ATÉ PARECE QUE ESTÁ TUDO BEM

Já estamos acostumados com a redução do ritmo econômico no verão brasileiro (dez, jan e fev).

Dezembro é mês de Natal, Reveillon, festa de final de ano nas empresas, eventos de encerramento e de planejamento estratégico, férias para muita gente, férias coletivas em muitas empresas, viagens de turismo, foco no lazer.

Janeiro, por conta das férias escolares, também costuma ser mês de férias para muitas famílias, usualmente é um mês de baixa produtividade nas empresas, tanto pelo lado da produção, que cai, quanto pelo lado da demanda, que muda para viagens de turismo, foco no lazer.

Verão brasileiro suscita alegria, brindes e comemorações (ao que mesmo??)
Verão brasileiro suscita alegria, brindes e comemorações (pelo que mesmo??)

Fevereiro no Brasil é o mês do Carnaval (só quem é brasileiro ou quem vive no Brasil conhece a dimensão deste evento e de suas consequências no espírito da população brasileira) e isso significa muita gente de férias, em ritmo de férias ou em “ritmo de carnaval”, mais espaço para viagens de turismo, foco no lazer.

Sim, sabemos que é ótima oportunidade para o mercado de viagens de turismo, mas o fato é que, em termos industriais e comerciais, o Brasil só começa a produzir a partir de março…

Mas este ano será diferente !

Diferente para ainda pior, pois parece que todo o Brasil está de férias, expondo sua alegria e suas convicções de felicidade nas redes sociais de forma avassaladora.

Nós, brasileiros, manifestamos uma felicidade incompatível com a dura realidade do país
Nós, brasileiros, manifestamos uma felicidade incompatível com a dura realidade do país

Sorrisos rasgados, brindes cristalinos, selfies de felicidade contagiante, semblantes da mais pura alegria, todo mundo gozando a vida, curtindo adoidado, aproveitando o aqui e agora, naquele conhecido espírito do “futuro será como Deus quiser”, vivendo o hoje porque ninguém sabe do amanhã, ou melhor, arrebentando hoje como se não houvesse amanhã…

E poderá mesmo não haver !

O país está numa encruzilhada, onde as classes C e D, iludidas e desesperançadas, encontram-se e batem de frente com a classe A, que nunca saiu do lugar, e com a classe B, detentora da maior fatia de responsabilidade na sustentação da economia, via impostos, consumo e produção.

País está numa encruzilhada, sem liderança que aponte um caminho a seguir
País está numa encruzilhada, sem liderança que aponte um caminho a seguir

Para piorar, este ponto de encontro (a tal encruzilhada) acontece num ambiente de crise econômica, política e ética sem precedentes na história, onde os piores exemplos vêm da autoridade constituída, de todos os poderes, reafirmando para as classes B, C e D, o que a classe A já estava cansada de saber: no Brasil, o Executivo gere seus interesses, o Legislativo legisla em causa própria e o Judiciário julga-se acima das leis, todos atuando como vestais flutuando sobre o bem e o mal.

E no que isso pode dar?

Um ambiente desses aproxima-se muito da situação do navio afundando, onde os valores do convívio social, aqueles que nos diferenciam dos animais, são substituídos pelo “salve-se quem puder”, as verdades absolutas passam a ser subjetivas e a preocupação com o futuro é trocada pelo imediatismo (vamos viver hoje).

Por isso, vamos todos gozar férias e assim valorizar a indústria do entretenimento, incluindo as viagens de turismo, pois temos somente 12 milhões de desempregados, um PIB previsto de 0,8% em 2017 e um governo que absorve 40% de toda riqueza produzida para custear os privilégios da corte, no caso servidores públicos e políticos, em troca de uma classe política da pior espécie e de um serviço público de baixíssima qualidade quando não inexistente.

Não, não estou pessimista, sou realista !

Enquanto o Brasil está de férias, empresas saem do país, a população perde o respeito pelas instituições, a crise avança e os políticos fingem tentar resolvê-la, enquanto atuam apenas para manter seus privilégios, ou você já viu algum governo pagar bonus de produtividade para servidor aposentado (apenas como exemplo do descalabro com o dinheiro da sociedade)?!?!?

O que realmente me preocupa é quando a conta chegar, numa fatura cara, onde se lerá em letras miúdas no rodapé:

“Eu sei o que vocês fizeram no verão passado…”

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Luís Vabo

Entusiasta da inovação, do empreendedorismo e da alta performance, adepto da vida saudável, dos amigos e da família, obstinado, voluntário, esportista e apaixonado. Sócio-CEO Reserve Systems 📊 Sócio-fundador Solid Gestão 📈 Sócio-CFO MyView Drones 🚁 Sócio Link School of Business 🎓 Conselheiro Abracorp ✈️

6 thoughts on “ATÉ PARECE QUE ESTÁ TUDO BEM

  1. Vabo , Boa Noite !!
    Como sempre perfeito , banho de realidade
    Que muitos devem ler e , refletir sobre o que vamos fazer em 2018 , ESTÁ NAS NOSSAS MÃOS !!
    Se me permite um palpite > A saída está no pessoal do AGRONEGÓCIO ( passei bons anos por lá) – Trabalho , Competência, Inovação , gente que só pensa em crescer , sem ficar chorando nos corredores de BSB ( alô industrias…..) . E , fazem política com P maiúsculo !!
    E com esse pessoas , nós aqui do setor de serviços só teremos benefícios
    Vamos apoiar firme essa gente , pense nisso .
    ….Bom, de qualquer maneira não custa desejar um ótimo 2017 prá você , the show must go on !!
    Grande Abraço do seu sempre seguidor
    Hélio Rheinfranck

    1. Feliz 2017 pra você e todos os seus, Hélio,

      O agronegócio é forte mesmo, não é à toa que “Agro é Tech, Agro é Pop, Agro é Tudo, tá na Globo”.

      Ótimo benchmarking…

      []’s

      Luís Vabo

  2. Olá Vabo

    Leio seu blog qdo posso. Acho super interessante as suas chamadas. Esse seu comentário é a mais pura realidade, eu creio que o brasileiro diante de uma crise tao longa e pesada , parece que está anestesiado. Não sabe o que fazer . Sempre foi muito criativo e parece que as possibilidades se esgotaram e ele deixou de lado a sua criatividade. Os políticos cada vez mais gananciosos e com uma falta de preparo total. Não pensam no país e no povo e sim em captar recursos para não perder as boquinhas.

    Enfim, espero que 2017 seja mais ameno e que o governo Temer possa dar uma alivio e os nossos passageiros voltarem a viajar.
    E assim, possamos terminar o ano com credito ao invés de déficit

    Abrs

  3. Caro Vabo,
    Análise perfeita, mas eu discordo da parte da felicidade. Nós brasileiros somos felizes por natureza e gozamos de tudo e de todos. Mas isto não quer dizer que não nos importamos com o que acontece e que as coisas estão mudando. Talvez falte mais empenho nos protestos, mas nunca antes na história deste país houve uma mobilização como a que vem acontecendo desde 2013 (talvez a campanha das diretas).
    Só vamos mudar de verdade, quando tivermos acesso a educação de qualidade, que dê condições para que qualquer pessoa possa evoluir e entender melhor o mundo. Quando formos recompensados pelo nosso esforço e trabalho de forma condizente com o que fazemos. Quando poderemos exigir mais qualidade dos serviços públicos e entender que o que é público é para ser cuidada por todos, que não é coisa de ninguém. Quando vamos ter noções melhores de civilidade e coletividade.
    Os ricos, como na foto que você colocou, sempre esbanjaram sua riqueza em qualquer lugar do mundo e não parecem estar preocupados com o coletivo, somente como o particular. Mas sempre foi assim e dificilmente vai mudar. Mas as classes B, C, D e E devem ter o direito de ter acesso a educação e informação. Só assim vamos evoluir.

    1. Tudo isso é verdade, Alexandre,

      Mas o que me preocupa é nossa incapacidade de enxergar o tamanho do problema e ficarmos simulando que “o cenário não é tão ruim assim”, como se essa atitude fosse melhorar alguma coisa.

      Falta empenho, falta esforço, falta vontade de fazer mais e melhor…

      []’s

      Luís Vabo

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