Publicidade in app: se você não está acompanhando algo está errado

Já faz tempo que sabemos que a forma de divulgar um produto ou serviço vem sofrendo grandes mudanças, principalmente a partir do surgimento do smartphone. Hoje, os planos de mídia que não são omnichannel ou que se limitam aos pontos de divulgação mais convencionais, estão se tornando menos eficazes, pois perdem uma grande chance de impactar seu público, dependendo de qual for.

Quando falamos de tendências de poucos anos atrás e que hoje já são realidade, a publicidade no mobile, especificamente em aplicativos, já é muito difundida, com diversas possibilidades de investimento e divulgação. E esse universo se multiplica quando entramos na casa do video in app, produção de vídeos como forma de publicidade em aplicativos.

Segundo pesquisa da IPG Mediabrands Magna, divulgada no começo de 2018, previa que o investimento na publicidade no formato vídeos em aplicativos cresceria em torno de 33% na América Latina, isso impulsionado pelo crescente hábito de consumo das pessoas, que já assistem mais vídeos pelos dispositivos móveis do que pelo desktop.

No relatório “The State of Mobile Video Advertising – 2018“, desenvolvido pela InMobi, fornecedora global de plataformas móveis inteligentes para profissionais de marketing corporativo, só na China os investimento de video inn app cresceram 470%, entre 2017 e 2018, já nos EUA, onde o formato já está consolidado, houve um acréscimo de 67%. O documento reúne informações de 750 bilhões de impressões de anúncios para dispositivos móveis no aplicativo, entre janeiro e março de 2018.

No Brasil, ainda não temos dados que mostram um crescimento da escolha do formato pelos anunciantes, porém, notamos, há tempos, o crescimento da produção de vídeos na comunicação das marcas, assim como um aumento no investimento em digital, que já superou offline. Esses indicadores, aliados ao hábito de consumo do público brasileiro, que também aumenta o tempo despendido em dispositivos móveis, indica que logo essa realidade mundial, deixará de ser tendência em nosso país.

CONTEÚDO QUE ENGAJA: A “MOSCA AZUL” DO BRANDED CONTENT

A cada ano que passa o conteúdo vem sendo cada vez mais usado pelas empresas que querem estreitar seu relacionamento com stakeholders e fugir da “publicidade tradicional” (se é que devemos usar mesmo esse termo). Porém, nem todas as marcas têm conseguido alcançar o objetivo principal, que é atingir o público-alvo (quando se define um) e passar sua mensagem. Quando isso acontece, não é difícil ouvir o velho chamado do “precisamos de um conteúdo que engaje”, “nossa comunicação está sempre igual”. Mas, afinal, como realmente ter um conteúdo que engaja?

É importante começar com um “tapa na cara” de quem está procurando o “santo graal” do conteúdo. Não existe fórmula infalível (como diversos “gurus” vendem por aí), estratégias únicas que vão acabar com seus problemas, conteúdo arrebatador, dicas fantásticas e nem qualquer outra frase de efeito que foi usada só para chamar sua atenção. O que existe é estratégia, construção de marca, conhecimento de público e planejamento. That’s it! A partir disso você realmente vai ter o embasamento necessário para construir conteúdos assertivos e direcionados. Porém, sabendo que nem todos têm o conhecimento de todas as etapas acima, vou começar com uma explicação retroativa.

Jamais deve-se iniciar a comunicação de uma marca sem um planejamento de conteúdo. Seja always on (dia-a-dia) ou por campanha, sem ele sua comunicação fica perdida e sem coerência, como se fosse um barco à deriva, esperando a onda levar. Para isso, é muito importante criar planilhas que reúnam todos os pontos de comunicação (as plataformas de conteúdo), divididas em datas e com as pautas que serão trabalhadas.

O conhecimento de público é essencial para a comunicação da marca. Arrisco-me a dizer que é o ponto mais importante na hora de buscar um conteúdo que realmente engaje. Afinal, como chamar a atenção de alguém que você não conhece? Alguém que você não sabe quais são as dores, quais são os costumes? Não existe. Sem conhecimento de público, toda sua produção será feita no escuro, sem destino correto. Pode até ser que impacte alguém, mas será pura sorte. Para isso, existem estudos, pesquisas de comportamento, criação de buyer personas (que são diferentes de persona da marca), entre outros recursos para aprofundamento de conhecimento.

Construção de marca. Muito se questiona sobre propósito, atributos, tom verbal, arquétipos, persona da marca e sua real eficácia na comunicação das marcas. Em minha opinião, elas são essenciais para que a marca se conheça e que os produtores de conteúdo tenham total noção de quem estão representando. Assim como você não é assertivo sem conhecer seu público, também não é sem conhecer todo o potencial ou características de quem está representando. Existem diversas formas de fazer essa construção e sua tangibilização também é variada, pois pode ser finalizada por um Brandbook ou StrategicBook.

O conceito de estratégia, em grego strateegia, em latim strategi, em francês stratégie…calma é brincadeira. Sem estratégia não deve-se nem começar a produção da comunicação de uma marca. Antes de fazer diversos materiais é primordial saber qual o objetivo que será alcançado ou qual desafio será transpassado. Por exemplo, o objetivo é humanizar a marca? Gerar leads? Estreitar o relacionamento com determinado stakeholder? Tudo isso deve ser levantado e definido antes de qualquer outra etapa exposta neste artigo, pois, caso ela seja esquecida, será mais uma vez um esforço de produção em vão, que não terá direcionamento para nada.

Enfim, a partir dos pontos acima, é possível ter o embasamento necessário para qualificar a estratégia de Branded Content e produzir um conteúdo que realmente atinja o público desejado e os engaje. Porém, é importante dizer que de nada adianta criar todos os estudos e etapas se o profissional produtor de conteúdo não imergir realmente nesses materiais e na marca que representa, pois serão apenas ótimas ferramentas sem sua devida utilização.Conteúdo que engaja: a “mosca azul” do Branded Content

Caso Thomas Cook: mais uma da série “posicionamento é renúncia”

Toda vez que me aprofundo no universo das marcas fico fascinado pela forma que os valores das empresas se representam na prática, porém, quando falamos de causas socioambientais, fico sempre com um pé atrás. E isso não é pelo fato de eu ser desconfiado, mas sim, porque temos diversos exemplos de empresas que levantam bandeiras aleatórias e não vivem o que defendem. O que é muito prejudicial, afinal, o público sabe realmente quem vive o que diz.

Porém, essa semana todos nós fomos impactados com a atitude de uma marca que realmente está aplicando os valores que defende, gerando um embate de gigantes. No finalzinho do último mês, a inglesa Thomas Cook,  considerada a primeira agência de viagens do mundo, fundada em 1841, e um dos maiores operadores turísticos atualmente, anunciou que não vai mais vender ingressos atrações de animais que mantenham orcas em cativeiro. 

Essa é uma evolução de outra determinação, passada há tempos, que informava que a instituição não venderia mais viagens a parques de animais que não fossem 100% compatíveis com os padrões de bem-estar animal da ABTA (Associação Britânica de Agentes de Viagens). Com isso, cerca de 40 parques ou destinos foram auditados, 29 foram removidos da lista dentre eles, o gigante Sea World, que ano após ano vem sofrendo pressão externa sobre sua atuação com os animais em cativeiro.

Até onde uma marca deve ir para cumprir seus valores?

Não existe limite no cumprimento dos valores de uma instituição. Desde que suas causas sejam honestas e realmente condizentes com os valores da empresa, elas devem ser cumrpridas. Mesmo que isso acabe por eliminar um público que pode ser um consumidor ativo, como é o caso da Thomas Cook, que abriu mão de fãs de shows com orcas. Porém, é o que o título do artigo diz , “posicionamento é renúncia”. E é muitas vezes a renúncia do dinheiro, afinal, essa parcela de fãs do Sea World não vai deixar de visitar o parque quando for a Orlando, na Flórida.

Como uma pequena empresa deve trabalhar seu posicionamento 

Trazendo para a realidade brasileira, é claro que, para quem se identifica com os valores expostos acima, não é fácil abrir mão de parte do seu faturamento. A TC é uma gigante mundial, e seu posicionamento foi construído e fortalecido ao longo de mais de 100 anos. Neste caso, minha sugestão é que a marca não levante essa bandeira, pois não seria condizente com sua realidade.Tente ajudar de outra maneira. Pelo menos até ter autonomia para viver o que diz.

Não é fácil construir e entender o universo de uma marca, a relação entre quanto custa defender um ideal é sempre muito delicada. Aqui em minha coluna já falei tanto sobre a importância do valor de marca, quanto da importância de ter um propósito.

Conheça algumas diretrizes socioambientais da ABTA e da Thomas Cook:

Thomas Cook: What is Sustainable Tourism?

Thomas Cook Sustainability

ABTA: animals in tourism

ABTA: Global Welfare Guidance for Animals in Tourism