Crise energétIca na França

CRISE ENERGÉTICA OU O QUE O TURISTA NÃO VERÁ, MAS QUE VOCÊ PRECISA SABER

Se você está lendo este texto, existe uma grande chance que você trabalhe no ramo do turismo.

Então quero contar hoje para você, e também aqueles que não trabalham no turismo, como estão as “coisas” desse lado do Atlântico. “Coisas” que turistas que visitam a França felizmente não verão ou sentirão na pele, mas que estão acontecendo.  

“Coisas” que a pessoa que está “atras das cortinas”do espetáculo chamado viagem, aquele que é não somente o consultor, mas também o mais novo “Google Search” do seu cliente, aquele que informa, vende, acompanha e faz até mesmo o serviço pós venda precisa saber.  

Enquanto os dirigentes deste mundo brincam de War na Ucrânia estilo reality show sacrificando vidas de maneira selvagem ao invés de conversar como seres humanos racionais, o continente europeu se prepara para enfrentar as consequências dessa barbaria.

O aprovisionamento de combustíveis fosseis e carburantes para a Europa ficou completamente desestabilizado desde a invasão da Ucrânia pela Rússia. A sobriedade energética, que já vinha sendo promovida pelos ecologistas, agora virou palavra de ordem.

Sobriedade energética – medidas para passar pela crise

Macron convida empresários e a população a cortar despesas de eletricidade em até 10%

Para sanar a situação encadeada pela guerra na Ucrânia e o corte de aprovisionamento de gás Russo para a Europa, uma série de medidas têm sido adotadas :

Aumentos de preços: as faturas de eletricidade estão aumentando (o gerúndio virou moda aqui também, nada é estável, tudo está em andamento). Alguns prestadores de eletricidade já anunciaram aumentos de até 70% a seus clientes.  

Controle consumo residencial: Quando muitos franceses reclamaram dos novos contadores elétricos instalados nos últimos anos pelo estado foram chamados de “complôtistas”. Agora todo mundo está assombrado com do poder o estado em controlar, variar e até interromper a distribuição energética para seu lar caso você ultrapasse certo consumo diário. Temperatura máxima autorizada em residências 19°.

Cortes de eletricidade e comunicações móveis: todos os cidadãos podem sofrer cortes de eletricidade se a demanda se tornar maior que a oferta. Essa medida é parte do princípio do « délestage tournant » ou “derramamento de carga rotativa” evocado em 1º de setembro pela Primeira Ministra Elisabeth Borne. Esses cortes de energia (e, portanto, antenas de rede) se necessários afetarão certas áreas do país, alternadamente. Neste caso, serviços como hospitais, polícia ou administrações serão poupados.

Cortes serviços telefônicos: Operadoras de serviços celulares temem ser afetadas pelos cortes de energia e serem obrigadas a interromper seus serviços. Como parte do esforço para economisar , as operadoras telefônicas de celulares já começaram a colocar algumas frequências  em modo espera durante as noites. 

Empresas e o Estado devem diminuir gastos: apagar placas luminosas entre 1h e 6 da manhã, diminuir aquecimento durante horários de fechamento…Enfim, cada setor tem suas recomendações.

Muitas empresas estão optando por enviar seus funcionários de volta para o Home Office. A empresa diminui seus custos, o funcionário não gasta recursos energéticos em transporte.

O governo está investindo em soluções, fazendo campanhas e conta com a mobilização popular para que nenhuma situação emergencial ocorra. Veja o vídeo detalhado abaixo:

Você encontra mais detalhes sobre a crise energética na França no artigo do Le Figaro

A crise energética, o mal estado das usinas nucleares, o investimento e imposição musculosa do estado em favor de carros elétricos ou híbridos (gasolina-eletricidade) nos últimos anos, acentuam a impressão geral que a “coisa aqui”está no mínimo séria.

O impacto se traduz em aumentos substanciais de preços em bens de consumo básicos e menos básicos. Comer, se aquecer, se locomover, estão mais caros neste momento.

Não vou falar aqui das greves, (como a da Total e refinarias que já dura 12 dias ou sobre a greve dos controladores aéreos), manifestações ou movimentos sindicais. O que importa ao visitante se mais de 15% das estações de gasolina do país sofrem penúria do ouro negro?  

O Francês e Paris face à crise energética.

Junta-se a essa situação a penúria de mão de obra, a falta de certos colaboradores experientes nas empresas, a seca do verão e a má colheita…

Mas se o turista não verá nada disso, o que importa ao leitor a penúria de eletricidade, petróleo, gases propano e butano, de mostarda, de óleo ou de picles na terra da gastronomia?

Para quem vende ou visita o destino França isso não faz “quase” nenhuma diferença. O turista, felizmente, nunca vê nada disso. Nem durante a segunda guerra mundial a frenesi parisiense parou !  Mesmo porque, brasileiro já sabe que com crise ou sem crise a vida segue.

O que os olhos não VÊM o bolso sente

Chambord 215 000 mil euros de conta de eletricidade em 2022, o dobro do valor de 2021.
No entanto, os castelos do Vale do Loire manterão as iluminações de Natal, para evitar a perda de visitantes.

Porém, a única “coisa” que o vendedor e o visitante verão a partir desse outono europeu será o aumento substancial de preços* . Podemos ( a França) manter as boas aparências em tudo, mas na hora da nota, alguma diferença os agentes de viagens e os visitantes vão notar.


Nota *Aumento Substâncial de Preços -Inflação na França

Ao final de setembro de 2022, a inflação foi de 5,6%, discriminada da seguinte forma: ••• – Energia aumentou 17,8% – Alimentos aumentaram 9,9% – Serviços aumentaram 3,2% – Produtos manufaturados aumentaram 3,6% – O tabaco aumentou 0,3%

fonte (france-inflation.com)


Published by

Silvia Helena

Após breves passagens pela Faculdade Metodista de São Bernardo e Belas Artes de São Paulo, aos 18 anos fui estudar no Canadá, onde vivi durante 23 anos. Lá me formei em História da Arte pela Universidade de Montréal, estudei turismo no Collège Lasalle de Montréal e no Institut de Tourisme et Hôtellerie du Québec. Comecei minha carreira na área trabalhando em Cuba. Durante os anos vividos no Canadá, entre outras coisas, fui guia de circuitos pela costa leste e abri minha primeira agência de receptivo para brasileiros. Há 18 anos um vento forte bateu nas velas da minha vida me conduzindo até França. Atualmente escrevo de Paris, onde vivo e trabalho dirigindo a empresa de receptivo, LA BELLE VIE.

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