hoteleiro, É preciso repensar sua Distribuição

O impacto das mudanças sócio-econômicas criaram novos desafios e um novo panorama na indústria de viagens e hospitalidade. Aqui estão algumas das respostas do ambiente da distribuição hoteleira a essa nova realidade:

  • O papel das OTAs
  • Reerstruturacão das redes sociais
  • Novas regulações globais
  • Aumento das opções de hospedagens alternativas
  • Procura emergente

Como os hóspedes estão reservando?

Antes de mostrar dados, importante lembrar que os resultados variam de acordo com cada estudo. Então, tomei por base alguns dos mais importantes, isentos e atuais da nossa indústria:

 
Fonte: State of Distribution by Hedna & NYU

Importante lembrar que o share de 35% de OTAs, por exemplo, é semelhante no Brasil na hotelaria independente. Nas redes esse número pode cair até 25%, de acordo com estudo Fohb e Noctua de 2024.

Em compensação, a venda direta cresce de 38% para 50% ou mais por aqui em função da importância do canal de voz e do segmento de grupos e eventos. Abaixo é possível analisar o crescimento da venda direta ao longo dos anos. A hotelaria está aprendendo a se distribuir, e a hotelaria independente acompanha a tendência.

De acordo com pesquisa da Skift Research Survey em 2024, as reservas digitais diretas ultrapassarão as indiretas em 2030 (acima à direita). Espera-se que as OTAs passem de 25% para 13% até lá.  Será que esse é apenas o desejo dos hoteleiros ou uma realidade eminente?

De acordo com pesquisa da Skift Research Survey em 2024, as reservas digitais diretas ultrapassarão as indiretas em 2030 (acima à direita). Espera-se que as OTAs passem de 25% para 13% até lá.  Será que esse é apenas o desejo dos hoteleiros ou uma realidade eminente?

Fato é que os hotéis seguem investindo 2,5% da sua receita em TI e outros 2,5% em marketing digital. Já as OTAs investem 15% em TI e 36% (Booking) / 54% (Expedia) em marketing online. Em resumo, para que essa balança pese para a venda direta, a hotelaria precisa investir na jornada e na experiência de compra do cliente. Isso é urgente!

De qualquer forma, as OTAs seguirão assegurando maior alcance e visibilidade, o que amortece o negócio hoteleiro contra a volatilidade da ocupação, especialmente em mercados competitivos e emergentes.

Quais tecnologias eu preciso?

Peter Stebel, Presidente das Americas para RateGain, disse algo interessante: Existem ferramentas suficientes para descobrir quem está vindo, quanto dinheiro eles tem e o que planejam fazer durante sua estadia em nosso hotel. Eles gastarão mais ou apenas farão o check-in e check out? A chave então é perguntar ‘quantas’ tecnologias você irá precisar para isso?

ESSA é a pergunta que precisa ser feita.

Sabemos que a tecnologia não está conectada apenas à eficiência operacional, mas também à qualidade da experiência do hóspede. Muitos hotéis ainda não investem em ferramentas de gerenciamento de dados de clientes, geração de análises e automação de processos de marketing, por exemplo.

Hoje temos essa realidade sobre a visão do hoteleiro sobre a prioridade de soluções tecnológicas:
Fonte: State of Distribution by Hedna & NYU
Se diferenciarmos o uso do RMS entre redes e hotelaria independente, por exemplo, o percentual de importância passa de 80% para menos de 50%.

Infelizmente, ainda temos muito a avançar em termos de conectividade no Brasil. A tal 'colcha de retalhos' persiste. Portanto, contenha a ansiedade de adquirir tudo que te apresentam, e desenvolva habilidades de 'costura' para gerenciar bem as ferramentas atuais para aumento de faturamento e satisfação do cliente. O mais importante: quem parametriza e direciona qualquer tecnologia é o ser humano. Pensar estrategicamente não saiu de moda!

Quais são os fatores de decisão para aquisição de tecnologia?
       * Grandes redes querem adesão rápida.
       * Empresas médias precisam de maior nível de suporte.
       * Hotéis Independentes demandam menos interfaces para trabalhar.
Claro que o ROI (retorno sobre investimento) segue sendo o fator-chave em todos, mas os itens acima são vitais na negociação.

O que está acontecendo com as OTAs?
Pergunta velha, resposta nova.

Após o desastre dos seus resultados na pandemia, elas ressurgiram mais fortes do que nunca. Motivos:
       * Elas dominaram os resultados dos mecanismos de busca e isso impulsionou enormes aumentos no custo do pagamento por clique. Google já aumentou 62,5% o Google Ads e os Metabuscadores, 128,6%.
       * A recuperação das viagens internacionais, que é tradicionalmente onde as OTAs são mais fortes. 
       * Dos 13% aos 25% do comissionamento que cobram, elas reinvestem 36% (Booking) e 54% (Expedia) para tentar garantir que sua parcela de reservas vá apenas em uma única direção. 

A tática mais importante para os responsáveis pela distribuição hoteleira sempre foi evitar pagar duas vezes pelo mesmo hóspede, enquanto o modelo de negócios das OTAs é garantir que cada hotel pague por cada hóspede, todas as vezes. 
Essa é a origem da tensão entre hotéis e OTAs, que ficam se 'acotovelando' para conseguir reservas, fidelidade e recompra. Fato é que esses negócios dependem um do outro. Os hotéis precisam de ampla exposição e geração de leads, enquanto as OTAs precisam de inventário. É um vínculo que nunca será quebrado, e o que está na discussão é o share da receita que cada um pode reivindicar. 
Se você quiser progredir nessa relação, as 4 palavras-chave são: Aquisição, Retenção, Indicação e Remarketing devem ser maximizadas.

Quais são os maiores desafios da Distribuição atual?
1) Gerenciar manualmente paridade tarifária
2) Monitorar manualmente estratégia e conteúdo atualizado
3) Lidar com inserção de informações de marketing nas plataformas de distribuição como descrições do hotel, fotos, tarifas, disponibilidade, campanhas, etc.

Soluções: tecnologia certa e equipe treinada.

Como fica minha equipe no atual processo de distribuição?
Embora a escala e os desafios sejam diferentes para cada tipo de hotel, todos querem aprimoramento da eficiência operacional por meio da tecnologia. O objetivo é reter o 'human touch' onde ele é mais importante, e automatizar tarefas que prejudicam o foco estratégico e o envolvimento dos hóspedes. Este equilíbrio é crucial numa indústria onde a qualidade das interações pessoais continua sendo a pedra angular do sucesso.

Para isso, é vital que tenhamos recursos humanos preparados para tirar o melhor dessa tecnologia. Alguns hotéis direcionaram seu foco para aquisição de novas tecnologias e esqueceram de alavancar a equipe. Isso é um erro!  

67% das redes treinam seu pessoal responsável pela estratégia comercial, mas a mentalidade hoteleira tem espaço para melhorar reconhecendo que o desenvolvimento constante da equipe é vital para aumento de produtividade. 

É preciso contratar talentos que conseguem entregar um ROI consistente com a tecnologia existente. 

Quais as premissas para uma boa gestão da distribuição?
         * Implante Tecnologias que comprovem seu ROI. Aumento de receita e satisfação dos clientes são os principais KPIs.
         * Simplifique o processo de relatórios. Seu tempo e esforço precisa estar focado na estratégia. 
         * Customize ferramentas e priorize soluções
         * Nutra Expertises. Eleve seu capital humano para uma distribuição dinâmica.
         * Foque na eficiência sempre.

Em resumo, o anseio geral é a redução do esforço manual na distribuição hoteleira. 
Esta aspiração coletiva anuncia uma crescente demanda por sistemas automatizados e soluções integradas preparadas para agilizar as operações e liberar pessoal para buscar iniciativas estratégicas com vigor renovado. 
À medida que a tecnologia continua a redefinir as normas da indústria e a mudar o comportamento do consumidor, a necessidade de adaptação e inovação dos hotéis nunca foi tão urgente. 
Ao priorizar investimentos tecnológicos, você simplifica tarefas de relatórios, adota a automação e estimula talentos. 

Sigamos com consistência e atenção às mudanças do mercado para criar um futuro sustentável.

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UbEr vendE Vôos e OTAs pedEM gorjetas – O impacto Hooper!

A Hopper foi lançada em 2015 como uma OTA canadense com interface simplificada e amigável, e até hoje segue estampando as manchetes dos sites especializados da nossa indústria pelo mundo. Geralmente com alguma novidade que ‘dá o que falar’.

Home da Hopper

Ela ficou conhecida por seus recursos de previsão de preços, que utilizam algoritmos e dados históricos para prever se os preços de voos e hotéis tem mais probabilidade de subir ou cair. Isso permite que os usuários tomem decisões informadas sobre o momento ideal para reservar suas viagens. Além disso, seu aplicativo é centrado em alertas, e avisa o usuário quando encontra tarifas aéreas ou de hotéis com preços baixos, permitindo que aproveitem as melhores ofertas.

Embora ofereça reservas de hotéis, seu foco são as viagens aéreas. Para isso, têm acesso a inventários diretos de companhias aéreas e hotéis, e também de várias outras OTAs.

Uber vendendo Vôos

No Reino Unido, um novo serviço da Uber em parceria com a OTA Hopper, apenas para celular, já permite que usuários reservem voos domésticos e internacionais.

De um lado, especialistas dizendo que a Uber dá mais um passo para se tornar um ‘superapp’. Do outro, os que afirmam que a Uber apenas se tornou mais uma afiliada da Hopper como um canal simples para projetar o estoque e preços da OTA. Expedia, por exemplo, tem dezenas desses associados.

Mas a pergunta que fica é: Hoje, o viajante lembra da Uber na hora de pedir um transfer do aeroporto para o hotel. Será que lembrará semanas ou meses antes, nas primeiras etapas do planejamento de uma viagem, quando a passagem aérea é uma das primeiras decisões a serem tomadas?

No Brasil, a Rappi (cia. colombiana) lançou sua vertical de viagens em Outubro de 2021 e a Travel4Business focada em viagens corporativas em Janeiro de 2022? Ela adquiriu a tecnologia da Netactica, especializada em tecnologia de viagens, e se conectou com mais de 50 sistemas diferentes e parceiros como Amadeus, Sabre, Expedia, Hotelbeds e Omnibees, entre outros. Curiosidade: o CEO atual da Rappi Travel atuou por mais de 20 anos na Netactica.

A grande pergunta é: Você lembra da Rappi para cotar suas viagens?

A Amazon já deixou há tempos de ser uma livraria online. Então é possível Uber, Rappi e outros marketplaces se tornarem canais de viagens, certo? Bem, com altíssimos investimentos em marketing e muita paciência para que o consumidor os entenda como parceiros nos momentos de decisão de compra, talvez.

Algumas questões ainda estão no ar, como a forma da Uber ganhar $ visto que as cias aéreas não estão pagando comissões. E a pergunta mais importante:Onde está a proposta de valor que a Uber oferece na cadeia de valor das reservas de voos?

Hoje, ela não oferece programa de milhas, preços diferenciados, produtos e ofertas exclusivos, etc. É preciso possuir preço, disponibilidade e produto de viagem, como Expedia, Booking, Airbnb proporcionam para oferecer valor.

E você, vai comprar passagens com a Uber?

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OTAs pedindo Gorjetas

Em um painel de especialistas na Hospitality Net World recentemente, foi debatido a última novidade da Hopper: o pedido de “gorjeta” como parte da reserva. A gorjeta é incluída automaticamente no preço final na página de pagamento final antes de concluir a reserva. Detalhe: o cliente deve colocar o botão na posição desligado Ou seja, tomar uma ação, para não pagar.

A gorjeta em si é uma taxa fixa (US$ 5) ou uma porcentagem da reserva, dependendo do tipo de reserva, de acordo com o site da Hopper.

Área de pagamento do aplicativo da Hopper

Posicionamento da OTA: “Esta gorjeta vai para Hopper e é totalmente opcional. Os clientes podem optar por oferecer ou não.

Argumentos A FAVOR da gorjeta:

  • Hopper está inovando.
  • É totalmente legal (juridicamente falando).
  • É opcional. Decisão segue com o cliente.

Argumentos CONTRA a gorjeta:

  • As gorjetas são coisas que pagamos a uma pessoa que nos ajudou. Na Europa é para alguém que nos ajudou além do normal. Nos EUA parece que a gorjeta substituiu o salário. Pedir gorjetas como essa é como as taxas de resort, as taxas verdes e todas as outras taxas aleatórias que as empresas estão adicionando de forma a dar uma falta transparência de preço mais baixo. Se a empresa precisa de mais dinheiro para sobreviver, a solução é cortar custos ou aumentar o preço. Manter um preço baixo e adicionar taxas ou gorjetas é propaganda enganosa.
  • Coletar gorjeta COM ANTECEDÊNCIA, antes mesmo do serviço começar, é antiético.
  • Pedir gorjeta para uma empresa com fins lucrativos e que deveria estar ganhando dinheiro?
  • Porque não chamar de taxa de serviço, prática comum e aceita no meio, ao invés de gorjeta? Outros intermediários cobram taxas de serviços por transações não comissionáveis. (Curiosidade: A Priceline – grupo Booking – cobrava taxa de serviço de USD 5 à USD 6 por reserva aérea até 2009, quando removeu a taxa e as outras OTAs seguiram o exemplo).
  • ‘Você dá gorjeta ao seu consultor de viagens que te oferece um serviço completo? Porque dar gorjeta ao programador de um self-service?
  • Eles são um canal de vendas que, como visto na pandemia, pouco ajudou os clientes com problemas quando mais precisaram. A proposta é hipócrita – eles deveriam chamar essa cobrança do que ela realmente é, uma taxa de transação adicional projetada para aumentar sua receita.
  • Dar gorjeta para um algoritmo de previsão de viagens é equivalente a minha mãe dizer ‘por favor’, ‘obrigado’ e ‘muito bem, meu filho’ ao falar com o ChatGPT.
  • Plataformas online, como OTAs, são exemplos clássicos de mercados de dupla face, geralmente tentando combinar a oferta com a demanda. Como tal, enfrentam o dobro dos custos dos negócios ‘normais’, uma vez que precisam garantir que haja oferta suficiente para atender à demanda e vice-versa. Para compensar isso, muitos (principalmente o Airbnb no setor de viagens) tentaram cobrar de ambas as partes (fornecedores e clientes), na maioria das vezes sem sucesso. Independentemente de você chamá-lo de encargos administrativos, taxas ou gorjeta, a reação do consumidor até o momento aos custos divididos dessa maneira tem sido extremamente negativa. E tornar essas taxas opcionais, mas marcar a caixa com antecedência, mostra um pensamento incrivelmente de curto prazo. Talvez gere alguns dólares de clientes desavisados ​​que não prestam atenção, mas seu efeito de longo prazo na satisfação do cliente certamente será negativo. Hopper pode estar inovando, mas não no bom sentido. A inovação pode ser interessante, mas apenas quando guiada pelos erros do passado.

E você, o que acha de OTAs cobrarem gorjetas?

Deixe seus comentários sobre as duas novidades da Hopper e como imagina os próximos passos do mercado.

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