, o modelo “asset light” de anúncio é infinitamente mais vantajoso, para se ter uma ideia, a palavra chave “passagem aérea” está sendo leiloada a um preço de R$ 3,08, eu especulo que a taxa de conversão de um e-commerce de passagem aérea esteja entre 2% a 5%, então para mais ou menos 2 a 5 vendas, um player que vende passagem online gasta R$ 308,00 com anúncios.

Ainda sobre este ponto, é infinitamente mais barato para as companhias aéreas distribuirem através de canais intermediários como agências de viagens, consolidadoras e operadoras, do que vender direto, pagando o pedágio alto para o Google e Meta (e agora Tik Tok).

Por outro lado, ao vender direto para o consumidor final, companhias aéreas capturam os dados do cliente e conseguem fazer relacionamento com ele (CRM), é um tradeoff, mas pensando com o chapéu do acionista de uma companhia aérea, mesmo sendo mais caro vender direto, no longo prazo a empresa consegue capturar mais valor ao ter os dados do cliente.

Isto justifica todo o esforço das companhias aéreas em vender direto e desprestigiar os canais de distribuição.

o Google saiu mais forte da pandemia

Segundo dados do Skift Report Travel 2022, o Google saiu mais forte da pandemia dentro do segmento de viagens online, em janeiro de 2022 aproximadamente 50% do tráfego de metabuscadores (Kayak, Skyscanner, etc..) era proveniente do Google, em abril deste ano, este número já estava em torno de 62%.

O Google é definitvamente a empresa que mais ganha com todo o turismo online, por mais que haja um esforço de alguns players em diversificar canais de mídia, a Accor por exemplo, desembolsa algumas dezenas de milhões de dólares para patrocinar o PSG, e este ano Expedia e Booking estamparam suas marcas no Super Bowl, o minuto mais caro da propaganda mundial.

O Google tem tecnologia, capacidade, know-how, e dados suficientes para criar a maior e melhor OTA do mundo, conectando tudo em um grande superapp, e transacionando todas as viagens em sua wallet (GooglePay), e ela opta em não fazer isto pois entendeu que é muito mais vantajoso vender apenas mídia.

Divulgação de pacotes e atividadeS

Aumentando sua oferta de mídia no seguimento, o Google lançou em caráter de experimentação nos EUA a opção de ver atrações, experiências e atividades turísticas no destino, integradas diretamente com plataformas de tickets e com o Google Maps, veja, é incrível.

Two phone mocks showing ticket information in Maps. The first shows Tickets in the Overview tab. The second shows the Tickets tab.

E para “gestores de eventos” é possível carregar as opções de tíckets diretamente no Google Maps.

Gif showing the form to add a ticket.

Muito legal né?

Tem muita coisa supimpa vinda do Google com o objetivo de melhorar a experiência do usuário em encontrar viagens e experiências online.

E para os anunciantes, uma série de novas opções para melhorar a assertividade do anúncio e encontrar o cliente correto.

Por ora, a única certeza que temos é que o Google vai continuar sendo a empresa que vai capturar a maior receita com o turismo online, pelo menos, nos próximos 5 anos!

Dicas para montar o pitch deck da sua traveltech ;-)

O mercado de turismo no Brasil representa até 8% do PIB do nosso país, possui baixa digitalização e é repleto de ineficiências, um terreno fértil portanto para novos negócios.

Dentre várias possibilidades, existem oportunidades na distribuição, seja B2C ou B2B, na conectividade, com automação de APIs, micromobilidade, CRM e fidelidade, soluções de tecnologia para melhorar a competitividade dos hotéis e dos hóspedes, eventos virtuais e físicos, conteúdo e educação, pagamentos, viagens e despesas corporativas, milhas e pontuação, aviação executiva, marketplace, etc.. etc.. etc..

Eu poderia gastar aqui umas 400 palavras só para elucubrar sobre as diversas oportunidades no nosso segmento.

Se você está empreendendo no setor de turismo, ou pensa em empreender, um dos caminhos naturais nesta incrível e insana jornada é de captar investimento para fazer seu negócio escalar.

E um dos artefatos necessários para ajudá-lo nesta captação, é o pitch deck da sua startup.

Mas pera lá, o que é um pitch deck?

Em resumo, pitch deck é uma apresentação institucional da startup, com objetivo primário de apresentar a empresa, o modelo de negócio, a oportunidade e por fim, conseguir captar investimento:

Em geral, um bom deck possui a seguinte estrutura:

1 – Time de fundadores:
Pensa que principalmente nos estágios iniciais (conhecido como early-stage), na fase da ideia ou na validação, é preciso vender a capacidade dos sócios fundadores em executar o negócio. Investidores apostam essencialmente na capacidade dos fundadores em executar, haja vista que a ideia em si não vale muita coisa, logo, é importante colocar o currículo dos fundadores e o track record de execuções em empresas anteriores.

Por exemplo, se a startup é de base tecnológica e não tem nenhum membro do time fundador de tecnologia, é uma “red flag” para o investidor, ou uma startup de turismo não ter ninguém no time que conheça o setor.

Se isto acontecer, recomendo fortemente trazer alguém para o conselho que complemente estas competências.

2 – Problema
Qual o problema que a startup pretende resolver, por exemplo, o Airbnb resolve um problema claro, um dono de um apartamento não pode alugar o seu quarto disponível para fazer renda extra, enquanto um visitante da cidade, não pode alugar um quarto, com condições mais econômicas que um hotel.

Tome cuidado ao tentar resolver vários problemas, foco é muito importante para qualquer startup, veja a Airbnb, resolvendo apenas um problema, hoje é uma empresa de capital aberto com $70B em valor de mercado.

3 – Solução
A solução é como a startup resolve o determinado problema, apresentado anteriormente, em geral startups endereçam este problema com algum ativo de tecnologia, no caso do Airbnb, a solução é um marketplace que une “hosts” donos dos imóveis e visitantes.

Aqui, é legal dar um overview de como vai funcionar a tecnologia e como ela de fato se propõe a resolver este problema.

4 – Mercado
Na parte de mercado, é apresentado o real potencial do negócio, observe que existem problemas diversos, em variados segmentos, no entanto, alguns segmentos são bem maiores que outros.

Por exemplo, plataforma que conecta chefs de cozinha a famílias que desejam um jantar especial, possui um mercado infinitamente menor do que plataformas que conectam pessoas que desejam se deslocar dentro de uma cidade, com pessoas procurando renda dispostas a dirigir (que é o modelo do Uber e 99, no caso).

Para ajudar a entender o real tamanho do mercado é utilizado pesquisas e estatísticas para ajudar os investidores a entender o tamanho do mercado.

Em tamanho de mercado, também é aplicado um conceito chamado de TAM, SOM e SAM, em resumo:

TAM: Total Addressable Market (mercado endereçavel total) é o mercado total para um determinado serviço;

SAM: Serviceable Available Market (em inglês, mercado útil disponível) é a fatia do TAM em uma determinada região ou nicho possível de ser alcançada no médio e longo prazo.

SOM: Serviceable Obtainable Market (em inglês, mercado útil alcançavel) é a fatia do SAM que você pode ter no curto prazo.

Esta sopa ai parece confusa, mas vamos ver o exemplo da Brex, startup de pagamentos lá fora que alcançou mais de $10B no último valuation:

O TAM total da Brex é de $101B que é o mercado global de pagamentos B2B, o SAM é de U$ 25.6B, que é o mercado das 500 maiores empresas dos USA, e o SOM é de U$ 5.2B, empresas de tecnologia que receberam investimento de capital de risco.

Veja:

5 – Modelo de negócio

Modelo de negócio define como a startup vai monetizar, lembre-se que negócios digitais em sua maioria tem uma intenção econômica por trás, existem modelos que cobram assinatura para pessoas física, outras combram mensalidade para pessoas jurídica, outras cobram por transação a consumidor final (B2C por exemplo).

E pode inclusive ser uma mistura dos dois, particularmente gosto do modelo de “SaaS enabled Marketplace”, que mistura a segurança da recorrência com a captura de receita sobre o transacional, modelos de clube de turismo como Bancorbrás e a Inspirato, utilizam este modelo.

Em resumo, o modelo de negócio informa como a startup será monetizada, veja por exemplo o Airbnbn, cobra uma comissão de 10% do dono do imóvel para cada transação.

6 – Diferencial e competidores

Aqui é importante mostrar o diferencial da startup, frente a outros competidores, e as vantagens competitivas da solução.

No caso do Airbnb, já existia anúncios off-line de locação dentro da Craiglist, ou espaço específico para locação de casas como o Vrbo e Hostels.com, veja abaixo como o Airbnb se posicionou frente aos concorrentes.

7 – Visão de longo prazo

Nesta parte, a startup deixa claro a visão de longo prazo da companhia e possíveis “saídas” para os investidores, como um IPO ou venda estratégica para algum outro player.

Fez sentido?

Vou deixar aqui vários exemplos de decks legais, de startups globais que conseguiram levantar boas rodadas, em estágios e tamanhos diferentes, mas antes, é neecssário um disclaimer muito importante sobre este assunto.

Foque muito mais em resolver o problema do cliente e em monetizar seu negócio do que em ficar fazendo apresentações bonitas, trabalhei um ano e meio em uma startup que recebeu uma baita grana de um fundo de VC (Venture Capital) do Vale do Silício, e eu tinha a impressão que os founders estavam mais preocupados com a próxima rodada de investimento, do que com o cliente de fato.

O melhor dinheiro que sua startup deve conseguir é o dinheiro do cliente e não de capital de risco, dependendo do negócio, ele tem capacidade de gerar receita no dia um, startups como Maxmilhas e 123milhas por exemplo, não levantaram nenhum dinheiro com capital de risco em sua trajetória e somadas já movimentam perto de R$ 6B/ano em reservas.

Logo, existe vida em uma startup de turismo sem investimento de capital de risco.

Disclaimer feito, vamos ver alguns decks supimpas, espero que gostem!

Há…

E antes de encerrar o post, aproveito para dizer que o mercado de M&A (Merge & Aquisitions) está bem forte por aqui, empresas grandes e tradicionais como BeFly, CVC e Despegar estão buscando bons ativos de tech para investir, a BeFly por exemplo lançou recentemente um programa para se conectar com startups, muito provável que a CVC e a Despegar lancem os seus próprios programas em breve, lembre-se que ninguém quer ser a próxima Kodak do turismo, ou melhor, ninguém quer ser a próxima Thomas Cook, centenária agência de viagens britânica que pediu falência em 2019.

Também há uma abundância de investidores de risco dispostos a investir em empresas que possuem um enorme potencial de escala, recordemos que estamos falando de um mercado gigante que representa até 8% do PIB do nosso país.

Espero que o conteúdo tenha sido útil, e se ficou alguma dúvida, deixe seu comentário e vamos continuar esta conversa \o/

O Turismo já retomou? Veja como foi o resultado do último trimestre dos principais players do setor!

O segundo trimestre de 2022 apresentou uma forte retomada para as empresas de turismo, do Brasil e do mundo. Nos últimos 30 dias, Booking, Airbnb, Expedia, CVC, Despegar e a recém empresa de capital aberto, Amex GBT, publicaram seus balanços do segundo trimestre de 2022.

E absolutamente todas elas, demonstraram crescimento sob o mesmo período do ano passado, um claro sinal que as coisas estão, finalmente voltando ao nosso setor!

Se compararmos com 2019, período de pré-pandemia, a CVC e Amex GBT, ainda não retomaram 100% do seu volume, todos os outros já ultrapassaram os números de 2019.

É possível correlacionar o resultado das empresas com a sua maturidade digital,  empresas “nativas digitais” já ultrapassaram o volume de 2019, e que empresas “analógicas” com menor maturidade digital, como CVC e Amex GBT estão sofrendo bem mais nesta retomada, até mesmo a Despegar, que teve um forte impacto no câmbio em seu resultado, conseguiu superar a receita de 2019.


Lembramos que, no mesmo período de 2019, o dólar estava em torno de R$ 3,80, e durante todo este ano esteve na casa dos R$ 5,15, e o Brasil já é o maior mercado da Despegar, com aproximadamente 32% do total de reservas no período. 

Veja um resumo abaixo  de como foi a retomada dos principais players, sob a ótica essencialmente de receita e de take rate.

Neste post, vou tentar dividir os principais números destas empresas, abordando volume transacionado, comportamento do take rate e por fim a receita.

Despegar

Nossos vizinhos argentinos anunciaram a aquisição da Viajanet por U$ 15M em maio, e embora não tenha deixado explícito a receita pro forma desta aquisição,  parece que não influenciou no resultado do trimestre.

A Despegar divulgou uma receita U$ 134M,  17% de crescimento sob o mesmo período de 2019.

Outro dado importante sobre a Despegar é que o take rate saltou de 10,2% em 2019, para 12% em 2022 (curiosidade, chegou a ser 14% no ano passado).

Boa parte desta melhora da receita foi uma evolução na linha de pacotes e hotéis, que possuem margens melhores.

Um ponto interessante especificamente sobre a operação brasileira, a Decolar.com perdeu a liderança de OTA no Brasil, sofrendo uma baita de uma concorrência com a Hurb e a 123milhas, posicionados entre o site número 1 e 3, respectivamente em número de acessos segundo dados da Conversion de agosto, veja os top 5 sites abaixo:

1. Hurb;

2. Booking;

3. 123Milhas;

4. ClickBus;

5. Latam Airlines;

Certa vez, me perguntaram o que eu achava da Viajanet, e por quê do ponto de vista de capital de risco, ela não tinha dado certo.

Permita-me um parêntesis aqui,  eu sou fã do modelo da Viajanet e dos empreendedores que criaram a empresa, chegou a ser a segunda maior OTA do Brasil com reservas confirmadas de R$ 1B/ano, democratizou o acesso das passagens aéreas para milhões de brasileiros, mas do ponto de vista de eficiência de capital,  ela levantou U$ 20M ao longo dos últimos 10 anos, e foi vendida por U$ 15M.

É como se o investidor colocasse U$ 1M e retirasse depois de 10 anos U$ 750k, um investimento muito ruim portanto.

Voltando à pergunta sobre a Viajanet.

Eu respondi que a culpa deste “insucesso” era da 123Milhas, que conseguiu eclipsar todas as OTAs ao seu redor, fagocitando quase toda mídia online e off-line disponível (te desafio a pegar um avião em algum aeroporto do Brasil e não ser impactado por uma mídia da 123 no caminho), tornando o jogo de turismo online quase que um jogo de “winners takes all”, mas algumas semanas depois eu notei que estava errado.

A culpa da Viajanet e da Decolar terem sucumbido para a 123milhas foi inteiramente das companhias aéreas, que ao longo dos anos reduziu drasticamente os incentivos para os intermediários da distribuição (seja off-line ou online), criando uma competição quase que desleal com qualquer OTA que venda passagem com milhas.

Com este movimento, as companhias aéreas conseguiram transformar as OTAs em meros comparadores de preços, que levam leads para os seus próprios sites sem pagar absolutamente nada por isto, um efeito billboard similar ao que acontece na hotelaria. 

Em resumo, companhias aéreas querem vender direto para os consumidores, e não querem intermediários nesta relação, exceto o Google, que cobra um pedágio de aproximadamente de R$ 3,00 por clique para cada anúncio feito em sua plataforma.

Negócios digitais que queiram ter uma receita relevante no turismo precisam buscar outros produtos para distribuir, como hotéis, passeios, locação de carros ou até mesmo seguros, ganhar dinheiro hoje com passagem aérea doméstica virou um privilégio apenas para o Google.

CVC

Se tem algo que precisamos reconhecer no “management” atual da CVC é a transparência, desde 2020 os números são destrinchados por verticais de atuação como B2C e B2B, o que nunca antes na história tinha sido dividido com os seus acionistas, era quase um exercício de adivinhação entender as linhas de receita e a margem de cada negócio dentro da CVC, e olha que existem muitos!

Por outro lado, essa transparência deu luz a alguns números bem ruins, os números do B2B apresentados pela companhia no segundo trimestre deste ano preocupam, 4,8% de take rate é um indicador muito frágil, perto de todo o risco assumido pela companhia e pelo esforço gerado com o valor transacionado.

Para fins didáticos,  para cada 100 reais transacionado no segundo trimestre de 2022, a CVC apurou R $4,80 de receita, mas lembre-se que ela assumiu o risco e colocou toda máquina administrativa para transacionar R$100,00.

Se financistas com gumex no cabelo e que praticam Beach Tennis na Faria Lima olham para este número, a reação óbvia é desligar a operação B2B, no entanto, é sabido que o volume transacionado do B2B influencia positivamente no take rate do B2C da CVC, que foi de 12,9%.

Logo, o take rate total de 7,6% da companhia no período tem uma forte influência do poder de escala do B2B.

Financistas, por favor, não deixem o B2B da CVC morrer 😉

Vamos os números apresentados pela gigante de Santo André:

Se compararmos o segundo trimestre de 2022 com o de 2019, a CVC ainda está 30% abaixo em termos de receita, no B2C a empresa sofre da mesma concorrência sofrida pela Decolar das OTAs citadas acima. Já no B2B, há um caminhão desgovernado descendo a ladeira e ganhando mês-a-mês market-share no segmento. 

Este caminhão tem nome, e se chama Flytour, e desde que Marcelo Cohen comprou a empresa, criando o grupo BeFly, adquirindo ativos de tecnologia e fortalecendo com talentos que a gigante de Santo André optou por descartar, a organização só cresce. Em agosto a Flytour Consolidadora fez R$ 420M e atualmente é a grande concorrente da CVC, com uma forte tendência em assumir o protagonismo do segmento no Brasil nos próximos 3 anos.

Muitíssimo a propósito, os clientes, o mercado e todo o trade ganham com esta saudável concorrência.

Já estava na hora, da CVC ganhar um concorrente à altura.

Ainda sobre a CVC, parece que um dos maiores desafios da empresa é executar bem o plano de transformação digital, iniciativas que envolvem CRM, CDP (Datalake) e Programas de Fidelidade. Apenas este ano já foram alocados R$ 104 milhões na linha de tecnologia e segurança da informação:

Para fins de grandeza deste investimento, o valor de mercado da CVC hoje é em torno de R$ 2B, logo cerca de 5% deste valor já foram alocados este ano em projetos relacionados à transformação digital.

Amex GBT

Este foi o primeiro reporte de empresa pública da Amex GBT, que já perdeu 24% de valor de mercado desde que foi para a bolsa em Maio deste ano.

Houve crescimento de 217% da receita sob o mesmo período do ano passado, mas ainda está um pouco longe de 2019, sobretudo quando colocamos o volume da Egencia, plataforma de gestão de viagens corporativas comprada da Expedia em 2020, que fez no segundo trimestre de 2019 U$182M em receita;

A Amex GBT sofre forte concorrência de insurgentes como Tripactions e Travelperk, TMCs “nativas digitais” que contam com capital quase que infinito (as duas levantaram juntas perto de U$ 1,5B), não possuem sistemas legados,  contam com plataformas de tecnologia mais modernas e estão mais conectados com a nova geração de compradores de viagens que priorizam modelos digitais e possuem um foco bem maior no viajante.

No segundo trimestre a empresa reportou U$ 486M em receita, com U$ 47M de EBITDA, para este ano a previsão da companhia é fechar o ano com U$ 1.8B de receita.

O desafio da Amex GBT para os próximos trimestres é completar a integração com a Egencia e conseguir mostrar para o mercado que ela vai conseguir se manter relevante na nova economia, sobretudo na briga com os novos competidores.

Para isto, a empresa investe continuamente em tecnologia, no trimestre foram gastos quase U$ 100M em tecnologia.  No seu pool de soluções, uma das mais interessantes é a Neo, produto fruto da aquisição da KDS em 2016.

Neste quesito, AmexGBT e CVC possuem estímulos semelhantes, as duas querem provar para o mercado que não será a nova Kodak, a primeira na bolsa de Nova York, a segunda na bolsa de São Paulo.

Booking

A Booking apresentou 11% de crescimento na receita, e 37% de aumento no GBV (Gross Booking Value), o que indica que o take rate da empresa reduziu. A empresa que atualmente possui o valor de mercado de U$ 72B, e junto com o Airbnb é a maior empresa de turismo do mundo, reduziu o take rate de 15,38% para 12,42%, reflexo de uma opção da companhia em aumentar os descontos para os clientes, estimulando o incremento da primeira linha.

O Lucro líquido da empresa foi de U$ 857M, revertendo um prejuízo de U$ 167M no mesmo período do ano passado.

Veja abaixo em inglês o resultado do Booking

Tem uma coisa que chama muito atenção no modelo do Booking e da Expedia, que é o gasto com marketing e vendas, ele representa aproximadamente 50% da receita da empresa.

Note que para U$ 4.294B de receita, foram gastos U$ 1.7B em marketing e U$ 465M em vendas.

Precisamos reconhecer, no final do dia, o Google e Meta são as empresas que mais ganham com o turismo no mundo 😉

Airbnb

A Airbnb foi a empresa do setor que mais se beneficiou da pandemia, em relação a 2019, foi 73% de crescimento na receita, com um take rate estável em 12,35%.

Em sua carta aos investidores, a empresa apresentou crescimento em todos principais indicadores, com um surpreendente U$ 379M de lucro e U$ 795M de geração de caixa, definitivamente o melhor trimestre da história da companhia.

Veja abaixo uma parte desta apresentação:

Os gastos de marketing e vendas do Airbnb representam “apenas” 18% da receita líquida, contra 50% do Booking e 53% da Expedia, ou seja, o Airbnb depende muito menos do pedágio do Google e do Meta para adquirir usuários, e isto lhe confere uma vantagem competitiva absurda em relação aos seus concorrentes.

Depois de bater U$ 140B em valor de mercado e ter ficado por meses como a maior empresa do setor, o Airbnb vale atualmente algo perto de U$ 72B, exatamente o mesmo valor do Booking, embora com uma receita  bem menor.

Nos próximos anos, Booking e Airbnb vão continuar brigando pela liderança do setor, veja a comparação entre Booking e Airbnb e seus respectivos números:

Expedia

A Expedia atingiu U$ 3.18B de receita, o melhor trimestre da história, 1% acima do valor de 2019, e conseguiu superar os valores da pré-pandemia, mesmo sem a receita contemplada da Egencia, empresa vendida para a AmexGBT e que no segundo trimestre de 2019 contribuiu com U$ 182M da receita do grupo.

No entanto, a empresa registrou um prejuízo de U$ 185M, e grande parte deste resultado foi influenciado pelos gastos com marketing, de 53% da receita (U$ 1.7B), muitíssimo parecido com o Booking a propósito.

O Take rate da Expedia foi de 12,18%, praticamente o mesmo valor do Airbnb e do Booking.

Conclusão

Definitivamente o turismo voltou, temos diversos indicadores que apontam alta na demanda da aviação, hotéis, locadoras de carro e aeroportos lotados e um turista que ficou quase dois anos trancado em casa, que está ávido por viajar, seja para lazer ou para trabalho.

O que é possível observar com os números apresentados neste artigo é que empresas do segmento que possuem uma maior maturidade digital, conseguiram chegar primeiro neste turista, capturando uma maior parte deste volume e consequentemente auferindo maiores receitas.

O turismo voltou, mas infelizmente quem continuar no mundo analógico pré-covid, e não conseguir entender que as coisas mudaram, pode não usufruir desta retomada.

Os números não mentem.

Conheça a Mondee, holding de travel techs que foi para a bolsa na raça!

Na semana passada, especificamente no dia 16 de julho de 2022, a Mondee, uma holding de travel techs lançada em 2011, se tornou uma empresa pública em Nasdaq, através de um SPAC com a empresa de investimentos ITHAX, o veículo conhecido como “cheque em branco” foi o mesmo utilizado pela AMEX GBT, que foi listada em maio deste ano (que a propósito já perdeu 30% de valor).

Com a listagem, a Mondee fica avaliada em aproximadamente U$ 750M em valor de mercado, algo como 5X a sua receita anual.

Este talvez seja o pior momento, para uma empresa de tecnologia ir para Nasdaq, suspeito que desde o crash das “ponto.com” em 2001, não tenhamos um período de tanto pessimismo.

O momento atual de pessimismo do mercado financeiro, já supera inclusive a crise de subprime em 2008.

O índice NASDAQ já caiu 21% este ano, e o o índice EMCLOUD, que lista ativos de tecnologia que vendem softwares como serviço na nuvem, já caiu 42% este ano.

Veja no gráfico abaixo:

Dado o cenário atual, podemos dizer que a Mondee foi pra bolsa “na raça”, em um momento com baixa liquidez para ativos de tech.

Um pouco mais sobre a Mondee

Lançada em 2011, a Mondee desenvolve tecnologia para agências de viagens de lazer e para TMCs, operadoras de turismo, empresas, e para consumidores finais, quase sempre pautados em modelos de recorrência através de assinaturas.

Ela se posiciona como a empresa líder em plataformas para próxima geração de viagens.

A Mondee fez 14 aquisições ao longo dos últimos 10 anos, e tem um interessante storytellng que conecta sua marcas em um ecossistema, que deixaria os acionistas da CVC com inveja (convenhamos, a gigante de Santo André historicamente só empilhou receita com suas aquisições e nunca conseguiu criar conexão entre suas marcas), veja as 14 aquisições abaixo:

E aqui, como todas as plataformas se conectam no ecossistema de “viagens” da Mondee, e na geração de valor para cada cliente.

As principais marcas da Mondee é a TripPro, que entrega uma plataforma “self-booking” para TMCs e agentes de viagens, e conta com mais de 50mil cientes, a RocketTrip, uma plataforma de incentivo para grandes corporações estimularem seus colaboradores a reduzirem custos, que possui mais de 50 clientes, a TripPlanet, uma plataforma “all-in-one” para SMBs poderem gerenciar e realizar reservas e a Unpub, que ainda em “soft-launch”, tem a intenção de ser um grande clube de assinatura para pessoas viajarem com descontos, com planos a partir de U$ 49,95 por ano.

Aqui um pouco do resumo, o segmento e a base de clientes de cada uma das marcas.

Os Principais números da empresa

Os números atuais mostram que a Mondee ainda está longe de ter lucro, no primeiro trimestre deste ano (Q1) teve prejuízo de U$ 7M, mas a receita cresceu 179%, saindo de U$ 13,5M para U$ 37,7M, o forecast de receita para o ano é de U$ 152M.

Em sua apresentação, a Mondee alega ter U$ 3.1B em reservas no seu marketplace em 2019, com U$ 171M de receita, o que dá um take rate de aproximadamente 5,4%, um valor de certa forma “baixo” e que deve aumentar a medida que a empresa tiver êxito em aumentar a receita com outros produtos como anciliares, assinaturas e serviços financeiros.

A Mondee espera atingir um take rate de 7,9% em 2023.

Mais aquisições pela frente

Em seu prospecto, a Mondee deixou claro que tem um pipeline de aquisições potenciais que podem trazer U$ 225M de receita incremental com U$ 45M de EBITDA, sendo que 8 a 10 aquisições podem ser realizadas em curto prazo.

Será que tem algum alvo na América Latina em vista?

Conclusão

Eu estou convicto que os dados da Mondee podem ensinar muito sobre estratégia de negócios para empresas de tecnologia e turismo, aqui embaixo você pode clicar e ver a apresentação completa (51 páginas) com todos os dados da empresa recém listada em Nasdaq, desejo uma boa leitura, bons estudos e espero que o conteúdo seja útil!

Não existe almoço grátis

Milton Friedman, um dos economistas mais notáveis da nossa história, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1976 e um dos maiores defensores do live mercado, popularizou esta frase em seu livro no ano de 1977.

A frase fazia referência aos bares nos Estados Unidos que davam almoço grátis para os consumidores que comprassem bebida.

Veja, Friedman faleceu em 2006 e 16 anos após a sua morte, ele deve estar neste momento se revirando no caixão ao saber que pessoas de terno e gravata tiveram a brilhante ideia de aprovar a volta das bagagens gratuitas.

Por sorte (e por favor, não quero trazer este artigo para um debate político), o presidente Jair Bolsonaro vetou, mas o congresso ainda pode votar o veto.

Em ano eleitoral, tudo é possível para atrair os holofotes com uma perspectiva futura de ganhar eleitores, portanto, vale a pena acompanhar esta disputa.

Por aqui, vou me ater ao discurso, do quão equivocado é a ideia do despacho gratuito da bagagem, com apenas quatro argumentos, então vamos lá

Primeiro, a errônea narrativa que o empresário explora a sociedade

A exigência da bagagem gratuita faz parte da narrativa equivocada, que prevalece hoje, onde empresas más exploram cidadãos de bem, e o estado, precisa proteger e gerar equilíbrio nesta relação.

Com esta narrativa, governantes, funcionários públicos e deputados aumentam a gordura do estado, com a falsa promessa de melhorar os serviços para a sociedade, quando no final, acontece justamente o contrário, aumentam os impostos e pouco ou quase nada é visto de melhor na ponta.

Precisamos de verdade mudar este cenário, com esta decisão, nos juntaremos a Cuba e a Coréia do Norte, os únicos países do mundo que ainda mantém obrigatoriedade da franquia de bagagem despachada, convenhamos, duas economias parcas e bem longe de gerar alguma inspiração (Admito, em 1996, eu tinha uma baita admiração pela seleção feminina de Cuba, lembro como se fosse ontem, Mireya Luis, Regla Torres e time, ganhando das valentes jogadoras do Brasil).

Segundo, as companhias aéreas estão em frangalhos

Sabe aquela história, o melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada e o segundo melhor negócio do mundo é uma companhia de petróleo mal-administrada?

Companhia aérea é exatamente o oposto.

Muito bem administrada, é o pior negócio do mundo, mal administrada, ela quebra, Varig, Vasp, Transbrasil, Avianca e recentemente a Ita Transportes, não me deixam mentir.

Richard Branson, fundador do grupo Virgin, disse certa vez que a forma de ser milionário, é começar como um bilionário e então fundar uma companhia aérea.

Veja só a instabilidade em ser acionista de uma companhia aérea, um maluco resolveu soltar umas bombas na Ucrânia, e os custos explodem, só nos últimos 4 meses, de guerra, Azul e GOL perderam quase R$ 7B em valor de mercado.

No início de janeiro de 2020, um vírus proveniente do morcego se espalha pelo mundo, as pessoas ficam trancadas em casa, e nos dois anos seguintes, Azul e GOL tiveram prejuízos de R$ 21,7 bilhões.

Para ser exato, Azul teve um prejuízo de R$10,8B em 2020 e R$ 4,2B em 2021, e a GOL um prejuízo de R$ 5,98B em 2020 e R$ 7,2B em 2021.

Veja abaixo, o pesadelo para os acionistas desta empresas.

Resultado da GOL nos 2020 e 2021

Resultado da AZUL nos 2020 e 2021

Ainda temos que reconhecer, que estas companhias foram heróicas e não foram socorridas com dinheiro público, ao contrário do que aconteceu em outros países, a TAP por exemplo, foi socorrida pelo governo dos nossos irmãos europeus.

A Lufthansa, teve um incentivo parecido na Alemanha.

E olha, que eu nem estou falando da Latam, que pediu Chapter 11 lá nos EUA e está em um processo longo de recuperação que vai durar alguns bons anos.

Agora, é o momento destas empresas se recuperarem, e tirar esta receita adicional de bagagem é reduzir o oxigênio dos aparelhos.

Terceiro, Perda de atratividade de novos competidores

Eu preciso reconhecer, não morro de amores por companhias aéreas brasileiras, acho que há enormes oportunidades para novos competidores e aumento da competitividade, existem várias rotas no Brasil, que está na mão de apenas uma companhia aérea, e a história já nos mostrou que a ausência de concorrência gera serviços piores no longo prazo.

Mas a gratuidade da bagagem, por lei, inclusive atrapalha novos entrantes, veja, eu viajei uma vez com a Allegiant, uma low cost americana, e tive que pagar até para imprimir o bilhete, era algo como U$ 5,00, a experiência foi horrível, mas era o que meu bolso estava disposto a pagar e no final, eu fiquei feliz.

A venda de “ancillaries” é uma oportunidade da companhia aérea aumentar suas receitas: bagagem, alimentação, checkin antecipado, escolha de assento, tudo isto deve ser uma oportunidade para as companhias áreas.

Já falei com um executivo da Azul, aquelas balinhas de aviãozinho, gera uma conexão tão forte entre eu e meu filho, que eu pagaria uns R$ 20,00 para comprar aquelas balinhas e ver o sorriso do guri toda vez que chego de viagem 😉

Criar uma lei e empurrar para as aéreas, proibindo-as de rentabilizar, é um tiro no pé, pois afugenta novos possíveis competidores, exatamente tudo que não precisamos.

Na pandemia, a parte logística foi uma das poucas linhas de receita que continuaram relevantes para as companhias aéreas, de certa forma, a explosão do e-commerce beneficiou um pouco as cias aéreas, que possuem unidades de negócios de entrega, como GOLLOG, AzulCargo e Latam Cargo.

Com a canetada do despacho gratuito, há um custo de oportunidade de espaço, que poderia estar sendo alocado para despachar encomendas, aumentar a receita das cias aéreas, otimizar custos, e adivinhem, até baratear os custos da passagem em um futuro próximo.

Senadores, e deputados, nós não precisamos que vocês entrem nesta briga!

QUARTO, eu não quero PAGAR A CONTA, e acho que você também não!

Nos meus tempos à frente de uma operação de e-commerce, quando algum cliente vinha pedindo frete grátis, eu falava que iria ver com a transportadora, se eles topavam levar a carga de graça. Era uma forma elegante e divertida de dizer que não tinha esta possibilidade, no final o cliente ria, eu também ria, nos divertíamos, mas ele acabava pagando o frete.

Eventualmente, quando queríamos fazer promoção de frete grátis, a gente tirava do marketing para subsidiar o frete, de novo, alguém estava pagando.

Em aproximadamente 90% das minhas viagens eu não levo bagagem, não quero olhar para o colega do lado, e saber que eu estou pagando pela bagagem dele, não me parece justo.

As companhias aéreas sempre ofereceram opções de bagagens adicional a preços razoáveis, e ainda há a possibilidade de despachar a bagagem através de outras empresas, conheço pessoas que para não despachar a bagagem e pagar o preço das companhias aéreas, fazem entrega das bagagens como encomenda através de transportadoras.

Enfim, existem opções mais baratas, e entenda que a comodidade aqui tem um preço, da mesma forma que paguei 50% para viajar com uma low-cost e tive uma experiência ruim, eu poderia ter pago 100% em uma outra companhia aérea e ter uma experiência melhor.

É aquela velha relação entre “preço e valor” que os gurus de inovação sempre ficam falando.

Conclusão

Eu estou muito otimista que esta bobagem de bagagem gratuita não vá pra frente, tivemos um lapso do presidente em vetar, entretanto, em anos eleitorais, o interesse pessoal sempre sobressai sobre os interesses coletivos.

Portanto, vários parlamentares já declararam que vão brigar para derrubar o veto do presidente.

Muitos, infelizmente acreditam, que existe almoço gratuito!

a amex GBT na Bolsa mostrOU que Bill gates estava errado

Em novembro de 2020, no auge da pandemia, Bill Gates afirmou em uma entrevista que 50% das viagens corporativas iriam acabar:

“Minha previsão é de que mais de 50% das viagens a trabalho e mais de 30% dos dias no escritório vão acabar”

Hoje, a Amex GBT, empresa líder global no mercado de viagens corporativas, finalmente se tornou uma empresa pública em Nova York, através de um SPAC com a Apollo Capital.

Em dezembro passado, dividi alguns aprendizados sobre os dados da Amex GBT, agora, 4 meses depois, já temos números atualizados do primeiro trimestre, e ele definitivamente mostra, que Bill Gates errou em suas previsões, veja:

  • A receita do Q1 de 2022 atingiu 50% do mesmo período de 2019;
  • A recuperação das viagens já retomaram em 72% dos níveis de 2019;
  • As transações nas últimas 3 semanas de abril atingiram 80% do volume de 2019;

Note, eu continuo tendo profunda admiração por Bill Gates, o homem que democratizou os computadores pessoais, tolerou o ogro do Steve Ballmer por anos, e é um dos maiores filantropos da atualidade, mas suas previsões acerca do futuro das viagens a trabalho foram furadas!

Mês passado, em São Paulo, tivemos em uma mesma semana, quase 20 mil pessoas em eventos presenciais no VtexDay, ErpSummit e Agiletrends.

Em junho agora teremos o Fórum Panrotas (portal que carinhosamente me emprestou este espaço e me nutre diariamente com notícias do nosso setor) e vamos ter mais uma vez milhares de pessoas juntas, interagindo, aprendendo e fazendo networking.

Em julho teremos o Fórum E-commerce Brasil, onde mais de 15mil pessoas devem se reunir no ExpoCenter Norte para discutir o mercado digital e e-commerce.

As companhias aéreas Azul e GOL, explicitamente em suas apresentações de resultado deixaram claro que a volta do corporativo está influenciando positivamente seus balanços:

Dados da Azul

“Terminamos o trimestre com nove meses consecutivos de forte e crescente demanda de lazer, ao mesmo tempo em que o corporativo acelerou rapidamente, nos permitindo elevar tarifas para compensar o aumento dos preços dos combustíveis.”

E dados da GOL:

“Vendas no primeiro trimestre de 2022 superaram igual período pré-pandêmico de 2019 – particularmente em março que apresentou volume de vendas 60% maior alavancado pela forte recuperação no segmento corporativo”

Lembram do Zoom? A panacéia do “novo normal”, que chegou a valer mais que todas as companhias aéreas e redes hoteleiras de capital aberto?

Então, hoje ele tem um valor de mercado menor que do Hilton e da Marriot, separados 😉

Continuo tendo apreço e enxergando um baita valor na plataforma criada pelo Eric Yun (Eu ainda prefiro o Google Meet), mas oras, tem coisa que é olho no olho, ou como falamos aqui em BH, o “téte-a-téte”, ainda somos humanos (tenho dúvidas, até quando) e temos um desejo natural de interagir socialmente.

A Amex GTB na bolsa de Nova York é o primeiro ativo de turismo focado no segmento corporativo com capital aberto nos EUA (temos a TravelCTM e a Flight Centre na Austrália), hoje, no primeiro dia de negociação, o papel que vai ser negociado com o código “GBTG” subiu 8,74%.

Ela se junta a outras empresas de turismo, que possuem capital aberto atualmente como Booking, Expedia, Trivago, Despegar, Ctrip, Airbnb entre tantos outros.

Sucesso a Amex GBT em sua estréia, e que ela abra espaço para outras dezenas de empresas seguirem seus caminhos!

O modelo da Inspirato, realmente inspira ;-)

A Inspirato é uma Travel Tech, lançada em 2011 que atua no mercado de lazer de luxo no modelo de assinatura, no início deste ano ela se tornou uma empresa aberta em Nasdaq, através de um SPAC,  e hoje tem um valor de mercado de aproxidamente U$ 310M, com uma receita  em  2021 de U$ 234M.

O modelo da Inspirato traz alguns aprendizados para a nossa indústria:

Oceano mais azul
Trabalhando com luxo e nicho, ela consegue sair fora do mar vermelho das OTAs, que é um negócio intensivo em mídia e muito sensível a preço.

Recorrência
A indústria de software as service (SAAS) e de streaming (vide Netflix e Disney+) pode ensinar muito ao nosso setor, um modelo baseado em assinaturas é possível gerar recorrência e ter previsibilidade de receita.

Em geral, a grande maioria das agências de viagens precisam conquistar os clientes todo mês novamente para ter receita, no modelo de assinatura, aquela receita está garantida, isto gera uma enorme eficiência em custos e compras, e traz uma previsibilidade de receita!

Em um próximo artigo irei falar sobre as benesses do modelo de assinaturas, por ora, preciso me manter fiel ao assunto do post: A Inspirato!

Neste post, vamos ver alguns números da Travel tech, e entender um pouco mais sobre o modelo de negócios da empresa!


Os insights deste artigo, tem como base o documento de apresentação aos investidores, de junho de 2021, e os resultados do último trimestre de 2022.

Vamos lá?

Possuem apenas dois modelos de assinatura: Pass e Club

A Inspirato simplifica o modelo de assinatura, disponibilizando apenas dois planos para os usuários: Pass e Club.

Na modalidade Club, o cliente paga U$ 600,00 por mês, e tem acesso a todo inventário da Inspirato, e paga apenas as diárias da reserva que realiza, com descontos nos preços.

Na modalidade, Pass,  o cliente paga U$ 2500k por mês, e além de ter acesso a todo inventário, ele não precisa pagar pelas reservas realizadas, apenas pela passagem e deslocamento.

É um modelo mais “premium”, que entrega além das reservas, serviços personalizados como concierge e planejamento de viagens.

Definitivamente, o modelo “Pass”, no valor de U$ 2500/mês não é para qualquer cliente.

Portfólio exclusivo

Para justificar o valor da assinatura, a Inspirato entrega em seu pertfólio residências de luxo únicas, que muitas vezes não podem ser reservadas por outro canal.

Criando assim uma forte sensação de exclusividade.

Modelo de negócios único

Não há um concorrente direto para a Inspirato, em relação ao mercado de luxo e de assinaturas, ela é o único player deste mercado, e isto lhe confere uma boa vantagem competitiva.

Mercado endereçável, realmente grande!

O Total Addressable Market da Inspirato em 2019 era de U$ 135B, o SAM (Service Addressable Market) de U$ 100B, com previsão de aumentar 75% até 2025.

Tecnologia proprietária

Para ter o valor de mercado que tem, e entregar a geração de valor que ela se propõe, é natural que a Inspirato desenvolva seus próprios ativos de tecnologia.
Um dos destaques da empresa, é que ela é dona da sua tecnologia e dos algoritmos que fazem a predição e a sugestão dos locais, sem depender de terceiros e controlando 100% a experiência dos seus clientes nos processos de reservas e remarcações.

Alto tícket ajuda no alcance de receita com poucos membros

O valor alto do ticket médio da assinatura ajuda na escala de receitas da companhia, enquanto um assinante do Spotify gasta U$ 120/ano, um assinante da Inspirato Pass, deixa U$ 30k na mesa.


Poucos modelos de assinatura possuem receita recorrente com tícket tão alto.

Relação de LTV e CAC positiva

A relação entre custo de aquisição de cliente (CAC) e o lifetime value (valor gasto pelo cliente ao longo do tempo)  é de 4X, como se o cliente deixasse de receita ao longo de tempo 4X o valor gasto para adquiri-lo.

Em modelos SAAS, entende-se que uma boa métrica para este índice é de 3X, menos que isto é sinal que o custo de aquisição está  muito alto, e mais que isto, é sinal que há uma eficiência no custo de aquisição do cliente.

Alta barreira de entrada

Por ser detentora da tecnologia e ter um inventário próprio, a Inspirato constrói uma sólida barreira de entrada para novos concorrentes, este é um mercado que Booking e Expedia não conseguem entrar facilmente.

2021 foi o melhor ano da história

2021 foi o melhor ano da história para a Inspirato, mesmo com o mundo ainda sofrendo um pouco dos reflexos da pandemia,  ela atingiu a maior receita da história, no valor de R$ 235M, e alcançou  14.875 inscritos, no final de 21.

O modelo de negócios da Inspirato, realmente inspira, no Brasil, ainda não há nenhuma marca nativa digital, entrando no modelo de assinaturas de luxo.

Quem se arrisca?

Como foi 2021 para os principais players de turismo do Brasil e do Mundo

O ano de 2021 foi completamente desafiador para todo segmento de turismo, foi o início de uma recuperação de um setor que foi atropelado pela Covid-19.

Recordamos, 2020 foi o ano onde as barreiras internacionais estavam com restrições, companhias aéreas operando com malha reduzida, hotéis fechados e pessoas trancadas dentro de casa.

Segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), as perdas com atividades turísticas entre março de 2020 até junho de 2021 somaram aproximadamente R$ 396B.

Existe uma frase famosa entre economistas, que fala que “na crise, o dinheiro não desaparece, ele muda de mão”, players de e-commerce surfaram um crescimento jamais visto em todo o mundo, no Brasil, especificamente setores de lar e construção, aproveitaram a alta demanda (pessoas trancadas em casa, nada mais justo que investir em reformas e mobiliário para o lar) inflaram suas receitas e até abriram capital (Mobly e Westing) se beneficiando de um otimismo exagerado no mercado.

E especificamente no turismo,  a pandemia caminha para o fim, com um novo líder no setor: Airbnb.

A empresa que abriu capital bem no meio da pandemia, em dezembro de 2020, viu suas ações subir 113% só no primeiro dia, hoje, é a empresa de turismo com maior valor de mercado no mundo, superando uma hegemonia de mais de 20 anos do Booking.


Veja:

Ainda sobre a “retomada”, o Airbnb foi o único player, de turismo, com capital aberto que cresceu na pandemia, em uma análise junto Booking, Expedia, Despegar e CVC.

Veja abaixo os números de cada empresa, e sua retomada em relação a 2019, com destaque negativo para a CVC, que de todos os players analisados foi o que está retomando de forma mais “lenta” em relação ao período de pré-pandemia.

Airbnb

Na liderança da retomada, o Airbnb capturou bem um novo perfil de viajante, que mistura estadias mais longas, com um trabalho remoto, além de pegar um pouco de market-share de players tradicionais como Expedia e Booking em hospedagens curtas, com a inclusão de diversos hotéis de rede em seu inventário.


Embora tudo tenha começado com a ideia de locação de três colchões de ar e um café da manhã, de uns rapazes quebrados que estavam com dificuldade de pagar o aluguel lá na Califórnia, hoje já é possível reservar hotéis de rede dentro da plataforma.

Sabe aquela briga entre hotéis e Airbnb, que rolava lá no início? 

Então, agora os hotéis enxergam o Airbnb como um canal alternativo para distribuição e reduzir a dependência do Booking e da Expedia, e para o Airbnb é uma oportunidade incrível de aumentar o inventário e rentabilizar sua audiência.

Algo muito parecido com o que está acontecendo inclusive entre o Uber e os Táxis.

Números da retomada

Volume de Reservas

2019 – U$ 37B
2021 – U$ 46,9B (​​Δ26%)

Receita

2019 – U$ 4.8B
2021 – U$ 6B (​​Δ25%)

Valor de Mercado

2019 – U$ 30B (tinha capital fechado, nesta época)
2021 – U$ 112B (​​Δ273%)

Booking

Player mais tradicional de todos os analisados, o Booking segue em “segundo” nesta corrida, retomou 80% do volume de reservas de 2019, com praticamente o mesmo take rate (14,23%).

O destaque do Booking em 2021 foram as aquisições, a empresa desembolsou um cheque de U$ 3B para levar a Getroom e a Etraveli.

A Getroom é focada no mercado de B2B, e este movimento tem um claro objetivo de competir com a Expedia, líder neste segmento.

Já a Etraveli é dona de marcas famosas como Mytryp e GoToGate.

Muitíssimo a propósito, levanta a mão quem nunca recebeu uma cotação de passagem aérea da Mytryp, enviada por um amigo, perguntando se o site é confiável?

Bom, agora dá pra falar: “É confiável, faz parte do Booking” 😉

Outro ponto relevante sobre o Booking, hoje a empresa tem um valor de mercado maior do que dias antes da pandemia, sinal que o mercado confia muito no futuro da empresa.

Números da retomada

Volume de Reservas

2019 – U$ 96.4B
2021 – U$ 76,6B (​​Δ-20,54%)

Receita

2019 – U$ 15B
2021 – U$ 11B (​​Δ-27,65%)

Valor de Mercado

2019 – U$ 83B (tinha capital fechado, nesta época)
2021 – U$ 96B (​​Δ15%)

Expedia

A Expedia anunciou a chegada de um novo CEO no meio da pandemia, fez o movimento de desinvestimento da Egência,  braço corporativo do grupo que em 2019 chegou a fazer U$ 8B em reservas, “vendido” para a Amex em uma troca de ações avaliado em U$ 750M (A Expedia ficou com um share de 14% na Amex, que deve ir para a bolsa este ano).

Historicamente, a empresa sempre teve volume de reservas muito próximo do Boooking, mas com o take rate menor (11% em 2019) e com valor de mercado bem menor também.

Fato curioso sobre a empresa (além de ter feito um anúncio com o Projota relacionando a cultura do cancelamento com o “cancelamento grátis”  no Hoteis.com) é que ela hoje vale 78% mais que no período pré-pandemia.

Mais uma que tem a benção e a fé do mercado pela sua recuperação.

Volume de Reservas

2019 – U$ 108B
2021 – U$ 72.4B (​​Δ-32,90%)

Receita

2019 – U$ 12B
2021 – U$ 8.59B (​​Δ-28,7%)

Valor de Mercado

2019 – U$ 16.8B
2021 – U$ 30B (​​Δ78%)

Despegar

A Argentina Despegar, conhecida aqui no Brasil como Decolar.com, possui capital aberto em Nova York, a empresa também apontou uma perda muito alta de receita e de reservas sobre 2019.

Parte disto tem uma relação com o câmbio, e a outra parte, sobretudo olhando no Brasil, é que na pandemia ela teve problemas sérios de atendimento, o que jogou sua reputação lá embaixo (hoje, a empresa tem um “não recomendado” no ReclameAqui).

Ademais, aqui no Brasill ela sofre de uma concorrência forte de duas nativas digitais, que estão crescendo muito: 123Milhas e Hurb.

O tráfego de usuários da 123milhas, já é o dobro da Decolar.com no Brasil, segundo dados da Similarweb, considerando que há uma taxa de conversão bem semelhante entre os modelos de negócio de OTA, é possível afirmar que especificamente no B2C, a 123milhas já esteja faturando duas vezes a Decolar.com no Brasil.

O interessante sobre esta briga “Decolar.com e 123milhas”, é que a 123milhas está executando o mesmo playbook utilizado por anos pela Decolar: mídia de massa intensiva com anúncios em aeroportos e na TV aberta e fechada com pessoas famosas (até o Bruno de Luca, a 123milhas surrupiou da Decolar), além de investimento alto em marketing online 😉

Por outro lado, a Despegar anunciou que fechou 2021 com um caixa de U$ 279M e deve fazer investimentos relevantes de M&A para retomar o seu protagonismo no Brasil e na América Latina.

O ano de 2022 pode ser o ano em que os argentinos retomam a liderança (e não estou falando de copa do mundo, ok?)

Números da retomada

Volume de Reservas

2019 – U$ 4.7B
2021 – U$ 2.4B (​​Δ-47,54%)

Receita

2019 – U$ 0.5B
2021 – U$ 0.32B (​​Δ-38%)

Valor de Mercado

2019 – U$ 971M 
2021 – U$860M (​​Δ-11%)

CVC

De todos os players analisados, a CVC apresentou os piores números de 2021 comparado a 2019, em relação ao valor de mercado, a empresa perdeu 57% do seu valor.

Recordemos, a maré ruim da CVC vem muito antes da Covid-19, começou lá trás com quebra da Avianca, problema com mancha de óleo no Nordeste, aumento do dólar e problemas internos com demonstrações financeiras que tiveram que ser reclassificadas.

Também é conhecido que a CVC tem uma presença digital ainda muito baixa, comparada  a outras “nativas digitais”, então é uma que também sofre com o crescimento da 123milhas e do Hurb.

Além disso, no meio do caminho, viu o nascimento de um grande concorrente no Brasil, a Befly, que surge da junção da Flytour e da mineira Belvitur.

Sob a batuta do visionário Marcelo Cohen, a empresa deve morder um bom market share da CVC no Brasil, especialmente no mercado B2B (Consolidação e operadora).

O resultado da CVC também foi impactado, infelizmente, por um ataque hacker que prejudicou quase 1 mês de vendas da empresa no último trimestre, se tirarmos este fato isolado, é provável que a empresa teria alcançado mais de R$ 10B em reservas realizadas em 2021.

A empresa também teve uma leve melhora em seu  take rate, conseguindo finalizar o ano de 2021 com take rate de 9,4%, o que certamente deu um otimismo aos investidores, no dia pós anúncio de resultados, suas ações subiram  17%.

Números da retomada

Volume de Reservas

2019 – R$ 17.2B
2021 – R$ 8.9B (​​Δ-48,54%)

Receita

2019 – R$ 1.56B
2021 – R$ 825M (​​Δ-47%)

Valor de Mercado

2019 – R$ 8.8B
2021 – R$ 3.7B (​​Δ-57%)

Resumindo

Se pudermos resumir estes números em um quadro, temos o seguinte resultado.

Ps:. Este é o meu primeiro post por aqui, há 4 anos não sabia absolutamente nada deste mercado, e incentivado pelo meu amigo Guto Rocha, meu colega de Conselho do ECBR, comecei a ler vários posts aqui no Panrotas para aprender sobre o segmento.

Guto, gratidão pela oportunidade de ter aprendido muito contigo, aqui eu resgato uma foto sua, ainda menino e com cabelo, na época que blogava por aqui, you rock!

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Tentarei manter uma agenda quinzenal de artigos com temas relacionados a turismo, tecnologia, empreendedorismo, negócios digitais e nova economia!

Se tiverem sugestão de assuntos, fiquem à vontade para sugerir!