Sustentabilidade pressupõe evolução do ecossistema e não sua destruição

“O cenário econômico e social modificou-se dramaticamente, no mundo, com o impacto da pandemia. O setor de turismo, quer seja de negócios ou lazer, foi, de longe, o mais impactado. Estudos da Fundação Getúlio Vargas colocam o agenciamento de viagens como um dos últimos a se recuperar no pós COVID-19. Previsão disso acontecer, de maneira mais consistente, só no início de 2021.

O consumo de serviços de viagens dependerá da aplicação de protocolos sanitários destinados a mudar hábitos das pessoas e das empresas, além da abertura de fronteiras, pelos governos, mundo afora. Modificações profundas, frutos desses protocolos sanitários, já estão em curso em todo o ecossistema que atenderá o viajante de negócios ou de lazer, na retomada das atividades.

A despeito de recomendações muito similares, cada empresa está adotando seu protocolo, obedecendo a sua política interna. Por isso, criamos um repositório para que todos possam ter acesso a todos eles, disponível em www.abracorp.org.br/protocolos.

Com essas mudanças, os modelos de negócios até então comuns no setor de viagens corporativas, sofrerão fortes disrupções. Processos online e opções self-service serão altamente estimulados pela indústria e pelo próprio consumidor. Porém, isso não se dará a custos hoje propostos. Esses processos demandarão novas especificações tecnológicas, acompanhadas de sistemas de segurança.

Pesquisas indicam que teremos novos patamares de precificação. Decorrem das novas demandas setoriais e dos governos, traduzidas por esses protocolos sanitários e também por uma recomposição de oferta. Não obedecidos esses protocolos, o viajante poderá ter preterida a entrada em determinados países. Ele não passará da plataforma de higienização nos aeroportos. O visto sanitário será mandatório em muitos casos.

Diante disso, a Abracorp conclui que todos os atores desse ecossistema, de clientes a fornecedores, passando por prestadores de serviços como as agências de viagens, terão que reinventar seus processos negociais. Práticas como sistemas e serviços a custo zero e prazos de 60, 90 dias até então insustentáveis, tornam-se, agora, impraticáveis.


A boa governança, nesse tempo tão cruel às pessoas e empresas, exige que estas estabeleçam a sustentabilidade da cadeia como ponto de partida, deixando de pensar no sucesso isolado e simplista. A pior situação é um cliente ter uma demanda e não encontrar prestadores de serviços adequados, que possam garantir o bom atendimento dentro de critérios de governança, ética, transparência e, principalmente, segurança ao seu colaborador. Todos têm responsabilidade social, acima de tudo.

Uma RFP aceita tudo, mas exige compromissos para ambas as partes. O mundo dos negócios não pode ser gerido por simples erros e acertos, buscando tão somente o melhor resultado financeiro no botton line dos contratos. As propostas devem contemplar, em sua essência, governança, sustentabilidade e transparência.

Aliando-se a entidades como a AMPRO, que recentemente, publicou matérias abordando um dos temas mais críticos ao mercado, os alongados e insustentáveis prazos de pagamento, é imperativo que repensemos e reiniciemos um ciclo novo e virtuoso. Urge abandonar essa relação de curto prazo danosa e viciada, presente em propostas inexequíveis praticadas até então. E, muitas vezes, construídas e referenciadas, exclusivamente, em base transacional traiçoeira.

A sustentabilidade pressupõe uma relação que busque a preservação e a evolução da cadeia e não a sua destruição.”

* Gervasio Tanabe é presidente executivo da Abracorp

Valor agregado além da mobilidade

Presença digital ativa, atendimento on-line competente, excelência de qualidade nos serviços prestados, gestão eficiente e eficaz do home office, liberação de férias, redução dos custos que não agregam valor aos clientes e negociação com fornecedores são medidas recomendadas a todas as empresas durante o período da quarentena. Estudar as medidas emergenciais anunciadas pelo Governo Federal, para amenizar a crise econômica, também compõe iniciativas pertinentes e adotadas pelas TMC´s associadas Abracorp.

Vamos além. Em constante diálogo com os diferentes elos do mercado de viagens corporativas e de turismo, compartilhamos a necessidade imediata de planejar ações a serem implementadas antes do início da retomada da demanda – a qual, certamente, será lenta e gradual. Não tenhamos dúvidas: em 2020, a movimentação do setor de viagens e turismo não vai ultrapassar 45% do que fizemos em 2019.

Para estimular a retomada, é preciso união e providências que mitiguem a insegurança natural dos viajantes confinados; ameaçados pelos riscos físicos e psicológicos gerados pelo temor do contágio pelo Covid-19. Riscos que não devem ser desprezados.

#ficaemcasa consiste na melhor atitude de prevenção. Todos precisamos obedecer as orientações da OMS e atender as orientações das autoridades sanitárias. O isolamento social se faz necessário, mas não impede programarmos ações futuras.

Muito pelo contrário, o bom uso da tecnologia da informação recomenda planejar, agora, o que será feito, no momento adequado, para proporcionar a necessária segurança aos viajantes – tendo em vista que as viagens de negócios serão retomadas antes das viagens a lazer.

Não podemos e não vamos nos eximir dessa responsabilidade. Aliás, sob a ótica dos viajantes e das próprias corporações atendidas, constatamos que aumenta a percepção da importância dos serviços prestados pelas TMC´s. Na crise, sem contar com a dedicação e o profissionalismo das nossas equipes, viajantes que optaram pela compra direta amargam a falta de assistência.

Levar segurança aos viajantes compreende, nesta etapa, propor o espaçamento dos passageiros a bordo e antever, por exemplo, a necessidade dos aeroportos estarem equipados para a oferta de máscaras de proteção e outros serviços que ajudem a compor um ambiente de tranquilidade.

Mais do que álcool gel, reorganizar a ocupação das salas de embarque, evitando aglomerações; assegurar protocolos sanitários mais rigorosos, com recursos tecnológicos para monitorar febre e para esterilização dos passageiros, de maneira não invasiva, constitui pauta emergencial. Pauta extensiva também a outros meios de transporte e de hospedagem.

Mais impactante que o “11 de setembro”, que impôs mudanças de procedimentos, o Covid-19 exige maior rigor nos protocolos de higienização e reforço no treinamento dos recursos humanos empregados no setor – especialmente dos profissionais que atuam na linha de frente.

Enfim, a retomada começa com a programação dos processos e dos procedimentos que vão garantir saúde física e psicológica dos viajantes. Insisto: é necessário, primeiro, demonstrar segurança, para depois começar a promover e estimular a retomadas das vendas. As viagens corporativas, todos sabemos, constituem alavanca para economia como um todo.

Entre as mudanças inevitáveis que a pandemia do Covid-19 traz à gestão dos negócios, está no fato de que todo fornecedor, que compra e vende preço, vai sofrer. Prevalecerão, na preferência do consumidor, quem compra e vende valor. E o valor que agregamos vai além da mobilidade.

Impulsionado pela pandemia do Covid-19, o resgate de valores que preconizam o bem-estar coletivo abre novos horizontes e perspectivas à valorização de ser humano – fato que exercerá impacto, inclusive, sobre as fontes e os modelos de remuneração das agências de viagens.

Mas isso é tema para futuros posts.

A pauta prioritária continua focada em fazer bom uso da tecnologia, para proporcionar, sempre, mais e melhores experiências seguras aos nossos clientes (b2b2c).

Restrição alimentar não é frescura!

Carlos Prado

Entregar aos nossos clientes a melhor gestão de viagem é muito mais que uma frase meramente retórica. E vazia, muitas vezes, de substância. Trata-se de compromisso sério, lastreado em ações consequentes e imensa responsabilidade. Ninguém mais aceita nem tolera o ‘mais ou menos’. As expectativas são crescentes, entre aqueles que entregam boa parte da vida ao andamento de suas empresas, empreendimentos e negócios.

A jornada do viajante corporativo exige padrão de atendimento que extrapola o convencional. A qualidade de serviços da companhia aérea pode contribuir para o bom desempenho do passageiro que, depois de horas de voo, tem uma agenda exaustiva de compromissos. Precisa estar inteiro e disposto, para lograr o melhor resultado em sua missão.

Na hotelaria não é diferente. Do check-in ao check-out, o viajante não pode se estressar com falhas do wifi, do chuveiro ou mesmo do serviço rotineiro de abastecimento do frigobar. Surpresas? Só aquelas decididamente agradáveis, sob todos os aspectos.

Na hora das refeições, o restaurante (seja do hotel, seja da cidade), tem o dever de customizar a oferta de opções para o viajante com restrições alimentares. Embora no Brasil ainda ensejem enjoamento ou frescura, há muitos clientes que não toleram carnes, açúcares, lactose e glúten, por exemplo.  E eles precisam ser rigorosamente respeitados.

Falo, de cadeira, sobre essa questão de restrições alimentares. Muitas vezes, quando se pede determinado prato sem a presença de lactose, o garçom não entende que queijo parmesão, por exemplo, é derivado do leite. Por desconhecimento básico e falta de treinamento, não tem clareza sobre a cadeia de derivados. E com isso, a sensação de insegurança e desconforto compromete a experiência do cliente.

Cabe lembrar que quadros executivos, especialistas corporativos, homens e mulheres de negócio são, acima de tudo, pessoas. Deixam suas famílias no local de origem para enfrentarem deslocamentos muitas vezes longos, para destinos remotos. Carregam na bagagem a responsabilidade de representar a sua organização. Portanto, não podem correr riscos de uma noite mal dormida ou de uma intoxicação alimentar.

Em minhas viagens, sempre observo a seriedade com que os europeus lidam com as restrições alimentares dos viajantes. A Itália é exemplar na atenção e cuidado com hóspedes e clientes. Nosso país, infelizmente, ainda está longe do padrão ideal.

Mas há exceções. Uma delas pode-se conferir no Restaurante Skye, que funciona na cobertura do Hotel Unique, na Brigadeiro Luiz Antônio, 4700. Ali o viajante atualiza o conceito de compliance em matéria de atendimento a gosto, sob medida. Há uma oferta considerável de alternativas no cardápio. Mais que isso: os garçons são preparados para informar bem, tranquilizar e valorizar a experiência do cliente. Nota-se uma sintonia fina entre cozinha, chef e aqueles que fazem o serviço de mesa. É um case de benchmarking para outras casas, com certeza.