O novo Four Seasons São Paulo

O mercado hoteleiro de luxo no Brasil anda de vento em popa. Depois da abertura do esperado Fasano BH, a contagem regressiva para a abertura do primeiro hotel da rede Four Seasons no Brasil (parte do crescente portfólio do grupo na América Latina) está finalmente terminando: no próximo dia 15 de outubro, segunda-feira, a esperada propriedade brasileira do grupo abrirá oficialmente suas portas, quase às margens do rio Pinheiros. Mas nós já fomos conhecer em primeira mão o que o novo Four Seasons São Paulo tem de especial.

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Parte do Parque da Cidade, o hotel conta com 258 quartos e suítes e 84 residências distribuídos em um edifício de 29 andares em plena Avenida das Nações Unidas.  Por fora, o imponente arranha-céus parece apenas mais um do emaranhado de edifícios da zona financeira em que se encontra.

Mas basta cruzar a discreta porta de entrada do novo Four Seasons São Paulo para ver que o grupo conseguiu, e com esmero, dar uma alma brasileiríssima ao hotel. Projetado pelo escritório norte americano HKS Architects em parceria com os brasileiros Afalo e Gasperini Arquitetos, e com design do norte-americano BAMO, o novo hotel do grupo Four Seasons tem sotaque definitivamente paulistano. 

Linhas curvas por toda parte. Foto: Mari Campos
Elegância nos banheiros. Foto: Mari Campos

Projeto caprichado

O projeto logrou conciliar harmonicamente a estética internacional do luxo contemporâneo com os estilos de grandes nomes brasileiros das artes e da arquitetura, incluindo obras de Francisco Brennand, Burle Marx e Paulo Mendes da Rocha espalhadas pela propriedade.

Matérias-primas brasileiras estão também por toda parte, do mármore das áreas comuns aos revestimentos e móveis dos quartos – com direito a muita madeira, janelas que isolam completamente os ruídos externos, linhas sinuosas que lembram Niemeyer e até carpetes cujo design homenageia o vizinho rio Pinheiros. O Brasil só não aparece nas amenidades dos quartos, que utilizam produtos Christian Lacroix. 

LEIA MAIS sobre o hotel aqui.

Apreço pela matéria-prima brasileira em cada detalhe. Foto: Mari Campos
Os carpetes que homenageiam o Pinheiros. Foto: Mari Campos

Embora a localização seja afastada das principais atrações turísticas da cidade, é visível a tentativa de criar uma importante conexão com o público local nas áreas comuns. Além disso, o hotel criou uma série de experiências exclusivas para hóspedes que queiram ir a fundo no destino – e diversas opções de compras, gastronomia e entretenimento estão a curta distância.

O segundo andar do hotel foi projetado para ser um oásis em meio à selva de pedra, com direito a jardins internos, spa BAMO, fitness center e uma piscina inovadora entre os hotéis paulistanos, com áreas interna e externa divididas por um vidro retrátil. 

Detalhe da piscina do spa. Foto: Mari Campos

Investida gastronômica

Mas a melhor sacada do hotel parece ser sua investida gastronômica, com o botequim-chic CajuSP e o restaurante Neto, ambos colados ao lobby – e separados por uma escadaria que sem dúvidas será uma das imagens mais icônicas da propriedade. Ambos testados e aprovados! 

O CajuSP seguramente movimentará a cena local na happy hour, incluindo no cardápio versões gourmet de clássicos paulistanos como bolinho de bacalhau, asa de frango etc e, é claro, uma série de signature drinks exclusivos. O design sinuoso bar foge do modelo tradicional dos bares de lobby e cria bons espaços de circulação e interação, sem intimidar de forma nenhuma o visitante que não esteja hospedado no hotel. 

Gastronomia ítalo-brasileira no restaurante Neto. Foto: Mari Campos

A cozinha do restaurante Neto (cujo nome homenageia os descendentes de imigrantes italianos em São Paulo) ficou a cargo do sempre excelente Paolo Lavezzini, ex- Fasano Rio, que supervisionará também o botequim e o room service.

Para o Neto, ele criou um menu tradicional italiano cheio de toques e releituras brasileiros, utilizando somente produtos locais – e em um ambiente que, apesar do serviço impecável do padrão Four Seasons, é absolutamente informal, incluindo grandes mesas comunais e alguns pratos do cardápio propositalmente criados para serem compartilhados. 

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Aproveitar a época de abertura para conhecer o hotel pode ter suas vantagens, já que eles estão anunciando diversas ofertas de inauguração. Para paulistanos que buscam uma staycation ou breve escapada, o Summer Love Romance Package pode ser boa pedida para um final de semana romântico.  A conferir. 

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Atualização: em 9 de novembro de 2020, a Four Seasons Hotels and Resorts anunciou que vai deixar a administração do hotel, fechado desde o começo da pandemia. Ainda não se sabe se outra rede assumirá a propriedade.

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A nova fase da Preferred Hotels

A Preferred Hotels&Resorts chega aos 50 anos como o maior grupo de hotéis independentes de luxo do mundo. De uma ilha privativa nas Maldivas a um boutique super trendy em plena Tribeca novaiorquina, são hoje mais de 700 hotéis e resorts instalados em 85 países compondo um portfólio cada vez maior. A rede acabou de incorporar mais 22 unidades a ele, incluindo propriedades como o Marigot Bay Resort and Marina, em Santa Lucia, e o adorável 9Hotel Confidentiel, projetado por Philippe Starck, que abre suas portas agora no comecinho de outubro em Paris.

Esta nova fase da Preferred foca sobretudo em propriedades que estão investindo pesado não apenas no serviço de qualidade, como nas experiências singulares para seus hóspedes – com destaque para a gastronomia em boa parte delas.

Os hotéis e resorts que compõem o portfólio do grupo são divididos em cinco “coleções” diferentes – Legend, LVX, Lifestyle, Connect e Preferred Residences – focando em diferentes perfis de hóspedes e diferentes estilos de hospedagem.

Quartos minimalistas mas super aconchegantes no Arc The Hotel. Foto: Mari Campos

Neste setembro, durante viagem por Ontário, no Canadá, passei um final de semana no Arc The Hotel, em Ottawa, que integra o portfólio da Preferred na coleção Lifestyle. Como acontece com todos os hotéis desta coleção, a localização da propriedade é imbatível: em plena Downtown da capital, a apenas três quadras do Parlamento canadense, e a uma curta caminhada do delicioso e imperdível (e cada vez melhor!) Byward Market.

O Arc The Hotel foi o primeiro lifestyle boutique hotel da cidade e consegue manter um ambiente discreto e intimista bem no miolo do agito do centro.  O design é moderno e minimalista, com pontos de cor intensa (um vermelho aqui, um roxo ali), repleto de obras de arte de artistas locais – e os quartos seguem a mesma linha.

Praticamente não há lobby: a recepção fica discretamente num “canto” à entrada do hotel e há um pequeno corner com poltronas para quem estiver esperando motorista, por exemplo.  O restaurante serve café da manhã à la carte e, à noite, vira um gostoso bistrô comandado pelo chef Andrew Willis e focado em ingredientes orgânicos canadenses. O serviço é bastante discreto e atencioso, numa experiência redondinha.

Para viajantes e membros do trade, vale saber que a Preferred agora oferece programas de fidelidade diferentes  –  Prefer Hotel Rewards™, Preferred Residences®, Preferred Family®, Preferred Pride® e Preferred Golf ™ – , propondo experiências e recompensas diferentes, de acordo com o perfil do viajante.

 

 

 

 

 

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A excelência dos lodges de safári na África do Sul

Sou apaixonada por safáris desde a primeira vez que me juntei a um. E, como boa amante da hotelaria, também sou apaixonada por safari lodges desde minha primeira hospedagem em uma propriedade do gênero. Depois de tantas andanças, com safáris colecionados em diversos países, para mim nenhum outro país consegue ter tanta consistência em bons lodges de safári (ou similares, como de expedição e vida selvagem em geral) como a África do Sul. 

Como alguém que já fez muitos safáris no país e se hospedou em muitos lodges diferentes por lá, sou frequentemente consultada por quem planeja sua primeira inserção neste universo – mas também por gente que quer voltar ao país para uma nova experiência com, digamos, upgrade (meu blog pessoa física tem uma série de posts e reviews para ajudar nessa tarefa).

A verdade é que nada nos prepara para a emoção de estar pela primeira vez com um leão ou elefante a passos do seu jipe, em plena savana – mas os bons lodges de safári sul-africanos sabem fazer isso com maestria e extrema segurança (item fundamental para um bom safári). É o bom lodge de safári, com seus bons trackers e rangers, super treinados e didáticos, que vai mudando a gente um pouquinho a cada game drive – os sentidos vão ficando mais aguçados, a audição mais atenta a qualquer som da savana, os olhos vão ficando mais treinados para procurar diferentes pássaros nas aves, e a gente não vê a hora de sair para o safári seguinte. 

Capricho e clima “out of Africa” no Tintswalo Safari Lodge. Foto: Mari Campos

Fiz safáris em diferentes cantos do país, do Kruger e Great Kruger (meus preferidos pela fartura incomparável de vida selvagem) à Garden Route, em lodges de diferentes estilos. Meus preferidos? De longe, Royal Malewane, Tintswalo, Thornybush River Lodge e Sabi Sabi. São lodges de luxo, sim, o que acarreta custos bastante elevados para hospedagem; mas que valem o investimento pela qualidade impressionante do serviço que entregam.  Dá pra ver toda a lista das minhas recomendações de hotéis de safári na África do Sul aqui

O alto investimento justifica-se também para quem opta pelos modelos all inclusive, extremamente recomendável em lodges de safári;  afinal, ali, como geralmente saímos antes do amanhecer para o primeiro safári e já no finalzinho da tarde para o segundo, passamos muito tempo dentro do próprio hotel e quanto melhores a infra e as inclusões, melhor. 

Há lodges, com o perdão do clichê, para todos os bolsos e gostos; mas não adianta esperar por um lodge “econômico”: os custos para manutenção de uma propriedade deste tipo, com este isolamento (tudo custa mais caro para chegar, como em qualquer hotel em localização remota), e com um staff qualificado e bem treinado, são altíssimos. Mas, sim, existem lodges mais e menos caros, dependendo do tipo de acomodação e do que está incluso no valor das diárias (já me hospedei em lugares que, acreditem, nem os safáris estavam incluídos, como o Botse Botse, a duas horas de carro de Joanesburgo). A inspector Carla Lencastre fala sobre uma boa opção mais econômica próxima a Port Elizabeth neste post aqui.

Staff do Thornybush River Lodge em ação nas savanas. Foto: Mari Campos

De todos os lodges que já experimentei (foram muitas e muitas viagens diferentes à África do Sul, e também safáris em outros países), apenas estes quatro – todos nas reservas do Kruger e Great Kruger – foram de fato irrepreensíveis, com instalações ultra confortáveis, gastronomia impecável e um staff absolutamente dedicado e bem treinado, capaz de me proporcionar algumas das melhores experiências de viagem que já tive. As experiências inesquecíveis foram também impulsionadas pelas incríveis reservas, isoladas e repletas de vida selvagem de todo tipo, nas quais estas propriedades se instalaram (bem diferentemente do que acontece quando nos hospedamos em lodges que se instalam em “game farms”).  

Mas foi staff, para mim, o que fez a maior diferença para estas quatro propriedades serem, de longe, as minhas favoritas. Bem instruídos, bem treinados, flexíveis, didáticos com hóspedes de todas as idades e backgrounds, esses staffs viraram peça fundamental nas minhas memórias de viagem. Foi no Tintswalo Safari Lodge (review completa aqui), por exemplo, que tive o melhor tracker de todos, o inesquecível Eric (que ficou internacionalmente famoso quando uma foto sua frente a frente com uma leoa viralizou na internet), um poço de conhecimento sobre as savanas e os animais.  E ,sim, sou bem old school quando o assunto é safári: pra mim faz diferença absoluta na qualidade do drive ter ranger E tracker no carro, e ter o carro todo aberto para a savana.

Ainda vamos falar mais de lodges de safári por aqui e vamos falar mais também sobre a África do Sul. Stay tunned.

 

 

 

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Cotton House: oásis em Barcelona

Cheguei em Barcelona na semana passada sob um calor surreal. A cidade estava mais abafada do que nunca e só de pisar na rua a gente sentia. Assim que cheguei ao balcão do Cotton House Hotel, a recepcionista disparou: “Faz muito calor lá fora, não? Prefere um copo d’agua ou uma taça de cava para refrescar enquanto faço seu check in?”.

Convidada a conhecer o hotel neste verão europeu, minha estada no hotel – que tem meros 3 anos de existência, fica na Gran Via, a três quadras do Paseig de Gràcia, e integra o seleto portfólio da Autograph Collection – foi uma mistura bem bolada de serviço atencioso e caprichado com uma informalidade acolhedora por parte do staff (todo bastante jovem, diga-se de passagem).

A piscina do último andar tem vista para o Eixample, as montanhas e a Sagrada Família. Foto: Mari Campos

A Autograph Collection, bandeira da Marriott que reúne hotéis boutique independentes em diversos cantos do planeta, se consolidou por reunir hotéis únicos, fora do comum (“exactly like nothing else”, como diz seu slogan), cheios de design, com foco em experiências singulares e extremamente conectados com o destino em que se instalaram. E o Cotton House Hotel é uma perfeita tradução dos valores da marca. 

Ocupando a antiga sede da Fundación Textil Algodonera, em um emblemático edifício do século XIX totalmente repaginado pelas mãos do designer Lázaro Rosa-Violán (um dos mais badalados da Espanha na atualidade), o hotel mistura muito bem a sofisticação contemporânea com história e funcionalidade – e valoriza muito a cidade onde está.

A escada espiral suspensa de 1957 foi preservada. Foto: Mari Campos

Vários elementos originais do edifício foram conservados, como o incrível teto da Library (a belíssima biblioteca que é puro sossego e, sem dúvidas, o cômodo mais bonito e fotografado de todo o hotel), a imponente escada de mármore de um lado, a impressionante escada espiral de 1957 do outro (suspensa pelo último andar ao invés de presa ao térreo), o delicado parquet do piso… Ao mesmo tempo, todas as facilidades contemporâneas estão lá (incluindo muitas tomadas e entradas USB nos quartos), wifi de excelente qualidade e móveis de design arrojado que dão a tônica aqui e ali nas áreas comuns. 

O passado têxtil do edifício também é honrado em uma das experiências exclusivas que o hotel oferece aos seus hóspedes: a possibilidade de confeccionar uma camisa sob medida com os alfaiates da Santa Eulalia, os mais premiados de Barcelona.

O Cotton Room tem décor muito leve e adorável terraço para o Eixample. Foto: Mari Campos

Os 83 quartos são puro sossego: todos muito luminosos, cores clarinhas, quietos, e sempre com um toque de algodão na decoração (da plantinha em si aos delicados papéis de parede de inspiração botânica) para lembrar o passado do edifício. A gente sequer tem noção de que o hotel tem esta quantidade de quartos, dado o sossego constante em todas as áreas.

Meu quarto era do tipo Cotton room (há diferentes tipos de quarto, incluindo sete suítes), que tem sempre um adorável terraço privativo olhando para o pátio do hotel e os predinhos típicos do Eixample (perfeito para tomar o primeiro cafezinho da manhã). Cama King size, poltrona, boa mesa de trabalho, Nespresso, banheiro grande com banheira e ducha, luxuosas amenidades de banho 100% naturais e mediterrâneas da marca Ortigia da Sicília e uma completíssima “amenities box” que incluía até escova de cabelos.  O meu quarto era no segundo andar e tinha mesmo vista apenas para o pátio e predinhos do entorno, mas me disseram que os quartos dos andares mais altos chegam a ver o mar. 

Detalhe do Batuar Bar e Restaurante. Foto: Mari Campos

Um importante diferencial do Cotton House em relação a outros hotéis de luxo da cidade é que seu público é essencialmente leisure. Você não vê nunca viajantes a trabalho e sim somente casais, famílias, grupos de amigos e solo travelers, todos a lazer, o que garante um ambiente o tempo todo extremamente casual e relaxado à propriedade. O staff também é sempre muito informal (apesar de chamar os hóspedes pelos nomes e ser sempre solícito), a “welcome message” no quarto é escrita com battom no espelho e a própria área dos concierges é adoravelmente chamada de Gossypium. 

Das áreas comuns, além da biblioteca e da incrível lap pool no rooftop (com vista espetacular para a cidade e a Sagrada família!), destaque para o Batuar Bar & Restaurant. É ali, tanto no belo ambiente interno quanto no charmoso pátio, que o café da manhã em estilo buffet (mas com pratos quentes à la carte) é servido todos os dias até 11h da manhã, e também funciona para almoço e jantar com cozinha Catalã contemporânea (destaque absoluto para as tapas da casa, excelentes!). Ressalva apenas para o serviço de bebidas e pratos quentes no café da manhã, que é bastante lento. Falo mais sobre o restaurante e o bar do hotel neste meu texto para o Estadão. 

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A batalha das amenidades na hotelaria

Desde muito novinha, percebi que, fosse uma pousadinha em São Tomé das Letras ou um hotelão numa capital europeia, as condições do banheiro influenciavam diretamente o quanto eu gostava ou não de uma propriedade hoteleira. Até hoje, um banheiro espaçoso, bem pensado e bem equipado (e muito limpo, obviamente) me é mais importante que um quarto cheio de rococós.  E sei bem que não sou a única a achar que o banheiro de um hotel e suas amenidades são capazes de dizer muito sobre um hotel. 

Se até quinze ou vinte anos atrás as amenidades hoteleiras eram simplesmente commodities e ninguém dava lá muita bola para elas (muito menos investia grandes somas nisso), hoje, mais do que nunca, elas são parte importante do chamado “efeito wow” que um hotel quer ter sobre seus hóspedes.  E isso não se restringe à hotelaria de luxo. 

Banheiro com vista no Shangri-la Toronto. Foto: Mari Campos

A última década, sobretudo, trouxe mudanças radicais na indústria hoteleira em vários aspectos (amplificadas inclusive pelas redes sociais) e as amenidades de toilette não passaram incólumes neste turbilhão.  Também há que se levar em consideração que, motivados pelas cada vez maiores restrições de segurança dos aeroportos (ou até pelos custos crescentes de bagagens despachadas), hoje em dia boa parte dos hóspedes realmente utiliza as amenidades de higiene do hotel durante sua estadia – e muitos obviamente levam as embalagens sobressalentes para casa ou para viagens futuras (que atire a primeira pedra que nunca o fez). 

O negócio ficou tão sério que existe até um termo curioso para descrever essa constante busca dos hotéis por novas amenidades (não apenas de higiene e beleza) para seus hóspedes: amenity creep.  Hoje, há amplas pesquisas sobre o tema com hóspedes de mercados diferentes (tive a oportunidade de responder recentemente a uma pesquisa do grupo Sofitel, por exemplo) e muitas propriedades e redes levam em consideração não apenas a fragrância mas também fatores como o toque e a consistência do produto, ou a facilidade de abrir a embalagem ou ler o rótulo, antes de se decidir por esta ou aquela marca. Buscar produtos que não tenham perfumes tão marcantes e possam ser considerados “unissex” também é importante.

Banheiro aberto para piscina e o mar no Four Seasons Seychelles, com amenidades produzidas localmente com ingredientes da própria ilha: sim, queremos. Foto: Divulgação

Algumas redes hoteleiras de luxo têm agora um profissional (ou até mesmo um setor) inteiramente dedicado a isso. A rede Four Seasons, por exemplo, possui um setor de “Design e Desenvolvimento de Produtos” que periodicamente pesquisa e testa novas marcas e produtos que possam interessar às suas propriedades. Muitas marcas e redes hoteleiras também fazem uso de diferentes linhas e marcas de amenidades para atender a diferentes demandas geográficas (afinal, as percepções de uma mesma fragância também variam em diferentes partes do mundo e é preciso levar isso em consideração). A ideia do serviço customizado na hotelaria também se aplica a isso. No caso dos hotéis Four Seasons, trabalham hoje com uma “coleção” de 19 marcas de amenidades diferentes, dependendo do mercado – e para chegar a estas 19 pesquisaram mais de 170 marcas ao longo de um ano. 

O processo de seleção de uma determinada marca de amenidades costuma ser definido pelo alinhamento da mesma (imagem, estilo, valores etc) com o hotel ou rede que irá utilizá-la – principalmente no mercado upscale e de luxo.  E, independentemente das preferências pessoais, é fato reconhecido no mercado que o hóspede atribui muito mais valor ao preço que paga por uma diária ao encontrar no banheiro amenidades de marcas reconhecidas (sobretudo as grandes, como Acqua di Parma, Le Prairie, Hermès, Bulgari, Salvatore Ferragamo etc) ao invés de frascos com o nome do próprio hotel (as chamadas unbranded amenities, que infelizmente ainda são usadas até por algumas unidades de hotéis de luxo, como alguns Ritz-Carlton). Sem surpresa, pesquisas do setor também confirmam que nos mercados em desenvolvimento (Brasil incluído, é claro) o uso de uma marca conhecida é ainda muito mais importante que nos mercados desenvolvidos. 

O uso de produtos locais nas amenidades é visto como importante em alguns destinos (principalmente se levarem ingredientes naturais locais, como o óleo Immortelle na Córsega, por exemplo), mas as pesquisas mais recentes confirmam que a afiliação do hotel a uma marca de beleza internacionalmente reconhecida ainda é mais importante para a maioria dos hóspedes, independentemente do perfil do viajante.  O downside é que, por mais que hotéis e redes tentem ser mais sustentáveis e ecologicamente corretos, as chamadas “bulk amenities” (os grandes displays reutilizáveis de shampoo, condicionador, shower gel etc, muitas vezes acoplados à parede) ainda são mal vistos pela maioria dos hóspedes, sobretudo no mercado de luxo – mesmo quando fornecidas por uma marca internacionalmente conhecida. Uma pena. 

 

 

 

 

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