Nomad Place

Cresce o mercado para hospitalidade não convencional

Faz tempo que o segmento “não-tradicional” da indústria da hospitalidade – como chalés, cabanas, casas-barco etc – vem se desenvolvendo de maneira consistente. Mas é inegável o quanto cresce o mercado para hospitalidade não convencional durante a pandemia.  

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Desde 2018, a indústria da hospitalidade já tinha identificado a busca por esse tipo de acomodação como uma das principais tendências do setor. Nos últimos anos, a busca por chalés, casas-barco, yurts e até ryokans japoneses chegou a aumentar impressionantes 700% em alguns destinos internacionais. 

Durante a pandemia, esse movimento cresceu mais ainda, sobretudo pelo fato desse tipo de acomodação estar geralmente rodeada por natureza e, mais importante ainda, isolada (ou suficientemente distanciada) de outros viajantes. Sem dúvidas, a crescente busca pelo turismo de isolamento (acomodações remotas, mínimo contato com outras pessoas, deslocamentos mais seguros e controlados etc) tem contribuído de maneira importante para esse boom no crescimento dos modelos de hospitalidade não convencional.

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Um dos casulos do Parador da Montanha. Foto: Divulgação

O que é uma acomodação não convencional?

Em termos gerais, o mercado geralmente usa essa terminologia para se referir a acomodações que não sejam pousadas, hotéis, lodges, resorts ou outras formas convencionais da indústria formal da hospitalidade. Sob o chamado “guarda-chuva” dos aluguéis de temporada, viajantes têm cada vez mais – e mais diferentes – opções , seja no mercado nacional ou internacional. E, enquanto boa parte da hotelaria tem sofrido no período, as taxas de ocupação para esse tipo de acomodação têm sido, em geral, extremamente satisfatórias durante a pandemia. 

Assim como muitos hotéis, várias dessas acomodações não-convencionais da indústria da hospitalidade também precisaram passar por adaptações durante a pandemia. Mas transformações geralmente mais simples e práticas que todos os protocolos aos quais a hospitalidade tradicional se viu obrigada a se adaptar desde março de 2020.

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Detalhe do deck da cabana Vin da Nomad Place. Foto: Mari Campos

Acomodações que se adaptam a diferentes perfis de hóspedes

Além dos novos procedimentos para limpeza e higienização dos imóveis, a principal mudança enfrentada por este tipo de acomodação não convencional foi a necessidade de instalação de provedores potentes de internet e espaços confortáveis para trabalho. Afinal, seguindo a tendência do turismo em geral em tempos de pandemia, hóspedes deste tipo de acomodação muitas vezes, graças ao home office, também costumam misturar trabalho e lazer. 

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No Brasil, a maior busca nesse nicho não convencional tem sido por chalés e cabanas isolados, nas montanhas ou próximos à praia; mas foi notório também o crescimento da procura por casas na árvore e casas-contêiner nas plataformas de aluguel de temporada. 

Em geral, são acomodações que se adaptam facilmente a diferentes perfis de hóspedes (inclusive distintos perfis econômicos e etários), com a maioria delas sendo inclusive pet-friendly. E as redes sociais, com destaque absoluto para o Instagram, contribuíram de maneira fundamental para o rápido crescimento da busca por esse tipo de acomodação. Afinal, diversos influenciadores se dedicaram a explorar acomodações deste nicho no último ano – muitos deles estimulados pelo programa de afiliados do Airbnb, repentinamente encerrado em abril passado. 

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Cresce mecardo para hospitalidade não convencional

Conforme já noticiei aqui no ano passado, durante a pandemia o setor de imóveis para aluguel de temporada em geral cresceu mais e de maneira mais consistente que a hotelaria tradicional. Tal crescimento do mercado de hospitalidade não convencional foi tão intenso no ano passado que, neste 2021, algumas propriedades hoteleiras tradicionais decidiram migrar para o setor de aluguel de temporada.

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É o caso, por exemplo, do Canto do Papagaio, em Aiuruoca, Minas Gerais. A propriedade, composta por sete chalés espalhados por uma imensa reserva natural, sempre operou em sistema pousada. Com as restrições da pandemia, e observando as mudanças de comportamento dos viajantes alvo, a proprietária decidiu transformar os chalés em unidades independentes de aluguel de temporada. As áreas públicas foram mantidas, inclusive o restaurante aberto também a não-hóspedes. Mostrei recentemente da minha estadia em um dos chalés do Canto do Papagaio no meu Instagram @maricampos.

Os casos deste tipo de migração não são, de fato, tão frequentes no Brasil. Mas outras pousadas, inclusive na região da Mantiqueira, também fizeram tal migração neste ano e têm sido surpreendentemente bem sucedidas até agora.

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Ampliação de portfólio de clientes

Em 2019 uma pesquisa da American Express Global Business Travel já revelava a tendência crescente de propriedades hoteleiras investirem em novos formatos de acomodação. Mesmo no pré-pandemia, a ideia de ampliar o portfólio de clientes já estimulava esse movimento.

Caso dos novos “casulos” do Parador da Montanha, no Rio Grande do Sul. São barracas em formato de casulo concebidas pelos proprietários do Parador e inauguradas em março passado. Foram dois longos anos até que o projeto fosse implementado de fato. As barracas foram construídas com estrutura de madeira de reflorestamento tratada e têm diversos elementos naturais na decoração. 

Até agora, são 7 casulos com 24m2 de área e capacidade para até duas pessoas – incluindo deck privativo com banheira de hidromassagem e lareira ecológica com vista dos Campos de Cima da Serra. Hóspedes dos casulos podem desfrutar normalmente dos espaços públicos e infra-estrutura geral do hotel. 

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Cabanas de sucesso na Mantiqueira

Mas talvez o caso mais surpreendente deste nicho sejam as cabanas isoladas do Nomad Place nos arredores de São Bento do Sapucaí, SP. O negócio, extremamente bem sucedido, contraria a maior crise da indústria hoteleira e nasceu justamente durante a pandemia.

Quando a pandemia começou, o paulistano Halmer Marques e sua esposa estavam construindo uma cabana de madeira para uso próprio, em um terreno recentemente comprado. Viajantes inveterados, queriam escapar aos finais de semana e, num futuro distante, talvez construir ali uma pousada como plano de aposentadoria. 

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Com a mudança de prioridades dos viajantes na pandemia, resolveram apostar no aluguel de temporada. Com zero experiência na indústria da hospitalidade, criaram uma conta no Instagram enquanto ainda finalizavam a obra e anunciaram a propriedade no Airbnb. Quando a cabana ficou pronta, em junho do ano passado, Halmer e a esposa conseguiram se hospedar ali somente por um par de dias – e nunca mais tiveram uma noite livre no imóvel.

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Hospitalidade não convencional deve continuar crescendo

Com o case de sucesso no Instagram, Halmer inaugurou esse ano no mesmo terreno uma segunda cabana (também em modelo A-frame), uma casa cubo e um novíssimo domo na parte mais alta do terreno. Tudo com vista panorâmica para a Mantiqueira, check in e check out sem contato, cozinha equipada e roupas de cama e banho caprichadas incluídas nas diárias. Também mostrei detalhes de minha recente estadia em uma das cabanas da Nomad Place no meu Instagram @maricampos

O projeto deu tão certo que planejam agora chegar a um total de dez unidades no terreno de 50 mil metros quadrados nos próximos anos (entre hortas, oliveiras e vinhedos que estão cultivando). E o nome Nomad Place já virou franquia, com a primeira unidade franqueada inaugurada em Embu das Artes, SP.  Eis aí um mercado que realmente tem tudo para continuar crescendo. 

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Fuso Hotel Florianópolis

Novos hotéis abrem suas portas em plena pandemia

Apesar de toda a crise sem precedentes gerada no turismo em 2020, o mercado hoteleiro continua aquecido em termos de novas aberturas.  Novos hotéis abrem suas portas em plena pandemia, aqui e lá fora, focados nos mais distintos públicos. As novas aberturas se concentram mais no turismo de luxo, é claro; mas cada vez mais redes com diferentes targets anunciam novas propriedades para os próximos anos.

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Além dos inúmeros hotéis que abriram suas portas em 2020, vários outros confirmaram suas inaugurações para 2021 durante a última edição da ILTM, em dezembro passado – como relatei em uma matéria bem completa sobre o tema para o UOL. Alguns hotéis modificaram recentemente sua data oficial da abertura – algo extremamente comum mesmo em tempos pré-pandemia -, mas confirmaram as inaugurações ainda para este ano. Muitas delas acontecendo neste primeiro semestre, inclusive.

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Novos hotéis abrem suas portas em plena pandemia

Do Fauchon L’Hotel Tokyo ao esperadíssimo Airelles Château de Versailles, Le Grand Contrôle, teremos excelentes adições ao portfólio internacional da hotelaria de luxo neste 2021. A hotelaria de luxo segue firme na pandemia. A maioria destes novos hotéis já está nascendo adaptada à necessidade de distanciamento social em todos os seus espaços, e priorizando ainda mais os serviços personalizados e customizados. 

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A Leading Hotels of the World, por exemplo, acaba de adicionar seis propriedades ao seu seleto portfólio e espera a abertura de um total doze novos hotéis até o final de 2021 – alguns deles já inaugurados nesse comecinho do ano.

Vale destacar também que muitos dos novos hotéis estão contrariando totalmente as expectativas mais pessimistas do setor para esta época. Apesar das necessárias restrições a deslocamentos de viajantes em tempos de pandemia, muitas propriedades estão tendo desempenho bastante acima do esperado. É o caso, por exemplo, do novo One&Only Mandarina, na Riviera Nayarit, que já está se tornando um verdadeiro hot spot mexicano. 

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Fuso Hotel Florianópolis
O novo Fuso Hotel Florianópolis. Foto: Divulgação

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Novos hotéis abrem suas portas no Brasil

O cenário não é tão diferente por aqui. Afinal, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas pelo setor, novos hotéis abrem suas portas em plena pandemia também no Brasil. E estudos indicam que os brasileiros dão cada vez mais importância à hotelaria.

No segundo semestre do ano passado, de Florianópolis ao litoral do Ceará, diferentes hotéis foram inaugurados em terra brasilis – e vêm tendo bom desempenho neste começo de ano. 

Muitos destes hotéis fizeram adaptações em seus projetos originais – sobretudo espaciais – para se adaptar aos novos tempos e necessidade de distanciamento social. Afinal, todos estão procurando escapadas possíveisnesses tempos, certo?

Hotéis nascidos com foco no turismo de isolamento têm tido especial sucesso nestes últimos meses. E muitos hotéis urbanos vêm investindo pesado na acertada tendência da staycation, que vem mesmo beneficiando sobremaneira a hotelaria nacional nesta fase.

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Barracuda Beach Hotel (Itacaré-BA), Makena Hotel (Icaraí-CE), WK Design Hotel (Florianópolis-SC) são alguns muitos novos hotéis brasileiros que vêm sendo bem sucedidos nos últimos meses. O Carmel Taíba, no Ceará, que abriu suas portas poucos meses antes do início da pandemia, vem tendo índices de ocupação e procura bastante favoráveis também. 

Também em Florianópolis, o novo Fuso Concept Hotel, pensado para causar o menor impacto ambiental possível, vem fazendo sucesso. Localizado a 250 metros das praias de Jurerê Internacional e do Forte, tem apenas 13 bangalôs com máxima privacidade. E tem design bem contemporâneo em um terreno de 7000m², próximo à Fortaleza da Ponta Grossa, construção do século 18 tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). 

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O novo Canto do Irerê, em Atibaia

Dos hotéis novinhos em folha no Brasil, inaugurados em tempo de pandemia, acabo de me hospedar por alguns dias no Canto do Irerê, inaugurado em dezembro passado em Atibaia, no interior de São Paulo.

O novo hotel boutique, localizado na periferia da cidade e exclusivo para adultos, vai totalmente ao encontro da tendência do turismo de isolamento – por sinal, uma das que mais cresce nos últimos meses.  Ocupa uma área tomada por mata nativa, com relativo distanciamento entre suas acomodações, boa gastronomia e constante contato do hóspede com a natureza.

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Por enquanto, são apenas sete chalés duplos distribuídos pela propriedade, todos com muito espaço e conforto (metragens a partir de 80 metros quadrados de área) – mas os proprietários planejam chegar em 20 chalés no pós pandemia. 

O restaurante do Canto do Irerê é pequeno e com pouca ventilação natural, mas durante a pandemia os hóspedes podem fazer todas as suas refeições no próprio chalé, sem custos extras. Porque capacidade de adaptação é mais do que nunca essencial para o sucesso na hotelaria em qualquer canto. 

Há trilhas de diferentes níveis de dificuldade na propriedade, além da possibilidade de fazer passeios guiados (pagos à parte) pelos arredores. E ainda uma belíssima piscina comum, charmosos jardins por todo canto e um chalé que funciona no momento exclusivamente como mini-spa, atendendo apenas um hóspede (ou chalé) por vez. 

CONFIRA AQUI O REVIEW COMPLETO DO NOVO HOTEL CANTO DO IRERÊ

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Palácio Tangará São Paulo

STAYCATION pode beneficiar a hotelaria durante a pandemia

Sabemos que a indústria hoteleira vem tentando, desde o final do primeiro semestre de 2020, encontrar meios de compensar a queda brusca nas viagens. O setor sabe também que o potencial de viagens domésticas – sobretudo as chamadas viagens “hiperlocais” – ainda está longe de ser alcançado. É por isso mesmo que o conceito de staycation começa finalmente a fazer sucesso por aqui, e pode beneficiar enormemente a hotelaria durante a pandemia.

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As micro-viagens tornaram-se mais populares do que nunca nos últimos meses. São as “escapadas possíveis” para cada vez mais gente nestes tempos. Nos grandes eventos internacionais de turismo, como a ILTM, as staycations estão sempre apontadas entre as tendências de viagem da pandemia. Então nada mais natural que as staycations passem a ser encaradas como uma maneira de “fugir de casa” e relaxar um pouco sem envolver grandes deslocamentos ou logística complicada.

O termo se popularizou nos últimos meses e eis aí um tipo de viagem que acaba dando ao turista a sensação de maior controle e minimização de riscos. Afinal, estamos próximos de casa, senso de familiaridade, conhecemos toda a infra-estrutura hospitalar e emergencial do destino etc. 

O Rio de Janeiro foi a primeira cidade brasileira a ter sua hotelaria local investindo pesado em staycation na reabertura em tempos de pandemia. Inclusive já abordamos esse tema nesta coluna aqui. Mas desde o final de 2020 diversas outras propriedades espalhadas em grandes cidades brasileiras felizmente despertaram para esse filão – criando, muitas vezes, pacotes promocionais específicos para atrair esse tipo de hóspede. 

LEIA TAMBÉM: Oito tendências da hotelaria para 2021.

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Como a staycation pode beneficiar a hotelaria durante a pandemia

O termo “staycation“, corruptela de “stay” e “vacation“, existe para designar as férias passadas localmente já há muitos anos. Ganhou mesmo força internacional a partir da crise financeira de 2008. Mas, ao contrário de alguns outros países, a prática sempre foi bastante insípida no Brasil até o começo de 2020. E agora virou uma das grandes tendências da hotelaria para 2021.

LEIA TAMBÉM: Conheça os termos do turismo popularizados na pandemia.

Mas, ironicamente, a staycation tem sido “a luz no fim do túnel” para muitos hoteleiros brasileiros durante a pandemia. Dos econômicos aos mais luxuosos. Sobretudo no caso de propriedades instaladas em grandes cidades, que tinham nos viajantes internacionais grande parte de seu público anteriormente. Com o sumiço do turista internacional, foi preciso mais do que nunca investir no turista local.

Seja para quem quer apenas mudar um pouco a vista da janela de casa ou para famílias que procuram atividades diferentes para as crianças, a staycation revelou-se uma maneira descomplicada de sair de casa por alguns dias em tempos de pandemia. E mantendo o distanciamento social em mente. 

VEJA TAMBÉM: 10 hotéis para praticar turismo de isolamento no Brasil.

A prática tem sido comum também por quem procura um escritório diferente para o home office de todo dia. Com tanta gente ainda em trabalho remoto, a staycation e a workcation têm se fundido cada vez mais, sobretudo nas estadias em dias úteis. E o conceito de room office vai ficando cada vez mais abrangente.

E embora staycations possam ser facilmente reservadas com dois clicks em OTAs em geral, elas começam também a ser importante fonte de renda para muitas agências de viagem que estão promovendo mais esse tipo de escapada entre seus clientes.  

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Hóspedes gerando tickets cada vez maiores

Mais brasileiros começam a ver alguns hotéis em suas próprias cidades – ou muito próximo delas – como um destino em tempos de pandemia. Saem na frente, é claro, hotéis com boa oferta de espaços ao ar livre e, principalmente, que SAIBAM fazer bom uso desses espaços nestes tempos. 

Numa staycation, mais do que nunca o hotel deixa de ser visto como “um quarto” e passa a ser considerado por 100% dos hóspedes como uma experiência. E é fundamental o hoteleiro ter isso em mente ao receber esse tipo de hóspede, seja em um hotel ultra econômico ou em um hotel de luxo.

A staycation pode realmente beneficiar a hotelaria enormemente durante a pandemia. Sem as despesas de deslocamento, hóspedes em staycation costumam investir mais na escolha da acomodação. Além disso, geram um ticket final muito maior, consumindo também muito mais produtos e serviços dentro do hotel durante este tipo de hospedagem.

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Staycation em São Paulo

Depois do sucesso na hotelaria carioca, diversos hotéis em São Paulo criaram também recentemente pacotes promocionais para estimular as staycations na cidade.

É o caso, por exemplo, do Renaissance São Paulo Hotel. Após registrar um aumento expressivo de moradores da capital paulista entre seus hóspedes, o hotel criou o pacote Staycation, que inclui pelo menos dois benefícios extras nas diárias, ao gosto do freguês. Os benefícios podem ser serviços como café da manhã diário para dois, 20% de desconto nos bares e restaurantes do hotel, late check out, estacionamento etc).

Outras iniciativas na cidade, como a São Paulo Experience Tour, também têm se dedicado a estimular os paulistanos a praticarem staycations na maior cidade do Brasil – oferecendo produtos e serviços exclusivos e propondo redescoberta de espaços da capital paulista.

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Staycation no Palácio Tangará

Neste começo de 2021, resolvi apostar na staycation em São Paulo no belo Palácio Tangará – e tive uma excelente experiência. O hotel, parte do portfólio da prestigiosa Oetker Collection, foi eleito pela Condé Nast Traveller, no final do ano passado, como o melhor hotel do Brasil. 

Rodeado de verde em plena São Paulo, o Tangará fica anexo ao Parque Burle Marx e tem vista para o verde de praticamente todos os seus quartos – todos com muito espaço, amenidades Etro e pequenos balcões ou varandas. E dá para fazer ali seu room office tranquilamente.

O serviço impecável dá conta de manter a excelência e a amabilidade com o rigor necessário destes tempos para exigir que hóspedes cumpram todas as normas de segurança locais, o tempo todo – algo absolutamente fundamental.

O uso de máscara é obrigatório em todas as áreas públicas, internas e externas; as exceções são apenas à beira da piscina e, obviamente, nos restaurantes. Os espaços internos estão muito mais ventilados e há totens e displays de álcool em gel por toda a parte.

CONFIRA detalhes da staycation no Palácio Tangará aqui.

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Novos espaços ao ar livre

Como hoje sabemos que o maior perigo da pandemia se encontra nos ambientes fechados, o Palácio Tangará criou um novo espaço delicioso ao ar livre, o Pateo do Palácio, que serve excelentes pratos e drinks dia e noite (com cardápios disponíveis em QR code) – e com música ao vivo nos finais de semana. 

O estrelado restaurante Tangará Jean-Georges também ganhou mais portas abertas para garantir boa ventilação e deliciosas mesas externas. 

CONFIRA detalhes da Staycation no Palácio Tangará aqui.

O Palácio Tangará não criou ainda nenhum pacote específico para staycation, mas trabalha até 31 de março com uma oferta de estadia que dá 50% off na terceira noite. 

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Enorme potencial para o mercado doméstico

Com o fim da pandemia parecendo cada vez mais distante, o setor começa a entender o enorme potencial que a staycation representa para o mercado doméstico neste período. O estímulo à staycation pode beneficiar a hotelaria de forma realmente imediata na pandemia. 

Falta, é claro, incentivo governamental para fomentar a prática. Diversos destinos internacionais estão vendo as próprias administrações locais fornecerem incentivos e subsídios a hotéis que trabalham o staycation durante as restrições de mobilidade da pandemia. Singapura, por exemplo, vem sendo um ótimo exemplo nesse sentido. E essa batalha ainda está bem longe de ser vencida.

E last but not least: obviamente, uma staycation só será de fato bem sucedida se hóspedes cumprirem as regras de segurança estabelecidas pela pandemia e se hotéis forem realmente rigorosos na fiscalização do cumprimento das mesmas.

LEIA TAMBÉM: A evolução dos hotéis durante a pandemia.

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Desafios da hotelaria na Amazônia na pandemia

A hotelaria amazônica brasileira sempre viveu grandes desafios, desde os primórdios da exploração turística legal da região. Para começo de conversa, a complicada logística de administração geral, acesso e treinamento de mão-de-obra em locais tão remotos pode exigir verdadeiros malabarismos. Além disso, até hoje são poucas as propriedades que, a exemplo dos melhores lodges africanos, criaram experiências verdadeiramente confortáveis e sustentáveis que sejam condizentes com suas tarifas (assunto esse para uma próxima coluna). Mas 2020 elevou a outro patamar os desafios da hotelaria na Amazônia na pandemia. 

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Segundo pesquisa Raio-X do Turismo Frente à Covid-19, realizada pela Rede Observatório de Turismo da Universidade do Amazonas (em parceria com a Amazonastur), o turismo no estado do Amazonas registrou queda média de 72% no faturamento das agências locais e de 70% nos hotéis. A situação fica ainda mais complicada quando chegamos ao turismo de selva. Não apenas hotéis e lodges de selva sofreram o imenso baque da pandemia (fechamento, cancelamento de reservas, reembolsos etc) mas, sobretudo, comunidades inteiras assistidas pelos mesmos tiveram redução brusca de renda. 

Para muitas destas comunidades, sua renda depende em grande parte do movimento turístico, seja pela venda de artesanato ou por sua participação nas equipes dos lodges e atividades de eco-turismo. Muitos empreendimentos da região demitiram boa parte dos funcionários no começo da pandemia. E a lenta recuperação do setor desde a reabertura do turismo na região não está ajudando; afinal, o turismo ali era majoritariamente movimentado pelos turistas estrangeiros, cujo retorno ainda segue sem nenhuma previsão.

Entidades e grupos como a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) criaram diferentes iniciativas locais para ajudar essas comunidades ao longo destes sete meses de pandemia. Mas uma parte fundamental da ajuda para algumas comunidades amazônicas sempre veio da hotelaria. 

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Cuidar das comunidades é a base da sustentabilidade 

Para muitas comunidades, as atividades turísticas na região começaram como renda complementar, mas acabaram se tornando fonte principal de renda com o passar dos anos e o maior desenvolvimento do potencial turístico local.  E algumas propriedades felizmente têm clara noção disso. 

“Nossa principal comunidade é a dos funcionários dos nossos dois hotéis”, afirma Guto Costa Filho, proprietário do Anavilhanas Jungle Lodge, no Parque Nacional Anavilhanas, e do Villa Amazônia, em Manaus. “O Anavilhanas é hoje o maior empregador privado do município de Novo Airão e o Villa Amazônia em Manaus é um importante formador de mão de obra qualificada para serviços de alto padrão. Nestes meses de pandemia, dispensamos apenas os funcionários recém-contratados, que ainda estavam em período de experiência, e cuidamos para garantir a todos rendimentos próximos aos níveis pré-pandemia, aumentando também a cesta de produtos oferecidos aos funcionários dos hotéis”.

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Ao mesmo tempo, cuidaram também das comunidades do entorno da propriedade, especificamente as comunidades do Santo Antonio e do Tiririca, levando cestas básicas quinzenalmente para que os moradores não se vissem forçados a procurar novas alternativas de renda, muitas vezes ilegais. “Mantivemos também o projeto de construção da escola do Aracari, que entregará, em parceria com a comunidade, um novo modelo de escola comunitária, pensado para acolher as crianças de diversas idades em salas arejadas, claras e amplas, seguindo as técnicas construtivas locais”, diz.

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Desafios em sequência durante o ano

Mas os desafios da hotelaria na Amazônia na pandemia não pararam por aí, é claro. Guto conta que 2020 vinha sendo um ano com demandas crescentes nos hotéis, com a grande maioria das reservas do primeiro semestre pré-pagas – mas foram todas reembolsadas com a onda de cancelamentos em março e abril. “Os desafios vieram em etapas e foram muitos. Do dia para noite tivemos que cancelar reservas confirmadas, devolver os valores pagos e pensar em como manter nossos 128 funcionários enquanto não saía a proposta formal do governo para manutenção de empregos. Nesses 7 meses, assistimos nosso principal mercado desaparecer por completo com o desaparecimento dos estrangeiros”, desabafa.

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O Anavilhanas Jungle Lodge é sem dúvidas um dos mais consistentes exemplos de hotelaria de qualidade na região (dá para ver bastante da minha última viagem para lá também no meu instagram). Localizado ao lado do município de Novo Airão, tem acesso descomplicado de carro a partir de Manaus em uma viagem de duas horas.

Instalado à beira-rio, tem acomodações extremamente confortáveis, serviço atencioso, excelente gastronomia e sempre foi inteiramente focado em sustentabilidade. Painéis solares garantem até ar condicionado em perfeito funcionamento em todas as acomodações, por exemplo. Além disso, foi talvez a única propriedade hoteleira amazônica no Brasil que já abriu suas portas com todos os alvarás aprovados. Em alguns aspectos, já pregava o distanciamento social desde antes da pandemia, com quartos em estilo chalé e bangalô imersos na floresta tropical e passeios em grupos muito reduzidos.

Guto conta também que, nos longos meses em que estiveram fechados, decidiram tocar adiante as melhorias e reformas, aproveitando o período sem hóspedes para modernizar e atualizar as propriedades. “Além disso, em maio começamos a estudar os protocolos e pensar em como adapta-los à realidade de um hotel urbano e outro de floresta, que opera também passeios, traslados e refeições”. 

Foram meses de treinamento da equipe, implantação dos novos protocolos, comunicação com o trade e clientes diretos, e espera pela reabertura dos Parques Nacionais e dos rios até o hotel poder reabrir em segurança. E ainda mais redondinho do que já era.

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Respostas rápidas para os desafios da hotelaria na Amazônia na pandemia

A Expedição Katerre (que promove itinerários em barco pela região) e o hotel Mirante do Gavião Amazon Lodge (em Novo Airão) foram fundadas dentro dos princípios Turismo de Base Comunitária e desde 2004 incluem a participação das população local em suas atividades. Também focadas em sustentabilidade, ambas estão entre as empresas mantenedoras da Fundação Almerinda Malaquias, em Novo Airão, garantindo 70% do orçamento anual necessário para a sobrevivência da instituição. 

A Fundação possui um centro de educação multidisciplinar ambiental e de formação profissional que promove amplo trabalho de capacitação e geração de renda, mantendo mais de 40 famílias na região. O trabalho artesanal da Fundação é sustentável, partindo do reaproveitamento das sobras de madeiras nobres amazônicas descartadas pela indústria, e gera pratos, fruteiras, talheres, brinquedos e até bolsas clutch.

Antes da pandemia, 80% da renda com a venda dos produtos era oriunda dos turistas visitantes. Quando os turistas desapareceram completamente em abril, uma resposta rápida foi fundamental para enfrentar alguns desses desafios da hotelaria na Amazônia na pandemia. Uma força-tarefa da Expedição Katerre e do Mirante do Gavião Lodge colocou no ar rapidamente uma loja virtual para que os produtos da Fundação Almerinda Malaquias fossem vistos e comercializados no país todo.  E a iniciativa deu muito certo. 

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A importância de um trabalho conjunto em toda a cadeia do turismo

A hotelaria sobre as águas na região também tem bons exemplos. As embarcações Belle Amazon e Amazon Dolphin, que atuam na região dos rios Tapajós e Arapiuns e são operadas pela Turismo Consciente e pela Cap Amazon, retomaram as atividades turísticas nas comunidades ribeirinhas na região da Floresta Nacional (FLONA) após um semestre inteiro de fechamento absoluto. 

Para preparar uma retomada segura para todos na região, Turismo Consciente e Cap Amazon promoveram encontros com líderes de seis comunidades locais para levar as mais atualizadas informações sanitárias oficiais sobre a pandemia e difundir os principais protocolos do setor. “Os moradores querem os visitantes de volta, mas querem que a retomada seja feita de forma ordenada, sem riscos de contaminação. Alertamos para a necessidade de que todos os envolvidos na cadeia do turismo (operadores, agências, visitantes) respeitem e cumpram os protocolos”, avisa Keissiane Maduro, indígena Borari que é administradora de operações da Turismo Consciente.

As comunidades ali estão agora entrando na terceira etapa do Plano de Reabertura Gradual elaborado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). “Os moradores da floresta são nossos parceiros comerciais, fornecedores e gestores. Nossa atuação está muito longe do discurso raso e assitencialista de ‘caridade’. Nossa relação é sempre de respeito e responsabilidade de ambas partes”, diz Maria Teresa Meinberg, sócia-proprietária da Turismo Consciente. 

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A oportunidade agora vem do turismo nacional

Mesmo com as fronteiras reabertas para o turista estrangeiro, ele ainda não chegou e não há nenhuma previsão ainda de quando voltará a ter presença significativa na Amazônia brasileira. “Manaus é um exemplo de como a imagem de um destino pode ser afetada devido à pandemia pela alta em número de contágios e mortes. Apesar da situação já estar sob controle, a imagem não está – e esse será o desafio do Brasil como destino turístico para mundo. Temos que (re) trabalhar nossa imagem com muito esforço”, diz Simone Scorsato, diretora da BLTA (Brazilian Luxury Travel Association), associação sem fins lucrativos que reúne alguns dos principais hotéis e operadores de luxo do Brasil – e que divulga e promove o país focando em autenticidade e sustentabilidade.

Mas em um mundo com tantas fronteiras ainda fechadas para os brasileiros, diante da impossibilidade de viajar ao exterior muitos turistas nacionais podem se abrir enfim à oportunidade de fazer alguma grande viagem pelo Brasil há tempos adiada. E a Amazônia (seja pela complexa logística de acesso, seja pelos altos custos normalmente envolvidos) provavelmente está no topo desta lista para muita gente.

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Eis aí uma oportunidade importante para enfrentar os desafios da hotelaria na Amazônia na pandemia. Jean-Philipe Pérol, sócio-administrador dos barcos Belle Amazon e Amazon Dolphin, faz questão de destacar: “O destino Amazônia é uma das grandes tendências do turismo pós-crise, com o aumento da procura por lugares preservados e isolados”. 

Hotéis de selva verdadeiramente sustentáveis podem ser uma bela alternativa para quem busca viagens seguras no Brasil durante a pandemia. E, felizmente, mesmo que de maneira lenta, já começam a sentir essa demanda nacional. “Os hóspedes começaram a voltar lentamente. Vemos uma retomada da demanda bastante promissora do público doméstico”, afirma Guto Costa Filho, do Anavilhanas. “Pouco a pouco vamos percebendo que o turismo e a vontade de conhecer outras realidades são necessidades fundamentais para a saúde mental de nossa sociedade”.

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Recreação infantil na hotelaria durante a pandemia

Temos mostrado aqui, toda semana, o quanto a hotelaria mudou nestes últimos seis meses. Em tempos de Covid-19 e da necessidade de distanciamento social, o mundo mudou e os turistas também estão mudando, é claro. Mudanças culturais importantes estão acontecendo nos hotéis e também mudou a forma como muitos viajantes encaram a recreação infantil na hotelaria durante a pandemia. 

Sabemos que parte do grande atrativo de hotéis-fazenda e resorts focados em famílias sempre foi a recreação infantil. Brincadeiras realizadas em grupo, com monitores eram sinônimo de sossego absoluto para os pais. Mas hoje alguns pais se assumem cheios de questionamentos sobre a segurança da retomada destas atividades. E uma parte significativa ainda não tem coragem de deixar os filhos participarem das mesmas.

Na prática, as propriedades hoteleiras no Brasil que já retomaram suas atividades estão trabalhando o entretenimento dos hóspedes seguindo seus protocolos de saúde e segurança, mas de maneira muitas vezes diferente entre si, gerando certa confusão em turistas que já frequentaram mais de um hotel ou resort na pandemia.

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Foto: Mavsa/Divulgação

Como a recreação infantil está funcionando em geral

Além do óbvio distanciamento social obrigatório em áreas de lazer (como piscinas), existem hoje diferentes normas no funcionamento da recreação infantil na hotelaria brasileira durante a pandemia. 

Há pousadas, hotéis e resorts que ainda mantém parte do seu espaço comum destinado a esse fim e do seu serviço de recreação infantil suspensos por enquanto, até que os mesmos estejam realmente adequados de forma segura para esses novos tempos. Outros estabelecimentos modificaram o serviço de monitoria infantil oferecido, investindo em atividades recreativas pontuais, com menos participantes, e com atenção redobrada à higiene pessoal dos pequenos. 

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A maioria das atividades agora acontece em locais ao ar livre (na ausência de chuvas, é claro), dividindo as crianças em grupos menores. Monitores estão sempre com máscaras e geralmente “armados” com frascos de álcool gel como parte do uniforme, aplicando o produto frequentemente não apenas nos pequenos como em si mesmos ao longo das atividades.

Apesar da existência de um cronograma de atividades diárias nestes hotéis e resorts durante a pandemia, os pais passam a ser coadjuvantes importantíssimos em boa parte das atividades recreativas. As crianças agora, por exemplo, passam a ser geralmente entregues de volta aos pais tanto para brincar na piscina (ou demais atividades aquáticas) quanto na hora das refeições, numa tentativa de garantir maior segurança e controle de higiene e distanciamento social entre elas nestas horas.

“Os hotéis estão todos seguindo seus protocolos. É bom lembrar que a segurança depende muito também da postura do hóspede. É preciso que quem decidir viajar agora esteja sempre muito atento e disposto a seguir todas as regras estabelecidas”, diz a jornalista Tarcila Ferro, editora-chefe da revista Viajar pelo Mundo, que tem viajado com os filhos pequenos nos últimos meses.

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Dúvidas sobre segurança ainda são comuns

Com tantas novas regras, diferentes protocolos e a necessidade de seguir mantendo o distanciamento social para frear os avanços do novo coronavírus na retomada do turismo, nem todos os pais já se sentem seguros o suficiente para deixar os pequenos participarem das atividades recreativas em grupo dos hotéis.

A jornalista Tarcila Ferro esteve recentemente com a família em quatro resorts diferentes no país – Tauá Atibaia, Mavsa Resort, Santa Clara Eco Resort e Malai Manso – e faz parte desse grupo mais ressabiado. “Crianças menores querem contato, não entendem o distanciamento social. Por mais que monitores marquem o chão ou usem bambolês para tentar manter a distância entre elas nas atividades, elas baixam as máscaras assim que começam a correr, tocam umas nas outras, é muito complicado”, diz.

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Tarcila conta que as escapadas foram proveitosas mesmo assim, sem a socialização das crianças. “Queríamos viajar, mas manter nosso distanciamento social. Meus filhos também não fizeram questão da recreação, estavam mais interessados em curtir a piscina”, explica.

Espaços fechados dedicados a crianças e adolescentes em hotéis, pousadas e resorts brasileiros andam com funcionamento bastante variável. As brinquedotecas do Malai Manso, do Mavsa Resort e do Tauá Atibaia, citados aqui, seguem fechadas e sem previsão de reabertura. No Santa Clara Eco Resort, por outro lado, a brinquedoteca já está funcionando, com número limitado de crianças permitidas por vez. 

Há propriedades, como o Pratagy Beach Resort, em Maceió, que criaram também grupos de Whatsapp para os pais ou responsáveis pelas crianças participantes das atividades propostas pelo Kids Club Pratagy durante a hospedagem. A ideia é, mantendo-os informados o tempo todo sobre o que as crianças estão fazendo e como cada atividade seguinte vai ser executada, tentar tranquiliza-los e fazer com que todos aproveitem melhor a estadia no hotel.

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A onda do homeschooling

Na pandemia, com tanta gente em trabalho remoto, a indústria hoteleira internacional já vinha desde julho falando em “resort office“. Muitos hotéis criaram também o conceito de room office. Afinal, não apenas as atividades específicas de recreação infantil na hotelaria durante a pandemia estão atraindo a atenção de quem viaja em família. 

A tendência de adaptar hotéis para home office e homeschooling começou no exterior, com o verão no hemisfério norte. Até mesmo hotéis não necessariamente focados em famílias perceberam rapidamente que existia ali um filão importante para tentar aumentar seus índices de ocupação durante a semana. 

É o caso, por exemplo, do hotel boutique Esencia, na Riviera Maya, México, que foi ainda mais longe: incluiu nas diárias não apenas a estrutura para homeschooling e home office no hotel, como contratou staff exclusivamente dedicado para assessorar as crianças e adolescentes no EAD por até cinco horas diárias – enquanto os pais descansam ou fazem home office nas dependências do hotel.

Muitos hotéis e resorts brasileiros finalmente começaram a abrir os olhos para essa tendência também neste segundo semestre, como o Royal Palm Plaza, em Campinas, SP, que criou programas focados nisso.

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Crédito: Accor/Divulgação

Estruturas adaptadas para pais e filhos

Algumas propriedades estão transformando sua estrutura para negócios e convenções, totalmente ociosa desde o começo da pandemia, em espaços comunitários de trabalho e estudo com o devido distanciamento social. 

Assim, pais podem aproveitar a estrutura caprichada do local – ar condicionado, mobiliário adequado para trabalho e internet de alta qualidade, por exemplo – para conciliar as necessárias horas de home office e escola durante a semana com o conforto das demais instalações do hotel, o prazer de um mergulho na piscina no final do dia ou qualquer outra atividade de lazer segura oferecida. 

Tarcila testou também o sistema oferecido agora pelo resort Tauá Atibaia, que criou espaços de co-work com três mesas distantes uma das outras em cada sala de eventos. “É bem melhor que trabalhar no quarto, sem dúvidas. Iluminação muito melhor, internet de ótima qualidade, sem a televisão ligada das crianças”, conta Tarcila. 

O serviço de homeschooling oferecido pelo hotel também funciona com três mesas para três crianças por sala, adaptadas para crianças e adolescentes de diferentes idades. “Acho que funciona melhor para crianças maiores e para adolescentes, que têm mais disciplina e se dispersam menos durante o estudo ali”, observa Tarcila. O resort oferece nestes espaços sucos, água e lanchinhos (como pão de queijo e sanduíche natural) sem custos para os hóspedes.  

Mais hotéis e resorts brasileiros devem passar a oferecer opções para home office e homeschooling no próximo mês. Vale ficar de olho.

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