LACTE 18 e o Afroturismo, um primeiro passo.

Stand do Movimento Black Money com empresários negros e parceiros atentos a pauta da diversidade.

Olá caro leitor(a), agora que o carnaval acabou e de fato os motores do país estão se aquecendo, quero compartilhar alguns pensamentos que tive ao participar nos dias 27 e 28 de Fevereiro do LACTE 18 evento organizado pela ALAGEV.

A pauta social que tomou conta dos palcos do evento esse ano foi a equidade racial. É muito importante ver um evento voltado ao Turismo e Eventos Corporativos tomar essa iniciativa e trazer ao centro esse tema tão urgente e necessário para o desenvolvimento sustentável da retomada econômica do setor e do país.

O evento acerta ao convidar nomes de peso do Afroturismo como o Hubber Clemente da Afroturismo Hub para que trabalhem na curadoria das experiências e palestras, trouxe nomes super importantes como Andreza Rocha da Afroya.Tech, Samanta Lopes facilitadora e educadora entre tantos outros nomes que enriqueceram os passantes com seus conhecimentos e perspectivas inovadoras, inclusivas e antirracistas sobre diversas pautas relevantes ao mercado do turismo corporativo.

A intencionalidade em fazer com que a pauta de equidade racial não ficasse apenas no discurso fez com que o evento convidasse o conceituado Movimento Black Money para trazer ao stand de exposição empresas pretas como potenciais fornecedores dos gestores de viagens e compradores. Eu fui uma das empresas convidadas e tive a felicidade de dividir o stand com outros empresários que trazem inovação e racialidade ao mercado. (Deixarei a lista das empresas no final desse texto!)

Sabemos que a pauta racial é um processo de reeducação da população brasileira e que desaprender os comportamentos racistas que reproduzimos por muito tempo sem pensar é um processo longo que requer intencionalidade, tempo e escuta. Dito isso, eu gostaria de dizer que o evento deu um primeiro passo importante, mas que a jornada é extensa e cheia de desafios.

Acredito que um dos desafios enfrentado pelo evento foi o desentendimento dos participantes quanto ao papel deles com a pauta, ouvimos comentários do tipo ” Mas essa questão de raça e inclusão não é papel do RH?” “Legal esse assunto, mas não acho que o evento seja para tratar disso”. Percebe a desconexão? Percebemos também que as pessoas passavam pelo nosso stand e não se sentiam confortáveis em falar conosco, eu com meus anos de prática de trabalho em feiras, abordava as pessoas e poucas davam passos além do “bom dia”. O primeiro dia foi bem morno e sentimos que o público estava “frio” para a pauta, a movimentação só aumentou após anunciarem que um determinado sorteio iria requerer todos os QR Codes registrados pelos participantes, ai foi uma chuva de ” me da um licencinha pra eu registrar o QR Code de vcs aqui rapidinho, é só isso mesmo, obrigada”.

O segundo dia teve uma melhora, graças aos palestrantes que citaram as nossas empresas e iniciativas, que orientaram os ouvintes a agir de forma intencional, assim recebemos mais visitas e presenciamos falas como “uma coisa eu aprendi hoje, que eu posso criar conexões, toma aqui o meu cartão”. Conversei com empresas aéreas que estão preocupadas com o posicionamento da marca, com trabalhadores na área de diversidade e inclusão de grandes corporações, mas posso contar nos dedos de uma mão quem foram os gestores de viagens que conversaram comigo. Talvez eles ainda estejam se questionando “o que eu tenho a ver com isso”.

E porque eu estou falando tudo isso? O evento presenciou um desafio que nós pessoas negras enfrentamos toda vez que falamos sobre racismo estrutural! A sociedade brasileira não vê o racismo como um problema SEU, é sempre um problema do outro, ou ainda pior, um problema do passado. Nós brasileiros só vamos vencer a mazela do racismo quando isso se tornar um compromisso da sociedade! Quando todos entenderem que fazem parte do problema e também da solução. O negacionismo ou o distanciamento da pauta apenas atrasa mais esse processo que é fundamental para o crescimento da economia e do bem estar do país.

Para finalizar, eu expresso aqui o meu desejo para que a ALAGEV continue nessa jornada de aproximação do setor de viagens e eventos corporativos com as pautas raciais e desejo que você caro leitor(a) se perceba como parte da solução para termos uma sociedade menos racista, mais inclusiva e justa.

Sigam, comprem e divulguem os fornecedores abaixo:

@freesoulfood ; @awafeitosdeplantas ; @afroperifa_ ; @brafrika_viagens

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