Bem-estar na pandemia: vista do spa do Park Hotel Viztnau, em Lucerna, na Suíça

Respire fundo: em busca de bem-estar na pandemia

Para tentar restaurar energias exauridas no longo, exaustivo e doloroso 2020, quem sabe até rejuvenescer um pouco, hotéis em todo o mundo investem em bem-estar e saúde física e mental. Depois de um ano de pandemia, wellness (bem-estar em inglês) é das tendências da hotelaria que ganham força em 2021, como turismo regenerativo (com viajantes e empresas se esforçando para deixar o lugar melhor do que encontraram), buyout, workcation, staycation.

A abordagem do conceito de bem-estar na hotelaria mudou. Tratamentos com base científica e ambientes que favorecem o relaxamento e deixam a ostentação de lado se valorizam. Dados da associação Global Wellness Summit mostram que o mercado movimenta US$ 4,5 trilhões e terá importância cada vez maior nas escolhas de viagem.

Em janeiro de 2021, depois de conversas sobre o futuro do bem-estar reunindo mais de 600 especialistas (como executivos da área, médicos e pesquisadores), o Global Wellness Summit apresentou nove tendências. Entre as previsões estão temas tão diferentes e importantes como respiração (just breath) e diversidade e inclusão (adding color to wellness), arquitetura e design (spiritual architecture) e imunidade (evidence-backed immune health), turismo consciente e responsável (mindful travel) e autocuidado (wellness and healthcare converge). Vários tópicos se aplicam ao setor de viagens em geral e à hotelaria em particular.

Leia também: Como funcionam os spas de hotel no Rio durante a pandemia

Informação & inspiração: acompanhe o Instagram @HotelInspectors

.

Bem-estar na pandemia: grupos hoteleiros de luxo apostam em grifes

A pandemia torna a trilionária indústria de bem-estar extremamente mais importante, e a aproxima da ciência e de um estilo de vida mais saudável. Os investimentos da hotelaria são em diversas áreas, de instalações a novos produtos passando pela maneira como cada hotel aborda o assunto. No International Luxury Travel Market (ILTM), feira de viagens de luxo realizada em dezembro, sobre a qual já falamos aqui, novidades na área de wellness foram destaque.

O grupo Cheval Blanc, por exemplo, chamou a atenção para o ambiente do Randheli, resort nas Maldivas. O spa tem sua própria ilha privativa e tratamentos exclusivos da grife francesa Guerlain. Já o One&Only Resorts destacou a parceria recente com a marca suíça de bem-estar e spa médico Chenot. O objetivo é oferecer uma aproximação mais holística com tratamentos desintoxicantes, preventivos e regenerativos, todos personalizados e baseados em pesquisas científicas. O Portonovi, em Montenegro, estreia do grupo na Europa, será também o primeiro O&O a ter um Espace Chenot. Adiada algumas vezes por conta da pandemia, a abertura do resort europeu está marcada para 1º de maio de 2021.

.

Menu do bem-estar na pandemia: rituais indígenas e sustentáveis

Na era covid-19, wellness tem sido frequentemente associado à natureza, seja para manter distanciamento físico ao ar livre, praticar esportes ou simplesmente contemplar o planeta. Planeta este que deve receber mais atenção de viajantes conscientes e responsáveis. O caminho para viagens totalmente sustentáveis ainda é longo, mas sabemos que não há sensação de bem-estar pessoal que perdure em um planeta doente.

Leia também: De predador a construtor, é a vez do turismo regenerativo

No México os dois Chablé Hotels na península de Yucatán têm iniciativas sustentáveis e são referência em bem-estar. Ambos combinam, nas palavras da publicação Lonely Planet, “serenidade, sustentabilidade e cerimônias indígenas”. Inaugurado há pouco mais de dois anos, o Maroma, na Riviera Maya, faixa de areia entre o azul do Caribe mexicano e o verde da floresta, oferece hidroterapia e tratamentos com técnicas ancestrais maias e fitoterapia. O ritual temazcal, guiado por um xamã, também está no menu.

Os programas de bem-estar dos hotéis Chablé (Maroma e Yucatán) associados a práticas sustentáveis foram os que mais me chamaram a atenção no LHW Latin America Virtual Showcase, evento realizado no início de março pela associação de hotéis de luxo Leading Hotels of The World. Mas o Chablé não foi único a se destacar em wellness no evento, do qual participo quase todo ano do evento em busca de novidades na hotelaria.

.

AROMATERAPIA AO LIVRE e metais nobres

Do outro lado do Oceano Atlântico, no San Clemente Palace Kempinski, também membro da LHW, o spa The Merchant of Venice propõe uma “jornada sensorial entre Veneza e o Oriente”. Tratamentos com aromaterapia, como massagens corporais com óleos essenciais, poderão ser feitos ao ar livre nos jardins do hotel no próximo verão europeu.

The Merchant of Venice ganhou por dois anos consecutivos (2019 e 2020) o reconhecimento de melhor spa de hotel europeu no World Spa Awards. Ainda em 2020, o San Clemente foi eleito o melhor hotel da cidade italiana pelos leitores da publicação Condé Nast Traveler. Em uma ilha privativa na Laguna de Veneza, a dez minutos de barco da Piazza San Marco, o hotel tem reabertura prevista para 12 de maio.

Já o suíço Park Viztnau Health & Wealth Residence, às margens do Lago Lucerna, parte do grupo Swiss Deluxe Hotels e com o selo LHW, reúne saúde e riqueza no sobrenome. Com reabertura prevista para 1º de abril, o hotel oferece um spa (foto no início do texto) com vista e a grife La Prairie. A clínica suíça é especializada em tratamentos rejuvenescedores com ingredientes glamourosos como caviar, platina e ouro.

Leia também: Como é dormir em uma locação da série ‘Bridgerton’

A hotelaria no Brasil segue a tendência internacional de investir em bem-estar. De hotéis de grandes redes em centros urbanos a propriedades independentes no litoral, há novidades no setor. No final de 2020, estive em três spas de hotel no Rio de Janeiro e conto aqui como estão funcionando.

Clique aqui para ver tudo o que publicamos sobre hotelaria na pandemia.

Hotel Inspectors está no Instagram @HotelInspectors, no facebook @HotelInspectors, no Twitter @HotelInspectors e no LinkedIn @HotelInspectors

Brasileiro dá mais importância à hotelaria

Passado um ano da declaração de pandemia da Covid-19 (em 11/03/2020), a indústria turística não apenas sofreu o maior baque de sua história como também viu o perfil dos viajantes mudar muito em pouco tempo. Grandes mudanças ocorreram não apenas na infra-estrutura e operação da hotelaria, por exemplo, como também no próprio jeito do turista viajar. E pesquisas confirmam que o brasileiro dá cada vez mais importância à hotelaria durante a pandemia. 

ACOMPANHE TAMBÉM AS NOVIDADES DO SETOR NO NOSSO INSTAGRAM!

A mais recente delas foi divulgada pelo Airbnb. Um estudo encomendado às agências Somos e Novelo com brasileiros das classes AB de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife, que já tenham viajado durante a pandemia, revelou mudanças comportamentais no perfil do turista.

Dentre diversos itens (escolha dos destinos, meios de deslocamento etc), a principal alteração no comportamento do viajante brasileiro na pandemia diz respeito à indústria do hospitalidade. Ao invés da exploração de um destino em si, o turista brasileiro tem investido cada vez mais na exploração da acomodação escolhida para a viagem.

LEIA MAIS sobre o novo perfil do turista brasileiro na pandemia.

.

Foto: Four Seasons Tamarindo/Divulgação

Brasileiro dá mais importância à hotelaria durante a pandemia

A escolha da acomodação, antes considerada pouco importante para uma parcela significativa dos viajantes, passou a ter importância fundamental para a maioria, seja para escapar no final de semana ou para fazer viagens mais longas. E são vários os fatores que levaram a isso, a começar pelo mais importante deles: segurança sanitária. 

VEJA TAMBÉM: Quando o hotel é o destino.

Muitos brasileiros passaram a dar mais atenção às reviews e depoimentos de hóspedes prévios na hora de escolher seu hotel, pousada ou imóvel de temporada. A curadoria dos bons agentes de viagem também tem sido fundamental nesse processo. Tudo para garantir uma estadia segura e satisfatória, em um local que esteja realmente respeitando o cumprimento dos protocolos de contenção do vírus, garantindo distanciamento entre hóspedes, segurança do staff e ambientes higienizados e muito bem ventilados. 

Além disso, boa parte dos viajantes em tempos de pandemia estão passando muito mais tempo (quando não todo o tempo!) dentro do local. Eu mesma fiz algumas viagens assim, de staycation em hotel em plena São Paulo a turismo de isolamento em hotéis em Monte Verde e em Atibaia, e encontrei sempre vários outros hóspedes fazendo a mesma coisa.

VEJA MAIS: Como a staycation está beneficiando a hotelaria brasileira durante a pandemia

.

Tendências migram para além do mercado de luxo

Embora estas tendências sejam definitivamente mais fortes no mercado de luxo, há cada vez mais brasileiros investindo em staycations e propostas de turismo de isolamento também em outros nichos do mercado.

Este tipo de “escapada” é cada vez mais vista como alternativa mais segura para viajar nesta fase, com o mínimo contato possível com outros viajantes e risco zero de aglomerações. Turistas com orçamentos mais reduzidos têm, muitas vezes, diminuído a duração da viagem para poder investir um pouco mais na acomodação que consideram mais adequada. Assim, mais viajantes brasileiros passaram a priorizar opções mais confortáveis para suas acomodações, mais seguras e com melhor infra-estrutura, independente do orçamento disponível.

O estudo também revelou a preferência por estadias em locais já conhecidos, seja o destino em si ou o próprio hotel, pousada ou imóvel de temporada escolhido. 

VEJA TAMBÉM: 10 imóveis de temporada para se isolar na pandemia

.

MudançaS de preferências e prioridades

A pesquisa gigante dos imóveis de temporada confirma a tendência de valorização dos meios de hospedagem durante a pandemia, apontada por relatórios anteriormente apresentados por outros órgãos e empresas internacionais, da McKinsey&Co ao Euromonitor. E aponta também que a tendência do turismo de isolamento/isocation deve seguir em alta ainda por um bom tempo por aqui.

LEIA TAMBÉM: Os termos do turismo popularizados durante a pandemia.

Muitos entrevistados apontaram a preferência por propriedades mais afastadas dos grandes centros urbanos, com distanciamento razoável entre acomodações e com fartura em áreas externas. A maioria dos hotéis deste tipo tem tido excelente desempenho durante a pandemia. Caso, por exemplo, do Unique Garden, em Mairiporã/SP, com reservas completas praticamente de segunda a segunda nos últimos meses.

Fazem sucesso também os hotéis que acabam de abrir as portas nessa linha, como o charmoso Canto do Irerê, em Atibaia/SP, sobre o qual já falei em coluna anterior aqui sobre os novos hotéis com bom desempenho na pandemia.  E também aumenta cada vez mais a procura por imóveis de temporada isolados.

VEJA TAMBÉM: 10 hotéis no Brasil para praticar turismo de isolamento

.

CRESCE A IDEIA DE “VIAJAR SEM TIRAR FÉRIAS”

A ideia de “viajar sem tirar férias” prevaleceu no estudo da Airbnb, e parece mesmo cada vez mais fortalecida entre os brasileiros. Embora a maioria dos hotéis veja a ocupação crescer significativamente nestes meses apenas aos finais de semana e feriados prolongados, hotéis que oferecem boa infra-estrutura física e em serviços têm visto ocupação maior também durante a semana.

LEIA TAMBÉM: Tendências do turismo em 2021

Tudo graças à crescente demanda de brasileiros em trabalho remoto, que estão viajando simplesmente para variar o ambiente do home office. A workcation ou anywhere office já é e será uma realidade para várias pessoas pelos próximos meses (e potencialmente anos). Sobretudo no segmento do turismo de luxo, que tem se beneficiado também de viajantes que estão gastando muito mais em hotelaria no Brasil neste período por não viajarem ao exterior neste momento.

A recuperação do setor, é claro, tem sido inegavelmente mais rápida em propriedades com foco em lazer do que aquelas que antes mantinham foco corporativo.

VEJA MAIS: Como hotéis estão driblando a crise na pandemia.

.

Fuso Hotel Florianópolis
O novo Fuso Hotel Florianópolis. Foto: Divulgação

Cenário otimista para a hotelaria

A indústria da hospitalidade internacional, que tem vivido tendência semelhante, vê com bastante otimismo essa migração do foco principal das viagens passar do destino para a hotelaria neste momento da pandemia. 

No Brasil, diversos novos hotéis estão abrindo suas portas com sucesso em plena pandemia, como já mostramos aqui. Um estudo recente da STR mostrou que em outubro de 2020 havia 121 projetos de novos hotéis em pleno andamento no país, todos com inauguração prevista neste e nos próximos quatro anos. Segundo a consultoria, apenas 10% dos projetos de novos hotéis desenvolvidos antes da pandemia foram abortados.

VEJA TAMBÉM: Oito tendências para a hotelaria em 2021

A STR apontou também a possibilidade de conversão de muitos hotéis independentes em unidades de redes hoteleiras maiores frente aos desafios da pandemia. Acabamos de ver, por exemplo, o hotel Botanique, em Campos do Jordão, que passou a operar desde fevereiro como parte da rede Six Senses. 

Embora os números de ocupação ainda sejam desfavoráveis para muitas propriedades nos últimos doze meses, a indústria da hospitalidade em geral tem realmente se fortalecido aos olhos do viajante no último ano e parte dela já começa a ver uma recuperação consistente. Um “copo meio cheio” extremamente bem-vindo para um setor tão afetado pela pandemia. 

.

.

.

Leia tudo que já publicamos sobre hotelaria em tempos de pandemia.

Acompanhe o Hotel Inspectors também no Instagram @HotelInspectors, no facebook @HotelInspectorsBlog e no Twitter @InspectorsHotel.

Casa na árvore no Xigera Safari Lodge, em Botswana

De predador a construtor: é a vez do turismo regenerativo

Viajar de maneira sustentável, sem causar danos ao meio ambiente, não é mais o suficiente. O conceito de turismo regenerativo surgiu antes de pandemia, mas ganhou força nos últimos meses. Você sabe do que se trata? E o que tem a ver com hotelaria? Em viagens regenerativas viajantes e empresas não prejudicam o planeta, compensam os danos causados (através de programas de neutralização de carbono, por exemplo), e promovem melhorias

No turismo regenerativo o envolvimento social, econômico e cultural de toda a rede de viagem é maior e mais ético. O oposto do overtourism. O impacto positivo pode acontecer de diversas maneiras, como melhorar as condições econômicas da comunidade local ou recuperar um ecossistema. Ou seja, tornar um lugar melhor do que ele era antes, e não apenas deixar igual.

Informação & inspiração: acompanhe @HotelInspectors no Instagram

Leia também

Respire fundo: hotéis investem em bem-estar na pandemia

Buyout: reservar hotel inteiro é tendência na pandemia

O conceito de turismo regenerativo é relativamente recente. Já o termo “regenerativo” é usado há mais tempo em outras áreas, como arquitetura, design e agricultura, frequentemente associado à economia circular. No Brasil ainda são poucas as referências a viagens regenerativas ou turismo regenerativo. Mas em 2020 a regenerative travel começou a ser discutida mais constantemente por publicações estrangeiras especializadas em viagens ou não, como The New York Times.

Uma reportagem publicada em agosto no jornal americano chamou a atenção para o tema com o título “Move over, sustainable travel. Regenerative travel has arrived”. O texto aponta vários caminhos para ações regenerativas seguidos por organizações sem fins lucrativos, associações de operadores de viagem, escritórios de promoção turística de lugares tão diferentes quanto Nova Zelândia e Bélgica e hotéis. Selecionei outras tendências e novidades do turismo em 2021 para uma reportagem do jornal O Globo, publicada em janeiro

Turismo regenerativo: fachada do Bentwood Inn, em Jackson Hole, Wyoming | Foto de Danny Barnes/Divulgação
Fachada do Bentwood Inn, em Jackson Hole, Wyoming | Foto de Danny Barnes/Divulgação

turismo regenerativo: ‘além do sustentável’

No início da pandemia muito se discutiu como seriam diferentes as viagens pós-vacina. Hoje vemos que não será a covid-19 que tornará o ser humano melhor. Temos que perseverar. Até pelo conceito em si, turismo regenerativo não pode ser considerado um nicho de mercado (como aventura, por exemplo). Também não é um substituto de turismo sustentável. É mais amplo. Mas diversos hotéis em todo o mundo, inclusive no Brasil, já fazem questão de destacar que vão “além do sustentável”. Para dar mais visibilidade a estas propriedades surgiu no final de 2020 a marca Beyond Green, do mesmo grupo que administra a Preferred Hotels & Resorts. E há pelo menos uma agência online usando o termo “viagem regenerativa” no nome: a Regenerative Travel, criada pouco antes da pandemia.

Marcas já existentes também começam a dar os primeiros passos “além do sustentável”. Em reportagem sobre viagem regenerativa publicada no início de 2021, a Forbes destacou o exemplo da Red Carnation Hotels, com 20 hotéis de luxo em três continentes. Através da fundação sem fins lucrativos ThreadRight, a rede hoteleira vai analisar pelos próximos cinco anos a pegada ambiental e o impacto nas comunidades locais das operações da empresa e priorizar ações regenerativas. Os tópicos vão de diversidade e inclusão no local de trabalho ao bem-estar da fauna.

.

respeito ao meio ambiente ‘além do básico’

Não por acaso algumas propriedades da Red Carnation estão no portfólio de hotéis de luxo da Beyond Green, como o Ashford Castle, na Irlanda; o Bushmans Kloof Wilderness Reserve, na África do Sul, e o recém-inaugurado Xigera Safari Lodge, em Botswana.

A proposta da Beyond Green é “levar o turismo sustentável para um outro nível” e formar um portfólio com hotéis, resorts e lodges que contribuem para o bem-estar social e econômico das comunidades locais, protegem o patrimônio natural e cultural e respeitam o meio ambiente indo “além do básico” e seguindo os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODSs) das Nações Unidas.

No Delta do Okavango, o Xigera (foto no topo do texto) é um dos 24 membros fundadores da Beyond Grenn, que tem representantes de 15 países em cinco continentes. O ir “além do básico” pode incluir a monitoração de toda a fauna e flora local, um compromisso que o lodge assumiu com o Departamento de Vida Selvagem e Parques Nacionais, órgão do governo federal. Ou a encomenda de 90% dos móveis, objetos de decoração e obras de arte para serem feitos a mão por artistas e designers africanos, a maioria jovens. Ou a transformação em compostagem dos resíduos orgânicos da cozinha, doada para as comunidades locais usarem em suas plantações.

Leia também: Novos hotéis de luxo previstos para abrir em 2021

Turismo regenerativo: Comuna do Ibitipoca, fazenda histórica em Minas Gerais | Foto de divulgação
Comuna do Ibitipoca: fazenda histórica em Minas Gerais | Foto de divulgação

‘Regenerative travel’: do Wyoming a Ibitipoca

Outro fundador da Beyond Green está no portfólio da Regenerative Travel. É Bentwood Inn, em Jackson Hole, no Wyoming, construído com madeira recuperada de um grande incêndio no parque de Yellowstone, em 1988. Com apenas cinco quartos, o lodge tem um coordenador de sustentabilidade que supervisiona iniciativas regenerativas, como o plantio de árvores frutíferas pensando na migração de animais selvagens.

Entre os hotéis com os quais a Regenerative Travel trabalha estão alguns razoavelmente conhecidos dos viajantes de luxo brasileiros, como os safari camps Singita na África do Sul, que promovem cursos de educação ambiental para as comunidades locais, e o Sublime Comporta, em Portugal, com uma piscina biológica na qual a água é tratada com plantas aquáticas, criando um ecossistema.

Há também um representante brasileiro na Regenerative Travel, a Comuna do Ibitipoca, em uma fazenda do século XVIII em Minas Gerais. Aqui a compensação de carbono é feita localmente: árvores nativas da Mata Atlântica são plantadas na região em um projeto que tem a parceria das comunidades vizinhas. É apenas um exemplo de como o turismo regenerativo é um convite para, nas palavras da Comuna, “refletir sobre questões globais e agir localmente”.

Clique aqui para ver tudo o que já publicamos sobre hotelaria na pandemia.

Hotel Inspectors está no Instagram @HotelInspectors, no facebook @HotelInspectors, no Twitter @HotelInspectors e no LinkedIn @HotelInspectors

Vista do Praia Ipanema Hotel, no Rio de Janeiro

Staycation: Praia de Ipanema sem aglomeração

Como é fazer uma staycation na Praia de Ipanema e evitar aglomeração? Staycation vem do inglês stay + vacation e é o termo usado no setor de viagens para quando somos turistas na própria cidade ou nos arredores. Aqui no Hotel Inspectors somos fãs desde antes da pandemia.

Minha primeira escapada na pandemia foi justamente uma staycation. Passei dias deliciosos no Sheraton Grand Rio, resort urbano na praia, com ampla área ao ar livre e muito verde. Contei aqui como foi a minha experiência. Minha segunda escapada foi outra staycation. Desta vez a vontade de mudar de cenário, inclusive para o trabalho remoto, me levou ao Praia Ipanema Hotel, também à beira-mar. As staycations e as workcations (ou workations) cresceram muito e têm beneficiado a hotelaria das grandes cidades brasileiras, especialmente a do Rio de Janeiro, como já mostramos aqui.

Inspiração & informação: acompanhe @HotelInspectors no Instagram

.

Praia Ipanema: boa relação custo x benefício

Completando 40 anos este ano o hotel fica no final de Ipanema, já quase no Leblon. A localização é muito boa para quem se sente confiante para aproveitar o melhor da gastronomia e do comércio carioca. Para os mais reclusos, o endereço à beira-mar torna descomplicado admirar a paisagem e dar um mergulho no mar nos horários em que a praia estiver menos cheia. Para começar e encerrar o dia com distanciamento social, o restaurante Espaço 7zero6, no 16º andar, é literalmente um ponto alto do hotel.

O Praia Ipanema não é um endereço de luxo, mas foi renovado para as Olimpíadas de 2016 e está bem conservado. Oferece boa relação custo x benefício e é confortável. Inclusive para trabalho remoto, com um ótimo Wi-Fi. Afinal, a staycation pode ser também uma workcation, quando o quarto do hotel vira um room office.

Leia também: ‘Buyout’, quando o hotel é todo seu

.

Como o Praia Ipanema Hotel está funcionando na pandemia

No rápido check-in, uma barreira em acrílico protege os funcionários. Há álcool em gel por toda parte, inclusive dentro dos elevadores, e sinalização lembrando do distanciamento social. O uso de máscara é obrigatório nas áreas comuns, com exceção da piscina e à mesa do restaurante.

O 7zero6 (o nome vem do endereço, Avenida Vieira Souto 706), sobre o qual já escrevi aqui, é daqueles lugares frequentados por cariocas e procurado para pequenas comemorações. Para quem quiser ir ao restaurante sem estar hospedado no hotel, é importante fazer reserva.

O restaurante tem paredes em vidro e oferece vista panorâmica estonteante, da Lagoa Rodrigo de Freitas e do Cristo Redentor às Ilhas Cagarras. Com pé direito alto, as mesas estão espaçadas e a capacidade foi reduzida, permitindo uma melhor circulação de ar. Os funcionários estão adaptados aos novos procedimentos, inclusive para impedir de maneira gentil mas firme que um hóspede negacionista circulasse sem máscara pelo salão.

O café da manhã, chamado de Café Boulanger, é servido à mesa em etapas. Sucos, frutas, iogurte, pães, bolos, waffle, queijos, frios, ovos e salmão defumado estão no percurso, que inclui uma taça de espumante. Os menus de almoço e jantar também são bons. Quem preferir pode pedir as refeições no quarto, ainda que o cardápio seja menor e menos interessante.

Leia também: O que mudou no bufê de café da manhã de hotel

Praia Ipanema Hotel: cenário do pôr do sol de verão | Foto de Carla Lencastre
Cenário do pôr do sol de verão | Foto de Carla Lencastre
Restaurante e piscina estão com capacidade reduzida

Outro ponto alto do Praia Ipanema também fica no topo do hotel: a pequena piscina de borda infinita com vista para o mar e o Morro Dois Irmãos, onde o sol se põe no verão. Choveu ao final da tarde da minha staycation e vou ficar devendo a foto do pôr do sol no cartão-postal.

Tanto o restaurante quanto a área da piscina podem ser fechados para eventos particulares. A maré não está boa para o setor, mas não custa conferir antes de fazer planos. O hotel está funcionando com capacidade reduzida nos quartos e áreas comuns. Dependendo da lotação, pode ser necessário marcar hora para o café da manhã e para usar a piscina.

Leia também: É seguro usar piscina de hotel durante a pandemia?

.

A maioria dos quartos tem vista para a Praia de Ipanema

Na hora de escolher entre um dos cem quartos com sacada, invista no mar. Com exceção dos andares mais baixos, a maioria oferece pelo menos vista parcial. Afinal, dar um upgrade no cenário da janela é um dos objetivos de uma staycation. Os quartos são claros, com cama confortável, armário, minibar abastecido com água, refrigerante e cerveja e algumas guloseimas, e um pequeno balcão com espaço o suficiente para puxar a cadeira e apreciar o panorama. Nas acomodações superiores, as amenidades de banheiro são Trousseau. O Praia Ipanema é pet friendly e aceita animais de até 10kg.

O hotel oferece serviço de praia, com cadeiras e guarda-sóis. Vale lembrar que estamos no alto verão e as praias do Rio, mesmo com a pandemia ainda longe do final, ficam cheias até tarde. O trecho em frente ao Praia Ipanema não a chega a ser dos mais concorridos, mas a dica para quem quiser evitar aglomeração é acordar cedo para caminhar e dar um mergulho. Na volta, aproveite o café da manhã com calma, vendo a praia do alto.

Veja tudo o que já publicamos sobre hotelaria na pandemia.

Hotel Inspectors está no Instagram @HotelInspectors, no facebook @HotelInspectors, no Twitter @HotelInspectors e no LinkedIn @HotelInspectors

Reservar um hotel inteiro: tendência na pandemia

Buyout: reservar hotel inteiro é tendência na pandemia

Como evitar encontrar desconhecidos hospedados no mesmo lugar que você? É só reservar o hotel inteiro, tendência na pandemia principalmente no segmento de luxo, e receber família e amigos como se estivesse em casa. Buyout é o termo em inglês usado no setor de viagens e turismo quando um único cliente fecha um hotel. Acontecia antes da pandemia, em viagens multigeracionais, eventos familiares ou empresariais, ou simplesmente para garantir privacidade a ricos e famosos. Com a pandemia, o buyout ganhou força. O jargão vem do mundo empresarial, onde buyout significa comprar uma empresa, ou parte dela, e assumir o controle.

Além ter acesso a todos os serviços normalmente oferecidos pelo hotel, quem faz buyout também customiza a hospedagem e tem experiências personalizadas. Se o grupo gosta de cozinhar, por exemplo, pode ser possível incluir no buyout o uso da cozinha do hotel. O buyout foi uma das tendências para 2021 que mais me chamou a atenção durante a ILTM, a maior e mais importante feira de viagens de luxo da qual participei mais uma vez em dezembro. Falei sobre buyout, staycation e outras tendências do mercado de turismo de luxo neste meu texto para o jornal O Globo, publicado no início de janeiro.

Leia também: De predador a construtor, é a vez do turismo regenerativo

Na Europa, o buyout aumentou no verão passado como contou na ILTM Kevin Triboulet, diretor de Vendas e Marketing do grupo francês Airelles:

“Tivemos muito buyout no verão europeu. Pan deï Palais, em Saint-Tropez, por exemplo, foi reservado várias vezes por famílias e grupos de amigos.”

Informação & inspiração: acompanhe o Instagram @HotelInspectors

Ainda antes do início do verão de 2020 no Hemisfério Norte, a Virtuoso, associação global voltada para experiências de viagens de luxo, chamou a atenção para o buyout:

Buyout oferece privacidade, que frequentemente é uma prioridade para viajantes do segmento de luxo, assim como distanciamento social, que continuará a ter alta demanda por muito tempo depois de as restrições causadas pela pandemia terem sido suspensas”, disse em entrevista a Forbes Misty Belles, diretora geral de Relações Públicas da Virtuoso.

.

No Brasil

A tendência chegou ao Brasil. Dois exemplos de hotéis no litoral que oferecem buyout são o cearense Casana (foto no início deste texto), na Praia do Preá, perto de Jericoacoara, e o potiguar Kilombo Villas, em Sibaúma, nos arredores de Pipa. O Casana tem apenas oito espaçosos bangalôs com vista para o mar, incluindo um com dois quartos e outro com beliches. O Kilombo oferece dez acomodações com decorações únicas, uma delas com 230 metros quadrados. Buyout é mais frequente no segmento de luxo, mas também é possível fechar uma pousada econômica.

Coworth Park: reservar um hotel inteiro é tendência na pandemia
North Lodge, casa com três quartos em Coworth Park, Ascot | Foto de divulgação

Pode entrar que a casa é sua

Como privacidade e distanciamento social não são problemas para a hotelaria de luxo, com a pandemia aumentou também o aluguel de villas, casas e apartamentos dentro de hotéis e resorts, com todos os serviços. Assim como no buyout, experiências podem ser personalizadas e incluir menus exclusivos, por exemplo. Uma das novidades apresentadas na ILTM foi o North Lodge, casa com três quartos, cozinha e jardim privativo no Coworth Park, da Dorchester Collection, em Ascot, a cerca de 15 km do Aeroporto de Heathrow.

Leia também: Como é dormir em uma locação da série Bridgerton

Do lado de cá do Oceano Atlântico há uma nova villa no Cheval Blanc St-Barth Isle de France, no Caribe. A Villa de France tem cinco quartos, cozinha, duas piscinas privativas e acesso à praia.

“É um novo produto com privacidade para o hóspede se sentir em casa, mas com todos os serviços do hotel”, disse durante a ILTM Anne-Laure Pandolfi, diretora de Relações Públicas e Inovação da marca Cheval Blanc, parte do conglomerado de luxo LVMH (Moët Hennessy Louis Vuitton) que deve inaugurar este ano um esperado hotel em Paris.

Leia também: Novos hotéis de luxo previstos para abrir as portas em 2021

.

‘Private retreats’

Em uma escala maior, a rede canadense Four Seasons tem hoje mais de 750 opções de hospedagem no que chama de private retreats: apartamentos, casas ou villas dentro dos hotéis. Recentemente, o grupo hoteleiro inaugurou cinco residências no Parque Nacional Serengeti, na Tanzânia. As novas villas do FS Safari Lodge Serengeti têm de um a três quartos e os hóspedes podem fazer safáris exclusivos. Para quem prefere praia, no FS Seychelles uma das novas villas tem sete quartos. Com vista para o Oceano Índico, piscina privativa de borda infinita e cozinha, acomoda até 14 pessoas. Já nas Maldivas a villa de sete quartos pode acomodar até 20 pessoas em uma ilha particular no FS Private Island at Voavah, Baa Atoll.

Residences DC Dubai: reservar um hotel inteiro é tendência na pandemia
Representação do terraço de um dos apartamentos das Residences DC Dubai | Divulgação
Residencial com serviço de hotel de luxo

Para além da hotelaria, o mercado imobiliário de alto padrão incorporou residenciais com grife e serviço de hotel de luxo, entre eles o de concierge. Há lançamentos a caminho neste segmento inclusive no Brasil, como o Rosewood São Paulo. A tendência dos residenciais de luxo com serviço de hotelaria é forte e grupos hoteleiros às vezes fazem o lançamento primeiro no mercado imobiliário. É o caso da Dorchester Collection com as Residences Dubai, previstas para este ano. O novo hotel de Dubai, o décimo do grupo, ficou para setembro de 2022. Em Londres a Dorchester Collection inaugurou recentemente as Mayfair Park Residences, ao lado do hotel 45 Park Lane.

“Sem dúvida os residenciais são um dos nossos focos para o futuro próximo”, disse na ILTM Christopher Cowdray, CEO da Dorchester Collection.

Leia também: Como é uma “staycation” em um resort urbano no Rio

Tudo o que publicamos sobre hotelaria na pandemia está neste link.

Hotel Inspectors está no Instagram @HotelInspectors, no facebook @HotelInspectors, no Twitter @HotelInspectors e no LinkedIn @HotelInspectors