Casa na árvore no Xigera Safari Lodge, em Botswana

De predador a construtor: é a vez do turismo regenerativo

Viajar de maneira sustentável, sem causar danos ao meio ambiente, não é mais o suficiente. O conceito de turismo regenerativo surgiu antes de pandemia, mas ganhou força nos últimos meses. Você sabe do que se trata? E o que tem a ver com hotelaria? Em viagens regenerativas viajantes e empresas não prejudicam o planeta, compensam os danos causados (através de programas de neutralização de carbono, por exemplo), e promovem melhorias

No turismo regenerativo o envolvimento social, econômico e cultural de toda a rede de viagem é maior e mais ético. O oposto do overtourism. O impacto positivo pode acontecer de diversas maneiras, como melhorar as condições econômicas da comunidade local ou recuperar um ecossistema. Ou seja, tornar um lugar melhor do que ele era antes, e não apenas deixar igual.

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O conceito de turismo regenerativo é relativamente recente. Já o termo “regenerativo” é usado há mais tempo em outras áreas, como arquitetura, design e agricultura, frequentemente associado à economia circular. No Brasil ainda são poucas as referências a viagens regenerativas ou turismo regenerativo. Mas em 2020 a regenerative travel começou a ser discutida mais constantemente por publicações estrangeiras especializadas em viagens ou não, como The New York Times.

Uma reportagem publicada em agosto no jornal americano chamou a atenção para o tema com o título “Move over, sustainable travel. Regenerative travel has arrived”. O texto aponta vários caminhos para ações regenerativas seguidos por organizações sem fins lucrativos, associações de operadores de viagem, escritórios de promoção turística de lugares tão diferentes quanto Nova Zelândia e Bélgica e hotéis. Selecionei outras tendências e novidades do turismo em 2021 para uma reportagem do jornal O Globo, publicada em janeiro

Turismo regenerativo: fachada do Bentwood Inn, em Jackson Hole, Wyoming | Foto de Danny Barnes/Divulgação
Fachada do Bentwood Inn, em Jackson Hole, Wyoming | Foto de Danny Barnes/Divulgação

turismo regenerativo: ‘além do sustentável’

No início da pandemia muito se discutiu como seriam diferentes as viagens pós-vacina. Hoje vemos que não será a covid-19 que tornará o ser humano melhor. Temos que perseverar. Até pelo conceito em si, turismo regenerativo não pode ser considerado um nicho de mercado (como aventura, por exemplo). Também não é um substituto de turismo sustentável. É mais amplo. Mas diversos hotéis em todo o mundo, inclusive no Brasil, já fazem questão de destacar que vão “além do sustentável”. Para dar mais visibilidade a estas propriedades surgiu no final de 2020 a marca Beyond Green, do mesmo grupo que administra a Preferred Hotels & Resorts. E há pelo menos uma agência online usando o termo “viagem regenerativa” no nome: a Regenerative Travel, criada pouco antes da pandemia.

Marcas já existentes também começam a dar os primeiros passos “além do sustentável”. Em reportagem sobre viagem regenerativa publicada no início de 2021, a Forbes destacou o exemplo da Red Carnation Hotels, com 20 hotéis de luxo em três continentes. Através da fundação sem fins lucrativos ThreadRight, a rede hoteleira vai analisar pelos próximos cinco anos a pegada ambiental e o impacto nas comunidades locais das operações da empresa e priorizar ações regenerativas. Os tópicos vão de diversidade e inclusão no local de trabalho ao bem-estar da fauna.

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respeito ao meio ambiente ‘além do básico’

Não por acaso algumas propriedades da Red Carnation estão no portfólio de hotéis de luxo da Beyond Green, como o Ashford Castle, na Irlanda; o Bushmans Kloof Wilderness Reserve, na África do Sul, e o recém-inaugurado Xigera Safari Lodge, em Botswana.

A proposta da Beyond Green é “levar o turismo sustentável para um outro nível” e formar um portfólio com hotéis, resorts e lodges que contribuem para o bem-estar social e econômico das comunidades locais, protegem o patrimônio natural e cultural e respeitam o meio ambiente indo “além do básico” e seguindo os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODSs) das Nações Unidas.

No Delta do Okavango, o Xigera (foto no topo do texto) é um dos 24 membros fundadores da Beyond Grenn, que tem representantes de 15 países em cinco continentes. O ir “além do básico” pode incluir a monitoração de toda a fauna e flora local, um compromisso que o lodge assumiu com o Departamento de Vida Selvagem e Parques Nacionais, órgão do governo federal. Ou a encomenda de 90% dos móveis, objetos de decoração e obras de arte para serem feitos a mão por artistas e designers africanos, a maioria jovens. Ou a transformação em compostagem dos resíduos orgânicos da cozinha, doada para as comunidades locais usarem em suas plantações.

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Turismo regenerativo: Comuna do Ibitipoca, fazenda histórica em Minas Gerais | Foto de divulgação
Comuna do Ibitipoca: fazenda histórica em Minas Gerais | Foto de divulgação

‘Regenerative travel’: do Wyoming a Ibitipoca

Outro fundador da Beyond Green está no portfólio da Regenerative Travel. É Bentwood Inn, em Jackson Hole, no Wyoming, construído com madeira recuperada de um grande incêndio no parque de Yellowstone, em 1988. Com apenas cinco quartos, o lodge tem um coordenador de sustentabilidade que supervisiona iniciativas regenerativas, como o plantio de árvores frutíferas pensando na migração de animais selvagens.

Entre os hotéis com os quais a Regenerative Travel trabalha estão alguns razoavelmente conhecidos dos viajantes de luxo brasileiros, como os safari camps Singita na África do Sul, que promovem cursos de educação ambiental para as comunidades locais, e o Sublime Comporta, em Portugal, com uma piscina biológica na qual a água é tratada com plantas aquáticas, criando um ecossistema.

Há também um representante brasileiro na Regenerative Travel, a Comuna do Ibitipoca, em uma fazenda do século XVIII em Minas Gerais. Aqui a compensação de carbono é feita localmente: árvores nativas da Mata Atlântica são plantadas na região em um projeto que tem a parceria das comunidades vizinhas. É apenas um exemplo de como o turismo regenerativo é um convite para, nas palavras da Comuna, “refletir sobre questões globais e agir localmente”.

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Fuso Hotel Florianópolis

Novos hotéis abrem suas portas em plena pandemia

Apesar de toda a crise sem precedentes gerada no turismo em 2020, o mercado hoteleiro continua aquecido em termos de novas aberturas.  Novos hotéis abrem suas portas em plena pandemia, aqui e lá fora, focados nos mais distintos públicos. As novas aberturas se concentram mais no turismo de luxo, é claro; mas cada vez mais redes com diferentes targets anunciam novas propriedades para os próximos anos.

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Além dos inúmeros hotéis que abriram suas portas em 2020, vários outros confirmaram suas inaugurações para 2021 durante a última edição da ILTM, em dezembro passado – como relatei em uma matéria bem completa sobre o tema para o UOL. Alguns hotéis modificaram recentemente sua data oficial da abertura – algo extremamente comum mesmo em tempos pré-pandemia -, mas confirmaram as inaugurações ainda para este ano. Muitas delas acontecendo neste primeiro semestre, inclusive.

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Novos hotéis abrem suas portas em plena pandemia

Do Fauchon L’Hotel Tokyo ao esperadíssimo Airelles Château de Versailles, Le Grand Contrôle, teremos excelentes adições ao portfólio internacional da hotelaria de luxo neste 2021. A hotelaria de luxo segue firme na pandemia. A maioria destes novos hotéis já está nascendo adaptada à necessidade de distanciamento social em todos os seus espaços, e priorizando ainda mais os serviços personalizados e customizados. 

LEIA TAMBÉM: OITO TENDÊNCIAS PARA A HOTELARIA EM 2021

A Leading Hotels of the World, por exemplo, acaba de adicionar seis propriedades ao seu seleto portfólio e espera a abertura de um total doze novos hotéis até o final de 2021 – alguns deles já inaugurados nesse comecinho do ano.

Vale destacar também que muitos dos novos hotéis estão contrariando totalmente as expectativas mais pessimistas do setor para esta época. Apesar das necessárias restrições a deslocamentos de viajantes em tempos de pandemia, muitas propriedades estão tendo desempenho bastante acima do esperado. É o caso, por exemplo, do novo One&Only Mandarina, na Riviera Nayarit, que já está se tornando um verdadeiro hot spot mexicano. 

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Fuso Hotel Florianópolis
O novo Fuso Hotel Florianópolis. Foto: Divulgação

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Novos hotéis abrem suas portas no Brasil

O cenário não é tão diferente por aqui. Afinal, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas pelo setor, novos hotéis abrem suas portas em plena pandemia também no Brasil. E estudos indicam que os brasileiros dão cada vez mais importância à hotelaria.

No segundo semestre do ano passado, de Florianópolis ao litoral do Ceará, diferentes hotéis foram inaugurados em terra brasilis – e vêm tendo bom desempenho neste começo de ano. 

Muitos destes hotéis fizeram adaptações em seus projetos originais – sobretudo espaciais – para se adaptar aos novos tempos e necessidade de distanciamento social. Afinal, todos estão procurando escapadas possíveisnesses tempos, certo?

Hotéis nascidos com foco no turismo de isolamento têm tido especial sucesso nestes últimos meses. E muitos hotéis urbanos vêm investindo pesado na acertada tendência da staycation, que vem mesmo beneficiando sobremaneira a hotelaria nacional nesta fase.

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Barracuda Beach Hotel (Itacaré-BA), Makena Hotel (Icaraí-CE), WK Design Hotel (Florianópolis-SC) são alguns muitos novos hotéis brasileiros que vêm sendo bem sucedidos nos últimos meses. O Carmel Taíba, no Ceará, que abriu suas portas poucos meses antes do início da pandemia, vem tendo índices de ocupação e procura bastante favoráveis também. 

Também em Florianópolis, o novo Fuso Concept Hotel, pensado para causar o menor impacto ambiental possível, vem fazendo sucesso. Localizado a 250 metros das praias de Jurerê Internacional e do Forte, tem apenas 13 bangalôs com máxima privacidade. E tem design bem contemporâneo em um terreno de 7000m², próximo à Fortaleza da Ponta Grossa, construção do século 18 tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). 

VEJA TAMBÉM: O que é Revenge Travel?

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O novo Canto do Irerê, em Atibaia

Dos hotéis novinhos em folha no Brasil, inaugurados em tempo de pandemia, acabo de me hospedar por alguns dias no Canto do Irerê, inaugurado em dezembro passado em Atibaia, no interior de São Paulo.

O novo hotel boutique, localizado na periferia da cidade e exclusivo para adultos, vai totalmente ao encontro da tendência do turismo de isolamento – por sinal, uma das que mais cresce nos últimos meses.  Ocupa uma área tomada por mata nativa, com relativo distanciamento entre suas acomodações, boa gastronomia e constante contato do hóspede com a natureza.

LEIA TAMBÉM: 10 hotéis no Brasil para praticar turismo de isolamento

Por enquanto, são apenas sete chalés duplos distribuídos pela propriedade, todos com muito espaço e conforto (metragens a partir de 80 metros quadrados de área) – mas os proprietários planejam chegar em 20 chalés no pós pandemia. 

O restaurante do Canto do Irerê é pequeno e com pouca ventilação natural, mas durante a pandemia os hóspedes podem fazer todas as suas refeições no próprio chalé, sem custos extras. Porque capacidade de adaptação é mais do que nunca essencial para o sucesso na hotelaria em qualquer canto. 

Há trilhas de diferentes níveis de dificuldade na propriedade, além da possibilidade de fazer passeios guiados (pagos à parte) pelos arredores. E ainda uma belíssima piscina comum, charmosos jardins por todo canto e um chalé que funciona no momento exclusivamente como mini-spa, atendendo apenas um hóspede (ou chalé) por vez. 

CONFIRA AQUI O REVIEW COMPLETO DO NOVO HOTEL CANTO DO IRERÊ

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Vista aérea do Soneva Jani, nas Maldivas

Hotel carbono neutro: quando a hospedagem não deixa pegadas

Um hotel deve ter como meta ser carbono neutro. Até porque depois de declarada a pandemia, e passada a surpresa inicial com algumas imagens de recuperação do meio ambiente, está claro o efeito arrasador do novo coronavírus na sustentabilidade. E a preservação do meio ambiente terá cada vez mais importância na retomada da economia.

Resolver como a energia é gerada pode estar além das ações cotidianas. Mas valorizar uma propriedade que se preocupa em reduzir o impacto das emissões de carbono nas mudanças climáticas é algo que todos os viajantes podemos fazer quando for seguro viajar novamente.

Atualização: No início de 2021 escrevi para o #Colabora, site de jornalismo independente voltado para o desenvolvimento sustentável, sobre como podemos tornar mais leves as pegadas de carbono das nossa viagens. Também escrevi para o jornal O Globo sobre o que cada um de nós pode fazer para compensar as emissões de carbono nas viagens.

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As emissões de carbono durante a pandemia

Estudo publicado em maio de 2020 na revista Nature Climate Change mostra que a pandemia diminuiu em 17% no mundo as emissões de carbono, que voltaram ao patamar de 2006. O dado é de abril de 2020 em relação a 2019. O número sem precedentes foi alcançado por conta das restrições à mobilidade e da redução do uso de energia elétrica. Como não reflete alterações estruturais, o efeito nas mudanças climáticas é mínimo. Mas diz muito sobre o quanto ainda precisamos reduzir nossas pegadas de carbono e tentar fazer viagens mais sustentáveis.

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Já escrevi aqui sobre como estamos vendo um retrocesso na eliminação do plástico de uso único. Continuar investindo em redução e neutralização de carbono será mais um desafio. Economistas de diferentes escolas de pensamento apontam que a descarbonização do planeta é pilar fundamental para a retomada da economia em geral, viagens incluídas. E, provavelmente, nos próximos anos novas certificações globais serão criadas.

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O que é um hotel carbono neutro

Ser carbono neutro não significa que o hotel não tem emissões de carbono. Uma propriedade carbono neutro se preocupa em reduzir pegadas e compensar as restantes. A neutralização pode ser feita com o plantio de árvores ou investindo em fazendas de energia eólica, por exemplo.

Hotéis que levam a sério a diminuição de pegadas de carbono também podem exigir baixas emissões de seus fornecedores. Como já acontece no caso de alguns programas da hotelaria para eliminação do plástico de uso único. O que não quer dizer que seja tarefa fácil: a cadeia de fornecedores é um dos maiores obstáculos para um hotel ser plastic free.

Leia também: O difícil adeus ao plástico nos hotéis

Bons exemplos de grandes redes

Piscina do Sofitel Dubai The Palm,  hotel da Accor
Sofitel Dubai The Palm: hotel da Accor com energia renovável e baixas emissões de carbono Foto @SofitelDubaiPalm

Entre as grandes redes, a AccorHotels se destaca na neutralização de carbono. O grupo francês pretende que todos os prédios dos quais é proprietária (cerca de 30% de 4.800 hotéis) sejam carbono neutro até o final deste ano. Já todos os novos hotéis e os renovados, inclusive os que são apenas administrados pela rede, serão em construções com baixas emissões de carbono, privilegiando o uso de energia renovável como a solar ou a eólica. Um exemplo de hotel da Accor sustentável e que usa energia renovável atualmente é o Sofitel Dubai The Palm Resort & Spa.

NH Hotels, parte da tailandesa Minor Hotels, é outra rede a se destacar com metas de redução de carbono. No final do ano passado, o grupo NH anunciou que vai diminuir em 20% as pegadas até 2030. O objetivo pode parecer pouco ambicioso, mas a rede espanhola reduz emissões desde 2007. Em 2018, 70% da energia usada em seus 380 hotéis já era renovável.

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Nos eventos
Salão de destas no Radisson Cartagena
Casamento no Radisson Cartagena: evento carbono neutro | Foto de divulgação

Desde 2019, o Radisson compensa as pegadas de carbono de todos os eventos em seus mais de 1.100 hotéis pelo mundo. Neutralizar as emissões de carbono de eventos também é o que faz o Aria Resort & Casino, como no Forbes Travel Guide Luxury Summit. Contei neste texto como foi a compensação de carbono da conferência do FTG, que levou em conta o transporte dos participantes até Las Vegas, em fevereiro de 2020.

Entrada do Aria Resort & Casino em Las Vegas
Aria: reunião do FTG com emissões de carbono compensadas | Foto de Carla Lencastre

Pequenos grupos e hotéis independentes

O comprometimento de grandes empresas com baixas emissões e neutralização é fundamental para a descarbonização do planeta, mas todos os exemplos são importantes. O Soneva, com dois hotéis (a foto em destaque no início do texto é do Jani) e um iate nas Maldivas e um hotel na Tailândia, tem sólida história de mais de duas décadas de sustentabilidade. Atualmente o Soneva é 100% carbono neutro. O grupo de luxo descarboniza toda a operação, incluindo emissões indiretas como as dos voos dos hóspedes.

Outro modelo vindo das Maldivas é o Kudadoo, inaugurado em 2018 e reconhecido ano passado pela revista HD com o Hospitality Design Award na categoria Resort Sustentável. Com apenas 15 villas em uma ilha privativa, o Kudadoo Maldives usa somente energia solar e se preocupa em eliminar outras pegadas de carbono. A água é dessalinizada em uma ilha próxima, reduzindo as emissões do transporte. E é engarrafada em vidro, eliminando a garrafa de plástico de uso único.

Painéis de energia solar no Kudadoo Maldives
Alguns dos 984 painéis de energia solar no Kudadoo Maldives | Foto de divulgação

Um exemplo bem recente chega do México. Foi inaugurado este mês em Playa del Carmen o Palmaïa, The House of Aïa, que nasce com o objetivo de ser carbono neutro em 2021. Para isso, o Palmaïa, membro da Preferred Hotels, anunciou que está instalando painéis de energia solar no resort e em diferentes áreas do país para compensar suas pegadas.

Varanda com vista para o Caribe no Palmaïa, na Riviera Maya
Palmaïa: investimento em energia solar para neutralizar emissões | Foto de divulgação

No Brasil

Afinal, se no mundo ainda não há muitos hotéis independentes ou de pequenos grupos preocupados em compartilhar o que fazem para mitigar as emissões de carbono, nem certificações amplamente reconhecidas, no Brasil a quantidade é ainda menor. Mas há alguns bons exemplos.

Um deles fica no Estado do Rio. É a Pousada Águas de Paratii, que participou do Programa de Carbono Compensado do Lepac, Laboratório de Extensão da Unicamp em Paraty. Assim como o Go Inn, hotel econômico bem localizado no Centro de Manaus, reconhecido pelo Projeto Neutro de Carbono do Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza (IBDN), organização sem fins lucrativos. Ambos investiram na redução das pegadas (usando energia solar e separando e reciclando o lixo, por exemplo) e compensaram as baixas emissões com o plantio de árvores. Como resultado, são carbono neutro.

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Como é o novo Juma Ópera em Manaus

Foram dez longos anos de espera, entre o começo do projeto e a abertura oficial das portas (ainda em soft opening) no último dia 2 de fevereiro. Mas, enfim, podemos contar aqui como é o novo hotel Juma Ópera, em Manaus, que está finalmente inaugurado – e nós fomos os primeiros a conhecer a nova propriedade!

Localizado na avenida 10 de Julho, o novo Juma Ópera fica bem diante do Teatro Amazonas, e é um hotel boutique de apenas 41 quartos que deve transformar de vez o cenário da hotelaria da cidade. Os bons ventos hoteleiros já tinham começado a soprar sobre a cidade desde a inauguração do ótimo Villa Amazonia, também no centro histórico (falaremos dele aqui na coluna mais adiante), mas a verdade é que o Opera trouxe um padrão hoteleiro para Manaus.

A convite do hotel, fiquei hospedada no novo Juma Ópera, em Manaus, ainda em fevereiro, durante seu período de soft opening. O complexo do hotel-boutique é formado por dois casarões tombados e restaurados, somados a dois outros prédios construídos do zero no mesmo estilo, com total harmonia externa entre eles. Boa parte dos quartos, o restaurante e também o imperdível rooftop têm vista desobstruída para o genial Teatro Amazonas, inaugurado durante o Ciclo da Borracha. 

CONFIRA AQUI A REVIEW COMPLETA DO NOVO JUMA OPERA, em Manaus.

O ousado projeto foi comandado pelo arquiteto Roberto Vinograd e incluiu fiação toda estruturada de forma subterrânea para que a fachada ficasse livre para ser devidamente apreciada.  A decoração tem projeto assinado pela arquiteta Debora Aguiar, especialista no conceito eco-luxury, com tons suaves nos móveis e objetos e muitos quadros e objetos indígenas pelas paredes e ambientes, como os balaios Baniwa, confeccionados artesanalmente pelos índios desta etnia a partir das folhas de arumã tingidas com urucum e trançadas uma a uma.

Ao todo, são apenas 41 suítes de diferentes categorias e tamanhos (entre 23m² e 66m², com pé-direito alto), no novo Juma Ópera, em Manaus. Todas elas contam com charmosos balcões, e a maioria tem vista para o Teatro. Os quartos têm decoração primorosa, em tons claros e aconchegantes, sempre com elementos amazônicos nas paredes – fotos e objetos em cestaria. Roupa de cama e banho são de excelente qualidade. De alguns dos quartos, é possível ver a cúpula do Teatro Amazonas até mesmo da cabeceira da cama.

Clique aqui para ler sete dicas para tornar suas viagens mais sustentáveis a partir de agora.

Não há água nem café/chá cortesia (tudo é cobrado no minibar e não há máquinas de café nos quartos) e a maioria dos quartos não é exatamente espaçosa; mas há boa funcionalidade em móveis acessórios, mesa de trabalho e armários. A internet grátis é de ótima qualidade, há bom isolamento acústico e os banheiros são bonitos, espaçosos e com bons secadores de cabelo. E a diferença de qualidade de serviço e conforto para o lodge do mesmo grupo na floresta é gritante.

A piscina instalada no rooftop do novo hotel Juma Ópera, com vista panorâmica de Manaus que chega até o rio e com o Teatro bem em frente, é realmente imperdível. Por enquanto restrita unicamente a hóspedes, é deliciosa, discreta, quietinha e com uma vista panorâmica realmente deslumbrante. Só não dá para esperar privacidade, já que o edifício mais alto do centro de Manaus fica logo atrás do hotel, com vista desobstruída para a piscina.

Conheça também o Juma Amazon Lodge, na floresta amazônica.

Foto: Mari Campos

Seu bar e restaurante Ópera, sob comando da chef Sofia Bandelak, já ficaram badalados na cidade: manauaras e turistas se encontram do café da manhã ao jantar no belíssimo restaurante de pé direito alto, com cúpula de vidro e vista para o teatro. O café da manhã ainda era bastante simples durante o soft opening, mas a ideia é passar a servir em breve (de acordo com a gerência do hotel) um bom serviço de buffet com pratos quentes à la carte.

O bar, anexo à recepção, criou uma carta bem empolgante, com drinks exclusivos voltados para ingredientes e sabores amazônicos – mas todos os clássicos estão também disponíveis, é claro. O bar atende também no charmoso terraço à frente do hotel, com petiscos e pratos rápidos, e a equipe de barmen (e barwoman!) é um encanto.

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O menu do restaurante Ópera, ainda que não definitivo nesta fase de abertura, ficou realmente excelente. Há pratos internacionais, mas a maioria deles reflete bem a riqueza e complexidade dos ingredientes e sabores locais. Tive a chance de, durante meus vários dias no hotel, provar diferentes pratos do cardápio e gostei muito de tudo que comi, de entradinhas à sobremesa. Os pratos mais inesquecíveis para mim foram o irretocável risoto de tacacá e o suculento pirarucu.

Há também uma academia e o hotel deve ganhar em breve nova recepção e entrada e também área de convenções. O hotel usa parcialmente energia solar no sistema de aquecimento e tem vários espaços revestidos por cerâmicas de vidro reciclado.

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Piscina do hotel The One, em Lisboa

Como é se hospedar no Palácio da Anunciada, novo hotel de luxo em Lisboa

Os números de 2019 ainda não foram divulgados, mas as projeções indicam que Portugal está prestes a bater mais um recorde de visitantes, e passar dos 26 milhões. Lisboa dá sinais de que continuará em alta, e não apenas entre os brasileiros. Pelo contrário, somos considerados mercado em crescimento. A capital portuguesa vê surgir novas atrações; cafés, bares e restaurantes, e, claro, hotéis, de boutique a propriedades de luxo. Entre estes, uma das novidades é o The One Palácio da Anunciada, novo hotel de luxo aberto em Lisboa há menos de um ano.

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Em uma localização central e com o selo da coleção L.V.X. da Preferred Hotels, o Palácio da Anunciada é uma construção da primeira metade do século XVI meticulosamente restaurada. Espere pisos em mármore, escadaria em pedra e tetos ornamentados. The One (não confundir com a marca americana 1 Hotels) é uma bandeira de luxo do grupo catalão H10 Hotels, que no total tem mais de 60 endereços na Europa e no Caribe (estes com a marca Ocean). Por enquanto, há apenas dois The One, um em Lisboa e outro Barcelona. O hotel na Catalunha foi um dos melhores do meu 2019, e ainda vou escrever mais sobre ele. Mas comecemos pela novidade lisboeta, onde estive no final do ano passado, a convite do hotel.

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Palácio da Anunciada, novo hotel de luxo em Lisboa

Localização

The One Palácio da Anunciada fica na Baixa, no Centro da cidade. Sua estreita rua calçada em paralelepípedos vai dar no Largo São Domingos e é paralela à Avenida da Liberdade. Comércio variado, teatros, bons restaurantes e tradicionais botequins de ginjinha estão por ali. Quinze minutos de caminhada, ou menos, pelas ruas comerciais da Baixa, e chega-se ao Chiado; ou ao Elevador da Graça, funicular do final do século XIX que leva ao Bairro Alto e ao Príncipe Real; ou à Praça do Comércio e ao Rio Tejo.

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Palácio da Anunciada, hotel de luxo em Lisboa: quarto da categoria deluxe no novo The One
Quarto da categoria deluxe no novo The One em Lisboa | Foto de Carla Lencastre
Quartos

Antiga residência abandonada, o palácio passou por um retrofit. Fotos nas paredes dos corredores e dos 83 quartos e suítes mostram o belo trabalho de restauração. As comodidades são do século XXI, como minibar com máquina de café expresso, tomadas ao lado da cama e na escrivaninha, Wi-Fi perfeito. Quartos em tons de azul e cinza têm decoração minimalista, com móveis de linhas retas, piso em madeira clara e pratos em cerâmica nas paredes. Banheiros em mármore rosa português têm amenidades Natura Bissé, grife de Barcelona. Há banheiras apenas em algumas suítes.

O quarto no qual fiquei, categoria deluxe, tinha cerca de 30 m², armário, escrivaninha com cadeira, mesa baixa em mármore e poltrona. Era de canto, no topo da construção, com teto inclinado e pequenas janelas, uma voltada para o pátio interno, outras para os telhados em frente. O décor, tanto nas acomodações quanto nas áreas comuns, é assinado pelo chileno Jaime Beriestain, celebrado designer de interiores baseado em Barcelona.

Palácio da Anunciada, hotel de luxo em Lisboa: pátio interno
O pátio interno do Palácio da Anunciada, construído no século XVI | Foto de Carla Lencastre
Áreas comuns

No belo jardim interno do Palácio da Anunciada, o paisagismo foi feito levando em conta um centenário dragoeiro. Fotos mostram a obra de engenharia que protegeu as raízes da árvore durante a reconstrução do hotel. A maioria dos quartos têm vista para esta área central, com um pátio com fonte e mesas sobre o piso em pedras portuguesas, onde se pode tomar café da manhã ou uma taça de vinho no fim de tarde naquela luz que só Lisboa tem. A piscina (foto no início do texto) é estreita, mas extensa o suficiente para nadar. Fica em um nível elevado, com vista para o jardim e as telhas dos vizinhos. Há um pequeno spa, ainda em fase de ajustes.

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Gastronomia

O café da manhã tem um bufê, com diversos itens em pequenas porções individuais, e serviço à la carte. As mesas estão em belas salas contíguas, com tetos trabalhados, e no pátio. À noite, o local abriga o Condes de Ericeira, de alta gastronomia portuguesa. Pode ter sido coincidência, mas quando jantei lá não havia ninguém além do meu grupo. Fiquei com a sensação de que o restaurante é mais voltado para eventos privados, ainda que oficialmente seja aberto ao público em geral.

O simpático Jardim Wine Bar, ao lado, tem mais de vida. Há cafés variados de dia, drinques perfeitos à noite, vinhos portugueses, saboroso menu de tapas. O bar de vinhos e o restaurante oferecem o serviço mais consistente do hotel (há acertos a serem feitos na recepção, na arrumação dos quartos e no spa). O Palácio da Anunciada tem ainda o Boémio Cocktail Lounge, para funções particulares. Fica no térreo, na área que abrigava os estábulos da residência.

No Instagram do Hotel Inspectors, no destaque Lisboa, há outras imagens do Palácio da Anunciada, incluindo vídeos.

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