Vencemos a batalha

O dia 22 de maio, segundo a enciclopédia livre Wikipédia, é uma data que marca importantes eventos históricos. Caso o nosso setor também alimentasse um calendário do tipo, a reunião da Agency Programme Joint Council (APJC), que foi realizada na última quinta-feira (22/06/2013), das 14:30 até depois das 18:00 horas, mereceria registro.

Com a participação dos representantes das companhias aéreas, da IATA América Latina e sob a condução do diretor da IATA no Brasil, Carlos Ebner, Eraldo Palmerini, Francisco Leme, Goiaci Guimarães e esse bloqueiro aqui debateram, por quase quatro horas, vários temas que pautam os legítimos pleitos apresentados pelas agências de viagens.

Em clima de diálogo, fundamentado por fatos e argumentos consistentes, nós conseguimos avançar uma das etapas no processo de negociação. A partir de agora, todas as agências de viagens que possuem faturas credoras junto às empresas aéreas (internacionais e nacionais) passarão a receber da IATA/BSP o que lhes é devido com D1. Ou seja: todas as faturas credoras serão liquidadas não mais nas sextas-feiras, mas sim nas quintas-feiras.

Mesmo que parcial, a batalha vencida possui inestimável valor simbólico à medida em que espelha a força da nossa união. Abav e Abracorp juntas, apoiadas na crescente mobilização das agências de viagens associadas, renovam as esperanças de que podemos acumular vitórias a cada novo encontro quadrimestral da APCJ. O próximo será realizado em outubro.

Antes, porém, de 4 a 8 de setembro, ocupando organizadamente o maior centro de eventos da América Latina, temos a oportunidade de manifestar livremente nossos anseios e demonstrar o verdadeiro valor das agências de viagens; como melhor canal de atendimento, de consultoria e de vendas do setor de viagens e turismo.

Edmar Bull
 

E aí, IATA D2?

A IATA exige carta de fiança para que as agências de viagens possam ter crédito e passem a fazer a emissão de bilhetes aéreos via BSP.

A IATA também exige que as agências de viagens efetuem os respectivos pagamentos devidos no prazo. Rigorosamente, semana após semana, todos os valores estipulados nas faturas são e precisam ser quitados sem atraso pelas agências de viagens. Caso contrário, a ameaça de cortarem o sinal das agências de viagens é feita.

Porém, na hipótese dessas faturas apresentarem créditos em favor das agências – o que tem sido cada vez mais comum, em razão de equivocadas cobranças de ADM´s por parte das cias. aéreas –, os valores são pagos pela IATA/BSP com D2. Ou seja: com dois dias de atraso.

Cabe aqui colocar quatro questões para a reflexão de todos e, em especial, para as autoridades que são, nacionalmente, ou deveriam ser, as responsáveis pela regulação do setor da aviação civil no país:

1-) Se as agências de viagens são obrigadas pela IATA/BSP a fazer a apresentação das cartas de fiança, por que o mesmo não é exigido das empresas aéreas, para que elas possam vender seus TKT´s por meio da rede de agenciamento de viagens e operadoras turísticas no Brasil?

2-) Se as agências de viagens são obrigadas a pagar no prazo os valores devidos, por que nós recebemos, invariavelmente, com atraso de dois dias, quando, na realidade, somos nós os credores das companhias aéreas?

3-) O BSP está a serviço de ambas as partes envolvidas no processo – as companhias aéreas e as agências de viagens –, ou apenas existe para defender os interesses das primeiras em relação às segundas?

4-) Por que nós não podemos também fazer ADM´s quando as cias aéreas estão erradas?

Não podemos aceitar como argumento o fato de o BSP precisar de dois dias a mais de prazo para fazer o rateio dos valores arrecadados das agências em favor das companhias aéreas IATA. O relatório credor ou devedor já é de conhecimento da IATA e das agências com alguns dias de antecedência.

Afinal, pagar o que é devido às agências de viagens sem atraso constitui obrigação.
Edmar Bull

O reembolso é do pax

Antes de fazerem as reservas dos bilhetes aéreos e emitirem os respectivos e-TKTs, as agências de viagens pesquisam quais são as melhores opções de rotas junto às empresas aéreas, alinhando a oferta disponível ao perfil do viajante.

Uma vez que a melhor alternativa de voo foi identificada e selecionada, as agências de viagens efetuam os pagamentos devidos – o que inclui efetuar o pagamento das tarifas de embarque.

Na hipótese de um ou mais passageiros solicitarem o cancelamento da viagem e as regras daquelas passagens não permitirem obter a reembolso do valor pago, quem fica com os valores referentes às tarifas de embarque?

Existem casos em que os valores referentes às tarifas de embarque superam em muito o preço da passagem, como podemos verificar no exemplo abaixo:

Paris Londres Paris
Preço da passagem aérea: 27 Euros ou R$ 72,66
Tarifa de embarque R$ 375,26
Importante: Este TKT não dá direito a reembolso
AL FLGT BK T DATE TIME  FARE BASIS NVB NVA BG PAR
LON BA 333 QQ 20SEP 1000 QNCEORY 1P
PAR BA 332 OO 27SEP 0650 OENCEORY 22SEP 1P
EUR 26.00  20SEP 13PAR BA LON31.28BA PAR2.60NUC33.88
BRL 72.66 END ROE0.767069
BRL 156.50YQ XT BRL 2.79IZ BRL 12.04FR BRL 35.63FR BRL
BRL 33.14QX 42.54GB BRL 92.62UB
BRL 185.62XT
BRL 447.92
 
A resposta é simples: o valor referente à tarifa de embarque fica com a companhia aérea, caso não seja solicitada a restituição. Embora existam regras definidas pelas empresas aéreas, que impedem o reembolso de alguns TKTs, como no exemplo acima, as taxas de embarque podem ser sempre restituídas aos clientes.

Basta que as agências de viagens solicitem a restituição.

As tarifas de embarque devem remunerar a prestação dos serviços e a utilização de instalações e facilidades existentes nos terminais de passageiros, com vistas ao embarque, desembarque, orientação, conforto e segurança dos usuários.

Agir com transparência, sem nunca perder o foco na qualidade dos serviços que são prestados aos nossos clientes, garante a merecida valorização de quem, cada vez mais, exerce um papel fundamental no mercado: executar com profissionalismo as atividades pertinentes à gestão de viagens corporativas.

Edmar Bull