Boas razões para fugir de Paris

Você que logo pensou que iria ler um artigo sobre atentados terroristas ou ainda sobre percevejos não se engane. Estas não são as boas razões para você fugir de Paris.


Terrorismo: a ideologia do medo

Os atentados terroristas não são uma razão válida para temer a cidade luz, e isso embora não pareça, é evidente. Apesar do que diz a mídia sobre a situação, é preciso lembrar que terrorismo é a ideologia do medo. Terrorismo é uma forma de violência que visa provocar medo e pânico na população ou no governo de um território. Os terroristas usam ataques físicos ou psicológicos contra alvos específicos para causar efeitos psicológicos que ultrapassem largamente o círculo das vítimas diretas.

Sim, os falsos alertas a bombas e as inúmeras evacuações nesta semana dificultaram a vida de franceses e de certos turistas, não vou mentir. Louvre evacuado, Versalhes evacuado e mais de 17 aeroportos regionais afetados por falsos alertas somente entre quarta-feira dia 18 e quinta dia 19. Cada vez, o retorno ao normal leva horas. Quando o Museu do Louvre foi evacuado no sábado, 14 de outubro, os “desminadores” tiveram que inspecionar 60.000 m², o tamanho de cerca de seis campos de futebol. Demorou toda a tarde e durante esse tempo o museu permaneceu fechado ao público.

Terrorismo, uma semana normal, Minha visita ao castelo de Versalhes (evacuado)

No entanto, alarmes falsos são “trotes” tão fáceis que ninguém aqui tem mais medo.

Sexta-feira, dia 20 eu fui a um FamTour para Versalhes. O ônibus que nos levou até lá a partir da região da Ópera estava cheio de agentes e turistas. Não ficamos surpresos quando nos anunciaram que o castelo estava sendo evacuado ( pela quinta vez da semana) no momento de nossa chegada. Porém, o importante é ressaltar que ninguém ali tinha ou teve medo. A primeira vitória sobre o terrorismo é não ceder ao medo que seus atos de barbaridade tentam nos causar.

Sendo assim, com o Castelo de Versalhes fechado aproveitei que o ponto de saída e retorno do ônibus é lado da Ópera Garnier e na volta fiz uma parada para visitar o teatro. Versalhes é o máximo, mas o que não falta são atrações para serem visitadas em Paris.

Ainda nessa semana, eu fui “turistar” com uma amiga e enquanto caminhávamos fomos a duas atrações turísticas sacras: a Igreja Saint Germain de Prés e a Igreja da Medalha Milagrosa. Tudo na santa paz de Deus.

E as boas razões para sair de Paris? Calma, já chegamos lá!


E os percevejos? Uma boa razão para fugir de Paris?

Quanto aos percevejos, essa é história velha. Se você ouviu falar disso agora é porque a situação foi exposta pela boa conta de instagram ou tik tok e a mídia recuperou.

No texto Paris Onde Ficar publicado no site Brasileiros em Paris menciono a questão que era problemática em 2018. Então, a boa notícia é que tendo sido ressaltada pela a mídia em 2023, o estado vai com certeza subvencionar tratamentos que até então tinham sido incumbência única de particulares. O que era um problema do passado, já encontrou solução.

Assim, são outras as razões que me levam a te sugerir uma escapada de Paris!

Como a introdução ao tema exigiu muitas explicações devido ao contexto, hoje vamos falar somente de duas boas razões para você fugir de Paris, mas as elas são tantas que voltaremos a falar no assunto.


Queijo e vinho: (enfim) duas boas razões para você fugir de Paris

Você gosta de vinho de boa qualidade e com preço acessível? Deseja viver uma experiência enológica francesa de verdade? Fuja de Paris.

Em Paris você paga um copo de vinho qualquer entre 3 e 6 euros. Fora de Paris você pode fazer quase uma degustação completa por esse preço. Com um pouquinho de sorte você terá o incomensurável prazer de ter o produtor dando cada detalhe sobre a criação de diferentes cepas enquanto as prova.

O site Rue des Vignerons pode ser de grande ajuda para você encontrar uma boa degustação de vinhos e produtores acolhedores por toda França, inclusive próximo de Paris.

Você gosta de queijo Brie? A região produtora dos queijos Brie, denominada La Brie fica na Île de France, bem pertinho de Paris.

Produzido desde a Idade Média na região pertencente aos Condes de Champagne, o queijo Brie faz parte do patrimônio nacional francês e sua notoriedade ultrapassa fronteiras.

No início do outono produtores e confrarias se reúnem em Coulomiers para a grande festa do queijo Brie. Além desta data, durante a Balade du Gôut, também no outono, fazendeiros da Île de France abrem as portas para receber amantes da boa comida e curiosos. Entre paisagens pontuadas por vilarejos históricos e pitorescos, queijos, vinhos, cervejas, pães, mostarda, mel e encontros com produtores locais são as estrelas de um passeio .

Visitando a região você descobre a grande variedade de Brie e cada uma de suas características segundo a cidade ou vilarejo produtor:

A diferença entre tantos queijos Brie se deve ao fato de uns serem mais consistentes, outros mais moles ou mais suaves, uns mais cremosos outros mais salgados, jovens, velhos… trufados…

Nos sites a seguir você encontra dicas legais de como chegar e o que visitar na região “Briarde” ou La Brie : Brie Champagne Produtos do território , Queijos Ganot visitas para grupos e individuais . Para histórias, receitas, contato de confrarias Associação do Brie de Meaux e Melun .

E ai? O que você acha? Essas são ou não são boas razões para fugir um pouco de Paris?

Paris Gourmet 2 – A MELHOR BAGUETTE DE PARIS

Como não poderia deixar de ser, os melhores pães de Paris encontram-se também na área que chamo da Meca da Culinária parisiense, a região Les Halles (distritos um e dois).

A palavra Halles designa um mercadão, uma grande feira de alimentos. Foi o que existiu em frente à Igreja Saint Eustache desde a idade média até os anos 60.  Uma vez o mercado transferido para uma região periférica, os inúmeros comércios de comida  e restaurantes que serviam passantes 24 horas ao dia permaneceram abertos. Hoje não recebem feirantes e fregueses, mas uma jovem e eclética clientela mesclada aos habitués, muitas vezes idosos moradores do bairro. O mercadão se foi, mas a nata da culinária remanescente coabita agora com uma moçada empreendedora fazendo do local uma área pitoresca e deliciosamente francesa.  

Situada na Rua Montmartre, próximo aos queijeiros, lojas de vinho, cafés, bistrôs e restaurantes da paralela Rua Montorgueil, a padaria Régis Colin é mais uma instituição que orgulha e deleita os moradores do bairro. Baguette, croissant, crepes são algumas das especialidades premiadas da casa. São os melhores não somente de Paris, mas de todo o Departamento da Ilha de  França!

Qualquer tentativa de descrição não chegaria à altura do prazer da degustação.  Só indo lá mesmo. Anote o endereço:

53 rue Montmartre

75002, Metro Les Halles

Baco e São Francisco de Paula no Museu do Vinho de Paris

Felizmente os dias começaram a ficar mais longos e estamos deixando o inverno para trás. Apesar de Paris estar a 48°51′12 Latitude Norte e Nova York 40°42′51 Latitude Norte, o clima da cidade luz durante os meses de inverno é bem mais clemente que o da “big apple”. Este ano quase não  tivemos temperaturas abaixo de zero.

Não que eu não goste do inverno, muito pelo contrário. Como gosto de lembrar aos friorentos, a cada ano esta temporada oferece inúmeras atividades únicas e excepcionais. Eu por exemplo, venho aproveitando os últimos momentos desta estação para dar continuidade a minha “turnê dos pequenos museus da capital” ou pelo que gosto de chamar “Império dos Sentidos”.

Fui então conhecer o Museu do Vinho e cultuar Baco (ou Dionísio) no centro de Paris. O lugar onde está situado o museu já é bem peculiar. Ao lado do Trocadero, a extensa exposição de artefatos e objetos ligados à produção e consumo de vinho no decorrer da história humana encontra-se onde, entre os séculos XIII e XVIII, existiu uma mina de extração subterrânea de rochas. Na realidade o museu se encontra a 35 metros acima do nível do Rio Sena, mas como está localizado em minas escavadas sob o solo e não a céu aberto e que, além disso, datam da idade média, a sensação de descoberta de algo muito especial é inevitável.

Impossível também não lembrar que muitas das pedras que compõem os prédios e belas fachadas da cidade de Paris saíram de lá.

Uma segunda parte do museu é constituída por salas que pertenciam a um monastério fundado por São Francisco de Paula no século XV e destruído durante a Revolução Francesa. Os salões subsistentes serviam de adegas aos freis vinicultores da época. O vinho realizado com uvas oriundas das encostas do Trocadero era guardado ali.  Hoje  as salas servem para reuniões,  degustações de vinhos e realização de festas para grupos de turistas e de incentivo.

O Museu do Vinho pertence a uma confraria de enólogos e vinicultores e atua também como centro de formação profissional para enólogos, oferece cursos para amadores, conferências, financia projetos no exterior, além de organizar noites temáticas em volta dos melhores vinhos franceses.

Uma surpresa: a frequentação da clientela brasileira é grande. Somos os segundos da lista de visitantes, vindo somente depois dos franceses.  A entrada do museu do vinho está incluída em certos tours gastronômicos oferecidos por operadoras brasileiras e no Paris Pass.

Fica a dica e meus votos de uma excelente semana.

 

O Musée du Vin Paris fica no seguinte endereço:
5, square Charles Dickens
75016 PARIS