Hotéis para praticar turismo de isolamento

Há quatro meses e meio em casa e sem perspectivas reais de controle efetivo da pandemia no Brasil a curto prazo, alguns brasileiros começam a apostar em hotéis para praticar turismo de isolamento, seja individualmente ou em família.

A ideia principal deste tipo de turismo neste momento de pandemia é seguir em quarentena e zelar pelo distanciamento social, mas mudando de ares para recarregar suas energias. A expectativa de parte do mercado é que ele realmente se fortaleça nestes tempos e mantenha a tendência também no pós-pandemia.

Leia mais sobre o que é turismo de isolamento de fato aqui. 

Sejam campings, residências ou lodges remotos, os hotéis para praticar turismo de isolamento geralmente são rodeados por natureza, bem higienizados e permitem o menor contato possível com funcionários e outros viajantes.

Nós continuamos em casa, é claro; e recomendamos que você também fique em casa neste mês de agosto. Mas listamos aqui alguns hotéis para praticar o turismo de isolamento. Tudo com o máximo de cuidados, segurança e distanciamento social, para quando você puder retomar devagarinho suas viagens.

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Etnia Casa Hotel. Foto: Mari Campos

No Brasil

Etnia Casa Hotel

Localizado em Trancoso, na Bahia, o Etnia Casa Hotel ocupa um bosque tropical a meros 350 metros do Quadrado. Ali são apenas sete casas completas, todas elas isoladas umas das outras e completamente independentes. As casas passam agora por extremos protocolos de desinfeção e higienização, incluindo uso da solução de biossegurança Fog In Place (FIP). Cada casa tem autonomia completa, mas tem também direito, é claro, de usufruir de todo o premiado serviço de hotelaria da casa – inclusive o caprichado café da manhã diário à la carte. 

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Casana Hotel

Localizado em Jericoacoara, Ceará, o Casana é outra ideia de hotel para praticar turismo de isolamento sem abrir mão do conforto: possui apenas oito bangalôs, todos isolados uns dos outros. A propriedade com acesso bastante restrito fica à beira-mar na praia do Preá e rodeada de verde. 

Leia sobre destinos para fazer turismo de isolamento no Brasil e no mundo.

Cristalino Lodge

Eleito um dos 25 melhores ecolodges do mundo pela National Geographic Traveler, o Cristalino Lodge fica na porção sul da Amazônia, na cidade de Alta Floresta, já no Mato Grosso. Turismo de isolamento é com ele mesmo: ocupa uma reserva particular com com mais de onze mil hectares e rodeado de vida selvagem. 

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Anavilhanas Jungle Lodge. Foto: Mari Campos

Anavilhanas Jungle Lodge 

Uma das melhores opções de selva a partir de Manaus, o Anavilhanas fica em pleno Parque Nacional homônimo, ao lado da cidade de Novo Airão. Tem acesso descomplicado de carro a partir da capital manauara, em viagem de duas horas. Instalado à beira-rio, tem serviço é atencioso, gostosas refeições à la carte e é todo focado em sustentabilidade. Os quartos são em sistema chalé ou bangalô, espaçados e imersos na floresta tropical, e com todos os passeios locais incluídos nas diárias.

LEIA MAIS: como ser um bom hóspede (e ficar seguro) em tempos de pandemia

The Brando Resort. Foto: Mari Campos

No exterior (em destinos abertos para brasileiros)

The Brando, Polinésia Francesa

Na Polinésia Francesa, talvez uma das opções que naturalmente sempre privilegiou o distanciamento social entre seus hóspedes seja o resort The Brando, a única construção de todo o arquipélago de Tetiaroa. Ali todos os quartos são em formato de villa, e todas as villas são isoladas umas das outras, com muita privacidade, espaço e acesso direto à praia privativa. Das refeições aos passeios, está tudo incluído e tudo pode ser feito sem contato. Das refeições entregues sem custos diretamente em cada villa aos passeios, tudo é sempre customizado e individualizado para cada villa. Hotel perfeito para praticar turismo de isolamento em pleno paraíso. 

Dá para ler mais sobre o The Brando aqui. 

Private Retreats

Em diferentes destinos mundo afora, o grupo Four Seasons criou a Private Retreats, uma coleção com mais 750 casas, villas e apartamentos que reúnem a segurança do isolamento social aos protocolos sanitários da John Hopkins Medicine International. Tudo isso associado, é claro, ao serviço premiado da rede, com o mínimo possível de contato. O aplicativo Four Seasons App permite solicitar qualquer serviço, em qualquer propriedade, sem nenhum tipo de interação. Alguns dos destinos abertos a brasileiros que contam com estas residências são México, Maldivas e Polinésia Francesa. 

Saiba mais sobre o Four Seasons App aqui. 

Anantara Kihavah. Foto: Mari Campos

Anantara Kihavah

Localizado no Baa Atol, nas Maldivas, o Anantara Kihavah garante privacidade e distanciamento em qualquer modelo de acomodação. O pavilhão dos bangalôs sobre o mar tem mesmo acomodações um pouco mais próximas umas das outras, mas dispostas de maneira que evite contato com outros hóspedes. As isoladas e completíssimas vilas pé na areia, com piscina privativa e cercadas de verde, são pretexto perfeito para praticar turismo de isolamento. 

Leia mais sobre hotelaria nas Maldivas aqui.

Soneva Fushi

Também nas Maldivas e também no Baa Atol, o Soneva Fushi já praticava distanciamento social desde antes da pandemia. Inteiramente composto de villas à beira-mar, o resort tem cada uma de suas poucas acomodações bem distante das demais, com total privacidade e infra-estrutura para quem nem quiser sair dela. Bicicletas são o meio de transporte oficial na ilha, para percorrer os deliciosos bosques e hortas do resort, e há também gostosas trilhas bastante fáceis. Todas as villas têm acesso direto ao mar e à incrível barreira de corais a poucos passos da areia.

Leia mais sobre hotéis nas Maldivas aqui.

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Confira mais destinos para praticar o turismo de isolamento aqui. 

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St. Regis Bora Bora

Hotéis e spas cinco estrelas na lista Forbes 2020

O Forbes Travel Guide criou o conceito de hotel cinco estrelas há 62 anos, nos Estados Unidos. Ao longo destas seis décadas, sua lista de propriedades estreladas tornou-se uma das mais esperadas pela indústria de viagens de luxo. Quais são os novos hotéis e spas cinco estrelas na lista Forbes?

A edição 2020, anunciada às vésperas do carnaval, apresenta 70 novos hotéis em todo o mundo com a classificação máxima. O número chama mais atenção se comparado ao de 2019, quando foram apenas 21 os novos hotéis que entraram no grupo cinco estrelas. O guia reconhece ainda restaurantes e spas. Este ano, no total, são 107 novos premiados, entre os 432 estabelecimentos com cinco estrelas. O FTG analisa centenas de características de cada propriedade, sendo 75% serviço e 25% instalações.

Leia mais: O que realmente mudou nos hotéis durante a pandemia

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O único representante do Brasil, e da América do Sul, entre os hotéis cinco estrelas continua sendo o realmente ótimo Belmond Hotel das Cataratas, em Foz do Iguaçu. Outros oito brasileiros, em São Paulo e no Rio de Janeiro, aparecem com quatro estrelas, entre eles o Four Seasons, ou recomendados, como Santa Teresa Hotel MGallery by Sofitel.

Leia mais: Sustentabilidade no Santa Teresa Hotel MGallery by Sofitel

A estreia na polinésia francesa e nas Maldivas

Fiquei particularmente feliz de ver que o Forbes Travel Guide chegou este ano a Polinésia Francesa, um dos 16 novos países contemplados na maior expansão global da história do guia. Depois de anos de queda no número de visitantes internacionais, e de hotelaria elegante porém decadente, o arquipélago no Pacífico Sul começa a dar sinais de recuperação. Entre os novos hotéis e spas cinco estrelas na lista Forbes está o St. Regis Bora Bora, que mantém o frescor depois de mais de uma década.

Estive lá e escrevi sobre o St. Regis e, também, sobre o Conrad Bora Bora Nui, na lista do FTG como recomendado, neste link. O outro cinco estrelas da Polinésia Francesa é The Brando. Ainda na Polinésia Francesa, o guia recomenda o InterContinental Bora Bora Resort & Thalasso Spa.

Maldivas é outro país estreante. Aparece na lista com nove hotéis com quatro estrelas ou recomendados e seis hotéis cinco estrelas, entre eles o Four Seasons at Kuda Huraa, que renovou recentemente as acomodações com um ou dois quartos e piscinas privativas do Beach Pavillion.

Leia mais: É seguro usar piscina de hotel e spa durante a pandemia?

HOTÉIS E SPAS CINCO ESTRELAS NA LISTA FORBES Suíte renovada no Beach Pavillion do Four Seasons Kuda Huraa, nas Maldivas
Suíte renovada no Beach Pavillion do Four Seasons Kuda Huraa | Foto de divulgação

marcas e cidades mais estreladas

Four Seasons é a marca recordista no FTG, com a maior quantidade de hotéis cinco estrelas (45, além de sete spas na categoria principal e mais 68 hotéis e spas com quatro estrelas ou recomendados). Peninsula Hotels é a única marca com todos as propriedades, dez no caso, cinco estrelas, além de quatro spas com classificação máxima (os outros são quatro estrelas).

Londres continua a cidade com maior número de hotéis cinco estrelas no guia, 19, o que não surpreende quem acompanha a movimentada e luxuosa cena hoteleira da cidade. Entre as novidades, destaque para o Brown’s, a Rocco Forte Hotel, um dos mais antigos da capital, e o relativamente novo Rosewood London, com um dos melhores bares de hotel de Londres.

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Forbes Travel Guide também avalia spas

Entre os 24 novos spas com a classificação máxima, destaca-se a concentração de prêmios em Los Cabos, no México, que já tinha três spas com quatro e cinco estrelas. As novidades são os spas do One&Only Palmilla (experimentei o spa do O&O Palmilla e é mesmo divino, conto mais aqui), do Waldorf Astoria Pedregal e do Montage, o maior da região, com quase quatro mil metros quadrados. Membro da Preferred Hotels, o Montage Los Cabos ganhou ainda um prêmio inédito, criado este ano pelo guia: o de melhor conta no Instagram. Os critérios foram consistência na qualidade das imagens e em reforçar a marca, campanhas criativas e interação.

O prêmio foi anunciado semana passada durante o Forbes Travel Guide Luxury Summit, em Las Vegas, que reuniu mais de 600 pessoas em um evento carbono zero realizado no Aria Resort & Casino, com quatro estrelas no guia. O Wynn Resorts, com sete estabelecimentos na categoria principal, é recordista em estrelas em Vegas e no mundo. Em sintonia com o viajante consciente, o Aria calculou as pegadas de carbono deixadas pelo transporte e a hospedagem de todos os participantes da conferência e compensou financiando plantio de árvores e fazendas de energia eólica. Porque não dá mais para usar a cansada palavra sustentabilidade apenas no discurso.

A lista completa do Forbes Travel Guide com 1.898 propriedades, entre cinco e quatro estrelas e recomendados, está neste link.

Leia mais: Como é se hospedar no Park MGM, novo hotel em Las Vegas

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sustentabilidade na hotelaria

Não é de hoje que o turista se preocupa com a sustentabilidade de suas viagens. Do rastro de carbono dos voos aos canudos de nossas bebidas, cada vez mais nos engajamos em fazer nossas viagens mundo afora o mais eco-friendly possíveis. No mercado de luxo, este tem sido um tópico ainda mais pulsante, e há ainda mais tempo; parte da hotelaria percebeu, enfim, que conjugar o máximo de conforto e a excelência em serviços com sustentabilidade é um casamento pra lá de possível. Tão certeiro, aliás, que diversos hotéis já estão nascendo voltados para essa filosofia.

É o caso, por exemplo, do novíssimo Kudadoo Maldives Private Island by Hurawalhi , um refúgio exclusivo em uma ilha privada das Maldivas com apenas 15 acomodações em sistema overwater bungalow. Ali, tudo está incluído, do fine dining aos tratamentos de spa.  Parte essencial do luxuoso resort desde seu primeiro projeto, 300kv de painéis solares estão incorporados aos telhados, garantindo autosuficiência energérica à ilha – tornando-o o primeiro resort de luxo totalmente sustentável no arquipélago.  Além disso, somente plantas e árvores nativas foram culivadas no local, estrategicamente plantadas para prevenir erosão. O consumo de plástico é reduzido, há programa de reciclagem de alimentos e estufas produzindo localmente itens frescos para os hóspedes.

O Kudadoo Maldives Private Island by Hurawalhi, nas Maldivas. Foto: Diego de Pol (Divulgação).
O Kudadoo Maldives Private Island by Hurawalhi, nas Maldivas. Foto: Diego de Pol (Divulgação).

O adorável Borgo San Pietro , na Toscana, era terra abandonada e foi totalmente re-cultivado pelos donos, que plantaram ali milhares de árvores, certificando suas terras como “organic farmlands” e garantindo produtos fresquíssimos ao seu restaurante estrelado no Michelin.  Também criaram uma linha de cosméticos naturais usando o máximo de sua própria produção agrícola – com direito a laboratório de pesquisa e produção in loco, sem desperdício de nada.

Mas alguns hotéis vão seguramente mais longe no quesito sustentabilidade na hotelaria, como os safari camps da Great Plains Conservation . A rede de acampamentos de safári estrategicamente distribuídos por 3 países africanos (falo mais deles aqui) , fundada pelo casal Beverly e Derek Joubert, já nasceu de fato sustentável. Seu irretocável Zarafa Camp, no norte da Botsuana, foi o primeiro camp/lodge de safári 100% auto-suficiente energeticamente do país.

Extremo conforto sem abrir mão da sustentabilidade e conservação no Duba Plains da Great Plains Conservation. Foto: Mari Campos
Extremo conforto sem abrir mão da sustentabilidade e conservação no Duba Plains da Great Plains Conservation. Foto: Mari Campos

Mais que isso, a Great Plains desenvolveu todo seu business plan (são oito camps diferentes hoje, incluindo um novinho em folha, o Mpala Jena, inaugurado em dezembro passado no Zimbábue) apostando em um turismo totalmente sustentável (sensível, com baixo volume e baixo impacto), capaz de reverter seus proventos em conservação e apoio às comunidades locais (todo o lucro dos camps é inteiramente reinvestido nos mesmos e nos projetos sócio-ambientais que o casal apoia, dos Rhinos Without Borders ao Lamps for Learning Conservation Camp for Kids).  

Com todas as tendas e áreas comuns construídas com madeiras e lonas recicladas, seus camps unem o máximo do conforto (camas enormes, lençóis de muitos fios, banheiras soak in, gastronomia com selo Relais&Chateaux e outras amenidades de luxo, sobretudo nos absolutamente irrepreensíveis Duba Plains e Zarafa Camp) com o máximo de interação possível com o meio ambiente, incluindo atividades de safári que vão muito além dos game drives tradicionais (como em barcos, canoas, walking safaris etc). Hoje os camps são energeticamente suficientes através de energia solar, reaproveitam alimentos, reciclam lixo etc.

Clique aqui para ler sete ideias simples para tornar nossas viagens mais sustentáveis a partir de agora.

Leia mais sobre os esforços da Great Plains Conservation aqui.

Luxo máximo em sistema tudo incluído no The Brando, um dos hotéis mais sustentáveis do mundo. Foto: Mari Campos
Luxo máximo em sistema tudo incluído no The Brando, um dos hotéis mais sustentáveis do mundo. Foto: Mari Campos

Mas é difícil bater, neste quesito de sustentabilidade na hotelaria, o resort The Brando, na Polinésia Francesa – considerado um dos mais luxuosos e também um dos mais sustentáveis hotéis do planeta. E também já nasceu 100% sustentável. Para começar, desenvolveu o SWAC (Sea Water Air Conditioning), uma tecnologia de ponta que retira água do mar do fundo do oceano para resfriar o sistema de ar condicionado, de maneira auto-suficiente e em sistema de looping, “devolvendo” a água ao oceano ao final do processo – técnica que já começa a ser pesquisada e implantada por outros hotéis (como o Intercontinental Resort Bora Bora & Thalasso Spa, também no Tahiti; falo mais sobre esses hotéis aqui).

Enquanto isso, estima-se que hotéis da Polinésia Francesa em geral gastem cerca de 60% de seu consumo total apenas em ar condicionado.  O SWAC sozinho é capaz de reduzir em 90% o consumo desse tipo de energia, reduzindo signficantemente os custos da hotelaria enquanto contribui para salvar o planeta – uma solução relativamente simples para ilhas desabitadas (como o atol de Tetiaroa, onde está localizado o The Brando), que são rodeadas de água mas geralmente dependentes do continente para energia. 

O SWAC do The Brando é tão revolucionário que começa a ser implementado também em outros hotéis, como o Intercontinental Resort Bora Bora & Thalasso Spa. Foto: Mari Campos
O SWAC do The Brando é tão revolucionário que começa a ser implementado também em outros hotéis, como o Intercontinental Resort Bora Bora & Thalasso Spa. Foto: Mari Campos

Além disso, o The Brando possui também dois tipos de painéis solares espalhados por toda a propriedade, num total de mais de 3700 deles, que provêem, sozinhos, mais de 60% da energia total necessária para manter um resort de luxo funcionando – sem racionamentos ou restrições para o lado do hóspede.  Até o final desse ano, devem ser auto-suficientes para 75% de sua necessidade energética, dia e noite. Têm também sistema de “food digester” para transformar resíduos alimentícios em composto em 24h, vidros são prensados e entregues a uma companhia polinésia que o reutiliza em construção, latas são vendidas a uma companhia que as transforma em material alumínio básico, óleo de cozinha é redistribuídos a duas companhias que o transforma em combustível biológico, armazenam e reutilizam água das chuvas e mais uma série de medidas inteligentes.

Os hóspedes, é claro, são convidados a separar o lixo inclusive dentro de suas vilas – mas tudo de maneira natural, sem interferir de modo nenhum no conforto deles durante a estadia (o hotel é internacionalmente premiado por seu irrepreensível sistema de hospedagem tudo incluído).  E eles ainda se beneficiam dos produtos fresquíssimos produzidos ali mesmo (de tomates a berinjelas), transformados em pratos de alta gastronomia, e dos mais de 200kg de mel produzidos mensalmente nos apiários espalhados pelo atol. 

É preciso investir alto, é claro. Mas os retornos vêm altos também, seja na redução de custos, na economia de recursos do planeta e, obviamente, nos laços estreitados com os hóspedes – que, sim, estão cada vez mais atentos a tudo. 

Clique aqui para ler sete ideias simples para tornar nossas viagens mais sustentáveis a partir de agora.

Leia mais sobre sustentabilidade na hotelaria aqui.

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Sonhos de um bangalô em Bora Bora (e os desafios para mantê-los)

É difícil ficar indiferente à água azul turquesa da laguna de Bora Bora, a ilha mais famosa da Polinésia Francesa. Da janela do avião se vê as pequenas ilhotas, chamadas de motus, que cercam a ilha principal com suas linhas de bangalôs sobre a água. Parecem tentáculos de um polvo entre os corais da laguna. Dormir ao menos uma noite, se possível duas, em um bangalô em Bora Boras é desejo comum a turistas de diversas partes do mundo. Quem chega à distante ilha para realizar o sonho invariavelmente espera encontrar uma hospedagem de alta qualidade. E é neste ponto que os hotéis com bangalô em Bora Bora enfrentam hoje seu maior desafio.

O Monte Otemanu, símbolo de Bora Bora, 727 metros acima do mar | Foto de Carla Lencastre

Entre o final da última década do século passado e a primeira deste século, o turismo no Taiti e em outras ilhas do Arquipélago da Sociedade estava em alta. O impacto do 11 de Setembro foi sentido (americanos representam 1/3 dos visitantes) e os números despencaram. Voltaram a se recuperar nos anos seguintes, lentamente, e tiveram outra grande queda, ainda maior, no início desta década. O mundo e os turistas mudaram, surgiram novos destinos, o padrão de qualidade exigido hoje de um bangalô em Bora Bora é outro.

A Polinésia Francesa ficou mais ou menos no mesmo lugar. Sua beleza exuberante continua a mesma que fascinou o pintor Paul Gauguin no século XIX. Os hotéis seguem os mesmos de anos atrás. O Tahiti Tourisme, agência nacional de promoção do destino, começou a trabalhar no reposicionamento da marca. O número de visitantes chegou a 184 mil em 2017, um aumento de 3,5% em relação ao ano anterior. Na virada do século, foram quase 260 mil. As redes hoteleiras voltaram a investir. Ainda há muito a ser feito em um bangalô em Bora Bora, inclusive no que diz respeito ao serviço.

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A cor desta água… | Foto de Carla Lencastre

Em uma viagem de duas semanas por quatro ilhas, deu para perceber o quanto a infraestrutura hoteleira está envelhecida, tanto no conceito quanto pelos efeitos físicos do tempo, como a maresia. No item serviço, muitos funcionários parecem desanimados. Em Bora Bora, parada obrigatória de qualquer turista que chega tão longe, conheci mês passado quatro hotéis, de quatro e cinco estrelas. Todos estão em motus em torno da ilha principal e com vista para o Monte Otemanu. O ponto mais alto da ilha, 727 metros acima do nível do mar.

Bangalôs overwater em Bora Bora | Foto de Carla Lencastre

Por fora, todos os bangalôs overwater são parecidos. A sensação de sair do quarto, descer a escada do deque privativo e entrar na água também é a mesma (ainda que debaixo d’água, de snorkel, seja diferente). É mais fácil identificar um resort pela vista do que pelo bangalô. Mas por dentro o estilo e o estado de conservação são diversos. Dos quatro hotéis visitados em Bora Bora, dois precisam de reformas urgentes para continuar no páreo. Outros dois têm feito o dever de casa.

Vista de um dos bangalôs do novo Conrad Bora Bora Nui | Foto de Carla Lencastre

O Conrad Bora Bora Nui, inaugurado ano passado, ainda tem cheiro de novo. No local funcionava um Hilton, que passou por uma reforma milionária para o upgrade de bandeira. Há bangalôs sobre a água, na praia de areias brancas e nos belos jardins. Com piscina privativa ou não. Alguns estão em uma colina com vista panorâmica.

Um dos quartos do Conrad na Polinésia Francesa | Foto de Carla Lencastre

A decoração é impecável. Tão neutra, elegante e cosmopolita que se as cortinas do quarto estiverem fechadas você pode se esquecer de onde está. É difícil encontrar um porém em um hotel deste nível, ainda mais recém-inaugurado. Se há algum é este: o quarto poderia estar em qualquer hotel de luxo mundo afora. O belo spa no topo de uma colina tem mais cor local, talvez porque todas as salas de tratamento tenham amplas janelas sempre abertas para a Polinésia.

Bangalô com piscina e vista para o Otemanu no bem cuidado St. Regis Bora Bora | Foto de Carla Lencastre

Outro bom exemplo hoteleiro de Bora Bora também pertence a um grande grupo americano: é o St. Regis Bora Bora, administrado pela Marriott International. Inaugurado há mais de dez anos, chama a atenção seu ótimo estado de conservação, graças a obras de renovação anuais, cada vez em uma área diferente do resort. Espalhado por três motus, o St Regis permite que o local se misture aos bangalôs. O ambiente é de uma casa de praia chique e descontraída. O resort é endereço de um spa com grife Clarins e de um restaurante assinado pelo estrelado chef Jean-Georges Vongerichten, o mesmo do paulistano Palácio Tangará, da Oetker Collection.

Atualização: O St. Regis Bora Bora estreou na categoria cinco estrelas do prestigioso Forbes Travel Guide na edição 2020, a primeira a abranger a Polinésia Francesa. O Conrad Bora Bora Nui foi listado como recomendado.

Leia mais: Os novos hotéis e spas cinco estrelas no Forbes Travel Guide

O lago de ninfeias do Pearl Beach | Foto de Carla Lencastre

As marcas do tempo se fazem notar em outros dois resorts, o Bora Bora Pearl Beach e o Sofitel Bora Bora Private Island. Ambos estão em cenários deslumbrantes, mas muito desgastados. E planejam reformas. O Pearl Beach, com um romântico spa em meio a um lago de ninfeias, pretende fechar para obras no final de 2019 e recomeçar.

Um dos bangalôs no jardim do Pearl Beach | Foto de Carla Lencastre

A reforma vai incluir o redesenho de todas as áreas comuns e dos bangalôs, atualmente bem ultrapassados, ainda que com simpáticos toques polinésios. A ideia é transformar o resort em um cinco estrelas (hoje tem quatro).

Atualização: Em outubro de 2019 o Bora Bora Pearl Beach Resort & Spa anunciou que reabria em abril de 2020 como um Relais & Châteaux. Com a crise da covid-19, a reabertura foi adiada para setembro de 2020.

Clique aqui para ler todos os textos sobre o impacto da covid-19 na hotelaria

Luz para atrair peixes à noite no Sofitel Private Island | Foto de Carla Lencastre

No Sofitel Private Island, o maior problema é dentro dos bangalôs, com madeiras descascadas, metais corroídos, portas que não fecham. As obras estão previstas para 2019. Agora em maio, a rede francesa AccorHotels vai começar a renovação da propriedade irmã, o Marara. É um resort de quatro estrelas na ilha principal em frente ao motu do Private Island.

E um novo dia amanhece em Bora Bora | Foto de Carla Lencastre

Outros famosos resorts em Bora Bora são Four Seasons, Le Méridien e InterContinental, este com duas propriedades na ilha. Se você visitou algum deles recentemente, compartilhe a opinião com a gente. A caixa de comentários é sua.

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