O caminho para a retomada

Estamos em pandemia há cerca de 14 meses. No Brasil, na 2ª quinzena de março de 2020, o País começava a vivenciar a maior crise sanitária jamais vista no País, meses depois a onda atingiu a crise econômica, com atividades quase paradas por longos meses. Em novembro 2020 quando o mercado sinalizava com movimentos de retomada, uma variante da covid19 levou o País e sua economia, novamente a quase um lockdown total nas cidades.

Agora, em maio de 2021, já temos notícias boas vindo de outros países como os Estados Unidos. Com forte ação de vacinação, o país começa a vislumbrar um verão bastante movimentado. As empresas aéreas, principal termômetro do movimento do ir e vir das pessoas, já preveem uma forte recuperação para o próximo verão e voos para o Caribe e México, partindo dos Estados Unidos, já apresentam alta ocupação. Não obstante, eventos como shows começam a acontecer com maior capacidade de expectadores. Em New York, no domingo (23), um jogo da NBA, válido pelos play offs, lotou o Madson Square Garden com mais de 15 mil torcedores, com 90% desse público vacinado. Daí para os eventos corporativos é questão de tempo. Tomara que o tempo seja rápido.

Na China, os eventos já acontecem regularmente e a receita por quilometro/passageiro voado (RPK) nas viagens aéreas domésticas apontou, em fevereiro de 2021, um recuo de apenas 2,3%, comparados a fevereiro/19, segundo dados da IATA.

No Brasil, a demanda por voos em abril/21 é 462% maior que no mesmo período de 2020, com 561% de incremento no número de passageiros, segundo dados da ABEAR. O país avançar com a vacinação com mais de 80 milhões de doses distribuídas. Certamente só a vacinação trará um ambiente mais tranquilo para a movimentação de pessoas e empresas, mas a testagem mostra-se um quesito fora do radar das autoridades. E ela poderia contribuir na realização de eventos corporativos, por exemplo.

Indicadores do BI ABRACORP mostram uma recuperação sólida do segmento de locação (apenas 14,7% menor no 1º tri 2021 em relação a 2019) e alguns destinos específicos como o Rio de Janeiro no segmento hoteleiro, despontam fora da curva, com performance 23% superior no 1º trimestre 2021 em relação à 2019.

É prematuro concluirmos que as tão propaladas mudanças de comportamentos das pessoas nesse pós-pandemia irão mudar os hábitos, mas é possível que algumas delas, ainda que não tão impactantes, possam ocorrer na vida das pessoas e empresas. No caso das empresas, ponto que nos interessa muito, é possível que as viagens, especialmente aquelas de curta duração (entre 1h e 1h30), como uma ponte aérea CGH/SDU, por exemplo, reduzam um pouco e parte das viagens migrem para o modal de transporte terrestre, como já acontece. A facilidade e praticidade das soluções digitais contribuirão numa parte, também, das reduções, e por outro lado, as pessoas perceberam que a constância de viagens não é tão necessária assim. Mas os encontros pessoas deverão ser retomados, em menor escala, até porque estudos já mostram que não se pode esperar o mesmo engajamento de colaboradores e clientes, nas cansativas, e às vezes, entediantes reuniões online. Porém, para os trechos mais longos, as viagens deverão continuar. Mesmo antes da pandemia, um viajante corporativo não viajava de São Paulo para Recife simplesmente pelo prazer de ir. Isso, então, não foi afetado, a necessidade da viagem. Mas dessa vez o estilo BLEISURE terá mais relevância na decisão da viagem. Portanto, um numero maior de viagens a lazer deve acontecer, doravante. O longo tempo de confinamento aproximou mais as famílias e isso, essa aproximação, deverá ser continuada, agora, com viagens em família, aproveitando aquela viagem a trabalho.

Uma recente pesquisa junto com clientes corporativos conduzida pela Abracorp mostrou que 63% das empresas fez ajustes em suas políticas de viagens, com o advento da pandemia. Em mais de 50% das empresas, a política de saúde e higiene terá relevância decisiva na escolha dos serviços de viagens e outros 34% apontam outros aspectos que não incluem preços, livre opção de escolha do viajante e contratos corporativos nos critérios de definição de escolha de fornecedores. Ou seja, apenas 29% apontam como relevante preço e liberdade escolha na decisão de compra. Detalhes dessa pesquisa podem ser acessados no site da entidade.

Isso pode mudar muita coisa, inclusive os processos concorrenciais baseados puramente em precificação. Oferecer simplesmente a tecnologia com acesso a uma infinidade de canais não será suficiente nesse mundo das viagens pós-pandemia, mas entender e oferecer serviços com critérios que apresentem protocolos que protejam o viajante, por exemplo, terão mais valor aos olhos das empresas. Tudo isso indica que valores como governança e compliance passam a ser critérios tangibilizados a partir de agora. Cuidados com dados dos viajantes e das empresas deverão ser muito melhor analisados pelo cliente. Propostas de serviços deverão apresentar reais valores de segurança digital e de saúde às empresas e ao viajante.

Para a Abracorp essas são questões muito importantes para que o mercado, cada vez mais, reconheça as entregas das TMC´s. A entidade segue nesse sentido e é possível que a Abracorp seja, hoje, a única entidade alinhada com as regulamentações da LGPD, adaptando-se às normas dessa lei.

Portanto, estamos caminhando para a retomada, com consciência, cuidados e protocolos.

Rubens Schwartzmann
Presidente do Conselho de Administração da Abracorp

quarentena ainda não acabou

Capa do Guia do Viajante Responsável, lançado pelo Movimento Supera Turismo Brasil

Carlos Prado*

Todos constatamos, no dia a dia, um afrouxamento preocupante de parcela expressiva da sociedade, no que diz respeito aos cuidados básicos para se proteger da Covid-19. Não bastasse isso, os noticiários de TV mostram, ao vivo e a cores, verdadeiras multidões em clubes, bares, restaurantes e praias sem o uso de máscaras, sem o distanciamento mínimo e sem a menor noção do perigo.

Mesmo com a nova escalada do número de infectados e de mortos, publicados diariamente, nota-se uma displicência incompreensível. Ganhamos algumas batalhas no duro enfrentamento desse mal que aflige o mundo, mas a guerra ainda não foi vencida.

Infelizmente, a pandemia e a necessidade de quarentena persistem. Não faz sentido abolir as recomendações das autoridades sanitárias e supor que o problema acabou. Ou, se não acabou, que já não ameaça drasticamente a saúde das pessoas.

Todos sabemos que as restrições são desagradáveis, penosas e cansativas. Mas não há outro caminho. Afinal, embora haja vacinas em fase final de desenvolvimento e de testes, o fato é que, na prática, essa terapia ainda não existe.

Enquanto empresário, dirigente setorial e cidadão, conclamo meus pares, lideranças da ampla cadeia do turismo e colaboradores, em geral, que  se mantenham vigilantes. Isso, naturalmente, com o olhar positivo e a certeza do êxito na travessia e no prosseguimento da caminhada. É preciso preservar a vida – o maior ativo de que todos nós dispomos.

Temos reiterado, especialmente no Movimento Supera Turismo Brasil, que todas as recomendações expressas nos protocolos biossanitários devem ser seguidas à risca.

Ou seja: usar máscaras, higienizar as mãos, manter distanciamento e fugir, literalmente, de aglomerações. A vitória contra o inimigo comum só depende de cada de nós. Precisamos nos manter saudáveis e vivos, para tocar a vida no âmbito das nossas famílias e das nossas empresas. Tenhamos, pois, menos ansiedade, mais resiliência, confiança na ciência e responsabilidade.

Mercado diz sim à Retomada Já! no 6º Fórum Abracorp

* Carlos Prado

Passados alguns dias da realização do 6º Fórum Abracorp, evento híbrido produzido a partir do Hotel Transamérica, em São Paulo, retomo alguns motes do conteúdo denso que o evento fez emergir. Altos executivos da hotelaria, das companhias aéreas e das locadoras de automóveis, cada um ao seu estilo e do ponto de vista da sua organização, abraçaram a diretriz de se retomar, de imediato, a dinâmica das viagens corporativas.

Enquanto presidente do Conselho de Administração da Abracorp e CEO da Tour House, senti-me gratificado com o posicionamento da indústria. Houve uma convergência de opiniões, ante a realidade de pesadas perdas acumuladas, que alcançam 66%, na comparação com 2019.

Portanto, reitero que é necessário e urgente que as grandes empresas voltem a viajar. Retomem as agendas de negócios. Está mais que comprovado que viajar é seguro. O mundo inteiro, incluindo o Brasil, investiu em salvaguardas e protocolos que garantem a biossegurança de colaboradores e viajantes.  

Aeroportos, aeronaves, equipamentos de traslado e meios de hospedagens, segundo a unanimidade dos participantes do 6º Fórum, são mais seguros que as casas das pessoas. Portanto, não há justificativa plausível para as corporações manterem agendas travadas, esticando, além do necessário, o tempo de espera.

Sobre a retomada começar pelas viagens a lazer, com ênfase nos destinos domésticos, é preciso lembrar que o fluxo de turistas tem relação direta com o preço das viagens. Quanto mais célere (dentro dos padrões biossanitários já citados) se der a retomada do corporativo, maior será a viabilidade dos negócios do turismo a lazer. As tarifas médias, em geral, tendem a se tornar mais competitivas.

Entre as colocações animadoras que foram expostas durante o evento, destaco aquela que atribui, às pessoas, a fonte das mudanças de que o Brasil precisa. E não aos governos. Mudanças virão dos protagonistas. Daqueles que rejeitam a acomodação, assumem riscos calculados e desencadeiam ações inadiáveis, para proteger a saúde das empresas, dos empregos e de todo o ecossistema envolvido.

Em síntese, adiar a retomada das viagens corporativas é contribuir, isso sim, para o agravamento das contas e da economia, como um todo. É perder um tempo precioso, num momento em que as oportunidades de inovação pedem tomadas de decisão rápidas e arrojadas.

O fato é que a 2ª fase da pandemia vai durar até o surgimento da vacina. Por isso, urge retomar as atividades presenciais em novos formatos. Sem improvisação, sem procedimentos temerários e, principalmente, sem omissão.