AssembLeia da Abracorp debate agenda parlamentar do setor

GERVASIO TANABE, Presidente executivo da Associação Brasileira de Agência de Viagens Corporativas (ABRACORP)

No final de janeiro, realizamos a Assembleia Geral da Abracorp, no Hotel Rosewood, um conjunto de edifícios do início do século 20, que foram cuidadosamente transformados em residências particulares, lojas sofisticadas e locais de entretenimento, além do próprio hotel.

Além de nossa pauta de governança, tivemos um bom momento para avaliação do mercado e o que vem pela frente. Porém, a agenda parlamentar foi a que tomou o maior destaque, porque temos três temas relevantes em discussão ainda aberta e que podem afetar diretamente o nosso setor.

O primeiro destaque veio com a surpreendente Medida Provisória 1.094, que não reduziu a alíquota do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre as remessas de valores ao exterior contemplando, apenas, a redução do IRRF sobre as operações de leasing para aeronaves. A surpresa vem dos sinais púbicos que recebíamos de áreas do governo que acolhiam nosso pleito e que não foram considerados no texto final.

Um dos afetados, como sabemos, é o mercado de eventos internacionais, hoje com 37 mil operadoras e agências de viagem cadastradas no CADASTUR do Ministério do Turismo. A elevação das alíquotas gera um aumento de custos, logo encarecimento das viagens, diminuição de sua demanda, fechamento de empresas e desemprego.

Felizmente, temos bons interlocutores dentro do Congresso Nacional e que estão atentos ao nosso pleito. Um deles é o deputado Bacelar (Podemos/BA), que preside a Comissão de Turismo da Câmara. Ele já apresentou uma das muitas emendas junto à MP 1094 para incluir agências e operadoras de turismo na medida que reduz as alíquotas do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre remessas ao exterior. Outro parlamentar importante é o senador Fernando Collor (Pros/AL), presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo, que também tem atuado como um porta-voz da nossa causa e patrocinou emenda no mesmo sentido.

Há outros parlamentares também olhando para nossa causa, como os deputados Otávio Leite (PSDB/RJ); Joice Hasselmann (PSL/SP), relatora do PL 908 sobre responsabilidades das agências de viagens; Herculano Passos (MDB/SP), ex-presidente da Frentur; Neston Cardoso Jr. (MDB/MG), ex-presidente da CTur; Vicente Carvalho (Republicanos/SP), Líder do partido; Rosana Valle (Republicanos/SP); senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB/PB) e do senador Nelsinho Trad (PSD/MS), Líder do partido. Todos apresentaram emendas com o mesmo objetivo.

Não menos importante é a recente mobilização que os deputados Alexandre Frota (PSDB/SP), Mário Heringer (PDT/MG) e Luizão Goulart (Republicanos/PR), no sentido de proporem projetos de lei para alterar a Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986, que estabelece os direitos de passageiros/consumidores em caso de cancelamento ou alteração da passagem aérea.

Seguindo nossa agenda, o segundo ponto, resgatado de governos anteriores, é o projeto que institui a Central de Compras, que pretende deslocar para o governo todo o processo de viagens corporativas, da operação à gestão dos gastos. Estranho entender esse movimento tão amplo. Seria mais do que natural a centralização da gestão do orçamento, como é feito em 100% das empresas. No entanto, abraçar, in house, a operação parece, no mínimo, um desvio de funções, que vai gerar ineficiência e gastos desnecessários.

Partindo de premissas equivocadas, a Central de Compras pretende substituir a expertise de toda uma indústria de gestão de viagens corporativas (especialidade conquistada pela capacitação, experiência e investimentos em tecnologia de centenas de agências de viagens corporativas ao longo dos últimos 20 anos), através da estatização da atividade, somente viabilizada com  a contratação de centenas de colaboradores, a preços de servidores públicos, um custo seguramente maior do que o praticado pelas TMCs que atuam no setor.

Algumas reuniões já aconteceram entre a ABRACORP, a ABAV DF e os representantes da Central e do próprio SERPRO. Nessas ocasiões, enfatizamos as complexidades dos processos de gestão de viagens. Estamos na expectativa dos próximos passos, numa tentativa de trabalharmos em conjunto, com a efetiva iniciativa público-privada.

Por fim, e não menos importante, temos o Projeto de Lei 908/21, em tramitação na Câmara dos Deputados, que determina que as agências de viagens passarão a ter reponsabilidade objetiva pelos serviços remunerados de intermediação que executam, mas não responderão, salvo se tiverem contribuído para a sua ocorrência, por vícios ou defeitos relacionados a fornecedores de transporte e meios de hospedagem.

Sempre bom lembrar que em 2021, a receita total alcançou R$ 4,370 bilhões, o que representa cerca de 40% do faturamento de 2019 (R$ 11,388 bilhões), mas crescimento de 18% em comparação aos números de 2020 (R$ 3,705 bilhões).

Além de termos que remar contra a maré, por conta dos desastres causados pela pandemia, somos obrigados a vencer problemas. Isso gera uma perda de energia que poderia estar sendo direcionada ao desenvolvimento, ao investimento, ao crescimento de postos de trabalho e econômico no setor do turismo. Com isso, já estamos presenciando o fechamento de empresas internacionais no Brasil, reflexo direto destes fatores. Nossa agenda é de defesa do setor do turismo, onde as viagens corporativas têm relevância direta no ecossistema do turismo.

O PROTAGONISMO SUSTENTÁVEL PARA OS NOVOS TEMPOS

Com o patrocínio da AZUL LINHAS AEREAS e apoio da B2B RESERVAS, a ABRACORP realizou no último dia 3 de dezembro, no Hotel Dom Pedro, na cidade de Lisboa, a sua última reunião de associados no ano de 2021. No hotel, foi possível confirmar a qualidade dos salões, o cuidado na gastronomia e, principalmente, o refinado toque humanizado de toda equipe, essenciais para o sucesso na realização do evento.
No encontro, os associados foram guiados pelo tema O protagonismo sustentável para os novos tempos. O cenário da pandemia trouxe novas formas de convivência entre pessoas e empresas, mas o fato é que a Covid-19 mostrou a importância e o valor das agencias de viagens, do lazer ao corporativo.
Os clientes, surpreendidos continuamente por regras e um abre e fecha de cidades e fronteiras, demandaram as agências de viagens de maneira intensiva, o que ajudou a solidificar, mais ainda, o valor e o protagonismo delas. A informação, correta, era algo complexo de se obter, dadas às mudanças nas orientações governamentais sobre o funcionamento das atividades, além dos problemas relacionados a reservas de hotéis e cancelamentos dos voos. Enfim, mesmo com quadros reduzidos, as TMC´s, altamente impactadas por uma queda brutal de receitas, mantiveram suas equipes de atendimento, num ambiente home office. Os clientes foram bem atendidos, e isso é incontestável.
Por tudo isso, o protagonismo das agências de viagens se fez presente em todos esses quase 24 meses de pandemia. E em linha com esse protagonismo, a Abracorp discutiu, entre seus associados, a valorização do canal de distribuição. É fundamental que clientes e fornecedores percebam as agências de viagens como elos fundamentais nos serviços de viagens e turismo, que opera 24 por 7.
Em um cenário onde o ESG toma lugar de destaque nas organizações, sustentabilidade e governança não podem ser simples chavões, mas regras a serem cumpridas por todos. Afinal, a tempestade da Covid-19 atingiu a todos, porém setores como o turismo foram terrivelmente impactados.
Nas temáticas apresentadas, também foram discutidas as novas tendências dos meios de pagamento na hotelaria, em apresentação feita pelo CEO da B2B RESERVAS, Marcos Fernando Gay, que apresentou, em primeira mão, as novas tecnologias e produtos que foram desenvolvidas pela empresa durante a pandemia, visando acelerar a transformação digital do setor de viagens. Entre as novas soluções, está um moderno sistema de Split de Pagamentos capaz de centralizar e automatizar o controle das receitas decorrentes das comissões, processo que até o momento é realizado, manualmente, pelas agências e hotéis, além da apresentação de um novo channel manager integrado às maiores OTAs do setor.
A Azul, que opera voos diários de Viracopos para Lisboa, com confortáveis Airbus A330 e que apoiou a viagem dos associados, esteve representada no evento pelo vice-presidente de receitas, Abih Sha, e pelo diretor comercial, Antonio Americo.
Abih destacou o empenho da empresa na ampliação da oferta de novos voos e destinos para o mercado em 2022, propiciando mais oportunidades de vendas para as agências de viagens, priorizando o mercado doméstico, um dos cinco maiores mercados da aviação mundial.
Enfim, a ultima reunião de 2021 mostrou aos associados que há um longo caminho a percorrer em busca dessa valorização, mas, unidos, as TMC´s Abracorp são mais fortes e melhor preparadas para enfrentar as incertezas dos novos tempos, acima de tudo, com protagonismo.

GERVASIO TANABE, Presidente executivo da Associação Brasileira de Agência de Viagens Corporativas (ABRACORP)

“Valor da Distribuição” foi destaque do encontro da Abracorp em Fortaleza

Nosso encontro em Fortaleza, quando falamos do tema “Valor da Distribuição”, no dia 7 de outubro, foi o primeiro presencial desde o início da pandemia, em 2020. Foi um debate rico sobre o tema, essencial às agências que fazem turismo corporativo. O nosso desafio, juntamente com os quatro convidados que fizeram palestras, foi dimensionar o quanto, de fato, custa distribuir qualquer produto ou serviço num mundo digital onde as fontes de conteúdo são variadas e os canais ampliados.

Abri o fórum falando de nossa reunião em março de 2020, que reuniu os nossos associados para avaliarmos a situação que se avizinhava. Tínhamos, como todos, uma noção do que seria o esse período. Na época identificamos seis pontos de atenção: Estrutura e Pessoas, Fonte de Receitas, Custos, Competição – Cooperação para Sobreviver, Clientes e Governança. Para os dias atuais, não mudaria nenhum deles, por estarem na essência de qualquer negócio que queira sobreviver.

Participaram do nosso encontro Elisa Carneiro, da Sabre; Diogo Elias, da Latam; Edmar Mendoza, da Copastur; e Paulo Henrique Pires, da Localiza. Todos eles formam unânimes, logo na abertura, quando instigados pelo Lucio Oliveira, mediador do Fórum, ao falar sobre distribuição. Comentaram a experiência do cliente.

A Elisa, por exemplo, falou da jornada de compra e que a Sabre está no processo para unir as pontas, cliente e agência. O Diogo entende que devemos conhecer o cliente e sua forma de relacionamento com o conteúdo. Já Edmar foi um pouco além, tratou das múltiplas facetas novas dos clientes e que as TMCs devem estar preparadas para atender todas elas. E, fechando o primeiro bloco, Paulo Henrique disse que as agências estão na hora da verdade e que as agências têm que fazer acontecer esse momento.

Gostaria também de ressaltar um pouco sobre a alegria de estar novamente em um evento presencial. É diferente e muito mais rico de ideias. Foi uma oportunidade de reencontrar as pessoas. Andando por Fortaleza, antes do evento, vi, como sempre, como o turismo de negócios movimenta a região durante suas atividades. Vi, novamente, o comércio ativo para atender os visitantes, os hotéis se ajustando com a volta dessa demanda, e assim toda a cadeia de serviços que se beneficia que nossos impulsos. Na parte da tarde, ainda durante a ABAV COLLAB, tivemos 2 workshops muito interessantes que iremos abordar em próximo encontro.

É isso que gostaria de dividir com vocês sobre o nosso fórum. A força da distribuição é tornar tudo isso viável por intermédio de experiências positivas para todos os envolvidos. Acho que conseguimos. Neste link https://www.youtube.com/watch?v=7bjbnhxWDxc você vai encontrar a íntegra do nosso encontro em Fortaleza, no Business Travel Day Abav Collab 21. Nosso encontro, além de presencial, foi também virtual, e teve o patrocínio da Localiza e o apoio do Sabre, parceiros fiéis de nossos eventos.