Mundo VUCA e Disrupção

Estamos no Mundo “VUCA”:Volátil, incerto, Complexo e ambíguo. O termo, que em português seria “VICA”, é usado pelos americanos para explicar o mundo de hoje e diz respeito a essa realidade que torna impossível qualquer previsão, na qual tudo muda a todo momento.

Vou falar um pouco dos componentes do mundo VUCA:

  • Volatilidade – você tem a impressão que sempre está perdendo algo, tamanha a velocidade com que as mudanças estão acontecendo? Um bom exemplo é quando você aprende uma nova tecnologia e começa usa-la, está aprendendo e ela já fica ultrapassada.
  • Incerteza – está se tornando mais difícil antecipar eventos ou prever como eles acontecerão. Consequentemente, está quase impossível planejar investimentos, desenvolvimento e crescimento, à medida em que os caminhos se mostram incertos.
  • Complexibilidade – quais são as razões e os efeitos? Problemas e suas repercussões se dividem e multiplicam, dificultando uma leitura clara para a tomada de decisões.
  • Ambiguidade – Não dá mais para tentar padronizar as coisas ou as melhores práticas, como se todos os grupos e realidades fossem os mesmos. Não podemos generalizar. O grande trunfo é ver além, por várias vertentes.

Esse “mundo” do qual estamos tratando é uma consequência da chegada do digital e de uma série de novas tecnologias que impactaram praticamente todas as esferas da vida humana. Vivemos a era das tecnologias digitais disruptivas, ou seja, inovações que oferecem produtos acessíveis e criam a todo momento um NOVO MERCADO de consumidores, desestabilizando as empresas que eram líderes no setor.

É isso mesmo. Com a tecnologia avançando em ritmo cada vez mais acelerado, a transformação constante é uma das únicas certezas que temos e provoca mudanças inevitáveis nas operações de empresas, tanto nas novas como nas estabelecidas.

Acredito que você já tenha visto esse filme, não é mesmo? Na prática, isso se traduz em organizações que não tenham medo de errar ao inovar, lançar um produto ou serviço. 

O mundo VUCA não poder ser dissociado da tecnologia, da disrupção e da gestão baseada em riscos. Estar aberto às novas possibilidades em um ambiente de incertezas certamente passa pelo desejo e entusiasmo de transitar em novos caminhos. É neste mundo que estamos vivendo.

Vou citar exemplos simples para mostrar que não estamos lidando com um bicho de sete cabeças. Veja:

  • A disrupção cria um novo paradigma ao modificar radicalmente um processo, produto ou serviço, de maneira abrupta. Exemplo: a substituição dos discos de vinil (LP e compacto), fita K7, CD’s, DVD’s, Ipod e MP3 pelos streamers.
  • Uma inovação pode ou não ser disruptiva, dependendo da intensidade de seu impacto ou de sua transformação na sociedade. Exemplo: hoje efetuamos transações bancárias por meio de computadores, smartphones, caixas eletrônicos, entre outros, sem a necessidade de ir às agências.
  • Quer mais exemplos? Os PCs substituíram os mainframes, os celulares substituíram os telefones fixos, as câmeras e até mesmo os computadores.  Os carros compartilhados modificaram a mobilidade.

A cada grande passo ou novidade, um grande risco foi vivenciado e vencido! Felizes são os que possuem a capacidade (ou até disponibilidade e intenção) de entender e se adaptar à nova mentalidade das transformações rápidas (mindset do tempo). Você faz parte desse grupo?

Roberto Haro Nedelciu, presidente da BRAZTOA.

Vivemos em tempos de Fígital: Físico + Digital!

Minha estreia neste blog não poderia acontecer em melhor momento. Prestes a completar cinco meses à frente da BRAZTOA, já não sou o mesmo Roberto. Aprendi muito nesse período e mudei muitos dos meus conceitos. Assim como o mundo e o nosso setor, as pessoas mudam o tempo todo, principalmente pelas experiências que vivem diariamente. Ainda bem!

Trago uma nova bagagem, construída pelo trabalho ativo em grandes eventos como o Braztoa Desvenda, duas edições do Experiência Braztoa, ABAV & ECB, e uma viagem de trem pela China, Mongólia e Sibéria (Transiberiano) de 20 dias que, com certeza, me trouxe grandes transformações pessoais e profissionais. Completo, agora, 80 países visitados.

Minha atuação na Braztoa não é de hoje. Fui diretor de Tecnologia desde 2011, vice-presidente, entre 2015 e 2019, até assumir a presidência do Conselho de Administração da entidade para o biênio 2019/2021.

Uso com frequência a expressão H2H, não apenas nos meus discursos, mas em todas as coisas nas quais coloco minha energia, minhas ações. É de Humano para Humano, com muitas ideias e entusiasmo, que faço meu primeiro post neste canal falando sobre o “Fígital”!

Não existe mais experiência só física ou só online, somos seres híbridos e vivemos em tempos de Fígital! Físico + Digital!

Trago alguns exemplos:

• Internet já possui 75% de penetração na população, superando até mesmo o saneamento básico (51%). (IBGE).

• Enquanto o PIB encolhia até 4%, a venda de smartphones e outros devices crescia 20% e em 2019 chegamos a 239 milhões de smartphones ativos no Brasil (FGV, 2019).

• 52% das viagens começam pelo Google, 38% do planejamento se inicia através do Youtube, que possui 50 milhões de visualizações mensais sobre o tema e crescimento mensal de 60%. Entre 2017 e 2018, o conteúdo relacionado à viagens cresceu 400% (Google Travel Brasil, 2019).

•Previsões indicam que até 2020, 70% das viagens serão marcadas com auxílio ou completamente através de smartphones (Travelport, 2018)

Mas, onde quero chegar ao citar tantos exemplos? Quero dizer que os mundos digitais e físicos são complementares, não concorrentes. Eles estão cada vez mais próximos e isso tem tudo a ver com experiência e engajamento.

As experiências que são compartilhadas, curtidas, filmadas, publicadas em inúmeras plataformas, são físicas, reais e inesquecíveis! Por isso são registradas.

Agora vem a pergunta que não deve ser calada: como está a relação do setor de viagens com tantas mudanças, tanta tecnologia?

É fato que vivemos uma disrupção, essa força global que está acelerando desenvolvimentos tecnológicos, mudanças de comportamento do consumidor e fomentando modelos de negócios inovadores que continuarão a mudar o jogo do futuro da indústria de viagens. É um movimento irrefreável.

O ambiente online não pode ser visto como prejudicial, as agências e operadoras devem explorar e aproveitar as inúmeras possibilidades que se abrem e dar vazão ao conhecimento e vivência adquiridos por tanto tempo no setor, acompanhando e se empoderando das novas tecnologias.

Quer um conselho? Pense a tecnologia como algo para simplificar suas ações, não algo que as tornem ainda mais complexas ou ainda que prejudique seu negócio. Repense o modo que as pessoas podem acessar seus ativos e serviços e estimule modelos mais abertos, de fácil assimilação e uso.

Busque sempre a geração de valor, tornando seu produto ou serviço cada vez mais interessante e desejado. É por isso que a customização da experiência é essencial. Não existe uma abordagem única para todos.

O Agente deve progressivamente (se ainda não ocorreu) se tornar um consultor para seu cliente, talvez até mais ser um curador para realizar o sonho do seu cliente. Deve oferecer a ele atividades, produtos, serviços pensados cuidadosamente. Isso não tem preço! E é dever de cada “curador de viagens” demonstrar o valor do serviço oferecido e convencer o cliente do valor da viagem, ou melhor, do sonho que está recebendo.

Lembre-se: Quem é sempre capaz de aprender não fica obsoleto nunca.

Roberto Haro Nedelciu, presidente da BRAZTOA.

A Braztoa e eu….

A minha história se confunde e se mistura com a da entidade. Faz muito tempo que andamos e crescemos juntas e nesse tempo, o mundo e o Brasil mudaram, o turismo e nossos negócios também. Minha essência é a mesma, mas foram tantas mudanças, tantas conquistas. Percorri um longo caminho, mas foi  tão rápido, que às vezes, sem me dar  conta, já me transformei, e tenho que me reconhecer novamente

A primeira vez a gente nunca esquece… já tive algumas “primeiras vezes” na minha vida.

Em 2015, a Braztoa e eu fomos cúmplices, inauguramos a primeira presidência feminina da entidade. Não deveria ter sido motivo de comemoração.  Afinal, estamos no século XXI, mas foi.  Porém, sempre tive comigo que meu reconhecimento deveria ser fruto da minha capacidade e da minha autenticidade, nunca do meu gênero. E ali vivendo “mais” uma crise, um momento de quebras, de reinvenção, de desafios de toda ordem, comecei a historia desta presidência.  

Nós ousamos, fomos atrevidas… para questionar, para explicitar, sair do lugar comum, para fazermos do nosso jeito, para acharmos novas respostas para as mesmas  perguntas de sempre. Sabemos que se não tivermos coragem para colocar o dedo nas feridas do nosso setor, seremos omissas… e não podemos nos calar… nem eu e nem a Braztoa.

É…nesses 30 anos vivemos tempos extremos…muitos inocentes foram prejudicados pela corrupção, irresponsabilidade e ganância de outros.

Há os que persistem a todo custo, matando famílias e sonhos, condenando destinos turísticos e o sustento de muitos, tirando o sono de inocentes com o alarme de “mais lama” iminente… As obras de Aleijadinho não têm pernas para correr.

Não podemos permitir que nossa história fique sem manutenção, naufragando na lama… ou sendo queimada de forma irresponsável…

As tragédias se seguem: passam pelos jovens do Flamengo, pela proliferação da violência contra as mulheres, pela incapacidade das nossas cidades de absorver as águas das chuvas, os doentes em hospitais, ou mesmo os foliões que só querem brincar o Carnaval com segurança…

Não se tratam de catástrofes naturais, como furacões e terremotos. Nem de terrorismo, grande mal que atormenta outros países. Estou falando de uma crise interna, causada pela falta de planejamento e pelas omissões das autoridades para o investimento real e correto do dinheiro dos nossos impostos. Nós, que sobrevivemos até aqui, temos a responsabilidade de não achar normal, o que não é.

Ninguém pode calar a voz ou tirar da nossa gente o direito de viver em paz… de ser quem é… de usar a cor que bem entender… de não comungar de valores que não lhe respeitem.

Não é quem nos governa que vai garantir a ordem e o progresso que perseguimos. A gente não tem que lutar contra um governo ou a favor de outro. Precisamos ser nossa melhor versão e nos representar. Exigir que sejamos valorizados e respeitados como seres humanos, não permitir sermos manipulados.

O Brasil  é resultado de uma  maravilhosa mistura. Mais que isso, precisamos valorizar nossas diferenças, entendendo que não carregamos uma mácula, mas um trunfo. Somos um e não queremos ser divididos, queremos continuar nos misturando …

Conquistamos a redução do IRRF e a flexibilidade nos vistos, a nossa experiência não tem preço e nem concorrência, paguem os mesmo impostos, gerem empregos, girem a economia brasileira e vamos ver quem sai ganhando? Aposto que o Brasil.  

É gente, fazer 30 anos dá nisso. Não queremos mais tapar o sol com a peneira…e nos recusamos a esconder as coisas debaixo do tapete. Ficamos à flor da pele… e mais emotivos com as celebrações.

Agradeço e parabenizo a cada um dos associados Braztoa. Aos presidentes que me antecederam e ao conselho de administração que divide comigo essa gestão.  Unidos estamos construindo diariamente o caminho, uma associação sustentável e reconhecida como uma das mais importantes entidades do setor.

Enfim, celebro este aniversário com orgulho da minha trajetória, da minha associação, dessa jornada emocionante e bem-sucedida.

Encerro este ciclo sendo, mais uma vez, sendo eu mesma. Quero dizer que muitas pessoas moram dentro do meu coração e muitas construíram a mulher que sou hoje. Por isso, hoje sou branca, sou negra, sou mulher e sou homem, sou pai e mãe, sou trabalhadora, sou diversa e amo a diversidade. Sou brasileira, patriota, agente de viagens com muito orgulho de mim e dos meus pares.

Termino este texto com uma das frases mais poderosas que já ouvi nos últimos anos: Ninguém solta a mão de ninguém!

       …..eu e a Braztoa!