Passado um ano da declaração de pandemia da Covid-19 (em 11/03/2020), a indústria turística não apenas sofreu o maior baque de sua história como também viu o perfil dos viajantes mudar muito em pouco tempo. Grandes mudanças ocorreram não apenas na infra-estrutura e operação da hotelaria, por exemplo, como também no próprio jeito do turista viajar. E pesquisas confirmam que o brasileiro dá cada vez mais importância à hotelaria durante a pandemia.
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A mais recente delas foi divulgada pelo Airbnb. Um estudo encomendado às agências Somos e Novelo com brasileiros das classes AB de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife, que já tenham viajado durante a pandemia, revelou mudanças comportamentais no perfil do turista.
Dentre diversos itens (escolha dos destinos, meios de deslocamento etc), a principal alteração no comportamento do viajante brasileiro na pandemia diz respeito à indústria do hospitalidade. Ao invés da exploração de um destino em si, o turista brasileiro tem investido cada vez mais na exploração da acomodação escolhida para a viagem.
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Brasileiro dá mais importância à hotelaria durante a pandemia
A escolha da acomodação, antes considerada pouco importante para uma parcela significativa dos viajantes, passou a ter importância fundamental para a maioria, seja para escapar no final de semana ou para fazer viagens mais longas. E são vários os fatores que levaram a isso, a começar pelo mais importante deles: segurança sanitária.
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Muitos brasileiros passaram a dar mais atenção às reviews e depoimentos de hóspedes prévios na hora de escolher seu hotel, pousada ou imóvel de temporada. A curadoria dos bons agentes de viagem também tem sido fundamental nesse processo. Tudo para garantir uma estadia segura e satisfatória, em um local que esteja realmente respeitando o cumprimento dos protocolos de contenção do vírus, garantindo distanciamento entre hóspedes, segurança do staff e ambientes higienizados e muito bem ventilados.
Além disso, boa parte dos viajantes em tempos de pandemia estão passando muito mais tempo (quando não todo o tempo!) dentro do local. Eu mesma fiz algumas viagens assim, de staycation em hotel em plena São Paulo a turismo de isolamento em hotéis em Monte Verde e em Atibaia, e encontrei sempre vários outros hóspedes fazendo a mesma coisa.
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Tendências migram para além do mercado de luxo
Embora estas tendências sejam definitivamente mais fortes no mercado de luxo, há cada vez mais brasileiros investindo em staycations e propostas de turismo de isolamento também em outros nichos do mercado.
Este tipo de “escapada” é cada vez mais vista como alternativa mais segura para viajar nesta fase, com o mínimo contato possível com outros viajantes e risco zero de aglomerações. Turistas com orçamentos mais reduzidos têm, muitas vezes, diminuído a duração da viagem para poder investir um pouco mais na acomodação que consideram mais adequada. Assim, mais viajantes brasileiros passaram a priorizar opções mais confortáveis para suas acomodações, mais seguras e com melhor infra-estrutura, independente do orçamento disponível.
O estudo também revelou a preferência por estadias em locais já conhecidos, seja o destino em si ou o próprio hotel, pousada ou imóvel de temporada escolhido.
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Canto do Irerê. Foto: Mari Campos Palácio Tangará São Paulo. Foto: Mari Campos
MudançaS de preferências e prioridades
A pesquisa gigante dos imóveis de temporada confirma a tendência de valorização dos meios de hospedagem durante a pandemia, apontada por relatórios anteriormente apresentados por outros órgãos e empresas internacionais, da McKinsey&Co ao Euromonitor. E aponta também que a tendência do turismo de isolamento/isocation deve seguir em alta ainda por um bom tempo por aqui.
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Muitos entrevistados apontaram a preferência por propriedades mais afastadas dos grandes centros urbanos, com distanciamento razoável entre acomodações e com fartura em áreas externas. A maioria dos hotéis deste tipo tem tido excelente desempenho durante a pandemia. Caso, por exemplo, do Unique Garden, em Mairiporã/SP, com reservas completas praticamente de segunda a segunda nos últimos meses.
Fazem sucesso também os hotéis que acabam de abrir as portas nessa linha, como o charmoso Canto do Irerê, em Atibaia/SP, sobre o qual já falei em coluna anterior aqui sobre os novos hotéis com bom desempenho na pandemia. E também aumenta cada vez mais a procura por imóveis de temporada isolados.
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L.A.H. Hostellerie. Foto: Mari Campos Provence Cottage. Foto: Mari Campos
CRESCE A IDEIA DE “VIAJAR SEM TIRAR FÉRIAS”
A ideia de “viajar sem tirar férias” prevaleceu no estudo da Airbnb, e parece mesmo cada vez mais fortalecida entre os brasileiros. Embora a maioria dos hotéis veja a ocupação crescer significativamente nestes meses apenas aos finais de semana e feriados prolongados, hotéis que oferecem boa infra-estrutura física e em serviços têm visto ocupação maior também durante a semana.
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Tudo graças à crescente demanda de brasileiros em trabalho remoto, que estão viajando simplesmente para variar o ambiente do home office. A workcation ou anywhere office já é e será uma realidade para várias pessoas pelos próximos meses (e potencialmente anos). Sobretudo no segmento do turismo de luxo, que tem se beneficiado também de viajantes que estão gastando muito mais em hotelaria no Brasil neste período por não viajarem ao exterior neste momento.
A recuperação do setor, é claro, tem sido inegavelmente mais rápida em propriedades com foco em lazer do que aquelas que antes mantinham foco corporativo.
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Cenário otimista para a hotelaria
A indústria da hospitalidade internacional, que tem vivido tendência semelhante, vê com bastante otimismo essa migração do foco principal das viagens passar do destino para a hotelaria neste momento da pandemia.
No Brasil, diversos novos hotéis estão abrindo suas portas com sucesso em plena pandemia, como já mostramos aqui. Um estudo recente da STR mostrou que em outubro de 2020 havia 121 projetos de novos hotéis em pleno andamento no país, todos com inauguração prevista neste e nos próximos quatro anos. Segundo a consultoria, apenas 10% dos projetos de novos hotéis desenvolvidos antes da pandemia foram abortados.
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A STR apontou também a possibilidade de conversão de muitos hotéis independentes em unidades de redes hoteleiras maiores frente aos desafios da pandemia. Acabamos de ver, por exemplo, o hotel Botanique, em Campos do Jordão, que passou a operar desde fevereiro como parte da rede Six Senses.
Embora os números de ocupação ainda sejam desfavoráveis para muitas propriedades nos últimos doze meses, a indústria da hospitalidade em geral tem realmente se fortalecido aos olhos do viajante no último ano e parte dela já começa a ver uma recuperação consistente. Um “copo meio cheio” extremamente bem-vindo para um setor tão afetado pela pandemia.
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